ÍNDICE

28 de dez. de 2023

NOVA ETAPA DA REVOLUÇÃO / NUEVA ETAPA DE LA REVOLUCIÓN - Silvio Rodriguez

                      

Por Silvio Rodriguez

Ainda estamos timidamente a tentar ultrapassar o cataclismo econômico - e, sem dúvida, político - desencadeado pela "ofensiva revolucionária" de 1968, que "se descontrolou" em termos do alcance e dos objetivos daqueles que a desencadearam, de acordo com os testemunhos de alguns dirigentes muito antigos.

Em 1985, visitei a URSS pela última vez e, sem ser um especialista político ou econômico, cheguei à conclusão de que estava indo por água abaixo. Três anos mais tarde, vendo a derrocada aproximar-se, começamos em 28 de janeiro, no busto de Martí, no Turquino, uma turnê que imaginámos curativa e a que chamamos Por la Patria (Pela Pátria). Depois de 35 concertos, a concluimos na Plaza de la Revolución.

Pouco depois do desaparecimento daquele socialismo, Fidel confessou a um jornalista estadunidense que o nosso modelo já não nos servia. Teve a coragem de reconhecer a sua inexperiência nos primeiros anos e deixou-nos um decálogo presidido pela afirmação de que a Revolução significa mudar tudo o que deve ser mudado.

Cuba não só teve de conseguir avançar, como também teve de resistir a invasões, sabotagens, ingerências de todo o género e a um bloqueio de crueldade e duração históricas. Não somos, como país ou como povo, o que teríamos sido sem essa hostilidade.

Mesmo assim, penso que devemos saber ultrapassar os traumas e os condicionamentos. Não pelo esquecimento, mas pela capacidade de aprender a superá-los com acções regenerativas.

Todos sabemos que o cerne do descontentamento tem a ver com o bem-estar afetado. A saúde, a educação, a segurança de centenas de milhares de famílias que trabalharam na esperança de um futuro melhor. Não há ideologia que se sustente sem bem-estar. Esquecer isso não é apenas insensato: é desumano. Por isso, tudo o que conseguirmos nessa direção é a coisa certa a fazer.

Penso que o nosso primeiro objetivo é esse, por mais simples e incompleto que possa parecer. O bem-estar do povo. Martí disse-o da forma mais direta e bela: "Ganhado tenho o pão. Faça-se o verso "

Silvio.     

                                                                                            26 de dezembro de 2023

                                                          


MARTES, 26 DE DICIEMBRE DE 2023

Nueva etapa de la revolución

Por Silvio Rodriguez

Estamos, aún tímidamente, tratando de superar el cataclismo económico -y sin dudas político- que desató la “ofensiva revolucionaria” de 1968, que “se les fue de las manos” en calado y propósitos a quienes la pusieron en marcha, según testimonios de algunos muy altos dirigentes.

En 1985 visité por última vez la URSS y, sin ser especialista político o económico, llegué a la conclusión de que aquello se estaba yendo a pique. Tres años después, viendo acercarse la debacle, un 28 de enero empezamos, en el busto de Martí en el Turquino, una gira que imaginamos sanadora y que titulamos Por la Patria. Luego de 35 conciertos la concluimos en la Plaza de la Revolución.

Poco tiempo después de la desaparición de aquel socialismo Fidel le confesó a un periodista norteamericano que nuestro modelo ya no nos servía. Él tuvo el valor de reconocer su inexperiencia de los primeros años y nos dejó un decálogo presidido por la afirmación de que Revolución es cambiar todo lo que debe ser cambiado.

Cuba ha tenido no solo que ingeniárselas para avanzar sino que también ha tenido que resistir invasiones, sabotajes, injerencias de todo tipo y un bloqueo histórico en crueldad y duración. No somos, como país ni como personas, lo que hubiéramos sido sin semejante hostilidad.

Aún así, creo que debiéramos saber ponernos por encima de traumas y condicionamientos. No olvidando, sino siendo capaces de aprender a superar aquello con acciones regeneradoras.

Todos sabemos que el núcleo principal del descontento es por el bienestar dañado. La salud, la educación, la seguridad de cientos de miles de familias que trabajaron con la esperanza de un futuro mejor. No hay ideología que se sostenga sin bienestar. Olvidar eso no sólo es insensato: es inhumano. Por eso todo lo que logremos en esa dirección es lo correcto.

