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31 de jan. de 2022

PACOTE DE PROPOSTAS DE COMPROMISSOS DE CUBA PARA O SUL GLOBAL ENFRENTAR A CRISE DA SAÚDE E DA COVID



    Cuba promete "pacote de vacinas Covid-19 que salvam vidas" para o Sul Global na conferência de imprensa da Internacional Progressista. 

    O governo cubano anunciou planos avançados para entregar dezenas de milhões de doses de vacinas Covid-19 produzidas internamente ao Sul Global, descritas como "salva-vidas" pelo chefe da delegação Internacional Progressista para a nação caribenha.

   As promessas foram feitas por figuras-chave dos setores de saúde e tecnologia de Cuba em uma coletiva de imprensa organizada hoje (terça-feira, 25 de janeiro) pela Internacional Progressista.

     Rolando Pérez Rodríguez, Diretor de Ciência e Inovação da BioCubaFarma; Olga Lidia Jacobo-Casanueva, Diretora do Centro de Controle Estatal de Medicamentos e Dispositivos Médicos (CECMED); Ileana Morales Suárez, Diretora de Inovação Científica e Tecnológica, Ministério da Saúde Pública, Cuba, Coordenadora do plano nacional de vacinação contra a Covid-19, abordou e respondeu a perguntas de jornalistas, fabricantes de vacinas, especialistas em saúde pública e representantes políticos de outros países. 

    Apesar do bloqueio estadunidense, Cuba recebeu financiamento do Banco Centro-Americano de Integração Econômica, que, segundo a Reuters, é suficiente para produzir as 200 milhões de doses. Ontem (segunda-feira 24 de janeiro), em uma entrevista coletiva em Havana, o Dr Vicente Vérez Bencomo, Diretor Geral do Instituto de Vacinas Finlay, disse que "eles poderiam produzir 120 milhões de doses em um único ano".

   Na coletiva de imprensa, o governo cubano anunciou seu plano de colocar estas doses nos braços de quem precisa no Sul Global, inclusive:

1- Preços solidários para vacinas Covid-19 para países de baixa renda;

2-Transferência de tecnologia sempre que possível para a produção em países de baixa renda; 

3-Expansão das brigadas médicas para desenvolver a capacidade médica e treinamento para o fornecimento de vacinas nos países parceiros. 


      A conferência de imprensa foi organizada pela  Internacional Progressista em resposta ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou de "tsunami" de novos casos de Covid-19 que varreram o mundo no início de 2022, um número recorde desde que a pandemia começou em 2020, em meio a uma situação que o chefe da OMS Tedros Adhanom Gheybreysus chamou de  "apartheid vacinal ". O impacto do Covid-19 tem sido violentamente desigual: 80% dos adultos na UE estão totalmente vacinados, mas apenas 9,5% das pessoas em países de baixa renda receberam uma única dose da vacina.


1. Preços solidários para vacinas Covid-19 para países de baixa renda:

  •   Cuba já vacinou sua própria população e mais de 90% receberam pelo menos uma dose da vacina produzida internamente.
  •   As desigualdades de preço têm atormentado o cenário da vacina Covid-19. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisados pelo The Independent mostram que os governos dos países de baixa renda estão pagando um preço médio de US$ 6,88 (£5,12) por dose de vacina Covid. Antes da pandemia, os países em desenvolvimento pagavam um preço médio de US$ 0,80 por dose de vacinas que não eram contra a Covid, de acordo com as cifras da OMS. A África do Sul foi forçada a comprar doses da vacina Oxford-AstraZeneca a 2,5 vezes o preço pago pela maioria dos países europeus. Bangladesh e Uganda também pagaram mais do que a UE pela vacina.
  •     COVAX, a iniciativa global de aquisição de vacinas destinada a garantir um fornecimento subsidiado de vacinas aos países mais pobres, ficou repetidamente aquém de suas metas e, em setembro de 2021, anunciou uma redução de 25% em seu fornecimento planejado de vacinas até 2021.
  • Cuba enviou doações a países que solicitaram assistência com vacinas Covid-19, incluindo, mais recentemente, a Síria e São Vicente e as Granadinas. Além disso, tem exportado doses e negociado acordos de transferência de tecnologia com outros países, incluindo Argentina, Irã, Venezuela, Vietnã e Nicarágua.
                           
