ÍNDICE

31 de dez. de 2020

Tuitaço na virada para 2021 (2 da manhã no Brasil desta noite de 31 a 1/12) : #ElMundoAbrazaACuba nos 62 anos da Revolução Cubana

 Caros companheiros e companheiras,

   Chegamos ao final de um ano extremamente difícil para a humanidade marcado pela pandemia Covid-19 onde os sistemas de saúde mundiais entraram em colapso, em que a privatização dos serviços de saúde prevalece antes da vida, crise econômica, redução das fontes de trabalho, paralisia do transporte aéreo e marítimo e destruição do meio ambiente. O odioso governo Trump intensificou a agressão contra a Venezuela e, como nunca antes, o bloqueio desumano contra Cuba.

      Mais de 120 sanções econômicas de todos os tipos, que incluíram companhias marítimas e seguradoras, tentaram sufocar a economia da ilha, deixando-a sem abastecimento de combustível, alimentos e remédios, proibindo até a compra de respiradores para fazer frente à pandemia.

    O golpe suave foi lançado com uma série de ações de desestabilização: guerra econômica, feroz ataque da mídia à colaboração médica cubana, promoção do desrespeito aos símbolos nacionais, especialmente a bandeira sagrada da estrela solitária, infiltração de mercenários em espaços de cultura para ferir a alma da nação, contratação de delinquentes para causar distúrbios e atacar as lojas que, para fazer frente à conjuntura econômica, tiveram que ser abertas em moeda livremente conversível; chamados a ações de confronto e protesto contra o governo; apologia da mídia contra o socialismo, enquanto esconde que Cuba é um dos 30 países do mundo que tem suas vacinas candidatas para combater a pandemia e que  apesar da terrível agressão não deixou ninguém abandonado; há menos de 12 mil infectados e se lamentam menos de 150 mortes desde o início da pandemia.

      Enquanto o mundo pede, em reconhecimento ao seu altruísmo e humanismo, o Prêmio Nobel da Paz de 2021 para os médicos cubanos da Brigada Henry Reeve, pela ajuda extraordinária durante a pandemia em 39 países e territórios da Europa, África, países árabes, América Latina e no Caribe, a grande mídia não só se cala, mas também segue a perversa matriz de descrédito, calúnia e mentira contra a colaboração médica cubana.

    Apesar da tentativa de destruí-la e devolvê-la ao capitalismo, neste 1º de janeiro a Revolução Cubana comemora 62 anos de heroicas resistências e conquistas sociais que dariam lições a muitos países desenvolvidos e são únicas em toda a América.

      Por isso, companheiras e companheiros, convocamos todas e todos a dar um grande e caloroso Abraço ao heroico povo cubano e ao seu governo revolucionário.

     Um Abraço que faça sentir o calor da solidariedade internacional desde as 00 h horário cubano e durante o dia 1º de janeiro, por meio de mensagens nas redes sociais utilizando a hashtag:                                                 #ElMundoAbrazaACuba


   Solicitamos que envie suas mensagens para as seguintes contas do Twitter e Facebook:

@PresidenciaCuba, Presidente Miguel Diaz Canel Bermudez: @DiazCanelB, Ministério das Relações Exteriores de Cuba: @CubaMINREX, Ministro das Relações Exteriores Bruno Rodriguez Parrilla: @BrunoRguezP, ICAP: @ICAP_cuba, Sempre com Cuba: @siempreconcuba, à mídia de seus países e como conta de referência para retweetar  : @CubaPlataforma

   Os horários de início são os seguintes:

México, Honduras, Nicarágua, El Salvador: 23h00

Cuba, Colômbia, Equador, Peru, Panamá: 00 hs

Venezuela, Bolívia, Porto Rico, República Dominicana: 01h00

Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil: 2 h (a.m.)

América do Norte e Europa, leve em consideração a diferença de horário em seus países para atingir o impacto do tweet ao mesmo tempo.


Que em 2021 possamos nos abraçar em Cuba.

Muita saúde para vocês, suas famílias e todos aqueles que trabalham pela felicidade que merecemos como povos.


Viva Cuba !!

Viva a Solidariedade Internacional!

Feliz 2021 !!