Creo que nuestra primera meta es esa, por simple, por incompleta que pueda parecer. El bienestar del pueblo. Martí lo dijo de la manera más directa y hermosa: “Ganado tengo el pan: hágase el verso. “


Silvio

Tradução/ Edição: Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas



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27 de dez. de 2023

FELIZ ANO NOVO. FELIZ ANO NUEVO Frei Betto

                         

FELIZ ANO-NOVO

 

Frei Betto   

 

      Desejo um Feliz Ano-Novo onde, se Deus quiser, todas as crianças, ao ligarem seus apetrechos digitais, recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a diferença entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos que reconstituem a Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra dos Emboabas; e durmam após fazer suas orações. 

 

      Quero um Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluz o fogão de panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto do casal exposta em moldura oval sobre o sofá. 

 

      Espero um Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. E a fé, de mãos dadas com a justiça, contemple aqueles aos quais ainda hoje é negada a felicidade.

 

      Um Feliz Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que o celular é um aparelho mudo e cego num canto da casa.

 

      Desejo um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos ininteligíveis. Sejam todos viciados em utopia. 

 

      Espero um Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos batimentos cardíacos. 

 

      Um Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos dias joias ternas e eternas.

 

      Quero um Ano-Novo em que a cada um seja assegurado o direito do emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação. Um novo ano capaz de saciar a nossa fome de pão e de beleza. 

 

      Rogo por um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que os pobres arranquem dos olhos da Justiça a tarja da cegueira que a impede de enxergar os hediondos crimes estruturais que produzem miséria e segregação. 

 

      Um Ano-Novo sem políticos cínicos, autoridades arrogantes, funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos. 

 

      Espero um Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas, bancos acolhedores, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida - um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que se destaca como o melhor contador de anedotas. 

 

      Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência. 

 

      Quero um Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos. 

 

      Desejo um Ano-Novo em que o governo multiplique o pão dos direitos humanos, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte. 

 

      Espero um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado pela penúria ou privado de pão, paz e prazer. 

 

      Um Ano-Novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria ao dinheiro ao espírito das Bem-Aventuranças.

 

      Aspiro a um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos descontaminados. 

 

      Rogo por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas de Minas, a música gregoriana. 

 

      Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o que no passado nos fez menos belos e bons.

 

Frei Betto é escritor, autor de “Tom vermelho do verde” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org


