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8 de nov. de 2018

A realidade que os Estados Unidos pretendem maquiar com os milhões que investe em sua imagem


O capitalismo norte-americano dedica bilhões de dólares na construção de  sua imagem, essa que consumimos através de múltiplas vias e que se impõe  aos estadunidenses desde o berço, geração após geração.                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Autor: Raúl Antonio Capote | internet@granma.cu           6 de novembro de 2018 18:11:42



                                         Protestos contra o abuso e o racismo da polícia em Estados Unidos (foto Reuters)



    Estados Unidos apresenta-se a si mesmo como o melhor país do mundo, a terra da igualdade e das oportunidades, apesar da realidade dizer o contrário. O capitalismo norte-americano dedica bilhões de dólares na construção de sua imagem, essa que consumimos através de múltiplas vias e que se inculca aos estadunidenses desde o berço, geração após geração.
Na terra prometida, milhões de pessoas encontram-se excluídas do sistema de saúde. É um negócio  a saúde, não um direito. Em 2016 a proporção de cidadãos sem proteção era de 27,3 milhões e chegou a ser em anos anteriores de 48,6 milhões.

Os Direitos das crianças nos EE. UU.

A Convenção de Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (Art. 37 a) estabelece que “Nem a pena capital nem a prisão perpétua podem ser impostas por delitos cometidos por menores de 18 anos”. Estados Unidos é o único país que não ratificou esta convenção.
Em março de 2005, a  Suprema Corte de Justiça aboliu a pena de morte por delitos cometidos antes de cumprir a idade de 18 anos, muitos anos depois que praticamente todo o resto do mundo.

Em meados de 2003 eram 78 réus nos corredores da morte por delitos cometidos quando eram menores. Nos estados do sul, 69 % dos menores executados eram negros.

Entre 1984 e 2002 foram executados nos Estados Unidos 44 portadores de transtornos mentais. O negócio das prisões privadas, verdadeiro esquema do sistema, submete os menores a regimes extremos de crueldade. Na Flórida existem cerca de 200 entidades privadas para o encarceramento de menores.
Um da cada cinco meninos e uma da cada três meninas sofre abuso sexual antes de cumprir os 18 anos. A pobreza, as carências e a exploração levam a que milhares de meninos sejam vendidos em troca de sexo. O FBI assegura que o abuso sexual infantil tem chegado a níveis quase epidêmicos. Uma verdadeira desgraça que se agrava no caso dos imigrantes, vulneráveis hoje como nunca, graças à política de Donald Trump e à ação das máfias de tráfico de pessoas.

O Racismo

Teria que decorrer quase um século para que a escravidão desaparecesse como instituição nos EUA. . A declaração de que “todos os homens são criados iguais” não incluía os escravos, nem as minorias.
A Seção 2 do Artigo 1 da Constituição de Estados Unidos estipulava que, para a representação dos estados no Congresso, o valor de um escravo negro era o de 3/5 de uma pessoa.
                 Nos EUA há mais homens negros hoje nas prisões que escravos no século XIX

       Em setembro de 1862, Lincoln assinou a Proclamação da Emancipação, mas esta libertava somente os escravos dos territórios rebeldes não ocupados pelo exército da União.
O racismo e a discriminação contra os afrodescendentes, os latinos e outras minorias nos Estados Unidos, estão bem longe de ter desaparecido, os negros e latinos seguem vivendo nos piores bairros, frequentando as piores escolas, recebendo os piores empregos e abarrotando os cárceres do país, os centros de detenção de jovens e os corredores da morte.
                                               Manifestação contra o racismo nos EUA 

Nos primeiros meses deste ano, 123 pessoas afro americanas morreram em confrontos com a polícia. A maioria dos policiais envolvidos nestes assassinatos foi absolvida.

