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13 de mai. de 2019

XIII BIENAL DE ARTE EM CUBA




                                   Imagens de Havana 

E imediatamente  a gente pensa: lá vem fotos de carros antigos bem conservados, de construções mal conservadas, de mulheres com turbante, homens jogando dominó, crianças na rua, adultos com charutos, jovens e crianças de uniforme, etc...


Pois é, isso também - mas não só. Neste mês de maio se descobre andando pelas ruas, uma série de novidades obras feitas por artistas cubanos e estrangeiros. Difícil dizer o que se sente ao ver e interagir com arte assim tão de perto, tão acessível a todos.





Aqui, alguns exemplos bem interessantes de intervenções espalhadas pelas ruas. E, claro, se estivesse acontecendo em alguma capital europeia ou nos EUA a gente saberia pela  mídia.
Como não vai passar em lugar nenhum, a gente publica por aqui pra poder divulgar e compartilhar o que se viu em Havana.





















A Bienal de Havana, vista do muro.

Se há um lugar que une sírios, troianos e outros turistas de procedências similares com as essências mais legítimas da variada população que (con)vive na capital cubana, esse lugar é o Malecón. É o lugar de unanimidade  sobre a indiscutível  beleza de uma cidade que, para além de sua questionável condição de Cidade Maravilha, registra seus portais e edificações destruídas com o quotidiano da gente que a habita, com suas alegrias e tristezas, suas esperanças e decepções, sua juventude e sua velhice.
Agora que San Cristóbal de Havana chega a seus quinhentos anos  e o maior  evento das artes visuais, a Bienal de Havana, tomando como lema uma frase — “A construção do possível” — que bem pode aludir às encruzilhadas de sua sustentabilidade no tempo, o projeto Por trás do Muro reforça sua importância pelo que significa para a vida espiritual de habitantes, transeuntes e visitantes que olham o mar sem dar as costas aos espaços estabelecidos em terra.

Desde que surgiu na edição de 2012, sempre da mão de seu criador, o especialista e curador Juan Delgado Calzadilla, se fez evidente a sinergia criada entre artistas, crítica e público apesar dos diferentes empreendimentos e nem sempre felizes propostas. Uma caminhada desde a Ponta até o Hospital Ameijeiras e, apesar de que muitos quebram a cabeça para entender uma ou outra peça,como é  saudável vê-los  tratando da traduzir com suas individuais referências e aprendizagens, a suas díspares culturas, a seus diferentes estratos sociais, reclamando fiquem onde estão, como forma de incorporar à malha urbana e de fazer da arte uma contribuição ao belo ou, ao menos, o diferente.
Sete dezenas de artistas —mais da metade estrangeiros— de uma quinzena de países, além de inserir suas obras nos espaços colidentes do “maior sofá da cidade”, estabelecem —e isto é talvez o mais inovador da entrega de 2019— diálogos com os receptores do fato artístico, em um processo contínuo de retroalimentação que outorga aos habitantes da cidade a possibilidade de discutir, ainda que seja desde o simples desfrute das obras, sobre estas, sua montagem, o meio mesmo, através de performances, murais, debates, ações e oficinas comunitárias dados pelos próprios criadores, onde têm estado implicados também os decisivos de políticas. As ondas saltam sobre o muro e salpicam mais adentro, no mesmo esqueleto dos bairros, seus becos, seus solares.
“Este é um projeto de paixão —dizia Juanito na conferência de imprensa realizada na Embaixada da Espanha dias antes do começo da XIII Bienal de Havana—, e se faz realidade graças à vontade dos artistas, sem eles eu não sou nada. Interessa-me muito o talento, como este pode transformar a sociedade e o ser humano. Por trás do Muro é um projeto que vincula a sociedade com a arte. Interessa-me que os cubanos possam dialogar com os artistas presentes. Trata-se de romper os muros. Interessa-me muito o que se esconde depois desses muros, e daí se esconde depois da cada ser humano Impossível nomear todas as peças, melhor é “caminhá-las” Mas há uma (T3C36, do espanhol David Magán) que resume em sua policromia as múltiplas cores de um evento que tem chamado a atenção sobre a importância —proeminência— da cultura em uma cidade que pretende ser a cada dia mais humana. Que os passantes se detenham ante esta obra e provem a perscrutar seu meio desde diferentes ângulos e reflexos de luz, é uma metáfora que não deve ser ignorada.




Matéria original :  http://www.cubadebate.cu/fotorreportajes/2019/05/08/la-bienal-de-la-habana-vista-desde-el-muro/?fbclid=IwAR1i1XsPA4PvOD4YwTQ0p8EbzqB68-IAbHIWJiWVH1UeWmk72U8p_vvrE4Y#.XNbnIBRKjIV

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