Feliz año nuevo

Frei Betto
 
      Deseo un feliz año nuevo en el que, si Dios quiere, todos los niños, al encender sus aparatos digitales, reciban un baño de Mozart, Pixinguinha y Noel Rosa; aprendan a diferenciar entre impresionistas y expresionistas; vean espectáculos que reconstruyan la Balaiada,[1] la Confederación del Ecuador[2] y la Guerra dos Emboabas;[3] y se vayan a dormir después de decir sus oraciones.
      Quiero un año nuevo en que, en el campo, todos tengan su pedazo de tierra donde crezcan naranjas y lechugas y revoloteen bienteveos entre vacas lecheras. En la ciudad, un techo bajo el cual reluzca el fogón con cazuelas llenas, la sala con tapetes de colores, la foto del matrimonio en un marco ovalado sobre el sofá.
      Espero un año nuevo en el que las iglesias abran sus puertas al silencio del corazón, el órgano susurre el cantar de los ángeles, la Biblia sea repartida cono el pan. Y que la fe, tomada de la mano de la justicia, contemple a aquellos a quienes aún hoy se les niega la felicidad.
      Un feliz año nuevo con parejas festivas en el arte de amar, el hogar con aroma a perfume, los hijos contemplando el rostro enamorado de los padres, la familia tan entretenida con la conversación que ni se da cuenta de que el celular es un aparato mudo y ciego en un rincón de la casa.
      Deseo un año nuevo en que los sueños libertarios sean tan fuertes que los jóvenes, con el corazón latiendo ideales, no recurran a la química de las drogas, no teman al futuro ni se expresen en dialectos ininteligibles. Que todos se envicien de utopía.
      Espero un año nuevo en que cada uno de nosotros evite prender rencores con alfileres en los dobleces del corazón y lave las paredes de la memoria de iras y amarguras; en que no emprenda una carrera con el tiempo ni marque la velocidad de la vida por los golpes del corazón.
Un año nuevo para saborear la brevedad de la existencia como si fuera perenne, en compañía de orfebres de encanto, cuyos hábiles dedos incrusten en la rutina de los días joyas tiernas y eternas.
Quiero un año nuevo en que todo el mundo tenga asegurado el derecho al empleo, la honra de un salario digno, condiciones humanas de trabajo, las potencialidades de una profesión y la alegría de una vocación. Un nuevo año capaz de saciar nuestra hambre de pan y de belleza.
Ruego por un año nuevo en que la policía sea conocida por las vidas que protege y no por los asesinatos que comete, en que los presos sean reducados para la vida social y en que los pobres les arranquen a los ojos de la justicia la venda de la ceguera que le impide ver los horrendos crímenes estructurales que producen miseria y segregación.
Un año nuevo sin políticos cínicos, autoridades arrogantes, funcionarios corruptos, aduladores de toda especie. Libre de raptos infantiles, en el que la política de la multiplicación de los panes sin milagro sea deber de unos y derecho de todos.
Espero un año nuevo en que las ciudades vuelvan a tener plazas arboladas, bancos acogedores, ciudadanos entregados al sano ocio de contemplar la naturaleza, escuchar en el silencio la voz de Dios y festejar con los amigos las menudencias de la vida: un conjunto de recuerdos, un juego de cartas, la risa franca ante el que se destaca como el mejor contador de anécdotas.
Deseo un año nuevo en que el líder de los derechos humanos no humille a la mujer en casa; la profesora de ciudadanía no tire papeles en el suelo; los niños les cedan su asiento a los más viejos; y el puente de la coherencia acorte la distancia entre lo público y lo privado.
Quiero un año nuevo de libros saboreados como palomitas de maíz, el cuerpo menos atascado de grasa, la mente libre de estrés, el espíritu incorporado a un cuerpo de baile al son de los misterios más profundos.
Deseo un año nuevo en el que el gobierno multiplique el pan de los derechos humanos, libre a la población del pesado tributo de la degradación social y acoja en su regazo a millones de niños precozmente condenados al trabajo, sin más fantasía que el miedo a la muerte.
Espero un año nuevo cuyo principal evento sea la inauguración del Salón de la Persona, donde se presenten alternativas para que nunca más un ser humano se sienta amenazado por la penuria o se vea privado de pan, paz y placer.
Un año nuevo en que la competitividad le ceda su lugar a la solidaridad; la acumulación, al compartir; la agresión, al respeto; la idolatría del dinero, al espíritu de las Bienaventuranzas.
Aspiro a un año nuevo de pájaros orquestados por la aurora, ríos desnudados por la transparencia de las aguas, pulmones exultantes de aire puro y mesa abundante de alimentos incontaminados.
Ruego por un año nuevo que jamás se ponga viejo, como los robles que nos dan sombra, la filosofía de los griegos, la luz del Sol, el esplendor de las montañas de Minas Gerais, el canto gregoriano.
Un año tan nuevo que traiga consigo la impresión de que todo renace: el día, la exuberancia del mar, la esperanza y nuestra capacidad de amar. Excepto lo que en el pasado nos hizo menos bellos y buenos.
 
Frei Betto es autor, entre otros libros, de Tom vermelho de verde (Rocco).


[1] Revuelta popular en el estado de Maranhão, entre 1838 y 1841, causada por las malas condiciones de vida y los desmanes de los gobernantes.

[2] Movimiento emancipador, republicano y autonomista que se desarrolló en 1824 en el Nordeste de Brasil.

[3] Conflicto entre paulistas y extranjeros por la explotación del oro en la región de las minas. Se desarrolló entre 1707 y 1709.



Frei Betto es autor de 77 libros, publicados en Brasil y en el extranjero. Puedes adquirirlos con descuento en Librería Virtual www.freibetto.org   Allí los encontrarás a precios más económicos y los recibirás en casa por correo.

 

 www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

 

Traducción de Esther Perez

 

 


 

QUIÉN ES FREI BETTO

 

El escritor brasileño Frei Betto es un fraile dominico. conocido internacionalmente como teólogo de la liberación. Autor de 74 libros de diversos géneros literarios -novela, ensayo, policíaco,  memorias, infantiles y juveniles, y de tema religioso. 

 

 En dos acasiones- en 1982 y en el 2005 fue premiado con el Jabuti, el premio literario más importante del país. En 1985 fue elegido Intelectual del Año por la Unión Brasileña de Escritores y recibió el trofeo Juca Pato. 

 

Asesor de movimientos sociales, de las Comunidades Eclesiales de Base y del Movimiento de Trabajadores Rurales sin Tierra. Desde 2019 asesora el Plan de Educación en Seguridad Alimentaria y Nutricional de Cuba, implementado por la FAO.

Participa activamente en la vida política del Brasil en los últimos 60 años.




26 de dez. de 2023

NATAL : Palestina. O Papa denuncia “situação humanitária desesperadora” em Gaza

                         

O Papa Francisco denuncia “a situação humanitária desesperadora” na Faixa de Gaza em meio aos ataques israelenses, pedindo um cessar-fogo.