29 de dezembro de 2020

Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos 



Queridos Compañeros y Compañeras

Culmina un año sumamente difícil para la humanidad marcado por la pandemia de Covid-19 donde colapsaron los sistemas sanitarios del mundo en los que prevalece la privatización de los servicios de salud antes que la vida, crisis económica, reducción de las fuentes de trabajo, paralización del transporte aéreo y marítimo y destrucción del medio ambiente. La odiosa administración Trump recrudeció la agresión contra Venezuela y como nunca antes el bloqueo inhumano contra Cuba.

Más de 120 sanciones económicas de todo tipo que incluyeron compañías navieras y aseguradoras, intentaron asfixiar la economía de la isla, dejarla sin abastecimiento de combustible,  alimentos y medicinas, prohibiendo hasta la compra de ventiladores para enfrentar la pandemia.

Se puso en marcha el Golpe suave con un conjunto de acciones de desestabilización: guerra económica,  ataque mediático feroz a la colaboración médica cubana; promoción de irrespeto a los símbolos patrios, especialmente la sagrada bandera de la estrella solitaria; infiltración de mercenarios en espacios de la cultura para herir el alma de la nación; contratación de delincuentes para que provoquen disturbios y atenten contra las tiendas que, para enfrentar la situación económica,  tuvieron que abrirse en moneda libremente convertible; llamados a acciones de confrontación y protesta  contra el gobierno; apología mediática contra el socialismo mientras se oculta que Cuba es uno de los 30 países del mundo que cuenta con sus candidatos vacunales para combatir la pandemia y a pesar de la terrible agresión no ha dejado a nadie abandonado,  no llegan a 12 mil los contagios y se lamentan menos de 150 fallecidos desde el comienzo de la pandemia.

Mientras el mundo pide como reconocimiento a su altruismo y humanismo el Premio Nobel de la Paz 2021 para los médicos cubanos de la Brigada Henry Reeve, por la extraordinaria  ayuda durante la pandemia en 39 países y territorios de Europa, África, Países Árabes, América Latina y el Caribe, los grandes medios no sólo callan sino que siguen la perversa matriz de descrédito,  calumnias y mentiras contra la colaboración médica cubana.

Pese al intento por destruirla y retrotraerla  al capitalismo, la Revolución Cubana cumple este 1ro de Enero 62 años de heroica resistencia y logros sociales que darían lecciones a muchos países desarrollados y son únicos en toda América.

Por eso compañeros los convocamos a dar un gran y caluroso Abrazo al pueblo heroico de Cuba y su Gobierno revolucionario.

Un Abrazo que haga sentir el calor de la solidaridad internacional desde las 12:01am al cumplirse el 62 aniversario y durante el 1ro de enero, a través de mensajes en  las redes sociales utilizando la etiqueta #ElMundoAbrazaACuba

Les pedimos enviar sus mensajes a las cuentas de Twitter y Facebook:
@PresidenciaCuba, Presidente Miguel Diaz Canel Bermudez: @DiazCanelB, Cancillería Cuba: @CubaMINREX, canciller  Bruno Rodriguez Parrilla: @BrunoRguezP, ICAP: @ICAP_cuba, Siempre con Cuba: @siempreconcuba, a los medios de comunicación de sus países y como cuenta de referencia para hacer retweet @CubaPlataforma

A partir de las 12 de la noche hora de Cuba, 12:01 del 1 de Enero 2021

Que el 2021 podamos abrazarnos en Cuba.
Mucha salud para ustedes,  vuestras familias y todos los que trabajan por la felicidad que merecemos como pueblos.

¡Viva Cuba!!

¡Viva la Solidaridad Internacional!

Feliz 2021!!

30 de Diciembre de 2020

International Committee For Peace, Justice And Dignity
P.O. Box 22455
Oakland, CA 94609

30 de dez. de 2020

CUBA: UM EMPREGO CHAMADO "DISSIDÊNCIA"

                                                                                                       Hernando Calvo Ospina* 


Despontava a década dos noventa, e o sistema socialista nos países do Leste europeu caiu. Feliz, o capitalismo selvagem foi ocupando seu lugar


Foto: Irene Pérez cubadebate

   Cuba, que tinha sido sua aliada, ficou sozinha. Revolução teimosa, insistia em que seu caminho era o socialismo. Os Estados Unidos e demais países capitalistas dirigiram contra ela toda a estratégia de guerra psicológica e de propaganda. O dinheiro fluiu, e os “dissidentes” se multiplicaram aos borbotões.

