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30 de nov. de 2022

Cidade cubana se tinge de verde e amarelo pelo Brasil



         BAUTA, Cuba (AP) - Alberto levantou-se várias vezes durante a noite, bebeu iogurte para acalmar um pouco sua ansiedade. Nas primeiras horas da manhã, ele vestiu Lala Cecilia, sua cachorra inquieta, com uma capa verde e amarela e vestiu uma camiseta com as mesmas cores, assim como um boné combinando.

    Um pouco mais tarde, na segunda-feira, ele já estava liderando os preparativos - colocando bandeiras e cartazes, distribuindo faixas para os vizinhos. Enquanto isso, dezenas de pessoas como Alberto Izquierdo, fervoroso adepto de um time esportivo, começaram a se reunir fora de sua casa, na cidade cubana de Bauta.

    Não, não é uma equipe de beisebol. Não é nem mesmo uma equipe cubana. É a seleção brasileira de futebol competindo na Copa do Mundo no Qatar.

   Com a partida de segunda-feira - que o Brasil venceu a Suíça por 1-0 - ocorrendo num horário correspondente às 11h em Cuba, a pequena cidade a cerca de 30 quilômetros da capital era um fervo de pessoas.

   "Essa liga do samba, a conga, o filho, o sorriso das mulheres, o ritmo do negro, o mulato é o que nos une, é o mesmo sangue", disse orgulhosamente Izquierdo à Associated Press,  um museólogo de 69 anos que lidera a "peña" como são chamados os grupos de fãs da ilha, , "Cuba não tem uma grande equipe, é por isso que vamos de Brasil!'

  Embora o esporte nacional da ilha seja o beisebol, o que lhe trouxe inúmeros sucessos internacionais, nos últimos anos o futebol começou a ganhar popularidade. Os observadores disseram que a notável mudança foi um produto das transmissões ao vivo de jogos e copas da televisão cubana no final dos anos 90.

   O amor pelo Brasil é tão grande em Bauta que mesmo na segunda-feira, o Encarregado de Negócios da Embaixada brasileira na ilha, Roberto Colin, foi visitá-los com uma grande delegação da sede diplomática, que se juntou em uma caravana pelas ruas principais agitando bandeiras antes do jogo com a Suíça e acabou assistindo ao jogo com cerca de 300 vizinhos em um telão gigante em um clube local.

  Além disso, meia hora antes do confronto esportivo no Qatar, 11 diplomatas brasileiros e 11  bautenses jogaram até mesmo um breve amistoso. Os funcionários sul-americanos perderam e os locais ganharam bonito por 2-0.

     "Nós brasileiros dizemos que o futebol é uma paixão nacional e quando ouvi que há muitos anos existe um clube brasileiro organizado aqui em Bauta, pensei que não poderia deixar de vir e reconhecer a lealdade dos habitantes", disse Colin à AP.

    Além de ser um dos favoritos, a nação sul-americana está olhando internamente para a Copa do Mundo deste ano com olhos especiais, disse Colin.

   "O Brasil está muito dividido politicamente, muito polarizado e esperamos que esta Copa do Mundo seja um fator de reconciliação nacional. É um momento para os brasileiros lembrarem que existe apenas um Brasil", disse ele.

    Por sua vez, o torcedor Izquierdo explicou que a iniciativa Bautense começou nos anos 90 e, embora não seja uma organização formal, o movimento se fortaleceu com o passar dos anos, com a Copa do Mundo,os mundiais e copas como a Copa América.

     A relação entre Cuba e o gigante sul-americano é intensa. Ambos os países compartilham raízes similares que misturam a chegada dos europeus com a dos escravos africanos trazidos de quase todas as mesmas nações para trabalhar nos campos de açúcar e em outras plantações. O clima é tropical e o desenvolvimento cultural é semelhante, ao ponto de muitos ilhéus lamentarem a recente perda da cantora-compositora Gal Costa como se ela fosse uma compatriota.

     Politicamente, embora a presidência de Jair Bolsonaro significasse um distanciamento de posições devido a sua proximidade com os Estados Unidos - que mantém fortes sanções contra Cuba - a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva promete trazer uma aproximação como a que ocorreu em seus governos anteriores.

     Quando a partida de futebol começou em Doha, dezenas de cubanos e diplomatas brasileiros estavam em frente à tela gigante em um salão de eventos no meio da vila para compartilhar o momento.

   "Tenho uma paixão pelo futebol brasileiro, em 94, quando tive a primeira chance de assistir à Copa do Mundo, o Brasil venceu", disse Alexei Carnache, um taxista de 45 anos, à AP, aplaudindo entusiasticamente sua equipe. "É a coisa mais bela do mundo, não há equipe no mundo como esta".