   “Renovo um apelo urgente para a libertação daqueles que ainda são mantidos como reféns. “Peço que cessem as operações militares, com as suas dramáticas consequências em vítimas civis inocentes, e que a situação humanitária desesperadora seja remediada, permitindo a chegada de ajuda”, declarou no domingo durante a sua tradicional mensagem de Natal ‘Urbi et Orbi’ [às cidades e ao mundo] na Praça de São Pedro, no Vaticano, o líder da Igreja Católica

    Neste sentido, solicitou que a violação e o ódio não continuem, mas que se procure uma solução para a questão palestina, através do diálogo entre as partes, mantendo uma forte vontade política com o apoio da comunidade internacional, sublinhando " "Não à guerra, sim à paz."

    Dirigindo-se ao “continente americano”, Francisco pediu aos líderes que “encontrem soluções adequadas que levem à superação das dissensões sociais e políticas, à luta contra as formas de pobreza que ofendem a dignidade das pessoas, à resolução das desigualdades e ao enfrentamento do doloroso fenómeno migratório".

    Os bombardeamentos indiscriminados e a ofensiva terrestre da entidade sionista contra Gaza deixaram quase 20.500 palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças, enquanto mais de 53.320 pessoas ficaram feridas.


https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/12/25/palestina-el-papa-denuncia-desesperada-situacion-humanitaria-en-gaza/

Tradução/Edição: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas

                    


22 de dez. de 2023

Libelo de Miami tira a máscara .

                             

  Por Arthur González 

 Recentemente, o Conselho de Redação dos libelos El Nuevo Herald e El Miami Herald, conhecidos instrumentos subversivos ao serviço da máfia terrorista anti-cubana para levar a cabo a guerra mediática contra a Revolução Cubana, publicou um artigo no qual, descarada e cinicamente, dá o seu apoio aos terroristas incluídos na lista que Cuba acaba de publicar no Boletim Oficial*, que ambos os panfletos de Miami os descrevem como "ativistas cubanos, personalidades dos meios de comunicação e pessoas influentes que criticam o regime", omitindo as verdadeiras ações terroristas que realizam.

    Da mesma forma, tentam demonizar Cuba com a publicação de informações sobre o diplomata do Departamento de Estado dos EUA, que trabalhou durante 40 anos para os serviços secretos cubanos sem ser detectado pelo FBI, uma situação que ridicularizou o sistema norte-americano, como se os serviços secretos norte-americanos fossem anjos imaculados que nunca recrutaram nenhum funcionário do governo cubano.

   Será que têm má memória ou estão  tentando tapar o sol com a peneira?

   A partir de 1959, a CIA iniciou uma corrida desenfreada para recrutar todos aqueles que pudessem ajudar a fornecer-lhe informações para dificultar o processo revolucionário. Os exemplos são muitos e quase todos esses espiões foram detectados e condenados. Outros eram, de facto, agentes da nascente Segurança de Estado, que conseguiram enganar os experientes oficiais e chefes da CIA, pondo em causa o profissionalismo desta agência de informação ianque.

   Em 1976, o próprio Fidel Castro denunciou um dos seus "espiões" mais preferidos e estimados, na realidade um agente cubano, que recebeu equipamento moderno para ser colocado secretamente na secretária de Osmany Cienfuegos no Conselho de Estado. Uma revelação semelhante foi feita em 1987 na TV cubana sobre 27 agentes cubanos que durante anos enganaram a CIA com informações falsas sobre a economia cubana, algo que o oficial da CIA Ronald Kessler expôs no seu livro "Incide The CIA", reconhecendo:

    "Um dos problemas mais graves que a CIA enfrenta é a possibilidade de os seus agentes serem agentes duplos, ou seja, trabalharem para o outro lado. Foi o que aconteceu em Cuba, onde a maior parte dos agentes recrutados pela CIA no início da década de 1960 eram agentes infiltrados que recebiam instruções do Chefe Superior cubano Fidel Castro". "Praticamente todo o pessoal da agência que trabalhava para a CIA nessa altura eram agentes duplos."

    Relativamente a este sucesso da segurança cubana, o oficial da CIA Ishmael Jones caracterizou a história dos agentes duplos cubanos como um sinal de falta de profissionalismo dos serviços secretos norte-americanos, uma situação que parece manter-se. No seu livro "The Human fator: Inside the CIA'S Dysfunctional Intelligence Culture", Jones afirma: "O volume de informações falsas introduzidas por estes agentes cubanos nas bases de dados da CIA era tão vasto que não podia ser extraído".