     Embora Cuba tivesse certa experiência em lidar com esses casos fabricados, o que jogaram em cima dela poderia entrar para os livros de recordes.

      Todo dia, os “dissidentes” se alugavam, para que, de Miami, Washington, ou qualquer capital europeia, montassem em seu nome campanhas contra a Revolução. Até se arrendaram para que o bloqueio econômico endurecesse. Quanto mais eles podiam comprar com os dólares do “salário”, menos havia para comer no prato do vizinho. Seus filhos iam à escola bem alimentados, e as outras crianças viram se reduzir bem a quantidade de leite. Ainda assim, os “dissidentes” continuaram aproveitando o que a Revolução tratava de manter gratuito para todos, começando pela assistência médica.

     Chegou o ano 2000, e o tempo continuou passando. A economia melhorou. Até os peritos do Banco Mundial ficaram sem entender como tinha sido possível. Não podiam conceber que a unidade e a fé em um sonho fazem milagres.

      O objetivo estratégico de afundar a Revolução do Caribe não foi alcançado. Prejuízo, isso sim os “dissidentes” se ofereceram para provocar a essa imensa maioria de cubanos fiéis à Revolução. Ainda assim, ontem como hoje, sem ser torturados nem desaparecidos, e nunca assassinados, cada novo personagem “dissidente” foi passando de moda. A falta de apoio popular é o calcanhar de Aquiles, deles e doa que lhes pagam. Seu grande inimigo é não existir abismo entre dirigentes e povo.

     Dentro do Partido Comunista cubano existem muitos dissidentes (sem aspas). É normal, é humano. Porque dissentir é não estar de acordo com algo. Dissente-se com a esposa, no tom que for. Outra coisa é ir onde está a vizinha e unir-se com ela para guerrear com a esposa. Isso é traição. E é o que viu, dia após dia, o povo cubano: os que, no âmbito internacional, são chamados de «dissidentes» estão aliados com o inimigo, Washington, que quer comer sua soberania aos pedaços.

     Uma revolução é um processo criativo. A Revolução cubana partiu quase de zero, aprendendo tudo. Inovando em quase tudo. É lógico que, entre seus criadores, nem todos estejam de acordo com alguma cor dessa obra em construção. Felizmente é assim, do contrário não se estaria avançando. Dissentem, não se vendem.

    Os “dissidentes” continuam sendo esse produto de exportação, para prejudicar a imagem da Revolução. Para que a pressão política internacional atue. Nenhum deles vê alguma coisa boa na Revolução. São o exemplo do filho mal-agradecido. Foram ensinados a ler, escrever, a ser intelectuais, cientistas, médicos, professores. E foram ensinados até a criticar. Como os corvos, só querem ajudar a arrancar seus olhos. E por apenas alguns dólares, umas letras na imprensa internacional e alguns aplausos dos inimigos de sua nação.

    A imprensa internacional. Esta teve um papel central. É a única que se lembra deles em Cuba. De qualquer careta faz uma notícia. Está na primeira trincheira, já que é uma guerra. Além de “atendê-los”, e esperar a morte de Fidel ou Raúl, não se sabe o que mais faz esse monte de correspondentes estrangeiros nesta ilha. Cuba está entre os países do mal chamado Terceiro Mundo, aos que essa imprensa dá tanta prioridade.

     O cubano Chucho Valdés, um dos melhores pianistas do mundo, me garantia, no ano 2004: “Contra Cuba, existe uma imprensa marrom que adora o sensacionalismo. Até conosco, os artistas, a imprensa internacional sempre está buscando o lado político das coisas, mas para distorcer tudo e prejudicar  Cuba, à Revolução”.

     O eurodeputado francês Jean-Luc Melenchon me dizia, em maio de 2010: “Essa imprensa, toda ligada aos Estados Unidos, só se interessa em buscar alguém que se diga “dissidente” ou preso político, para torná-lo um herói e lançar suas campanhas contra Cuba”.