   A poucos metros de distância, Maydelis Hernandez, um manicure de 33 anos, gritou " Brasil campeão !".

Depois de 90 minutos de jogo e com a vitória de sua equipe, foi tudo alegria. Havia danças, saltos e abraços binacionais.


https://apnews.com/article/43e45ed7dd8f8fa08e9cef2e73e72940

Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba






26 de nov. de 2022

Por que o inimigo mente sobre as eleições em Cuba?

O sistema eleitoral cubano é resultado de uma ampla consulta popular aprovada pelos habitantes da Ilha. Foto: Dunia Álvarez Palacios
                          

Michel Torres Corona 

Uma certa mídia contra-revolucionária, cujo nome não quero lembrar, fez circular um grupo de supostas "verdades" sobre as eleições em Cuba nas redes digitais em diferentes formatos. Na véspera das eleições , estes produtos de comunicação bem formatados (os bandidos têm muito dinheiro para pagar por câmeras, edição, design, gráficos, etc.) têm como objetivo sabotar este exercício democrático, o que contradiz a tese da "ditadura cruel".

A primeira coisa que eles aludem é que em Cuba não há poder para eleger, mas apenas para ratificar. É curioso que eles procurem promover esta opinião quando as eleições municipais são um exemplo de democracia que tem poucos paralelos no mundo: os cidadãos nomeiam e elegem candidatos e delegados, respectivamente, sem qualquer intervenção das autoridades estatais ou dos líderes partidários, em uma cédula em que, entre várias pessoas, um é escolhido como representante.

É verdade que, no caso dos deputados à Assembléia Nacional, as comissões de nomeação preparam uma cédula em que a escolha popular é expressa através da aprovação da maioria (ou não). Mas isso só significa que cada pessoa sentada na Assembléia, incluindo o Presidente da República, foi apoiada por mais da metade dos eleitores que votaram. Onde está a oposição da esmagadora maioria aos membros do PCC?

Se a Revolução perdeu a hegemonia e o socialismo é um fracasso, por que é tão difícil para seus inimigos ganhar uma eleição, mesmo uma eleição municipal? Porque eles quiseram, mais de uma vez, e não tiveram sucesso. Se realmente houvesse um movimento organizado contra o sistema, com um programa político sério, em meio a tantas dificuldades e carências, não deveria ser difícil para eles conquistar a maioria dos assentos nas assembleias municipais em todo o país.

Mas não sejamos tão exigentes: por que não ganha uma maioria, mesmo em uma assembleia municipal? Para ser ainda mais condescendente: por que não conseguiram, em todos estes anos, que um grupo de vizinhos nomeasse e votasse em um candidato, apenas um, que se opusesse ao sistema? Imediatamente, a mídia contra-revolucionária, que foi encarregada de atacar a legitimidade do sistema eleitoral cubano, apela para histórias de fantasmas: a segurança está vigiando tudo, há seqüestros, desaparecimentos; as forças do regime estão em toda parte. E o que começa como uma análise pseudo-legal termina em ilusões de perseguição e estratagemas de propaganda.

É claro, e isto não é dito pela mídia contra-revolucionária, há coisas para melhorar. Nosso sistema político deve dar maior peso à Assembleia Municipal, de acordo com o mandato constitucional da autonomia dos municípios, para que nenhum delegado eleito acabe se desgastando diante das exigências de seus eleitores, sem conseguir resolver os problemas de sua comunidade. As informações sobre as eleições devem circular não apenas através dos canais tradicionais e analógicos, mas também com maior utilização da Internet e as vantagens da tecnologia.

A democracia cubana, por mais imperfeita que seja, continua sendo a democracia, uma forma diferente e adequada deste valor político. A própria concepção do sistema eleitoral e do sistema político em geral é apoiada pela Constituição, que não foi imposta pelo capricho de alguém, nem foi produto de uma conspiração, mas foi construída em uma ampla consulta popular e aprovada em um referendo no qual todos os habitantes da ilha puderam exercer seu voto livre e secreto. E a contra-revolução estava lá, pedindo um voto negativo e abstenção, como eles estão fazendo hoje e continuarão fazendo, enquanto a democracia não os beneficiar.

https://www.granma.cu/mundo/2022-11-26/por-que-el-enemigo-miente-sobre-las-elecciones-en-cuba-26-11-2022-01-11-40

Tradução:Carmen Diniz p/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

                                                 


24 de nov. de 2022

FIDEL (+vídeo de Putin)

                           
Iroel Sanchez

      Na memória de muitos russos, Fidel e a Revolução Cubana simbolizam uma época em que o poder soviético desafiou com sucesso os Estados Unidos. A chegada ao poder de Fidel e seus companheiros em 1959 significou uma renovação do ideal socialista emancipatório que havia sido duramente atingido na URSS sob Stalin e deu aos soviéticos, ao contrário da relação que tinham com seus aliados da Europa Oriental, a chance de conhecer um pequeno país que tratava as grandes potências da época, incluindo a própria URSS, como iguais e mantinha sua soberania nacional na mais alta estima.

