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31 de jan. de 2022

A INTOLERÁVEL, INADMISSÍVEL PROVOCAÇÃO DA RÚSSIA - Atílio Borón


    Este mapa economiza mil palavras porque mostra não apenas as bases militares dos EUA e da OTAN que circundam a Rússia em sua fronteira ocidental, com países europeus, mas também as que Washington implantou no Sul da Ásia e no Sudeste Asiático, além daquelas na costa do Pacífico de seu próprio território, e especialmente no Alasca. Não creio que nenhum psicólogo deduziria deste mapa que o Sr. Vladimir Putin é paranoico, mas que ele está de fato sendo assediado objetivamente pelo ocidente, ao sul e ao leste do território russo. É por isso que quando os pistoleiros da OTAN dizem que a Rússia é um país "agressor", estão mentindo descaradamente, e este mapa prova isso de forma irrefutável.

     Agora, quem quiser entender a terrível ameaça aos Estados Unidos, basta olhar com atenção o mapa abaixo e contar o número de bases militares russas na fronteira com o México e o Canadá.

      Meu amigo Mempo Giardinelli sugeriu um texto para ilustrar o mapa abaixo, no qual se torna ainda mais evidente a paranoia infundada da Rússia e suas queixas absurdas sobre a presença das tropas da OTAN, em grande parte compostas de mercenários ferozes recrutados no submundo do narcotráfico e do crime, vestidos com os uniformes oficiais das forças armadas da OTAN.  A propaganda americana", diz Mempo, "sempre fiel à verdade, exerce a verdadeira Imprensa Livre e informa com verdade a opinião pública". Veja este mapa mostrando a neutralidade dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN diante das advertências injustificadas de Moscou". A menos, é claro, que apareça alguém que reverta esta visão e diga que, na realidade, o que está acontecendo é que a Rússia, um país com uma pulsão de morte irreprimível em seu DNA, na verdade penetrou com suas forças nos locais dos campos de escoteiros pacíficos da OTAN, procurando um pretexto para provocar uma guerra para saciar sua sede de violência.

                    


      Lembrete final: a Rússia foi periodicamente invadida por seus vizinhos. Entre os mais próximos estavam a invasão e ocupação territorial pela Comunidade Polaco-Lituana (1617-1618); Suécia (1700-1721); França e seus exércitos napoleônicos (1812); e a Alemanha de Hitler de junho de 1941 a fevereiro de 1943. A Rússia derrotou todos eles. A atual ofensiva da OTAN é um remake das invasões dos séculos XIX e XX? Dado o contexto histórico, seria bom que os valentões ocidentais - que hipocritamente falam sobre paz, justiça, democracia, direitos humanos - pensassem não uma, mas três vezes antes de atacar novamente a Rússia..


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://atilioboron.com.ar/la-intolerable-inadmisible-provocacion-de-rusia/


                                     




PACOTE DE PROPOSTAS DE COMPROMISSOS DE CUBA PARA O SUL GLOBAL ENFRENTAR A CRISE DA SAÚDE E DA COVID



    Cuba promete "pacote de vacinas Covid-19 que salvam vidas" para o Sul Global na conferência de imprensa da Internacional Progressista. 

    O governo cubano anunciou planos avançados para entregar dezenas de milhões de doses de vacinas Covid-19 produzidas internamente ao Sul Global, descritas como "salva-vidas" pelo chefe da delegação Internacional Progressista para a nação caribenha.

   As promessas foram feitas por figuras-chave dos setores de saúde e tecnologia de Cuba em uma coletiva de imprensa organizada hoje (terça-feira, 25 de janeiro) pela Internacional Progressista.

     Rolando Pérez Rodríguez, Diretor de Ciência e Inovação da BioCubaFarma; Olga Lidia Jacobo-Casanueva, Diretora do Centro de Controle Estatal de Medicamentos e Dispositivos Médicos (CECMED); Ileana Morales Suárez, Diretora de Inovação Científica e Tecnológica, Ministério da Saúde Pública, Cuba, Coordenadora do plano nacional de vacinação contra a Covid-19, abordou e respondeu a perguntas de jornalistas, fabricantes de vacinas, especialistas em saúde pública e representantes políticos de outros países. 