    Poderia parecer estranho. Mas por que só existem “dissidentes” nos países que não são do gosto político de Washington, Madri, Londres, Berlim, Paris…? Estranho, poderia parecer simplesmente estranho… Mas não.

 



Hernando Calvo Ospina é jornalista e escritor colombiano, radicado na França. Autor do livro "Ron Bacardí: la guerra oculta", entre outros.


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

http://www.cubadebate.cu/opinion/2020/12/28/cuba-un-empleo-llamado-disidencia/

Neste artigo: Bloqueio, Bloqueio contra Cuba, Cuba, dissidência, dissidentes, Estados Unidos, Guerra Fria, Partido Comunista de Cuba (PCC), Política, Relações Cuba-Estados Unidos, Revolução cubana

 

29 de dez. de 2020

ALICIA ALONSO: "Me ofereceram cheques em branco, mas existem princípios."

 

Manuel Llorente - El Mundo.- O livro 'Alicia Alonso' revê a vida e as palavras da bailarina e coreógrafa cubana que teria completado 100 anos no dia 21/12. Alicia Alonso, com aquelas unhas compridas, uma estrela do cinema em preto e branco de Hollywood, o seu jeito de alongar as palavras, a elegância do seu andar (deslizava), as suas opiniões fortes, o seu amor pela dança ... Ela viveu quase 99 anos. Hoje teria 100 anos. A dançarina e coreógrafa cubana parecia imortal e talvez fosse, à sua maneira.

     Nascida Alicia Ernestina de la Caridad del Cobre Martínez del Hoyo, dançou no American Ballet, no Bolshoi, no Russian Ballets, na Paris Opera, no Scala de Milão ... Onde não dançou.

      Esta é uma breve revisão de alguns dos assuntos que lhe interessavam, afirma o livro Alicia Alonso. Diálogos com dança (Ediciones Cumbres) os reuniu sobre balé e muitos outros temas que a interessaram. A poetisa cubana Dulce María Loynaz, Prêmio Cervantes de Literatura, escreve no prólogo: “Isadora Duncan diz simplesmente, falando resumidamente, que a bailarina deve se mover como uma luz, pousar no chão com a naturalidade de um raio de luz em algumas flores "(...) Alicia é uma verdadeira luz que se move. Ela é leve, ondulada, quase translúcida. "


    Primeiros passos. "Assisti a uma aula de balé pela primeira vez em 1931 [tinha 11 anos]. Naqueles anos, uma famosa dançarina espanhola se apresentou em Havana, a primeira artista que me impressionou profundamente. Era Antonia Mercé, a Argentina."


   Balé Nacional de Cuba. “Fundamos o que é hoje o Ballet Nacional de Cuba [1959] porque considerávamos que era necessário Cuba ter uma companhia de balé, porque acreditávamos que era importante para a cultura. E para que o bailarino cubano pudesse fazer carreira em sua pátria”.


    O bailarino e o coreógrafo: “Você tem que entender o coreógrafo, criar o personagem que o coreógrafo quer. O que eu não concordo é que o dançarino seja um pedaço de carne morta a quem se diz 'para a esquerda , para a direita '. Será uma obra morta. "


    Nureyev. “Quando finalmente dançamos juntos pela primeira e única vez, em Palma de Mallorca, pude conhecê-lo mais de perto. Poucas semanas antes eu fui sua convidada na maravilhosa ilha Li Galli, que ele possuía perto de Capri, e fiquei comovida com sua solidão, sua necessidade de afeto e como, ao mesmo tempo, as circunstâncias de sua vida tornavam impossível que as coisas fossem de outra forma. "


    Visão: "O problema de visão surgiu em 1941, quando ocorreu o ataque japonês a Pearl Harbor. Eu estava me submetendo a uma cirurgia nos Estados Unidos. Os médicos me disseram: 'Três meses na cama'. Claro, o ideal seria ficar seis meses Respondi-lhes: “Um ano e eu danço.” Eles responderam: “É impossível.” Reiterei: “Um ano e danço.” Fui eu mesma que fixei o prazo de um ano. Um ano depois, dancei. ”