     Para os russos, o Fidel Castro de bronze, em sua farda militar e com mais de três metros de altura, que agora está orgulhosamente em uma praça de Moscou, tem muito a dizer a eles e ao mundo de hoje: os Estados Unidos, seus bloqueios e suas pretensões hegemônicas podem ser desafiados e derrotados. Se Fidel fez isso de uma pequena ilha caribenha sem grandes recursos naturais, cercada e sancionada pelos Estados Unidos, como uma Rússia que é o maior país do mundo e praticamente auto-suficiente em todos os tipos de recursos e produção não pode fazer isso? Essa é uma das mensagens subjacentes ao novo colosso de bronze.

     No bicentenário do início das lutas pela independência da América, o não-fidelista jornal espanhol El País pediu uma lista impressionante de intelectuais latino-americanos - de Gabriel García Márquez a Mario Vargas Llosa - para selecionar o homem mais influente da história da região: o primeiro da lista foi Simón Bolívar, o segundo Fidel Castro. Ele foi seguido por dois nomes intimamente ligados à Revolução Cubana e que o próprio Fidel foi responsável por dar a conhecer ao mundo: José Martí e Che Guevara.

      "Até onde nós escravos chegamos", disse Fidel quando recebeu Nelson Mandela em visita a Cuba para agradecer sua contribuição à libertação de seu povo do jugo do apartheid. E justamente quando há chamadas em muitos lugares para derrubar monumentos aos colonizadores e escravos, uma estátua gigante para Fidel Castro está fazendo manchetes na imprensa mundial. O homem que pediu aos cubanos que não construíssem nenhuma estátua dele ou nomeassem ruas e praças em seu nome não pôde impedir que seu legado fosse perpetuado em bronze em lugares como Moscou ou a África do Sul, longe de Cuba. Porque, como Bolívar, Fidel é um libertador, mas não só de cubanos ou latino-americanos, mas dos oprimidos do mundo, incluindo os povos africanos. 


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Tradução: Carmen Diniz p/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba


Uma cúpula neofascista em Nossa América : Declaração da Casa de las Américas

                                         

Declaração da Casa das Américas


   Diante do triunfo na América Latina de governos progressistas apoiados na fé em mudanças reais e do descontentamento com as políticas devastadoras promovidas por seus adversários, era de se esperar que a direita empreendesse o contra-ataque.

   Como parte disso, nos dias 18 e 19 de novembro – convocada pela Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) – acontecerá no México uma cúpula dos derrotados na qual Mauricio Macri, José Antonio Kast, Keiko Fujimori e Eduardo Bolsonaro (filho do destronado Jair), e em que personagens como Luis Fernando Camacho, Steve Bannon e Lech Walesa não ficarão de fora.

 Basta olhar os nomes para perceber que hoje não se trata de competir com aquela direita esclarecida que defendia os chamados valores liberais; mas para enfrentar a reação mais aberta e até o neofascismo.

 A direita na América Latina e no Caribe, bem a conhecemos, é uma guardiã da democracia quando as regras do jogo a favorecem. Mas se teme perder mais do que uma eleição, alguns privilégios, recorre descaradamente ao mais amplo espectro de violência, incluindo golpes de Estado (militares ou judiciais) e, quando for o caso, também torturas, desaparecimentos e massacres. Só depois de consolidado seu poder é que ela volta a mostrar um rosto aparentemente mais gentil, até que as circunstâncias a levem a apelar para seu lado feroz novamente.

  Hoje o mundo assiste a um crescimento alarmante dessa extrema direita racista e xenófoba que alimenta o ódio por meio da mídia e das redes sociais, abomina os imigrantes e as minorias, assim como os moderados reformistas. Usa a mentira como arma para tentar apagar o que a história e a cultura construíram ao longo dos séculos.

  As esperançosas vitórias da esquerda nos últimos anos em nossa região devem ser defendidas. Cabe a nós desmascarar todas as armadilhas e conspirações que ameaçam os esforços para expandir a justiça social e as reivindicações dos pobres da terra.