    Apesar do bloqueio estadunidense, Cuba recebeu financiamento do Banco Centro-Americano de Integração Econômica, que, segundo a Reuters, é suficiente para produzir as 200 milhões de doses. Ontem (segunda-feira 24 de janeiro), em uma entrevista coletiva em Havana, o Dr Vicente Vérez Bencomo, Diretor Geral do Instituto de Vacinas Finlay, disse que "eles poderiam produzir 120 milhões de doses em um único ano".

   Na coletiva de imprensa, o governo cubano anunciou seu plano de colocar estas doses nos braços de quem precisa no Sul Global, inclusive:

1- Preços solidários para vacinas Covid-19 para países de baixa renda;

2-Transferência de tecnologia sempre que possível para a produção em países de baixa renda; 

3-Expansão das brigadas médicas para desenvolver a capacidade médica e treinamento para o fornecimento de vacinas nos países parceiros. 


      A conferência de imprensa foi organizada pela  Internacional Progressista em resposta ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou de "tsunami" de novos casos de Covid-19 que varreram o mundo no início de 2022, um número recorde desde que a pandemia começou em 2020, em meio a uma situação que o chefe da OMS Tedros Adhanom Gheybreysus chamou de  "apartheid vacinal ". O impacto do Covid-19 tem sido violentamente desigual: 80% dos adultos na UE estão totalmente vacinados, mas apenas 9,5% das pessoas em países de baixa renda receberam uma única dose da vacina.


1. Preços solidários para vacinas Covid-19 para países de baixa renda:

  •   Cuba já vacinou sua própria população e mais de 90% receberam pelo menos uma dose da vacina produzida internamente.
  •   As desigualdades de preço têm atormentado o cenário da vacina Covid-19. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) analisados pelo The Independent mostram que os governos dos países de baixa renda estão pagando um preço médio de US$ 6,88 (£5,12) por dose de vacina Covid. Antes da pandemia, os países em desenvolvimento pagavam um preço médio de US$ 0,80 por dose de vacinas que não eram contra a Covid, de acordo com as cifras da OMS. A África do Sul foi forçada a comprar doses da vacina Oxford-AstraZeneca a 2,5 vezes o preço pago pela maioria dos países europeus. Bangladesh e Uganda também pagaram mais do que a UE pela vacina.
  •     COVAX, a iniciativa global de aquisição de vacinas destinada a garantir um fornecimento subsidiado de vacinas aos países mais pobres, ficou repetidamente aquém de suas metas e, em setembro de 2021, anunciou uma redução de 25% em seu fornecimento planejado de vacinas até 2021.
  • Cuba enviou doações a países que solicitaram assistência com vacinas Covid-19, incluindo, mais recentemente, a Síria e São Vicente e as Granadinas. Além disso, tem exportado doses e negociado acordos de transferência de tecnologia com outros países, incluindo Argentina, Irã, Venezuela, Vietnã e Nicarágua.
                           
Fiocruz

2 -  transferência de tecnologia sempre que possível para a produção em países de baixa renda:

  • Cuba está em discussões com mais de 15 países sobre a produção em seus países. 
  • As vacinas de Cuba utilizam uma plataforma tecnológica de subunidade de proteínas, baseada em antígenos proteicos, o que facilita sua produção em escala e armazenamento, já que não requerem temperaturas de congelamento. 
  • É provável que a oferta de Cuba encontre muitos compradores interessados, muitos dos quais foram recusados por grandes empresas farmacêuticas. John Fulton, porta-voz do fabricante canadense Biolyse, disse: "Estou interessado nesta apresentação porque Cuba apresenta um modelo único de internacionalismo de vacinas. Estou ansioso para saber que oportunidades podem existir em relação à transferência de tecnologia para a produção de vacinas Covid-19 para nações de baixa renda". A Biolyse tentou solicitar uma licença compulsória através do Regime de Acesso a Medicamentos do Canadá, especificamente para a vacina da Johnson & Johnson/Janssen.
  • No mês passado, especialistas identificaram mais de 100 empresas na África, Ásia e América Latina com potencial para produzir vacinas mRNA, instando os governos dos EUA e da Alemanha a forçar suas empresas farmacêuticas a compartilhar a tecnologia. Entretanto, nenhum progresso foi feito e, no início deste ano, a Organização Mundial da Saúde lamentou que "a falta de compartilhamento de licenças, tecnologia e know-how por parte das empresas farmacêuticas significava que a capacidade de fabricação estava sendo desperdiçada".
  • BioCubaFarma, a organização estatal de biotecnologia de Cuba, tem estado em estreito contato com representantes da OMS para obter o status de pré-qualificação para suas vacinas Covid-19, o que espera fazer em 2022. Espera-se que um dossiê completo de dados seja apresentado à OMS no início de fevereiro. Além disso, Cuba planeja trabalhar com as agências reguladoras nacionais de todos os países interessados em adquirir vacinas cubanas.