   Tuberculose: “Quando eu era criança, algumas senhoras da Pró-Arte diziam que eu não sabia dançar porque tinha tuberculose. Aconselhavam as meninas a não me baterem porque eu estava com tuberculose. Isso porque eu era muito magra. Aí elas começaram com os meus olhos. Todas as vezes que iam fazer uma nova operação, avisaram-me: "Esta é a última. Não podes continuar a dançar." A minha carreira baseia-se desde pequena no fato de não poder fazer. Estavam todos errados. Impus a minha força de vontade e continuei a dançar "


    A Revolução: “Nos Estados Unidos me ofereceram contratos fabulosos, cheques em branco. Ofereceram-me muitas coisas. Diz-se que todo mundo tem um preço. Acredito que todo mundo tem um preço, mas preço nem sempre significa dinheiro. Existem os princípios. Comigo se equivocaram. "


    EUA e Cuba: “Como Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO, sinto que tenho o dever de defender a dignidade da pessoa humana, a diversidade cultural (...). Trabalhemos juntos para que os artistas e escritores cubanos possam levar seus talentos aos Estados Unidos e que vocês não sejam impedidos de vir à nossa ilha. "


   Idade: "Quando acordo tenho cem anos, e ao longo do dia fico cada vez mais jovem, até que ouço a orquestra começar a tocar e a partir daí, não tenho idade."


    Antonio Gades. "Antonio Gades disse uma vez que 'se um homem se dedica a fazer algo, ele tem que ser honrado e honesto o suficiente para tentar atingir o máximo de suas possibilidades'. Ele fez isso, ele conseguiu" (Palavras de louvor ao artista espanhol por ocasião do título de doutor honoris causa pelo Instituto Superior de Arte de Cuba em 1999).


     Começos. “O início das minhas atuações profissionais nos Estados Unidos não foi precisamente na dança clássica, mas na Broadway, nas comédias musicais (...) Em 1940 assisti pela primeira vez a uma apresentação de Giselle. Foi no Metropolitan Opera House e Alicia Markova e Anton Dolin estavam encarregados dos papéis principais, e eu entendi então que, apesar dos muitos anos desde que foram criados, os clássicos podiam estar intensamente vivos. Dancei minha primeira Giselle com o dançarino principal André Eglevsky no Metropolitan em 1945. Os críticos ficaram entusiasmados com isso. "


    Disciplina: "Há que se  dar aulas sempre. Não se pode perder um minuto se quiser ter um bom resultado. E assim todos os dias . Ensaio todos os dias. Vou às aulas como qualquer outra aluna. Tenho que manter meu corpo em forma E se vou trabalhar em uma sessão, ensaio com rigor. Sempre. "



Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://www.cubainformacion.tv/cuba/20201221/89274/89274-me-pusieron-cheques-en-blanco-pero-existen-los-principios-en-el-libro-alicia-alonso

28 de dez. de 2020

NÃO SE META ! (agora com legendas em português)

Um videoclip irônico para o presidente "alaranjado" no fim de seu governo 



 

DESIGUALDADE EM CUBA. PROJEÇÕES A PARTIR DO CONSUMO ELÉTRICO


Autor: Liu Mok


  A distribuição da renda e a desigualdade foram e são um assunto medular em qualquer intento de construir uma sociedade mais justa e equitativa. Em relação à desigualdade, Marx mostrava, no Manifesto Comunista, como “[…] a concentração dos capitais e da propriedade industrial […], as desigualdades irritantes na distribuição da riqueza, tal […] processo tinha de conduzir, por força lógica, a um regime de centralização política […] porque […] aglomera a população, centraliza os meios de produção e concentra a propriedade em mãos de poucos” (Marx e Engels, 1970). Esse aviso precoce sobre a crescente concentração do capital sob o capitalismo foi corroborado, de forma empírica (Banco Mundial, 2019).

         As análises da desigualdade em nível mundial indicam a ineficiência do modelo de desenvolvimento capitalista para resolver esse flagelo. A desigualdade cresceu no mundo de forma constante desde o início do século XIX até a crise de 2008. Foi nesse momento que se conseguiu a primeira queda da desigualdade em nível mundial, entre 2008 e 2013, o índice de Gini1 teve uma diminuição de cinco pontos percentuais. Muitos viram nisso a prova definitiva da infalibilidade do capitalismo, por considerar resolvido o assunto de que maior prosperidade traz consigo a convergência entre os distintos níveis de renda, e que se avança na redução das assimetrias, mas não foi assim.

