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10 de set. de 2021

A DEMOCRACIA COM 'GEOMETRIA VARIÁVEL'

Pablo González Justo*

       Há quem nos diga que para evitar que Cuba não seja qualificada de "antidemocrática" e que o imperialismo nos perdoe, pondo de lado as suas intenções de derrubar a Revolução e eliminar o bloqueio, aceitemos uma "democracia multipartidária" à maneira da qual havia em Cuba antes de 1959 abandonando a democracia socialista existente em Cuba, que foi endossado em 24 de fevereiro de 2019 em referendo por 86,85% dos eleitores da nova Constituição, que confirma o caráter socialista da República de Cuba.

   Aos conselheiros "ingênuos" e aos que de boa fé sugerem o multipartidarismo como solução, devemos lembrá-los de que não é necessário ter um Partido Comunista no poder para que os Estados Unidos ativem os mecanismos de subversão de sua comunidade de inteligência e do Pentágono  para derrubar um governo que não é do seu agrado usando todos os tipos de atos de guerra.

    Embora usem palavras como "democracia", "liberdade de expressão" ou tentem justificar suas campanhas midiáticas contra Cuba pelo tipo de sistema eleitoral vigente, devemos lembrar que, neste século, o governo dos Estados Unidos e seus aliados invadiram o Afeganistão e o Iraque. Uma guerra terrorista foi imposta à Síria até hoje, com um custo muito alto de mortes e deslocados. Foi feita uma tentativa de impor "democracia" e "liberdade de expressão ocidental" a esses países com um fracasso total e isso é confirmado pelo retorno do Talibã ao poder no Afeganistão, após vinte anos de ocupação imperialista. Nenhum desses países era socialista ... No entanto, as monarquias do Golfo, nem os Estados Unidos, nem seus aliados, nem a mídia ocidental exigem "democracia" ou "liberdade de expressão". Na verdade, todos nós sabemos que eles não têm, mas é adequado ao imperialismo. Simples assim.

     Na América Latina, apesar de países irmãos terem usado as mesmas regras do jogo eleitoral do Ocidente, também são demonizados e tratados como inimigos por ela, exemplos claros mostram: a Revolução Bolivariana da Venezuela, após a chegada ao poder do Presidente Hugo Chávez, tentaram derrubá-la com um golpe militar em 2002 e até agora não lhe deram um segundo de paz; ao presidente Nicolás Maduro, tentaram impedi-lo de governar após ser eleito: tentativas de assassinato, bloqueio econômico, guarimbas e até mesmo o governo dos Estados Unidos nomeado por "graça divina" como "presidente" Juan Guaidó, sem nenhum poder real na Venezuela, mas isso lhe permitiu roubar dinheiro do povo venezuelano. Fernando Lugo, no Paraguai, recebeu um golpe parlamentar. O governo de Manuel Zelaya, em Honduras, foi derrubado por um golpe militar. Na Bolívia, Evo Morales sofreu um golpe, apoiado pela OEA nas eleições de 2018. Na Nicarágua, foi feita uma tentativa em 2019 de dar um golpe no governo sandinista do presidente Daniel Ortega.

     A Rússia tem um sistema multipartidário capitalista, mas o fato de manter uma política soberana e independente e não alinhada com a política de Washington a torna um inimigo do país que deseja impor sua hegemonia em nível global. Por isso, é sancionado e demonizado pela mídia hegemônica.

    O Vietnã, que sofreu uma guerra sangrenta em defesa de sua soberania e independência com um custo de milhões de mortos e que causou 58.000 mortes ao exército invasor dos EUA, mantém um sistema socialista com características vietnamitas e um partido único. No entanto, não sofre bloqueios por parte dos Estados Unidos.

    A China também tem um governo com o Partido Comunista no poder e sem eleições multipartidárias, mas o Estado que se considera o policial mundial não pensaria em bloqueá-lo ou intervir militarmente. Quanto à Europa, tem onze monarquias, onde os reis são chefes de governos "democráticos" pela "graça divina".


E quanto a Cuba?

   Para o imperialismo norte-americano, a questão de Cuba nada tem a ver com multipartidarismo. Que ninguém se deixe enganar! Se tivéssemos cem, mil partidos em nossa pátria e mantivéssemos nossos sonhos de independência, soberania e a determinação de construir uma sociedade mais justa que a capitalista, ainda assim estaríamos condenados. O mais perverso do nosso caso é que a Lei Helms-Burton o codificou: que mesmo que desistíssemos e fizéssemos "supostas eleições livres", o que não vai acontecer, (nem sonhamos), mesmo assim, o Presidente dos Estados Unidos, por lei, tem o poder de autorizar a aceitação ou não do resultado. A prova da afirmação acima se baseia no artigo bem documentado do escritor cubano René Vázquez Díaz publicado na Rede em Defesa da Humanidade, intitulado "A lei Helms Burton não permitirá eleições livres em Cuba".

    A soberania e a independência de Cuba não serão vendidas ou doadas. Há 153 anos que lutamos por elas, 62 deles sob bloqueio genocida. Não trairemos nossos avós e pais, ou a nós mesmos, depois de assumir e superar riscos que pareciam intransponíveis, até mesmo o de um ataque nuclear. Não vamos tornar as coisas mais fáceis para nossos inimigos nos desunindo.  Nosso herói nacional José Martí nos ensinou o que significa unidade criando o Partido Revolucionário Cubano, que organizou e liderou nossa última guerra de independência contra a Espanha. E Fidel elevou ao mais alto nível a unidade de nosso povo em torno da Revolução. Continuaremos lutando e trabalhando por uma democracia mais socialista, participativa e inclusiva, não vamos desistir! Não vamos facilitar a divisão do nosso povo! Nossos filhos continuarão a guardar as urnas!

          


(*) Graduado em Comércio Internacional pela Universidade de Ciências da Informação de Cergy Pontoise, França; Engenheiro Mecânico Aeronáutico pela Universidade de Aviação Civil de Kiev, Ucrânia. Membro do Comitê Internacional pela Paz, Justiça e Dignidade para com os Povos e Presidente da Associação Francesa «Raíces Cubanas


Tradução : Carmen Diniz

Original: https://www.cubainformacion.tv/la-columna/20210901/93027/93027-la-democracia-con-geometria-variable

2 comentários:

  1. Cuba poderia virar teocracia, decapitar opositores...e bajular os EUA... (me lembrei da Arábia Saudita... ke coisa..né) aí será taxada de democracia
    (ironia)
    Cuba poderia privatizar toda educação e saúde... o povo se matar de trabalhar pra kitar dívidas... (isso se kitarem...)... se deprimirem e até se matarem... (isso ocorre nos "democráticos" EUA e Chile)....

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  2. Os militantes do Miliciano...(Bostonaro)... agridem e intimidam jornalistas nas ruas...
    Quase lincharam 1 ekipe de reportagem... com a total conivência policial... e presidencial...
    Mas.. não vejo a turma ke ataca Cuba se preocupar com isso....

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