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6 de dez. de 2021

O ALMIRANTE NEGRO E A CENSURA DURANTE A DITADURA MILITAR (+vídeo da música original)


João Cândido, o Almirante Negro da Revolta da Chibata (Imagem retirada do site Nossa Política)

     Abrindo um precedente neste blog -  fora dos assuntos cubanos - hoje (6/12/2021) se completam 52 anos do falecimento do grande "Almirante Negro" um dos heróis brasileiros.  A Revolta da Chibata foi um ato de muita coragem dos marinheiros da época, há mais de um século,  cansados de sofrer açoites e humilhações por parte de seus superiores da Marinha brasileira e dentre esses sobressaindo a figura imponente de João Cândido Felisberto, nosso Almirante. 

Aqui a história dele contada com detalhes: https://www.geledes.org.br/joao-candido-o-almirante-negro-da-revolta-da-chibata/

    A homenagem a este herói no caso da música de Aldir Blanc e João Bosco nos faz pensar nos tempos atuais como se comportavam os 'donos do poder' durante a ditadura civil-empresarial-militar que enfrentamos por duas décadas. E recordar é importante para que não se repitam fatos como aqueles. A censura é uma forma de opressão.

              Quando Aldir Blanc e João Bosco compuseram o "Mestre-Sala dos Mares" sequer esse era o nome original da canção e foram obrigados a alterar várias partes da música por imposição do governo militar.  Por outro lado, homenageavam simultaneamente um outro personagem da nossa história: referência a Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, jangadeiro cearense que ficou famoso como guerreiro abolicionista e com o apelido de Dragão do Mar e por isso mesmo também tiveram que alterar a canção, (o correto é " o dragão do mar reapareceu" e não "um" dragão do mar...... . ) para que não se conhecesse mais um lutador do povo.  https://www.geledes.org.br/francisco-nascimento-o-dragao-do-mar/

O Dragão do Mar


A música, que não conseguiu ser "escondida" e todos sabiam a quem homenageava, segue ainda cantando um agradecimento a esse Almirante que comandou uma revolta vitoriosa contra as arbitrariedades praticadas contra os trabalhadores já à época em pleno século XX. Sem essa coragem as torturas continuariam ainda por muito tempo. 
  
Aqui Aldir Blanc Relata como os militares agiram para alterar a canção: 
https://musicaemprosa.wordpress.com/2018/05/20/o-mestre-sala-dos-mares-homenagem-ao-almirante-negro-joao-candido/
  

                            A música com a letra original está aqui:

         

 João Cândido Felisberto faleceu em 8 de novembro de 1969, no hospital público Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Viveu seus últimos anos num casebre na Baixada Fluminense, numa rua sem saneamento básico nem luz elétrica. Seu enterro, em plena ditadura militar, ocorreu sob forte temporal e cercado de policiais à paisana.

  Fica aqui o agradecimento e o reconhecimento a esse grande Almirante que teve a dignidade e coragem de um homem que enfrentou forças poderosas e que hoje tem um monumento nas "pedras pisadas do cais" da Praça XV de Novembro, Rio de Janeiro nas águas da Guanabara.  


NOTA: 

A história não acaba aqui. Em outubro deste ano (2021) a Comissão de Cultura do Senado aprovou por unanimidade a inclusão do nome de João Cândido Felisberto no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. A Marinha se opõe fortemente à homenagem e o nome de João Cândido segue sendo apoiado pelo povo  - mas 'açoitado' pelos poderes instituídos.  Da mesma forma,  em 2008 quando se inaugurou a estátua de João Cândido na Praça XV ,apesar da presença do Presidente da República, nem a Marinha nem o ministério da Defesa compareceram ao ato em uma clara oposição ao reconhecimento de um homem que lutou pela justiça de brasileiros para que não fossem seviciados.

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