Fiocruz

2 -  transferência de tecnologia sempre que possível para a produção em países de baixa renda:

  • Cuba está em discussões com mais de 15 países sobre a produção em seus países. 
  • As vacinas de Cuba utilizam uma plataforma tecnológica de subunidade de proteínas, baseada em antígenos proteicos, o que facilita sua produção em escala e armazenamento, já que não requerem temperaturas de congelamento. 
  • É provável que a oferta de Cuba encontre muitos compradores interessados, muitos dos quais foram recusados por grandes empresas farmacêuticas. John Fulton, porta-voz do fabricante canadense Biolyse, disse: "Estou interessado nesta apresentação porque Cuba apresenta um modelo único de internacionalismo de vacinas. Estou ansioso para saber que oportunidades podem existir em relação à transferência de tecnologia para a produção de vacinas Covid-19 para nações de baixa renda". A Biolyse tentou solicitar uma licença compulsória através do Regime de Acesso a Medicamentos do Canadá, especificamente para a vacina da Johnson & Johnson/Janssen.
  • No mês passado, especialistas identificaram mais de 100 empresas na África, Ásia e América Latina com potencial para produzir vacinas mRNA, instando os governos dos EUA e da Alemanha a forçar suas empresas farmacêuticas a compartilhar a tecnologia. Entretanto, nenhum progresso foi feito e, no início deste ano, a Organização Mundial da Saúde lamentou que "a falta de compartilhamento de licenças, tecnologia e know-how por parte das empresas farmacêuticas significava que a capacidade de fabricação estava sendo desperdiçada".
  • BioCubaFarma, a organização estatal de biotecnologia de Cuba, tem estado em estreito contato com representantes da OMS para obter o status de pré-qualificação para suas vacinas Covid-19, o que espera fazer em 2022. Espera-se que um dossiê completo de dados seja apresentado à OMS no início de fevereiro. Além disso, Cuba planeja trabalhar com as agências reguladoras nacionais de todos os países interessados em adquirir vacinas cubanas.

3. Expansão das brigadas médicas para desenvolver a capacidade médica e treinamento para a distribuição de vacinas nos países parceiros:

  • Cuba planeja enviar suas Brigadas Henry Reeve aos países que necessitam de apoio para a entrega de vacinas, tanto para a implantação imediata quanto para o treinamento de pessoal a longo prazo.
  • As disparidades na capacidade de fornecimento de vacinas estão dificultando a capacidade dos governos de garantir a rápida implantação das vacinas Covid-19 em muitos países de baixa renda. De acordo com a organização humanitária internacional CARE, o custo da entrega de vacinas aos países em desenvolvimento tem sido amplamente subestimado pelos doadores internacionais, resultando em muitas doses doadas esperando para chegar aos braços. Kate O'Brien, diretora de vacinas da OMS, disse que o financiamento para distribuição "é absolutamente um problema que estamos experimentando e ouvindo dos países". 
  •  Cuba tem um histórico de sucesso neste assunto: em 2014 e 2015, os médicos cubanos trabalharam contra o Ebola na Libéria, Serra Leoa e Guiné, reduzindo as taxas de mortalidade de seus pacientes de 50% para 20%, e introduziram um programa de educação preventiva para deter a propagação da doença. Até janeiro de 2015, Cuba havia treinado mais de 13.000 pessoas para lidar com o Ebola em 28 países africanos, além de 68.000 pessoas na América Latina e 628 no Caribe. Desde o início da pandemia de Covid-19, cerca de 40 países nos cinco continentes receberam médicos cubanos.
  • A oferta de assistência técnica é uma grande promessa para os países em desenvolvimento, já que muitos mudaram seu foco para a construção de fortes indústrias biotecnológicas nacionais. Na Cúpula Internacional Progressista, Anyang' Nyong'o, governador do Condado de Kisumu no Quênia, convidou Cuba "a vir ao Quênia para compartilhar tecnologia e aumentar a produção das vacinas candidatas que estão desenvolvendo".                                  

       A conferência de imprensa segue a Cúpula Internacional Progressista para o Internacionalismo de Vacinas de quatro dias em junho de 2021, que proclamou uma "nova ordem internacional de saúde" e contou com a presença dos governos nacionais da Argentina, México, Bolívia, Cuba e Venezuela, bem como dos governos regionais de Kisumu (Quênia) e Kerala (Índia), juntamente com líderes políticos de 20 países.

    Na coletiva de imprensa de hoje, respondendo a manifestações de interesse em vacinas cubanas, Rolando Pérez Rodríguez, Diretor de Ciência e Inovação da BioCubaFarma, disse:

"Cuba está aberta a qualquer proposta que implique um maior impacto de nossas vacinas no mundo".


   David Adler, coordenador geral da Progressive International e chefe de sua delegação em Cuba, disse:

 "Os anúncios feitos hoje por cientistas cubanos devem marcar um ponto de virada histórico na história da pandemia de Covid-19. Este pacote que salva vidas dá o tom do internacionalismo de vacinas e o caminho para uma Nova Ordem Sanitária Internacional, onde a saúde pública e a ciência são colocadas acima do lucro privado e do nacionalismo mesquinho".

  Se pode ver a apresentação completa aquí


Correção: O artigo originalmente se referia a 200 milhões de doses de vacinas. Agora foi corrigido para dezenas de milhões de doses.



Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://progressive.international/wire/2022-01-25-cuba-pledges-lifesaving-package-of-covid-19-vaccine-support-to-global-south-at-progressive-international-briefing/es


                         




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