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10 de jan. de 2022

HAITI. O ROTEIRO TEATRAL DA SUPOSTA "AJUDA" IMPERIALISTA.

                                        


Por Narciso Isa Conde. 


    A nova peça sobre a tragédia haitiana Na Administração Biden tem um roteiro previamente escrito na Sala Oval da Casa Branca.

  O governador colonial da parte oriental desta ilha caribenha, que usurpa o título de Presidente da República Dominicana, Luis Abinader, deveria formar - e formou - o Trio convocado para atuar no início da peça.

  Biden escolheu como empresa para a Abinader os governadores do Panamá e da Costa Rica, que recentemente se encontraram novamente, agora na bela Puerto Plata, terra dominicana onde o "presidente" dominicano tem fortes investimentos no setor do turismo.

    Isto, é claro, encenado depois que Abinader cantou ad nauseam - sozinho e como um Trio - que o povo haitiano é um povo supostamente "inválido", incapaz de autodeterminação e autogoverno, onde "não há Estado", mas uma situação caótica criada pelo próprio povo.

   Seguiu-se então o capítulo onde Biden, juntamente com o governador da parte ocidental desta ilha - originalmente chamada Quisqueya e Haiti - convocou uma cúpula para "ajudar" o povo haitiano a reparar seu "estado fracassado". 

 Então, Abinader, rápido e veloz, parabenizou Biden por esta iniciativa previamente acordada e aplaudiu-a com as mãos e os pés.

   A estigmatização do Haiti - devemos repeti-la sem cansaço - vem dos super Estados malfeitores e das elites capitalistas brancas com ambições de dominar o mundo e esmagar as novas rebeliões emancipatórias; no contexto de um acentuado declínio de seu poder e da agressividade violenta motivada por ele.

     A isto se soma, no final do sistema imperialista, a classe dominante dominicana, submissa ao colonialismo e mergulhada no racismo hispanófilo e na submissão total ao poder imperial americano.

   Quem são os responsáveis por tal fracasso, tal caos e tal empobrecimento brutal no Haiti? Podem ser eles os salvadores do Haiti?

                         

     As respostas a estas perguntas tendem inevitavelmente a quebrar o roteiro da peça teatral recentemente inventada em Washington.  Acreditamos que aqueles que felicitam Biden e culpam o povo haitiano por sua dramática situação estão sob a tutela perniciosa dos verdadeiros culpados. Eles assumem assim, por interesses instalados e expedições espúrias e oportunistas, a ideologia do colonialismo.

   Eles abraçam a supremacia branca e se associam ao racismo imperialista europeu e americano para encobrir as falhas históricas e atuais das potências dominantes, procurando esconder o impacto da pilhagem, da depredação ambiental, da super exploração, da imposição de regimes oligárquicos, das ditaduras militares, dos partidos e das plutocracias mafiosas.

  Perguntemos-lhes também: quem impôs e sustentou no Haiti os Duvalianos, Namphis, Prosper Abril, Martely, Jovenel Moises... Quantas vezes os EUA intervieram no Haiti? O que aconteceu com a MINUSTASH? Quem criou as gangues que hoje estão fora de controle?

    As respostas verdadeiras a tais perguntas, que eles nunca darão, não permitem que as vítimas sejam culpadas e os perpetradores absolvidos.

   Mas como troça à inteligência do povo, nesta outra versão teatral das "novas" receitas imperialistas para o Haiti, os principais culpados da tragédia de seu povo, aparecem no roteiro deste episódio da peça aplaudido por Abinader como os poderes ideais destinados a "salvar" aquela nação. Estou me referindo à chamada Comunidade Internacional sob a tutela dos EUA, Canadá, França e UE.

  Tudo foi calculado friamente, no estilo Chapolin colorado. Tudo tem sido conseguido para induzir apoio a novas formas de intervenção e controle imperialista, que no passado remoto e recente não só não resolveram nada, como pioraram tudo.

    Entretanto, em qualquer caso, o roteiro preparado para Biden por seus consultores de imagem e think tanks só pode produzir uma tragicomédia medíocre. Isso eu garanto.



Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://www.resumenlatinoamericano.org/2021/12/22/haiti-el-guion-teatral-de-la-supuesta-ayuda-imperialista/


                                 



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