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19 de mar. de 2016

CUBA: A MODERAÇÃO IMPOSSÍVEL

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Por Iroel Sánchez 

A política externa cubana, suposta causa da hostilidade dos Estados Unidos contra a Revolução, foi recorrente no discurso da Casa Branca sobre Cuba até o fim da Guerra Fria.

A aliança com a União Soviética, apoiando os movimentos de libertação nacional no Terceiro Mundo, e a presença de tropas cubanas na África em apoio à soberania das nações atacadas por vizinhos apoiados por Washington, foram usadas pelos EUA até o início dos anos noventa para justificar a sua política hostil em relação a Cuba.

Esses pretextos foram então substituídos pelo questionamento ao modelo econômico, político e social cubano a partir da retórica estadunidense de Direitos Humanos e de democracia que pode se traduzir em aceitação do capitalismo dependente e de elites subservientes aos EUA, "Lei para a liberdade e solidariedade democrática cubana", ou Lei Helms-Burton, assinada por Bill Clinton em Março de 1996.

Em janeiro de 2014, foi aprovada no Encontro da Comunidade da América Latina e Caribe (CELAC) uma declaração proclamando a região como uma zona de paz

"O compromisso dos Estados da América Latina e do Caribe de respeitar integralmente o direito inalienável de todos os Estados para escolher seu sistema político, econômico, social e cultural como condição essencial para garantir a coexistência pacífica entre as nações"

Assim a cimeira da CELAC respaldou a alternativa de sociedade defendida por Cuba e rejeitou, por unanimidade, incluindo o voto de aliados próximos aos EUA, como México e Colômbia, a tentativa dos EUA de impor à Ilha um sistema econômico capitalista e um sistema político de interesse estadunidense.

Há pouco tempo, o acordo de diálogo político e cooperação que a ilha assinou com o principal parceiro dos EUA, a União Europeia, sem questionamentos à soberania cubana e em plena igualdade das partes, reconhece a legitimidade do direito interno cubano e é outro golpe para a tentativa dos EUA de impor a Cuba o seu modelo exclusivo de sociedade, cada vez mais questionado até mesmo dentro das próprias fronteiras dos Estados Unidos.

"Um conflito de Cuba não só com os EUA, mas com um sistema internacional onde a primazia estadunidense é uma realidade."

E a razão dada?

"O atual sistema político cubano e os dirigentes cubanos não se sentem confortáveis com o mundo dessa forma e fazem todo o possível para mudá-lo"

Após 17 de dezembro de 2014, tanto o presidente Raul Castro, em todos os fóruns internacionais em que interveio -ONU, CELAC, ALBA- como declarações da Chancelaria cubana, revelam a intenção de continuar a insistir em mudar o estado de coisas injustas que a hegemonia dos EUA tratou de estabelecer no planeta. Se não for suficiente como argumento os princípios que a sustentam, se pensará em uma palavra muito na moda: pragmatismo. Por que Cuba deveria mudar essa atitude, se, longe de colher fracassos, essa posição é o que permitiu o governo de Havana chegar a 17 de dezembro de 1014 isolando os EUA e após essa data receber aplausos e aclamação de vozes tão diversas e ressonantes como o papa Francisco, o Patriarca ortodoxo Kirill e o presidente francês, François Hollande?

Em declarações consecutivas condenando o ataque ianque contra a Venezuela, denunciando o assassinato da ativista Berta Cáceres em Honduras, o apoio ao ex-presidente Lula e ao governo brasileiro contra o ataque da direita pró-estadunidense e juntando nas últimas semanas com a renovação de fortes relações de Cuba com as causas saharaui e palestina e apoio inabalável à independência de Porto Rico.

Quem acredita que as lideranças cubanas são uma espécie de Gorbachov caribenho, ignorando que as concessões de política externa acabariam prejudicando a legitimidade e apoio interno do país, se engana.

Com clareza pungente para os chorosos do Obamismo, o editorial do jornal diário cubano Granma jogou no lixo a moderação:

"Não se pode albergar tão pouco a menor dúvida a respeito do cumprimento rigoroso de Cuba aos seus ideais revolucionários e anti-imperialistas, e sua política externa comprometida com as causas justas no mundo, a defesa da autodeterminação dos povos e do apoio tradicional aos nossos países irmãos."

(Al Mayadeen)

Fonte: LA PUPILA INSOMNE

                                                                            VENCEMOS !!! VENCEREMOS !!!

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