    Porque é que ambos os libelos não fazem referência ao trabalho da CIA contra Cuba e aos seus múltiplos fracassos? Esta ação constante e permanente dos serviços secretos ianques, juntamente com as atividades terroristas concebidas e executadas a partir dos Estados Unidos, obrigou a Revolução Cubana a defender-se e a tentar desmascará-las, a prevenir e a evitar as centenas de planos de assassinato contra Fidel Castro e outros dirigentes, a sabotagem de centros económicos e comerciais e até contra missões diplomáticas e comerciais cubanas no estrangeiro.

  Os atuais terroristas incluídos na lista de Cuba, em cumprimento da Resolução 1373 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a prevenção e a luta contra o terrorismo e o seu financiamento, são descaradamente apoiados pelo referido Conselho Editorial do El Nuevo Herald e do El Miami Herald, assegurando que "estes exilados em Miami têm razões para estar orgulhosos". "Ser chamado de terrorista pela ditadura cubana não é motivo de vergonha. Pelo contrário, é um distintivo de honra". "Devem ser louvados por terem enfrentado Cuba e a sua perseguição. Embora o governo cubano tente retratar estes exilados como radicais perigosos, a realidade é que eles estão  lutando por uma Cuba livre".

   Orgulho em provocar a morte e incitar ao assassinato de policiais e membros do Partido Comunista, criar tumultos nas ruas da ilha e apelar a uma invasão do exército americano que deixaria milhares de cubanos inocentes mortos, como fizeram no Iraque, no Afeganistão, na Síria e na Líbia? Colocar uma bomba num avião civil cubano e causar a morte de 73 pessoas é uma honra e não um ato terrorista?

  Introduzir germes patogénicos para adoecer e matar crianças é motivo de orgulho e de ser elogiados ?

   Escrevem: "Como uma criança petulante, Cuba publicou a sua própria lista". Aparentemente, o governo ianque não lhes permite contar bem a história desta criança, que demonstra ter todo o direito de defender as suas conquistas.

   Evidentemente, os membros do bem pensado Conselho de Redação têm má memória, porque em 5 de setembro de 2023, publicaram que o juiz norte-americano Timothy Kelly, condenou Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys, a 22 anos de prisão, pelo crime de orquestrar o ataque ao Capitólio dos EUA com o seu grupo de extrema-direita.

    Enrique Tarrio é de origem cubana e residente em Miami. A sua pena baseou-se no fato de, a partir de Miami, ter organizado, dirigido e encorajado o assalto ao Capitólio, escrevendo nas redes sociais: "Façam o que tem de ser feito", tal como os que constam da atual lista de Cuba e que, segundo o Conselho de Redação, "têm razões para se orgulharem e é um distintivo de honra".

    Os membros deste Conselho deveriam ler alguns documentos desclassificados do FBI, nos quais várias organizações e indivíduos do chamado "exílio cubano" são classificados como Grupos Terroristas.

    Estes documentos oficiais do FBI afirmam, por exemplo, que a Coordenação das Organizações Revolucionárias Unidas (CORU) é uma organização de fachada anti-castrista.

    Muito interessante é o documento do FBI que

 afirma: "A  Frente Cubana de Libertação

 Nacional é uma organização  terrorista do exílio

 cubano... A FCLN reivindicou a autoria de

 cerca de 25 atos de terrorismo.

   Outros relatórios referem que: "O apoio financeiro aos exilados cubanos tornou-se um problema. Esta questão surgiu devido à preocupação da comunidade de exilados cubanos de que o fato de contribuírem para grupos terroristas os associará automaticamente ao terrorismo aos olhos das forças da ordem".

   Centenas de documentos desclassificados mencionam nomes, ações e planos dos chamados "exilados", incluindo pessoas que constam da atual lista cubana publicada no Boletim Oficial, e todos eles são classificados como terroristas pelo FBI.

   É triste o papel desses jornais de Miami, que são obrigados a defender terroristas e assassinos notórios, algo realmente desprezível para o papel que a imprensa deveria desempenhar.

José Martí não estava errado quando disse:

          "Deve ser doloroso inspirar desprezo".


https://heraldocubano.wordpress.com/2023/12/19/libelo-de-miami-se-quito-la-mascara/

                       


*Cuba aprova Lista Nacional de Terroristas

Havana, 08 de dezembro (RHC) O Diário Oficial da República de Cuba publicou na quinta-feira a Resolução 19/2023 do Ministério do Interior, referente à Lista Nacional de pessoas e entidades que foram submetidas a investigações criminais e são procuradas pelas autoridades cubanas por estarem envolvidas na promoção, planejamento, organização, financiamento, apoio ou prática de atos realizados no território nacional ou em outros países.