3. Expansão das brigadas médicas para desenvolver a capacidade médica e treinamento para a distribuição de vacinas nos países parceiros:

  • Cuba planeja enviar suas Brigadas Henry Reeve aos países que necessitam de apoio para a entrega de vacinas, tanto para a implantação imediata quanto para o treinamento de pessoal a longo prazo.
  • As disparidades na capacidade de fornecimento de vacinas estão dificultando a capacidade dos governos de garantir a rápida implantação das vacinas Covid-19 em muitos países de baixa renda. De acordo com a organização humanitária internacional CARE, o custo da entrega de vacinas aos países em desenvolvimento tem sido amplamente subestimado pelos doadores internacionais, resultando em muitas doses doadas esperando para chegar aos braços. Kate O'Brien, diretora de vacinas da OMS, disse que o financiamento para distribuição "é absolutamente um problema que estamos experimentando e ouvindo dos países". 
  •  Cuba tem um histórico de sucesso neste assunto: em 2014 e 2015, os médicos cubanos trabalharam contra o Ebola na Libéria, Serra Leoa e Guiné, reduzindo as taxas de mortalidade de seus pacientes de 50% para 20%, e introduziram um programa de educação preventiva para deter a propagação da doença. Até janeiro de 2015, Cuba havia treinado mais de 13.000 pessoas para lidar com o Ebola em 28 países africanos, além de 68.000 pessoas na América Latina e 628 no Caribe. Desde o início da pandemia de Covid-19, cerca de 40 países nos cinco continentes receberam médicos cubanos.
  • A oferta de assistência técnica é uma grande promessa para os países em desenvolvimento, já que muitos mudaram seu foco para a construção de fortes indústrias biotecnológicas nacionais. Na Cúpula Internacional Progressista, Anyang' Nyong'o, governador do Condado de Kisumu no Quênia, convidou Cuba "a vir ao Quênia para compartilhar tecnologia e aumentar a produção das vacinas candidatas que estão desenvolvendo".                                  

       A conferência de imprensa segue a Cúpula Internacional Progressista para o Internacionalismo de Vacinas de quatro dias em junho de 2021, que proclamou uma "nova ordem internacional de saúde" e contou com a presença dos governos nacionais da Argentina, México, Bolívia, Cuba e Venezuela, bem como dos governos regionais de Kisumu (Quênia) e Kerala (Índia), juntamente com líderes políticos de 20 países.

    Na coletiva de imprensa de hoje, respondendo a manifestações de interesse em vacinas cubanas, Rolando Pérez Rodríguez, Diretor de Ciência e Inovação da BioCubaFarma, disse:

"Cuba está aberta a qualquer proposta que implique um maior impacto de nossas vacinas no mundo".


   David Adler, coordenador geral da Progressive International e chefe de sua delegação em Cuba, disse:

 "Os anúncios feitos hoje por cientistas cubanos devem marcar um ponto de virada histórico na história da pandemia de Covid-19. Este pacote que salva vidas dá o tom do internacionalismo de vacinas e o caminho para uma Nova Ordem Sanitária Internacional, onde a saúde pública e a ciência são colocadas acima do lucro privado e do nacionalismo mesquinho".

  Se pode ver a apresentação completa aquí


Correção: O artigo originalmente se referia a 200 milhões de doses de vacinas. Agora foi corrigido para dezenas de milhões de doses.



Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://progressive.international/wire/2022-01-25-cuba-pledges-lifesaving-package-of-covid-19-vaccine-support-to-global-south-at-progressive-international-briefing/es


                         




28 de jan. de 2022

O BLOQUEIO ESTADUNIDENSE SILENCIA O SITE DA CORRESPONDENTE DO RESUMEN LATINO-AMERICANO EM HAVANA

                                             

Cuba. O bloqueio existe e bate. Nós Resistimos e Vamos Superar: de Resumen Latinoamericano denunciamos a censura brutal contra o site do nosso correspondente em Havana.