   Roberto Fernández Retamar, no último texto que escreveu "Notas sobre a América", se perguntava qual seria o destino de um mundo mergulhado na barbárie por aqueles que consideram os outros seres inferiores e os tratam como tal, da mesma forma que os nazistas.

  Para evitar que esta barbárie se naturalize e prevaleça, a Casa de las Américas convoca seus amigos do Continente, todas as pessoas honestas dos mais diversos signos políticos, a unirem suas vozes para denunciar esta nova ofensiva fascista, por nossos mais elementares direitos, nossa dignidade e nossas vidas.


Havana, 17 de novembro de 2022


Enviado por Claudio Negrão

p/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

                          


23 de nov. de 2022

Frankenstein em Miami: Por que os Democratas perderam a Flórida?

                                               
Iroel Sánchez    

Tradução: Marcia Choueri*

   Na noite de sábado passado, a televisão cubana transmitiu o filme Víctor Frankenstein, uma das muitas versões cinematográficas e televisivas do romance da escritora inglesa Mary Shelley. A história do homem que, juntando partes de cadáveres, cria um novo ser, que acaba sendo um monstro que se rebela contra o seu criador, continua motivando realizadores do cinema e televisão, e sua «lição moral», talvez sem intenção de sua autora literária, não deixa de se tornar realidade na política contemporânea. A mais recente das possíveis associações políticas com a história frankensteinana pode ser extraída do ocorrido nesta mesma semana, nas eleições de meio período, no estado norte-americano da Flórida, em que o Partido Republicano obteve um sonoro triunfo.

   Intencional ou não, a verdade é que o que aconteceu neste 8 de novembro no sul daquele estado confirma novamente o velho ditado que diz que quem alimenta um monstro acaba sendo atacado por ele. O conhecido “cria corvos, e eles te comerão os olhos”. 

  Por mais que o presidente Biden tenha se esforçado para agradar a extrema direita que controla o voto cubano-americano em Miami, continuando as políticas de seu predecessor Donald Trump, de tratar de asfixiar Cuba, e contrariando assim suas próprias promessas de campanha eleitoral pela Presidência, o voto desse setor foi de forma incisiva para os candidatos republicanos daquela zona. A frase do candidato vitorioso ao governo do estado, o republicano Ron De Santis, resume o “êxito” do galanteio trumpista realizado por Biden em uma cidade onde mais de 50% dos votantes são cubano-americanos: “Obrigado, Miami”.

    Desde as eleições de 2002, quando Jeb Bush, o irmão do então presidente George Bush, conquistou esse governo, o Partido Democrata havia controlado esse cargo. Também por esse estado, venceu o senador Marco Rubio, quem em sua campanha se jactou de ser o autor das políticas de Trump contra Cuba, as quais ele garante que Biden mantém “por medo ao exílio cubano”. Também foram reeleitos em Miami os três representantes republicanos na Câmara, que se caracterizam pela linha dura anticubana: María Elvira Salazar, Mario Díaz-Balart e Carlos Giménez.

    Mas o que poderíamos denominar a não escrita «Lei Frankenstein» não afeta só os Democratas na Flórida: que os partidários das políticas trumpistas contra Cuba tenham vencido não quer dizer que Donald Trump tenha  garantido ali o respaldo a uma candidatura presidencial republicana em 2024. O agora governador republicano Ron De Santis é um candidato que triunfou sem o apoio do ex-presidente e já se mostra como um aspirante à indicação republicana para a Casa Branca, enfrentando o magnata, e para isso terá de contar com esse aparato de pressão, extorsão e propaganda política que está em mãos da extrema direita cubano-americana de Miami.

O paradoxal é que foi o governo de Biden que contribuiu para manter a vitalidade desse aparato, por duas vias:

1.     A decisão da Casa Branca de manter a política trumpista de máxima pressão contra Cuba, combinada com a pandemia de covid-19 – quando até o oxigênio medicinal foi recusado à Ilha pela administração Biden –, com a crise econômica global subsequente e as consequências da guerra na Ucrânia, fatos como os distúrbios de julho de 2021 e os protestos em algumas localidades no segundo semestre de 2022, devido aos cortes de eletricidade, agudizados cm a passagem do furacão Ian, alimentaram nesse setor a percepção de que, quanto mais duro se aperte, mais rápido cairá a Revolução cubana, e quem melhor para fazer isso, que os políticos que nos Estados Unidos acusam os Democratas de serem tão socialistas e comunistas como o governo de Havana.