Cárceres para a migração

A política migratória dos Estados Unidos tem sido sempre racista. As primeiras prisões privadas dos Estados Unidos começaram a operar em 1984 como centros de detenção de imigrantes: Aurora Services Processing Center, de Wackenhut , para perto de Denver, Colorado, e Houston Processing Center no Texas. Hoje os cárceres privados, que lucram com o encarceramento de seres humanos, cobrem todo o território do país.
A detenção de imigrantes converteu-se em negócio muito lucrativo e, à sua sombra, outros muitos negócios colaterais prosperam.
                                        Policiais e migrantes na fronteira 
Relatórios de Flórida Immigration Advocacy Centre (FIAC) e de Human  Rights Watch (HRW) revelaram que nos centros de detenção de imigrantes, se abusa sistematicamente dos detentos, especialmente das mulheres e dos menores. HRW informa sobre graves violações no trato às mulheres, como o acorrentamento de grávidas.
                                        Crianças filhos de imigrantes separados dos pais em "abrigos"
           

Prisões de mulheres

As atrocidades que se cometem nos centros de detenção com o fim de dobrar a vontade dos prisioneiros, podem ser comparadas com as de Abu Ghraib e Guantánamo.
A criação das High Security Unit (HSU), “unidade de controle” experimental para mulheres, situada na Federal Correctional Institution, de Lexington, é um exemplo sombrio.
A HSU foi inaugurada em 1986 durante a administração de Ronald Reagan. Constava de 16 celas de isolamento subterrâneas onde as prisioneiras durante as 24 horas do dia eram vigiadas por câmeras, as submetiam a um regime de privação do sono, privação sensorial ou ao chamado “efeito Ganzfeld”, para o que se utiliza um estímulo (luz, som, etc.) de maneira constante e durante longos períodos.
                      

Com frequência eram submetidas a humilhações como a “revisão de cavidades”, que se convertia em ataque sexual ao ser realizado por homens.

Como vivem as mulheres

Segundo estatísticas dadas pela Coalizão Nacional contra a violência doméstica (NCADV por suas siglas em inglês) a cada nove segundos uma mulher é agredida; 38 028 000 mulheres sofreram violência física alguma vez em sua vida, sendo as mulheres jovens (de 18 a 25 anos) e as afro americanas as mais afetadas; 35 % mais que as brancas.
          Polêmica campanha contra a violência doméstica feita pela artista Sam Humphreys com a boneca Barbie 

O jornal Huffington Post reportou que o número de mulheres assassinadas por seu cônjuge entre  2001 e  2012 foi de 11 766.
O salário médio das mulheres representa só  75 % do dos homens(1)  Estados Unidos não tem uma lei nacional sobre licença remunerada por motivos familiares.
                                                        Marcha "Me Too" contra a violência doméstica 

A Comissão para a Igualdade de Oportunidades recebe a cada ano milhares de denúncias de discriminação por gravidez e de violência sexual.(2)  Estados Unidos é um dos cinco países em todo mundo que não assume o salário da mãe trabalhadora durante o período da maternidade.

O Governo de Trump

A campanha para a eleição de Donald Trump como presidente em novembro de 2016 esteve marcada por um discurso misógino, xenófobo, racista e pelo anúncio de políticas que causariam enormes danos a comunidades vulneráveis e transgrediriam as obrigações fundamentais de direitos humanos assumidas pelos Estados Unidos.
As propostas de campanha propostas por Trump  incluíram a deportação de milhões de imigrantes não autorizados, a reforma de leis federais para permitir a tortura de pessoas suspeitas de terrorismo e “encher” o centro de detenção da Baía de Guantánamo(3). O Presidente tem cumprido até agora  cabalmente suas promessas.
                                                  Prisão de Guantánamo

Muito pode ser falado sobre os direitos humanos dos estadunidenses, esta breve pincelada permite apreciar quanto de história construída tem a afirmação dessa nação como terra promissora, país das liberdades e dos direitos. A verdade apresenta-nos seu verdadeiro rosto.


1 O Mundo https://www.elmundo.es/america/2011/03/02/estados_unidos/1299100021.html.

2 Relatório de hrw .

3 Relatório de hrw .


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