CUBA: UMA CAUSA FÁCIL DE ABRAÇAR

Por Marcia Choueri*

       Não, a pessoa não precisa ser comunista, nem mesmo socialista, para apoiar Cuba, porque esse apoio se baseia em princípios do Direito Internacional aceitos e respeitados – pelo menos formalmente – por todos: o direito dos países à não ingerência e o direito dos povos à autodeterminação.

       Não ingerência é: nenhum país tem o direito de aplicar qualquer tipo de ação – seja militar ou não – para interferir na vida interna de outro país. Alguém poderá dizer: “mas, e se naquele outro país houver uma ditadura sanguinária?” Essa é uma pergunta relevante e merece uma resposta fundamentada.

       Acontece que a imensa maioria das “ditaduras sanguinárias” da nossa época (a partir do século 20) ou foram bem toleradas pelos países ditos “democráticos”, ou foram criadas e sustentadas exatamente por ingerência dessas nações, com o objetivo de espoliar as riquezas do país sob tirania. Foi assim na nossa América Latina, Ásia e África, basta lembrar que Portugal só deixou de ser metrópole de colônias africanas em 1975.

       Portugal mesmo é um bom exemplo: foi governado por uma ditadura – de Salazar – que sem dúvida pode ser chamada de sanguinária, e nunca ninguém levantou a possibilidade de invadir o país para libertar o povo português.

       Até mesmo o Hitler, considerado quase um protótipo de ditador, foi bem tolerado pelas potências da época, enquanto sua política lhes interessou. Ele era apreciado pelos governos dos países mais ricos da Europa, como a Grã-Bretanha e a França, porque combatia a esquerda. A Revolução Russa tinha deixado a burguesia europeia assustada e com muita simpatia pelo fascismo e o nazismo, cujos princípios são opostos aos do socialismo. As potências europeias só torceram o nariz para o Hitler, quando ele quis invadir outros países e expandir seus domínios. Não, a Segunda Guerra não foi por democracia nem por direitos humanos, mas porque a Alemanha tentou se meter com os grandes daquele momento.

       Cuba – como todos os países – tem direito a viver livre de ingerência externa, seja pelo bloqueio, seja por ações financiadas para provocar caos social, seja por campanhas difamatórias nas redes sociais, seja por ameaças de invasão – tudo isso é ingerência.

       Autodeterminação dos povos: é aquele princípio que diz que cada povo tem o direito de decidir qual será seu sistema econômico e político e de escolher seu governo.

       Não é difícil de entender. Se um povo – em sua maioria, claro – se comporta de maneira colaborativa com seu governo, se repetidamente confirma sua confiança no seu sistema econômico e político, se participa ativamente dos processos políticos internos; e se, além disso, esse país e esse povo apresentam indicadores de saúde, educação, segurança, esporte, cultura superiores aos dos outros países de sua região, não há argumento para afirmar que esse país viva sob uma ditadura, sanguinária ou não.

       O povo cubano tem direito à autodeterminação. Cada dólar que os Estados Unidos investem para financiar atos de sabotagem contra Cuba é imoral e ilegal. Cada carência sofrida por uma família cubana devido ao bloqueio, cada ameaça de invasão ou de ataque militar que provoca temor é uma violação de seus direitos.

       Por isso, digo que é fácil. Abraçar a causa de Cuba é declarar a vigência do Direito Internacional, é apoiar valores como solidariedade e humanismo, é aclamar o multilateralismo como único caminho para um mundo de mais justiça e igualdade entre as nações.

       Neste momento, o povo cubano está sofrendo a violação de seu direito à saúde, porque o bloqueio impede a compra de medicamentos, insumos e até seringas para a vacinação contra a covid-19.

       Você pode demonstrar seu apoio à causa de Cuba: divulgue informação positiva, manifeste-se pelas redes, participe das campanhas virtuais contra o bloqueio. E pode também dar apoio material à vacinação do povo cubano, contribuindo na campanha “Seringas para as Vacinas Cubanas”.

       A contribuição é feita por depósitos de qualquer valor na conta – totalmente segura – da Câmara Empresarial Brasil – Cuba. Apenas lembre-se de sempre colocar também um centavo, para facilitar a identificação do depósito.

 

*Integrante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba