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12 de abr. de 2019

Assange está pagando as consequências de tê-los enfrentado, afirma Herói cubano (+ video)



                                                                 Foto: René Pérez Massola


A capacidade da imprensa para revelar certos segredos é o suporte intimidatório sobre o qual se sustenta, em grande parte, o chamado “quarto poder”. Vários são os exemplos de funcionários, personalidades e partidos políticos cujo prestígio se viu destruído  ao se saber, através dos meios de comunicação, e mais recentemente das redes sociais, quais são suas reais opiniões ou condutas..

Nos últimos anos Wikileaks converteu-se na grande fonte de verdades incômodas desse tipo. O portal digital criado pelo jornalista australiano de 47 anos, Julian Assange, angariou inimigos em todo mundo ao publicar milhares de documentos secretos, os mais incisivos vinculados ao Departamento de Estado estadunidense.
Grandes recursos destinaram-se a livrar os nomes de alguns dos implicados e tentar enterrar certos desmandos, mas o ícone estava fora de alcance da “justiça” dos poderosos. Em 29 de junho de 2012, quando a justiça britânica emitiu uma ordem de captura contra  Assange , este procurou refúgio na embaixada de Equador em Londres. O então presidente do país latino-americano, Rafael Correia, aceitou conceder-lhe a condição de “asilado”, e mais tarde, a cidadania equatoriana.
Não obstante, durante quase 7 anos, Wikileaks, e particularmente Assange, têm estado em situação  insegura. As justiças britânica e estadunidense nunca desmontaram o cerco a seu redor, e ainda  o foram fechando mais depois da posse  do atual presidente equatoriano Lenín Moreno, a quem  cada vez  mais se percebem os laços que o atam aos Estados Unidos.


Nesta quinta-feira a Polícia londrina entrou na sede diplomática equatoriana, uma vez que o Governo equatoriano deu por terminado o asilo. Segundo declarações da Polícia britânica, a ação também obedeceu a uma ordem de extradição originada dos EE.UU., onde Assange é acusado de ter participado em “atividades informáticas maliciosas” em cumplicidade com Chelsea Manning,  ex-soldado e ex-agente de inteligência do Exército de EE.UU.
“Parece-me uma vergonha o que está  ocorrendo, declarou a Trabalhadores o deputado cubano Gerardo Hernandez Nordelo,  vice - reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais. Assange está pagando as consequências de tê-los enfrentado”.
“Vivemos num mundo onde  cada vez mais se difundem mentiras, meias verdades, falsas notícias. Assange e seu grupo revelaram informações que são incômodas a grandes interesses e agora lhe estão  ajustando contas por isso, por ter procurado a verdade e a revelar”, assegurou.
O também Herói da República de Cuba esteve preso mais de 16 anos em diferentes cárceres estadunidenses e a partir  dessa experiência prevê que nada de bom sucederá se finalmente Assange for conduzido a esse país: “Os Cinco somos testemunhas de como tratam de tergiversar constantemente a realidade. A nós nos demonizaram e chegaram a dizer que tínhamos ido para destruir os Estados Unidos”.


Gerardo foi um dos cinco jovens cubanos infiltrados em grupos contrarrevolucionários sediados em Miami  que organizavam ações terroristas contra a ilha. Sua detenção em 1998, o manipulado julgamento político (um dos mais longos da história dos EE.UU.) e as exageradas condenações (Gerardo recebeu duas prisões perpétuas e mais 15 anos) levantaram uma grande onda de solidariedade em todo o mundo.
Hernández Nordelo mencionou que entre as dezenas de milhares de documentos divulgados pelo grupo de Assange  havia  ao menos um vinculado ao caso dos Cinco: “Lembro particularmente de um que revelava como pessoas do Governo do Reino Unido tinham se aproximado de Hillary Clinton indagando sobre o caso”, o qual foi o resultado de pressões que tinham recebido de grupos solidários e sindicatos” do país europeu.
“Nesse momento foi uma notícia totalmente inovadora —confessou— e permitiu-nos conhecer o poder que podia ter a influência dos grupos de solidariedade”.
“Agora nos solidarizamos com sua causa e fazemos questão de dizer que se trata de um ajuste de contas (…) não por difundir notícias em específico, senão pela revelação dos tratos que se dão ‘por baixo dos panos’ em entidades governamentais e corporativas a diferentes níveis. Eles estão acostumados a atuar com total impunidade e de repente se encontram  com um fenômeno como Wikileaks que revela suas manobras, planos e maneiras tão sujas de proceder, isso é para eles imperdoável”.
Sem vínculos diretos anteriores, Gerardo declarou ter trocado, indiretamente, saudações de solidariedade de nós (os Cinco) com sua causa como ele o fez antes com a nossa”.
“Se agora pudesse lhe falar lhe diria que se mantenha firme, que infelizmente  a vida nos põe desafios pela frente, mas estou seguro de que contará com um forte movimento solidário como o que em outro momento tivemos nós.”


Hernández foi indultado em 17 de dezembro de 2014 junto a seus colegas Ramón Labañino e Antonio Guerreiro (René González e Fernando González tinham cumprido suas condenações e já estavam de regresso em Cuba). O fato foi divulgado de maneira simultânea pelo então presidente cubano General de Exército Raúl Castro Ruz e seu homólogo estadunidense Barack Obama, que adicionou outro anúncio, o da restauração de relações diplomáticas entre os dois países, laços que foram rompidos depois do Triunfo da Revolução em 1959.

vídeo:

Publicado em 12 abril, 2019 • 16:00 por Yimel Díaz 

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