Resumen Latinoamericano, 28 de janeiro de 2022.


COMUNICADO DE NOSSA CORRESPONDENTE EM CUBA


Em 27 de janeiro, enquanto preparávamos diferentes artigos sobre assuntos nacionais e internacionais, nosso site htpps://cubaenresumen.org foi silenciado.

Não pudemos carregar nenhuma informação, pensamos que fosse devido a um problema técnico com o site.

Após uma hora fomos alertados que não só não podíamos ter acesso a partir de nenhum de nossos dispositivos, mas começamos a receber mensagens através do WhatsApp de amigos e leitores de Cuba em Resumo da Argentina, Brasil, Honduras, Venezuela, Espanha, Estados Unidos e Itália perguntando o que estava acontecendo, pois eles não podiam acessar não só o que era publicado pela manhã, mas também o website.

Entramos imediatamente em contato com o servidor hospedado no Canadá, perguntando o que estava acontecendo, pois também não tínhamos acesso aos dados.

A resposta lacônica e hipócrita foi a seguinte:

Olá,

Chegou ao nosso conhecimento que esta conta pode estar sendo usada em conexão com um país que está sujeito às leis de embargo dos EUA. Isto é uma violação dos Termos de Serviço da Linode e, como tal, devemos pedir a você que pare de hospedar conosco.

Obrigado por sua compreensão. Você terá 48 horas a partir deste aviso para fazer backup de seus dados e/ou migrar para outro provedor de serviços antes que sua conta seja encerrada.

Cordiais cumprimentos,

Linode Trust e Equipe de Segurança


Mensagem original:

Hello,

We have become aware that this account may be being utilized in connection to a country that is subject to U.S. embargo laws. This is in violation of the Linode Terms of Services, and as such, we must ask you to cease hosting with us.

Thank you for your understanding. You will have 48 hours from this notice to back up your data and/or migrate to another service provider before your account is canceled.

Kind Regards,
Linode Trust and Safety Team


A mensagem foi enviada por e-mail em 24 de janeiro. Como era uma mensagem de apoio, é Spam. Não houve outro alerta ou comunicação durante o período peremptório de 48 horas que nos foi imposto para, pelo menos, tentar salvar os dados em nosso site.

Esta correspondente em Cuba do jornal argentino Resumen Latinoamericano, tem pago mês após mês pela hospedagem do servidor sem incorrer em qualquer falha. Somos uma mídia de notícias com uma trajetória de mais de três décadas, com correspondentes no Brasil, nos Estados Unidos, no Peru e na Venezuela.

Aqueles de nós que trabalham em Cuba somos testemunhas da crueldade do bloqueio dos EUA contra a ilha. Nós o experimentamos todos os dias em nossa vida diária, em nossas casas e no trabalho que fazemos.

A primeira vez que eles tentaram nos silenciar foi em março de 2020, no início da pandemia, quando estávamos cobrindo a chegada do navio de cruzeiro inglês Braemar, que navegava em águas caribenhas e não podia atracar em nenhum porto porque tinha inúmeros casos de Covid.

A empresa que nos bloqueou naquela época era a Siteground, que atualmente não permite o acesso a nenhum dos sites hospedados por ela a partir de Cuba.

Não foi uma tarefa fácil salvar os dados, migrar para outro servidor e encontrar alguém que quisesse nos hospedar.

Hoje eles estão tentando nos calar novamente. O servidor da Linode no Canadá sabia perfeitamente que nosso trabalho jornalístico era realizado a partir de Cuba, um país brutalmente bloqueado pelos EUA.

Muitas vezes nos perguntam do exterior se o bloqueio é real. Esta é uma pequena prova de quão real é o bloqueio. A absurda tentativa de nos silenciar expõe as mentiras e a hipocrisia sobre a muito manipulada liberdade de imprensa e de informação.

Estamos tentando salvar os dados e, se necessário, redesenharemos um novo site.

Apesar de tudo isso, preparamos o equipamento e demos cobertura à extraordinária Marcha das Tochas que iluminou toda a Cuba em homenagem ao 169º nascimento do Apóstolo José Martí.