A disposição legal inclui os autores de atos terroristas contra Cuba desde 1999 até o presente. Os casos legais abertos referem-se a ataques contra hotéis e outros centros turísticos em Havana, infiltração ao longo da costa para realizar ações violentas, ataques contra o Presidente da República e outros funcionários públicos, bem como a promoção de manobras militares contra a Ilha.

                   


A lista também inclui os responsáveis por incitar, organizar e financiar ações que afetem a ordem social em Cuba, por meio de atos violentos contra funcionários públicos e o funcionamento normal de entidades.

Alguns dos terroristas citados na publicação são Santiago Álvarez Fernández Magriñá, Ramón Saúl Sánchez Rizo, Ana Olema Hernández, William Cabrera González, Michel Naranjo Riverón e Eduardo Arias León.

Também estão na lista Yamila Betancourt García, Alexander Otaola Casal, Orlando Gutiérrez Boronat, Eliecer Ávila, Liudmila Santiesteban Cruz, Manuel Milanés Pizonero, Alain Lambert Sánchez (Paparazzi cubano) e Jorge Ramón Batista Calero (Ultrack). Ressalta a participação dos mesmos em sabotagens e outras ações puníveis, por meio do recrutamento de pessoas no espaço digital.

No  documento aparece Alexander Alazo Baró, objeto do Expediente de Investigação 27/2020, que foi aberto pelo ataque com arma de fogo à embaixada de Cuba nos Estados Unidos.

A base legal da medida está na Resolução 1373 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre prevenção e combate ao terrorismo e seu financiamento; no Código Penal cubano; bem como no Decreto-Lei 317 do Conselho de Estado e na Resolução 16 do Ministro do Interior, para detectar e combater a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo, a proliferação de armas e o movimento de capitais ilícitos. (Extraído do jornal Granma)

https://www.radiohc.cu/pt/noticias/nacionales/341624-cuba-aprova-lista-nacional-de-terroristas

Traduções/Edição: CarmenDiniz p/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas 


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20 de dez. de 2023

ÚLTIMO RECURSO DE JULIAN ASSANGE NA JUSTIÇA DO REINO UNIDO .

                             

   Acordamos esta manhã com o anúncio do último recurso de Julian Assange. O Supremo Tribunal do Reino Unido confirmou que a audiência pública terá lugar em 20 e 21 de fevereiro de 2024.

     A audiência de dois dias de Julian será realizada perante um painel de dois juízes que irão rever uma decisão anterior do Supremo Tribunal do Reino Unido, tomada por um juiz singular em 6 de junho de 2023, que recusou a Julian autorização para recorrer. A audiência determinará se Julian terá mais oportunidades de defender o seu caso perante os tribunais do Reino Unido ou se será extraditado para os Estados Unidos para enfrentar acusações sob a  Lei de Espionagem dos EUA de 1917.

    Esta pode ser a última oportunidade para impedir a extradição de Julian para os Estados Unidos. Se for extraditado, Julian poderá ser condenado a uma pena de 175 anos de prisão por ter denunciado os crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.

   Estamos ao lado da família de Julian neste momento difícil e crítico. Stella Assange, a mulher de Julian Assange, afirmou: "Os últimos quatro anos e meio foram muito duros para Julian e para a sua família, incluindo os nossos dois filhos pequenos. A sua saúde mental e o seu estado físico deterioraram-se significativamente. Com a miríade de provas que vieram à tona desde a audiência original em 2019, como a violação do privilégio legal e relatos de que altos funcionários dos EUA estavam envolvidos na formulação de planos de assassinato contra meu marido, não há como negar que um julgamento justo, muito menos a segurança de Julian em solo americano, é uma impossibilidade se ele for extraditado. A perseguição a este jornalista e editor inocente tem de acabar".

   O irmão de Julian, Gabriel Shipton, afirmou: "Esta audiência assinala uma fase crucial na batalha de Julian pela justiça e é o fim da linha nos tribunais do Reino Unido. Este Natal será o quinto de Julian numa prisão do Reino Unido. Passou anos de incerteza, com a sua saúde mental e física  piorando cada vez mais. Deveria poder regressar à Austrália com os seus filhos e receber o apoio de que necessita. Exorto o Primeiro-Ministro a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para pôr termo ao sofrimento de Julian. Tragam o Julian para casa".

   Você que apoiou incansavelmente a nossa campanha para que os EUA retirassem as acusações e libertassem Julian. Juntos, criamos um ambiente na Austrália em que mais de 70 políticos federais australianos apelaram publicamente aos EUA para que desistissem da extradição. E, nos Estados Unidos, o número de representantes do Congresso que pedem que o caso de Julian seja retirado cresce constantemente; atualmente, a H.Res.934, patrocinada por Paul Gosar, está  recolhendo assinaturas de todos os lados da Câmara em Washington DC.