2.     O governo de Biden manteve o tradicional financiamento milionário a meios na internet para a guerra psicológica contra Cuba, que chegou, durante as duas últimas décadas, ao sustento de líderes de opinião que constroem percepções anticomunistas extremas numa parcel do eleitorado de Miami. Mais recentemente, como revela uma pesquisa da Universidade da Flórida, ganhou influência nas percepções dos cubano-americanos sobre Cuba, um grupo de pessoas que lançam nas redes sociais digitais um discurso anticomunista de ódio ainda mais extremo, organizam e financiam ações terroristas na Ilha, tais que, se fossem contra a sociedade estadunidense, seriam combatidas pelos organismos norte-americanos de aplicação da lei, mas que gozam de total impunidade por parte das autoridades federais. Vários desses «influencers» têm vínculos orgânicos com políticos republicanos eleitos neste 8 de novembro na Flórida.

    Foi um republicano, Ronald Reagan, que, junto com o terrorista Jorge Más Canosa (foto) e sua Fundação Nacional Cubano-Americana, insertou na institucionalidade estadunidense os cubanos de Miami que vinham das organizações violentas criadas pela CIA nos anos sessenta e setenta do século XX para a guerra suja contra Cuba. O dinheiro federal continuou fluindo para essa mesma guerra, agora mais concentrada na propaganda via internet. Sem embargo, quando o governo de Barack Obama, sem abandonar esses financiamentos nem objetivos, assumiu uma política para Cuba de contato people to people, que desafiou o velho Frankenstein de Miami, ganhou o voto cubano-americano, igual a sua sucessora como candidata Democrata, Hillary Clinton.

    El people to people, longe de assustar o governo de  Havana, aterrorizou os extremistas sucessores de Más Canosa, que encontraram em Trump alguém disposto a desmontá-lo e a fazer o que quisessem, com o fim de ganhar a Casa Branca. Apareceram assim “ataques sônicos comunistas”, negados agora até pela CIA, para justificar o fechamento do consulado estadunidense em Havana, o que estimulou uma rota migratória irregular por terra e por mar, que colocou a Casa Branca ante um grave problema. Esse fluxo migratório multiplicado não se resolve retomando tardiamente os acordos migratórios com Cuba, como acaba de hacer, contra a própria vontade, a atual administração, sua base material são as medidas do bloqueio exacerbado por Trump, que Biden mantém intactas. Junto com os «ataques sônicos», os médicos cubanos na Venezuela foram transformados, por obra e graça do Departamento de Estado trumpista, em militares prontos para invadir a Colômbia, mas hoje os presidentes de ambos os países conversam amistosamente, enquanto enviados especiais viajam de Washington a Caracas em busca de um petróleo cada vez mais caro e distante, graças à aventura ucraniana de Biden e seu filho Hunter. 

                                         

    O mundo muda, se reconfigura. Os Estados Unidos, ante uma aliança russo-chinesa que ganha influência, necessitam garantir-se numa América Latina que não compartilha sua política em relação a Cuba. Três dos países com mais peso político e econômico na região (México, Argentina e Colômbia) criticam abertamente as políticas trumpistas de Biden para a Ilha, e a partir de janeiro um Lula latino-americanista e amigo de Cuba ocupará a presidência do Brasil, com mais peso ainda que os três anteriores juntos, para fechar um quadro de influencers no governo, e não nas redes sociais, que colocam importantes desafios a Washington. Biden manterá, apesar disso, a política trumpista contra Cuba, só para agradar um Frankenstein que o despreza nas urnas e no discurso?

   Vítima até agora de uma espécie de Síndrome de Estocolmo miamense, o atual ocupante da Casa Branca acaba de declarar que quer voltar a ser presidente em 2024, mas uma pergunta possível é se poderá ser, sem desafiar o Frankenstein republicano e mafioso do Sul da Flórida, que não se esconde para gritar que o Presidente tem medo dele.


(Esta é uma versão ampliada de um artigo publicado originalmente em Al Mayadeen).

 *Integrante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

                            

22 de nov. de 2022

Algumas impressões sobre a Venezuela no Encontro de Solidariedade #MejorSinBloqueo

Carmen Diniz

   Um país solidário e em revolução é o que se vê e sente na capital venezuelana. Estive aqui em 2003 quando a Revolução Bolivariana começava a construir um novo país. Dezenove anos depois a mudança é impressionante. 

   Fisicamente com a construção de muitos edifícios imensos, bem construídos, bonitos, com varanda, etc que enfeitam a capital. Venezuela enfrentava um déficit de 3 milhões de habitações (no Brasil são mais de 6 milhões). Pois bem, construíram cerca de 5 milhões em todo o país - que conta com 34 milhões de habitantes - em um projeto  do tipo "minha casa minha vida" que inicialmente ofereciam imóveis gratuitos e depois passaram a ser financiados a baixos valores.