         O principal motor dessa redução da desigualdade foi um projeto de construção socialista: a China (Banco Mundial, 2019). Esse país, sozinho, foi responsável por 60% (OIT, 2018) do incremento mundial do salário médio nas últimas décadas e contribuiu para tirar 850 milhões de pessoas da pobreza (Banco Mundial, 2020). Dessa forma, os tais resultados estão longe de poderem ser atribuídos ao sistema capitalista e, sim, podem ser associados à constante preocupação dos sistemas socialistas por atingir modelos equitativos e prósperos.

         No caso cubano, o tema foi deixado a interpretações e estimativas pessoais, sem respaldo numérico, por muitos anos2. Esse vazio de informação oficial foi preenchido pelas mais fantasiosas teorias da conspiração e o ajuste numérico por parte de alguns mal-intencionados, no seu afã de sustentar sua crítica contra Cuba e seu modelo. A Revolução passou por muita coisa, desde o último Gini, publicado nos anos 80: a queda do bloco socialista, que gerou uma redução do PIB cubano em cerca de 35%, mais os impactos nocivos do bloqueio, que recrudesce ano a ano e que, por cada incremento porcentual no seu custo anual, impulsiona uma redução do PIB cubano entre 0,87% e 1,17% (Mok, 2017). Essa mesma política estadunidense vem buscando impedir, com mais força desde 2019, todas as formas de ingresso de divisas à economia cubana, seja atacando os principais itens exportáveis cubanos, a entrada de investimento estrangeiro direto ou as remessas que o país recebe. Tudo isso, enquanto sua maquinaria midiática se encarrega de ressaltar, como justificativa, uma possibilidade que permite a Cuba, ainda que não de forma fácil, adquirir “à vista” certo grupo de bens de consumo e medicamentos. Obviamente, a soma dessas medidas – bloqueio das escassas fontes de receitas e pagamento à vista de importações – permite entrever a verdadeira intenção da estratégia estadunidense, que busca deixar Cuba sem divisas.

         Todo esse complexo entorno, em 2020, foi agravado por uma pandemia mundial que fez o mundo enfrentar o cenário econômico mais complexo dos últimos anos. A Cuba, economia pequena e altamente dependente do comércio internacional, que se empenha em pôr o bem-estar do povo à frente de economicismos, provocou um prejuízo maior. Não é corriqueiro, portanto, retomar o estudo da desigualdade em Cuba. A utilidade deste estudo ultrapassa as necessárias comparações. Para Cuba, deve ser, além disso, uma forma de introspecção, de análise interna e de reafirmação de para onde vamos.

         Por outro lado, os impactos do bloqueio sobre a desigualdade, embora tenham sido atenuados pelo Governo cubano, se fizeram sentir, sobretudo nas últimas décadas. O ataque ao comércio exterior cubano gerou a necessidade de explorar novos métodos no campo econômico, que poderiam gerar desigualdade a curto e médio prazos. Paralelamente, a vocação para a proteção do trabalhador em Cuba impediu que se aplicassem, ante conjunturas adversas, receitas neoliberais de demissões em massa, pelo contrário, garantiu-se o direito ao emprego até nos momentos mais complexos.

         Não obstante, isso gera perigosos desequilíbrios financeiros, que provocaram vários problemas para as finanças internas cubanas. A dolarização da economia nos anos 90, a dupla moeda para começar a desdolarização, os tipos de câmbio múltiplos, a segmentação de mercados, todas foram medidas conjunturais tomadas pelos Governo cubano, para enfrentar situações extremas criadas pelo bloqueio, afetando o mínimo possível a qualidade de vida das pessoas. Um efeito indesejável dessas medidas conjunturais foi o perceptível incremento da desigualdade, comparada com a que existia antes do fim do bloco socialista.