  


Ninguém será capaz de nos silenciar, nem nos impedir de multiplicar a denúncia do crime que os EUA vêm cometendo, há muito tempo, contra um país soberano.

Graciela Ramírez,

Correspondente do Resumen Latinoamericano-Cuba


https://www.resumenlatinoamericano.org/2022/01/28/cuba-el-bloqueo-existe-y-golpea-nosotros-resistimos-y-venceremos-desde-resumen-latinoamericano-denunciamos-la-brutal-censura-contra-la-pagina-de-nuestra-corresponsalia-en-la-habana/

Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

Capítulo Brasil do Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos 


                                                              DECLARAÇÃO

     O Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e o Capítulo Brasil do Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos se unem à indignação do Resumen Latino Americano pelo criminoso bloqueio a mais uma entidade e em especial a um órgão de imprensa que presta serviço às populações e leitores que o seguem. É inadmissível que se pratique esse tipo de censura impunemente ! 

Toda solidariedade ao Resumen Latinoamericano em Cuba. 


                              #VENCEREMOS !! 





26 de jan. de 2022

MAIS ADESÕES À CAMPANHA PELA LIBERDADE DE ASSANGE : STEDILE, MST, GREENWALD, ALTAMIRO, BRUNO (em vídeos) e mais fotos - ATUALIZAÇÃO

  Carmen Diniz

      Na última segunda -feira (24/01) foi escrito mais um capítulo do processo movido no Reino Unido contra o jornalista australiano Julian Assange. Após a decisão do último 10 de dezembro sinalizar com a possível/provável extradição para os EUA aceitando o recurso de Washington e reformando a anterior decisão, os ativistas pela liberdade do jornalista prendiam o fôlego na expectativa do tribunal britânico aceitar ou não a apelação do réu contra a medida.

   O referido processo se arrasta há mais de 3 anos - tempo em que Assange se encontra encarcerado na prisão de segurança máxima de Belmarsh nos arredores de Londres, também conhecida como "a Guantánamo britânica". Lá sofreu além das torturas psicológicas, um AVC em outubro de 2021 tendo por origem situação de stress e segue preso em regime fechado. Importante ressaltar que antes de sua prisão ele esteve refugiado na embaixada do Equador em Londres, sem poder pisar na calçada sob pena de ser imediatamente preso. Isso desde junho de 2021, ou seja se encontra preso há pelo menos onze anos. Sem ter praticado qualquer crime.

       Além das reviravoltas em todas as acusações que responde, ressalte-se que a maioria delas foi arquivada por não conter provas e outras comprovadamente "armadas" por emissários do governo estadunidense. Se Assange for extraditado para os EUA o aguarda uma pena de cerca de 175 anos por "espionagem". Os verdadeiros criminosos, que executavam vidas civis no Iraque por pura diversão - em meio a risadas - a esses nada acontece. Foram cerca de 700.000 documentos divulgados de atrocidades cometidas pelas tropas estadunidenses no Iraque, Afeganistão e na prisão de Guantánamo. Washington se viu em maus lençóis em relação aos Direitos Humanos. O mundo pôde ser informado sobre o que acontecia nesses países.

       Pois bem, voltando ao dia 24 de janeiro, o tribunal concede a Assange o direito de apelar de sua extradição à Suprema Corte. Seus defensores, família e demais ativistas comemoraram como uma 'vitória parcial", mas uma vitória. Na verdade a base desse recurso é somente em relação a uma questão técnica: 

    A decisão anterior negava sua extradição por questões de saúde, uma vez que poderia inclusive levar Assange ao suicídio em razão do tratamento que receberia nas condições carcerárias. Seria esse o momento de Washington ter contestado tal fato garantindo condições humanitárias a Assange e acompanhamento psicológico, inclusive, o que não foi feito. 

   Esta 'promessa' só foi apresentada após a segunda decisão (de extraditá-lo), ou seja, fora do prazo legal e insuficiente para ensejar decisão tão drástica como uma extradição. É uma promessa, pode ser revogada a qualquer tempo e a Suprema Corte, então, precisa se pronunciar sobre esse novo fato. Por isso foi aceita a apelação de Assange que a partir daquela data tem 14 dias para protocolar suas razões. Não há prazo para essa nova decisão.