   Aqui uma observação : sim, também surgiram especuladores do programa, o ser humano não falha. Isso não inviabilizou o projeto que se destinava a moradores em áreas de risco e pessoas sem moradias.

    




Por ser período pré natalino a cidade inteira está iluminada, em especial em amarelo, vermelho e azul, as cores da bandeira.  

                    

   


  O Quartel de la Montaña é um local muito emocionante com o túmulo de Chávez guardado por guardas do exército bolivariano e com um museu em honra do Comandante eterno que conta sua vida desde o nascimento até sua passagem à eternidade com fotos e vídeos. 

Entrada do Quartel 

           

Local do túmulo de Chavez

    4 F é referente ao dia 4 de fevereiro, o dia do levante militar liderado por Chávez contra o governo Andres Pérez e que foi um impulso a que posteriormente a revolução bolivariana fosse vitoriosa.  Foi dessa forma que o povo se reapropriou da bandeira, bonés, etc que a direita havia usado como se fossem seus, inserindo 4F nos símbolos. 


  MARÍA  BETANCOURT Dentre os patrimônios venezuelanos destaco um dos mais  importantes que conheci:María Betancourt, a indígena que foi a primeira pessoa a de alfabetizar no país depois da Revolução Bolivariana pela missão Simon Rodriguez (educador venezuelano ) com o método cubano Yo Si Puedo. Uma pessoa orgulhosa de sua nova condição de alfabetizada e consciente da importância disso para seu povo.

        Maria conheceu  Leonela Relys Díaz pessoalmente, a criadora do método que lhe fez uma dedicatória (foto) 

Foi alfabetizada pelo próprio filho: 


   


Faz questão de contar como sua formatura alterou sua vida e como "se eu pude, qualquer pessoa consegue".  Porque trabalhava, cuidava de filhos e netos e de uma filha doente. Declara a importância de Chávez para seu país e em especial na educação. Uma pessoa que emociona.  Patrimônio da Venezuela.

    

   A situação econômica do país segundo informações, conta desde 2020 com um bloqueio estadunidense que faz com que a inflação (agora mais baixa) ainda castigue o país. São mais de 800 medidas dos EUA contra a Venezuela.Hoje, domingo, para cada dólar se cobra 12 bolívares, a moeda nacional. poucos dias antes se comprava 1 dólar com 7 bolivares.Para que se avalie a rapidez da inflação.  E se pode usar ambas as moedas em todo o comércio, inclusive no informal.

  Apesar de tudo isso, não há mais desabastecimento. Os mercados vendem de tudo ( e os camelôs também, nas ruas)


   Mercados  caraquenhos 
Comércio local

camelôs no boulevard
Além disso, o cartão cidadania garante comida a preços mínimos e combustível subsidiados ao cidadão : 120 litros por 3 dólares. Por isso se vê filas nos postos. Garantido aos cidadãos venezuelanos.

Sem ser pelo cartão se compra mais caro, sem filas mas a  0,5 dólar
 ( eu sei, dá inveja né não ?)


     Mutirão : uma organização de 30 famílias lideradas por mulheres passaram a construir moradias em uma localidade de Caracas. E foram vitoriosas mesmo com a pandemia e com os ataques da direita : muitas vezes tiveram que se refugiar no local por causa da violência dos "bolsonarentos" de lá, os esquálidos, que ameaçavam todos e todas se saíssem às ruas. A boa notícia é que   foram vitoriosas em sua luta e que aquela direita CANSOU. Boa notícia também para nós. Eles cansam.
Presenteei essas mulheres da ong com um símbolo que nós mulheres usamos na campanha pela eleição de Lula : aqueles óculos de estrela vermelha. Agradeceram muito, muitos aplausos rsrsr.


 


Aqui outra observação : os venezuelanos se animam muito com a eleição de Lula. Mesmo com a ressalva de Lula  não ser um Chávez, mas claro que a reaproximação com a América Latina vai ocorrer daqui para a frente, e isso já é motivo de comemoração.

O XII Encontro Nacional de Solidariedade Venezuela-Cuba
Realizado na Escuela de Planificacion de Venezuela , lindo local.

    Muita solidariedade entre os dois países que se encontram bloqueados pelos EUA  e que mantém suas revoluções apesar de todas as dificuldades que enfrentam. 
    As trocas que estabeleceram entre ambos minoram as dificuldades sem solucionar os problemas causados pelo império. O bloqueio a Cuba, há mais de 60 anos é o mais extenso ( e intenso) da história da humanidade.   
                   