                         Foto: Irene Pérez

         Atualmente, e em meio a uma difícil situação econômica, empreendeu-se a tarefa do ordenamento monetário. Um assunto complexo e sem previsibilidade total dos resultados, sobretudo na arquitetura econômica cubana. Esta tarefa de ordenamento coloca a unificação de tipos de câmbio, como base para começar o caminho do crescimento sustentável, o incremento de salários e a redução de subsídios. Conseguirá, de imediato, eliminar distorções nos registros contábeis e econômicos, eliminar transferência quase fiscais, subsídios implícitos a importações e gravames a exportações, que partiam de um tipo de câmbio supervalorizado do peso cubano para o circuito empresarial. Neste contexto, foram sendo oferecidas informações relevantes para fomentar o debate e contribuição do povo à construção conjunta da estratégia nacional de desenvolvimento.

         Entre as informações publicadas, encontra-se a distribuição por categorias do consumo elétrico nos lares de Cuba. Esta oportunidade pareceria única para retomar as estimativas da desigualdade, utilizando o consumo elétrico como aproximação ao nível de renda ou riqueza. Desta forma, os distintos estratos de consumo elétrico conformam os distintos níveis de renda das famílias. A informação utilizada para os cálculos foi extraída do site Cubadebate1.


        Os estudos que correlacionam o Índice de Gini com distintas variáveis não são novos no âmbito acadêmico. Assim, por exemplo, encontrou-se uma forte relação entre o coeficiente de Gini e o crime, em distintas variantes (Hsieh & Pugh, 1993), (Fajnzylber, Lederman & Loayza, Determinants of crime rates in Latin America and the world: an empirical assessment, 1998), (Daly, Wilson & Vasdev, 2001), (Fajnzylber, Lederman & Loayza, Inequality and violent crime, 2002), (Kim, Seo & Hong, 2020). O raciocínio por trás desses estudos é que a forte correlação existente entre Gini e crime está dada por uma relação de causalidade, em que maior desigualdade tende a causar maior incidência do crime. Este resultado foi verificado empiricamente, tanto dentro dos países, como entre eles. Neste sentido, e tomando os índices de Cuba e da região (Escritório das Nações Unidas contra a droga e o delito, 2020), é possível considerar que o posicionamento de Cuba é bastante positivo. A baixa incidência de crime e os altos níveis de segurança em Cuba são referência internacional e um relevante elemento em seu caráter atrativo ao turismo.

 

Vítimas de homicídio, quantidade e taxa

por cada 100.000 habitantes em 2016


País

Fonte

Quantidade

Taxa

Chile

CTS/OAS

620

3,5

Cuba

MD/MOH

572

5,0

Equador

OAS/CTS

959

5,9

Argentina

CTS

2.605

5,9

Bolívia

CTS

686

6,3

Uruguai

MOI/CTS

265

7,7

Costa Rica

UNSDC/MOJ/CTS

578

11,9

Guiana

OAS/CTS/NSO

142

18,4

Porto Rico

NP/NSO

679

18,5

México

NSO

24.559

19,3

Colômbia

UNSDC/OAS/CTS

12.402

25,5

Guatemala

UNSDC/NP/CTS

4.520

27,3

Brasil

MD Adjusted/NGO

61.283

29,5

Jamaica

OAS/CTS

1.354

47,0

Honduras

OCAVI/NSO/CTS

5.150

56,5

El Salvador

OAS/CTS/RSC

5.257

82,8

Fonte: Escritório das Nações Unidas contra a droga e o delito

     A estimativa realizada neste trabalho, por seu lado, tem dois pressupostos básicos. O primeiro, como se mencionou anteriormente, é que o consumo elétrico é uma variável altamente correlacionada com o nível de renda das famílias, ou “a riqueza”, se desejamos usar um termo mais amplo e associado “a stock”, em vez de “a fluxo”. A evidência empírica internacional parece respaldar amplamente esta suposição (de Rezende Francisco, Aranha, Zambaldi & Goldszmidt, 2007), (Medina Moral & Vicens Otero, 2011), (Castillo, Peña & Guardián, 2016). O raciocínio por trás do pressuposto é que, em geral, as famílias restringem seu orçamento para o consumo elétrico, segundo a possibilidade oferecida por sua renda, pelo que variações nesta última implicam um ajuste do primeiro. Por outro lado, a quantidade de aparelhos consumidores de energia, que determinam, em um sentido amplo, a riqueza, também dependeria dos fluxos de receita que a família é capaz de economizar e converter em “stocks”.

