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14 de mar. de 2022

CARTA DE STELLA MORIS SOBRE A DECISÃO DA SUPREMA CORTE BRITÂNICA

                                     

    Um sistema que permite isso é um sistema que perdeu o seu rumo.

A Suprema Corte do Reino Unido se recusa a ouvir os argumentos da apelação de Assange sobre a extradição

Nesta manhã, a caminho da escola, nosso filho de quatro anos me perguntou quando o papai voltaria para casa. A vida de Julian está sendo tratada como se fosse dispensável. Ele foi roubado em mais de uma década de liberdade, e três anos de sua casa e de seus filhos pequenos que estão sendo forçados a crescer sem o pai.

Um sistema que permite isso é um sistema que perdeu o seu rumo.

Se Julian é extraditado ou não, o que é o mesmo que dizer se ele vive ou morre, está sendo decidido através de um processo de evasivas legais Evitando ouvir argumentos que desafiam a deferência dos tribunais britânicos a reivindicações inexequíveis e censuráveis a respeito de seu tratamento feitas pelos Estados Unidos, o país que conspirou para assassiná-lo.  O país cujas atrocidades ele trouxe para o domínio público. Julian é a principal testemunha, o principal acusador e a causa de enorme constrangimento para sucessivos governos dos Estados Unidos.

Julian estava apenas fazendo seu trabalho, que era o de publicar a verdade sobre as transgressões. Sua lealdade é a mesma que todos os jornalistas deveriam ter: para com o público. Não para as agências de espionagem de uma potência estrangeira. Ele publicou provas de que o país que está tentando extraditá-lo cometeu crimes de guerra e os encobriu; que cometeu violações grosseiras que mataram dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes; que torturou e prendeu; que bombardeou crianças, teve esquadrões da morte e assassinou jornalistas da Reuters a sangue frio; que subornou funcionários estrangeiros e intimidou países menos poderosos para que fizessem mal a seus próprios cidadãos, e que também corrompeu as investigações judiciais das nações aliadas sobre delitos cometidos nos EUA. Por isto, aquele país o quer na prisão por 175 anos.

Agora, a extradição passará formalmente para uma fase política. O destino de Julian agora está nas mãos da Ministra do Interior Priti Patel. Este é um caso político e ela pode acabar com ele. Está em suas mãos provar que o Reino Unido é melhor do que tudo isso. Patel pode acabar com a exposição do Reino Unido ao ridículo internacional por causa do encarceramento de Julian. É preciso coragem política, mas isso é o que era necessário para preservar uma sociedade aberta que protege os editores contra a perseguição estrangeira.

A crueldade contra Julian é corruptora. Corrompe nossos valores e instituições mais estimados.  Eles serão extintos e perdidos para sempre, a menos que esta farsa não chegue a um fim.

A luta pela liberdade continuará, até que ele seja libertado.


https://stellamoris.substack.com/p/a-system-that-allows-this-is-a-system?s=r&utm_campaign=post&utm_medium=web&utm_source=direct

https://twitter.com/StellaMoris1/status/1503515490379042817


NT: Stella Moris é advogada e companheira de Julian Assange 

Tradução: Carmen Diniz

Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba


                                   

3 comentários:

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  2. A nossa luta pela liberdade de Assange aqui na Itália junto a comunidade do Equador continua! #freeAssange

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