Representantes dos dois países no evento

    Os dois países reforçaram  seus laços e  a importância da solidariedade entre os povos. 
    Internacionalmente estivemos o Brasil ( com a alegria pela eleição de  Lula) e 4 colombianos também muito festejados por terem comparecido  ao evento por via terrestre, dessa forma demonstrando o restabelecimento das relações entre os dois países com a abertura das fronteiras pelo presidente Petro.
    Este fato, aliado à eleição de Lula no Brasil traz uma onda de esperanças à região, sem dúvida. E foi isso que se viu.
    Aliado a isso, fomos agraciados os dois países com moções de agradecimento pela luta e solidariedade à Venezuela e Cuba. Uma honra.
      Ao receber o reconhecimento no ato final do evento em nome do Comitê, aproveitei para agradecer como brasileira à Venezuela pelo fornecimento de oxigênio a Manaus em janeiro de 2021 durante o ápice da pandemia da COVID-19 (em função da omissão do governo brasileiro) e que evitou terríveis mortes de brasileiros e brasileiras. Jamais esqueceremos.               

        Na mesa da Comunicação participamos a primeira vice- presidenta do Icap Noemi Rabaza, Ana Morena (da comunicação da  Rede Continental) Tamara Velázquez da comunicação do Icap e eu pelo meu querido Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos. Muitas questões levantadas sobre a Comunicação, a censura a sites cubanos e às informações verdadeiras sobre os dois países e a quaisquer outros países que não se submetam aos desígnios da política estadunidense. 
                    
Mesa da Comunicação
   Demais integrantes da mesa e do público se interessaram pelos panfletos didáticos do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba  sobre o bloqueio, distribuídos aos presentes para traduzi-lo com informações  concretas sobre o bloqueio imposto a Cuba . Para que se  entenda melhor do que com números absolutos. 
    
Simon Bolivar e Manuela Saenz no evento com discurso atual

   Aqui faço meus agradecimentos aos companheiros que nos convidaram ao evento e que nos ofereceram  toda estrutura e acolhimento, em especial : @MariaElenaQuintero @InesLuigi e @YhonnyGarcia e demais compas que nos receberam como hermanos que somos ❤️  Hasta siempre 
                                      

Declaração Final do XII Encontro de Solidariedade Mútua Venezuela-Cuba :
https://convertio.co/pt/download/e3ecba97edc783987f5773d8b4870a081cd9d9/

     Mais informações sobre o evento:

   https://cubaenresumen.org/2022/11/21/cuba-y-venezuela-el-amor-infinito-tejido-por-la-historia/            


15 de nov. de 2022

Reunião da direita mundial, para quê?

A direita pressente sua queda e reorganiza suas forças repressoras de corpo e de ideia. Foto: PL

     Tradução: Marcia Choueri*

   Visto que, neste momento, a direita não dispõe de líderes emblemáticos, seus representantes se reúnem para reciclar ataques contra a humanidade. Daqui a pouco falarão, na Conferência Política de Ação Conservadora, no México, sobre como reprimir os povos, impor reformas trabalhistas e reforçar suas armas de guerra ideológica. Falarão em nome da liberdade e da democracia. Reciclarão seus «valores» – ou antivalores – porque estão preocupados com os «populismos», que inquietam o idílio burguês, enquanto a realidade, dura e crua, reacomoda tudo. Começando pela ideologia da classe dominante, que se assusta e se desespera, quando seus elixires e suas chantagens perdem poder. A cada dia, fica menos fácil esconder os mortos e a miséria que o capitalismo fabrica. E sabemos que estão organizando coisas piores. Como suas mass media vão disfarçá-lo?

     Eles vão se reunir, carregando seu instinto monopólico. Congregarão suas contradições, enquanto o mundo mostra estragos de fracasso civilizatório. Eles sabem que não há como defender o capitalismo que se encarregou de destroçar qualquer chance de prosperidade para a humanidade entre guerras, ruínas político-econômicas, pandemias e devastação da dignidade humana. Compartilharão discursos de ambiguidade salivosa e, entre braçadas de afogado, tratarão de organizar sua ideia de democracia de elite, com seu «pluralismo de monólogos», para garantir lugar ao «discurso único» de endividar todos e assegurar a renda de uns poucos. A qualquer preço.

    Reúnem-se para organizar sua sobrevivência no cenário eleitoral próximo, e porque sabem que já não são capazes de manipular à sua vontade, nem sequer nos campos semânticos de seus interesses. Sabem que sua «inteligência» e seu misticismo escapista entraram em crise. Por isso se munem com mais armamentos legalistas e rebulices, financiam a «guerra judicial» em seu labirinto histórico, armam guerras contra os trabalhadores, disfarçadas de reformas trabalhistas, reordenam o mapa do saqueio dos recursos naturais, e reorganizam suas forças repressoras de corpos e ideias… tudo isso com balbúrdias por causa da «corrupção» e da «insegurança» enquanto promovem todas as quinquilharias do neofascismo. Exibirão sem pudor uma moral monopólica, que exige o desaparecimento de toda competição. E nós, o que fazemos enquanto isso?

