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18 de jul. de 2020
A política da obsessão
Enquanto a humanidade pede socorro em meio a uma pandemia que a todos atinge, o governo dos EUA teima em agredir Cuba e tentar desqualificar seus médicos e sua formação. Não poupa sequer os países que são beneficiados com seus serviços - como o Brasil.
Em política internacional certas declarações ou atos são entendidos dentro de parâmetros racionais e aceitáveis por aspectos políticos ou de interesses até mesmo escusos e de difícil aceitação, nesta última modalidade especialmente a questão das guerras que os seres humanos desaprovam. E são reprováveis certas decisões porque se sabe do interesse, no caso das guerras, da venda de material bélico que não agrada a nenhum ser racional - a não ser àqueles que lucram com a desgraça alheia.
Existem certas situações, no entanto, que não há como definir, mesmo para quem é especialista em geopolítica.
É do senso comum o descenso do capitalismo, da crise que esse sistema atravessa e do desespero dos "donos do capital". Não é aceitável mas possível entender o que ocorre nessas situações limites e é, ao menos, definível.
Não é o que acontece com o atual império estadunidense em relação a Cuba. Não é a crise do sistema que move o governo do norte, não é a preparação de uma guerra ou a criação de motivos para iniciar um conflito ou obter vantagens financeiras ou competição, é algo que está além de motivações racionais, muito além. Não há explicação plausível para tanta perseguição a não ser a definição de psicopatia ou transtorno obsessivo que só se aplica a pessoas físicas, não podendo se estender a uma pessoa jurídica, entidade ou governo.
Além de todas as medidas tomadas contra Cuba que já são bem conhecidas como o bloqueio, as (mal denominadas) leis hostis, os atos de terrorismo praticados ou encobertos pelo governo estadunidense, as difamações, calúnias, enfim, uma série de ataques ao povo cubano, chega a notícia de mais uma modalidade : fazer refém a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) com ameaça de corte de recursos daquela entidade caso não faça uma "investigação" a respeito do convênio celebrado entre o governo brasileiro e o governo cubano com a intermediação da OPAS no período do Programa Mais Médicos que funcionou de 2013 a 2018 no Brasil.(https://www.defesanet.com.br/ghbr/noticia/37488/EUA-anuncia-que-Opas-ira-investigar-envio-de-medicos-cubanos-ao-Brasil/)
Ao anunciar esta suposta 'denúncia' como uma vitória, o secretário Pompeo tenta mais uma vez criar uma narrativa de que os médicos cubanos são explorados - o que já não convence mais ninguém - e ainda coloca desta vez em suspeita o próprio governo brasileiro do período do PMM como cúmplice de uma suposta exploração.
A OPAS está diretamente ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS) de quem o governo estadunidense retirou toda a contribuição financeira há pouco mais de um mês, em plena pandemia que afeta duramente também o povo norte-americano.
Impossível aceitar que no momento em que a humanidade pede ajuda, em uma pandemia implacável que atinge indistintamente todo o planeta, um governo neste contexto continue perseguindo de forma desumana e obsessiva os médicos cubanos e Cuba que aí está dando exemplo de solidariedade para o mundo.
Obsessão não se adequa a uma empresa, entidade ou governo, especialmente se nesse caso não há inimigos. Cuba nunca agrediu os EUA, nunca praticou qualquer ato de hostilidade contra o povo norte-americano e sofre um bloqueio há quase seis décadas, sobrevivendo com dificuldade mas com muita dignidade. Mas é a única definição para essa perseguição: é um caso de obsessão, transtorno compulsivo ou coisa parecida, única explicação plausível.
Neste episódio o império decadente agride também o Brasil e qualquer outro país que receba os médicos cubanos. É inaceitável e não se pode admitir atos como esse passivamente sem se indignar com mais essa agressão.
Que triste papel esse de agredir gratuitamente tudo e todos que se relacionem com a Ilha. Vergonhosas atitudes.
Não venham falar dos médicos cubanos no Brasil, senhores, porque se surpreenderão com o que o povo brasileiro tem a contar sobre eles, do carinho, afeto e amizades que aqui deixaram. Isso ninguém altera. É revoltante mais essa tentativa de agressão que de novo vai fracassar. A verdade sempre aparece e permanece a indignação com tais atitudes lamentáveis.
Por aqui segue a solidariedade com Cuba, essa que não se pode bloquear, porque é, sem dúvida, o lado correto da história.
Essa mesma história que, certamente, os condenará .
Por Carmen Diniz
Coordenadora do Comitê Paz, Justiça e Dignidade aos Povos - Capítulo Brasil.
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