   Precisamos de todos para lutar pela justiça para Julian e proteger a liberdade de imprensa. Vai juntar-se a nós mais uma vez?

   Aqui está o que se pode fazer...

 

1. Se puder, contribua para o nosso fundo de luta.

CHIP IN 👉action.assangecampaign.org.au/donate

 

2. Se estiver na Austrália, participe em ações em todo o país, encontre-se com o seu deputado e junte a sua assinatura à petição dirigida à Embaixadora dos EUA, Caroline Kennedy.

PARTICIPE EM AÇÕES 👉assangefreedom.network/event/

ENCONTRE-SE COM O SEU MP 👉action.assangecampaign.org.au/meet-your-mp-program

ASSINE A PETIÇÃO 👉action.assangecampaign.org.au/?pc=dx1

 

3. Se estiver no Reino Unido, junte-se ao protesto em massa nos Tribunais Reais de Justiça nos dias da audiência, às 8h30.

JUNTE-SE AO PROTESTO 👉stellaassangeofficial.substack.com/p/day-x-is-here

 

4. Se vc estiver nos EUA, telefone aos teus representantes para assinarem a H.Res.934 e junte a sua assinatura à petição dirigida ao Presidente Biden.

LIGUE AO SEU REPRESENTANTE 👉twitter.com/Stella_Assange/status/1736726270803689656

ASSINE A PETIÇÃO 👉action.assangecampaign.org/?pc=dx1

 

Aqui na Austrália, também haverá protestos e vamos manter todos informados sobre o planejamento.

Chegou o momento, é agora ou nunca. Cada ação conta.

Com os melhores cumprimentos,

Jodie Sard e a equipe australiana da Campanha Assange


15 de dez. de 2023

NATAL NA FAIXA DE GAZA / NAVIDAD EN LA FRANJA DE GAZA por Frei Betto (+ vídeo, assista !)

                                 

NATAL NA FAIXA DE GAZA 

Frei Betto

 

        Neste Natal, Jesus nasce em Gaza. Não na manjedoura exposta em um curral, mas entre escombros do que resta das moradias de seus habitantes. 

        Não nasce cercado de animais, e sim de bombas detonadas, balas de fuzis Tavor Ctar atiradas contra a população civil (950 tiros por minuto), granadas e gases letais. E os voos assassinos dos caças F-35.

        Jesus nasce e ignora que seus pais, que pretendiam se refugiar no Egito, foram atingidos mortalmente por uma chuva de bombas “bunker buster” jogadas pelas tropas israelenses. 

        Agora não é o rei Herodes que passa centenas de crianças ao fio da espada. É o governo sionista de Netanyahu, na ânsia de vingança e de exterminar aqueles que são considerados “animais humanos”, segundo declaração do  ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.

        Jesus e seus pais não encontraram acolhida em Belém. Tiveram que se abrigar em um curral. Do mesmo modo, famílias palestinas foram sumariamente expulsas de seus lares para dar lugar aos colonos sionistas que não reconhecem o direito de a nação palestina instituir o seu legítimo Estado. Escorraçadas, essas milhares de famílias foram confinadas nos estreitos limites de Gaza e da Cisjordânia, controladas por tropas israelenses como se fossem subumanas, sobrevivendo em condições análogas a campos de concentração a céu aberto. 

        Jesus nasce hoje sem que magos venham presentear-lhe com ouro, incenso e mirra. O que ele ganha agora são 12 mil toneladas de bombas desde 7 de outubro (33 toneladas de explosivos por quilometro quadrado), equivalente à potência de uma bomba atômica.

        Não há coro de anjos nem cânticos de glória a Deus, e sim o grito estridente de sirenas de alarme e o silvo aterrorizante de projéteis disparados pelos canhões mortíferos dos tanques Merkava.

        Jesus nasceu sob o selo da discriminação: por ser palestino, por ser filho bastardo de um casal nazareno (tanto que José quis abandonar Maria ao sabê-la grávida), por ser um sem-teto, por sua família ter ocupado a terra de uma chácara em Belém, por ser considerado blasfemo e usurpador do título de Filho de Deus. 

        Jesus, mais uma vez, é rechaçado em sua própria terra. Se seus conterrâneos são impedidos de formar seu Estado, qualquer ação de autodefesa que desencadeiem será qualificada de “terrorista”. Epíteto que jamais a grande mídia utilizou quando Menachem Begin, em 22 de julho de 1946, explodiu, em Jerusalém, o Hotel King David e matou 91 pessoas. Nem quando mais de 200 mil pessoas, todas inocentes, foram cruelmente assassinadas no maior atentado terrorista de todos os tempos – as bombas atômicas atiradas pelo governo dos EUA sobre as populações civis de Hiroshima e Nagasaki.