         O segundo pressuposto assume que o consumo médio de cada uma das categorias é precisamente a média de seus limites mínimo e máximo. Embora isso possa estar ou não próximo dos valores reais, este estudo não tem pretensões de chegar à perfeição no cálculo, mas chegar a um resultado inicial fundamentado e lógico, tendo em conta informação real.

      A partir dos pressupostos anteriores, realizou-se uma estimativa do Gini para Cuba. O valor obtido foi de 37.4, um resultado positivo, se consideramos uma comparação internacional.

                                   Fonte: Elaboração própria, (Banco Mundial, 2020) e (CEPAL, 2019)

       O país melhor da região mais bem situado no ranking mundial de desigualdade é o Canadá com 31.2, o país seguinte da região, e por abaixo de 0.40, é o Uruguai, com 39.7. Nesta comparação, pode-se apreciar, em sua verdadeira dimensão, o que significa, para um país como Cuba, em meio a todas as suas complexidades, manter resultados tão alentadores em termos de desigualdade. Podemos obter informação adicional da representação gráfica (Curva de Lorenz[i]) desse valor de desigualdade em Cuba.

           
  Fonte: Elaboração própria

           O gráfico representa a distribuição do consumo, que assumimos diretamente relacionado à renda das diversas famílias. O eixo da “X” mostra a porcentagem de população em cada categoria de consumo elétrico, enquanto que o eixo “Y” reflete a porcentagem de consumo que concentra cada categoria. O nível perfeito de igualdade, representado pela linha laranja, ilustra quando, por exemplo, 50% das famílias consomem 50% da energia. Neste caso particular, pode-se dizer que cerca de 40% dos consumidores mais baixos representam 15% do consumo total; ou que 3,1% dos mais altos consumidores consomem o mesmo que 37,9% dos mais baixos.

         O objetivo não deve ser apenas conseguir que os maiores consumidores diminuam seu consumo, o que é importante para o país neste momento, mas gerar as condições para que os menores consumidores possam dispor dos recursos, mediante a redistribuição, para incrementar seu consumo, também sobre bases racionais.

         Ademais, esses excedentes que se captam dos maiores consumidores, após a redistribuição, poderiam ser utilizados para ajudar a financiar uma maior penetração das fontes renováveis de energia na matriz energética nacional e reduzir assim os custos da eletricidade para todos. Embora não seja o objetivo deste artigo abordar o assunto dos novos preços da eletricidade e se são justos ou não, sim fica claro que a marcante diferença no consumo entre os distintos grupos deve recair, em termos de tarifas, sobre os mais altos consumidores com mais força que sobre os mais baixos.

         Os resultados obtidos dão sinais de que ainda há muito por fazer e alcançar em matéria de igualdade e justiça social, mas é também um indicador de que não estamos descarrilhados como nos querem fazer crer. É também um sinal de que, inclusive nos momentos mais complexos, em Cuba não se deixa ninguém desamparado. Entretanto não devemos assumir isto como um pedestal para ficarmos imóveis, a meta socialista de reduzir a desigualdade ao mínimo é também a nossa meta. As medidas atuais têm necessariamente de apontar a um crescimento produtivo em primeiro lugar, não há socialismo se só se distribui pobreza. O Socialismo é a distribuição da prosperidade, e não há prosperidade sem incremento sustentado da produção. Por outro lado também não há Socialismo, se o crescimento da produção é tomado como único critério para a política econômica.


Referências

1.      Banco Mundial. (2019). Obtido de https://www.bancomundial.org/es/topic/poverty/

lac-equity-lab1/income-inequality

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[i]             A Curva de Lorenz é utilizada geralmente para a representação gráfica da desigualdade em um determinado domínio. Cada ponto na curva representa uma porcentagem acumulativa dos valores do domínio. Portanto, o ponto (0;0) representa o 0% do gráfico, enquanto que o ponto (1;1) representa o 100%.150


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://lapupilainsomne.wordpress.com/2020/12/22/desigualdad-en-cuba-estimaciones-a-partir-del-consumo-electrico-por-liu-mok/