    Eles pressentem sua queda e se dispõem a fechar toda e qualquer saída para uma nova sociedade. Derretem os miolos para disfarçar as mais rançosas manias de controle e reformismo. Reúnem-se para consolidar blindagens para seu modelo econômico, desde as bases de suas estruturas jurídicas e militares… sua perda de «ideias» e de futuro na espiral descendente e abismal de sua decadência. Também vão rever a instrução imperial protocolada pela «direita mãe», que exacerba sua decisão cada vez mais medíocre de se refugiar no reino da mediocridade mediática. Não é um «trocadilho», é o relato de uma decadência que, quanto mais afunda, mais carnavalesca fica, e mais perigosa pode se tornar, se nos descuidamos. Sua reunião conterá nichos de vassalagem e ridículo, entre vãos de intransigência individualista, independente de que nome lhe deem. E, enquanto isso, serão aplaudidos por suas «teles».

     Isso que lhes resta como agenda político-econômica será desfeito a golpes de egolatrias linguarudas domesticadas, para fabricar eufemismos que camuflam, de mil maneiras, o ódio de classe burguês. Seus representantes mais conspícuos têm a tarefa infausta de imaginar ilusões rentáveis para seus chefes, criar-lhes miragens sobre si mesmos e sobre seu destino messiânico. Suas melhores «ideias» apodrecem no caldo irracional de seus planos de lucros e seus modelos de negócios. Veremos quantos governos se tornam cúmplices de cada «acordo» engendrado nessa reunião. Por isso fundam reinos de espionagem desesperada e insolente, como neo-estratégias para reprimir e, especialmente, para semear provas falsas a quem desejem sacrificar em seus campos de guerra judicial. De suas aulas e laboratórios de pensamento, só emergem projetos de usura, evasão, fraude e desfalque.

    Não é má ideia, levar a sério o que se discuta nesse e em outros encontros. Observar de perto, decodificar suas mensagens evidentes e latentes. Sairão com a consigna de nos impregnar seu otimismo e de nos convencer de que eles são o melhor que nos aconteceu. Avançarão para a radicalização de seus protocolos de pilhagem e exploração, com modalidades retóricas «novas», carregadas com campanhas mediáticas e para um modelo de controle que lhes cresce desigualmente. Hoje vemos seu rosto com mais nitidez histórica e vemos sua inclinação que, não livre de ameaças, carrega a advertência de uma época pior. Nem tudo na queda do capitalismo é «noite e silêncio». Pelo contrário, para os povos é claridade e fortaleza, porque nasce, firme, a certeza de que outro mundo é possível, necessário e urgente. Se dermos atenção a nossas debilidades como se deve.


  nternet@granma.cu  13 de Novembro de 2022 

*Marcia é integrante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba




12 de nov. de 2022

ESTREIA NO BRASIL O DOCUMENTÁRIO CUBANO "LA GOTA DE AGUA" - #MejorSinBloqueo

            Nesta sexta-feira 11 de novembro de 2022 estreou no Brasil o documentário cubano La Gota de Agua. Nesta tarde/noite  o auditório Paulo Freire na sede do Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro foi exibido pela primeira vez no Brasil o filme legendado em português.         

                

    

O documentário de 30 minutos conta uma história real demonstrando os danos causados pelo bloqueio que os EUA impõem a Cuba há mais de seis décadas. 



O filme relata um caso concreto de uma doença em uma criança de 4 anos e as dificuldades causadas à família pela precariedade de recursos na Ilha.           

      
   Após a exibição do filme que emocionou bastante os presentes, foi aberto o debate com a presença do Cônsul Geral de Cuba no Brasil em São Paulo, Pedro Monzón, o presidente do Sindicato (SinproRio) Elson Paiva e uma representante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba Carmen Diniz que responderam às questões sobre a recente votação do bloqueio na ONU e sobre as consequências concretas do bloqueio criminoso que os governos dos EUA impõem ao povo cubano há mais de 60 anos. É o bloqueio mais longevo da história da humanidade sem que tenha havido qualquer conflito entre duas  nações.

    Fica aqui novamente nosso agradecimento ao SinproRio e a alegria por essa estreia ter sido realizada na casa dos professores, esses formadores de corações e mentes, a profissão mais respeitada e admirada em Cuba. Seguimos !                                                                                        #MejorSinBloqueo