Sim, o Hamas rompeu a linha da “guerra justa” ao sequestrar mais de 200 pessoas, a maioria civis. Mas quem reage às “detenções administrativas” feitas pelo governo de Israel e que mantém nas prisões cerca de 5 mil pessoas sem acusações formais? 

        Jesus nasce em Gaza e, agora, já não podem matá-lo, pois haverá de ressuscitar em cada criança, em cada jovem, em cada cidadão palestino consciente de que a terra das vinhas e das oliveiras guarda em seu solo as cinzas de seus mais longínquos ancestrais. 


Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org


NAVIDAD EN LA FRANJA DE GAZA

                                                           Frei Betto

   En esta Navidad Jesús nace en Gaza. No en un pesebre, sino entre los escombros de lo que queda de las viviendas de sus habitantes.

    No nace rodeado de animales, sino de bombas detonadas, balas de fusiles Tavor Tar disparadas contra la población civil (950 disparos por minuto), granadas y gases letales. Y de los vuelos asesinos de los cazas F-35.

    Jesús nace e ignora que sus padres, que pretendían refugiarse en Egipto, fueron alcanzados por una lluvia mortal de bombas bunker buster lanzadas por las tropas israelíes.

   Ahora no es el rey Herodes el que pasa por el filo de la espada a cientos de niños. Es el gobierno sionista de Netanyahu, en su ansia de venganza y de extermino de quienes considera “animales humanos”, según declarara el ministro de Defensa de Israel, Yoav Gallant.

   Jesús y sus padres no encontraron albergue en Belén. Tuvieron que alojarse en un pesebre. Igual que ellos, las familias palestinas fueran sumariamente expulsadas de sus hogares para dejarles espacio a los colonos sionistas, que no reconocen el derecho de la nación palestina a crear un Estado legítimo. Desplazados, esos millares de familias se vieron confinados en los estrechos límites de Gaza y Cisjordania, controlados por tropas israelíes como si fueran subhumanas, sobreviviendo en condiciones de un campo de concentración a cielo abierto.

   Jesús nace hoy sin que los magos vengan a hacerle presentes de oro, incienso y mirra. Lo que le han regalado ahora son 12 mil toneladas de bombas desde el 7 de octubre (33 toneladas de explosivos por kilómetro cuadrado), lo que equivale a una bomba atómica.

  No hay coro de ángeles ni cánticos de gloria a Dios, sino el sonido estridente de las sirenas de alarma y el silbido aterrorizador de los proyectiles disparados por los cañones mortíferos de los tanques Merkava.

  Jesús nació bajo el sello de la discriminación por ser palestino, por ser un hijo bastardo de una pareja nazarena (tanto es así que José quiso abandonar a María cuando supo que estaba embarazada), por ser un sin techo, porque su familia ocupó la tierra de una finca en Belén, porque lo consideraron blasfemo y usurpador del título de Hijo de Dios.

   Una vez más Jesús es rechazado en su propia tierra. Si a sus coterráneos les impiden crear su Estado, cualquier acción de autodefensa que emprendan será calificada de “terrorista”. Un calificativo que los grandes medios de comunicación nunca emplearon cuando Menachem Begin, el 22 de julio de 1946, voló por los aires el Hotel King David en Jerusalén y mató a 91 personas. Ni cuando más de 200 mil personas, todas inocentes, fueron cruelmente asesinadas en el mayor atentado terrorista de todos los tiempos: las bombas atómicas lanzadas por el gobierno de los Estados Unidos sobre las poblaciones civiles de Hiroshima y Nagasaki. Sí, Hamas transgredió las normas de la “guerra justa” al secuestrar a más de 200 personas, la mayoría civiles. Pero, ¿quién protesta ante las “detenciones administrativas” realizadas por el gobierno de Israel, que mantiene en prisión a cerca de 5 mil personas sin acusaciones formales?

   Jesús nace en Gaza y ahora ya no pueden matarlo, porque resucitará en cada niño, en cada joven, en cada ciudadano palestino consciente de que la tierra de las viñas y los olivos guarda en su suelo las cenizas de sus más antiguos ancestros.

Frei Betto es autor, entre otros libros, de Um homem chamado Jesus (Rocco) http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.


René Perez, também é conhecido como Residente do grupo musical Calle 13 de música urbana, rap alternativo e pop de Porto Rico. O músico desabafa sobre o genocídio na Palestina.