         Assim se encontra o processo de Julian Assange no momento. É dessa forma que vamos unindo forças para pressionar o judiciário a libertar Julian Assange e cada vez mais pessoas e grupos se unem nesta empreitada - que vamos vencer. 

      Aqui no Brasil seguimos nos organizando na adesão à Campanha #FreeAssangeNOW com a contribuição do MST :


                                 Do  jornalista Glenn Greenwald:



                                           Do jornalista Altamiro Borges:


                              Do jovem argentino  Bruno Lonatti          

                  Espalhadas pelo mundo, mais mensagens de apoio:  

Rogers Waters, co-fundador e ex-diretor da banda Pink Floyd, disse que o fundador do WikiLeaks Julian Assange deveria ser homenageado com estátuas pelas informações que ele trouxe ao mundo como jornalista.  Através de sua conta no Twitter, o artista britânico enviou uma mensagem ao Presidente dos EUA Joe Biden: "Oi, Biden! Deixe Assange em paz", escreveu ele.

https://cubasi.cu/es/noticia/roger-waters-explica-por-que-se-deberian-construir-estatuas-julian-assange-y-envia-mensaje

Reverendo Jesse Jackson

Chomsky

Noam Chomsky



Oliver Stone e Michael Moore

Tariq Ali


Slavoj Žižek

Jogador de futebol Eric Cantona


Quem são os verdadeiros criminosos ?Julian Assange e Edward Snowden revelaram ao mundo os crimes praticados pelos militares e pelas agências de inteligência estadunidenses ao redor do mundo. A imprensa internacional os pinta como delinquentes. O governo e o sistema judicial corrupto dos Estados Unidos os acusa de "roubo de de informação classificada pertencente ao governo estadunidense". A informação de que eles teriam "roubado" revela que o governo estadunidense é o principal patrocinador do terrorismo no mundo. Enquanto isso :os senhores da guerra são pintados pela imprensa como heróis.

                                         


                                    Endereço para correspondência a Julian Assange (email não lhe entregam...)



                        #FreeAssangeNOW 


Mais vídeos : http://solidariedadecubarj.blogspot.com/2022/01/diniz-neste-mes-de-janeiro-o-tribunal.html

21 de jan. de 2022

LENIN HOJE E SEMPRE - por Iroel Sanchez

             

"Sim, nós lemos Lenin, e quem não leia Lenin é um ignorante"
                                                                                   (Palavras de Fidel no julgamento de Moncada)

      Há algum tempo, em uma data semelhante a esta, quando por ocasião de seu aniversário não poucas pessoas no mundo recordamos Lenin, um dos que se dedicam a perseguir nas redes sociais da Internet qualquer expressão dissidente do discurso dominante me questionou com o "argumento" de que o revolucionário russo era velho e fora de moda.

        Pouco tempo depois, as "primaveras árabes" e as mobilizações dos "indignados" do mundo ocidental levaram mais de um astuto editor a relançar seu livro "O que fazer" e o altamente influente filósofo esloveno Slavoj Zizek, que já havia publicado seu "Repetir Lênin ", falava sem hesitar da maldita "ditadura do proletariado".

   Mais recentemente, em busca de uma explicação para a queda do governo de Evo Morales e a incapacidade das forças populares de se organizar efetivamente para defendê-lo, muitos de nós recorremos a suas palavras em "O Estado e a Revolução": 

     "... Quando a democracia atinge um certo grau de desenvolvimento, ela une em primeiro lugar o proletariado, a classe revolucionária diante do capitalismo, e lhe dá a possibilidade de destruir, de despedaçar, de varrer da face da terra a máquina burguesa do estado,  mesmo a do estado burguês republicano, do exército, da polícia e da burocracia, e para substituí-los por uma máquina mais democrática, mas ainda estatal, na forma de massas armadas operárias, como um passo para a participação de todo o povo nas milícias. "

     A demonização de Lênin, talvez uma das mais longas de toda a história, não conseguiu impedir que a originalidade e o brilho de suas ideias não só continuassem a despertar admiração, mas também que continuassem a lançar luz sobre a abordagem crítica da realidade. Mas Lenin era muito mais que um teórico, ele era um lutador revolucionário enérgico, capaz de não se sentar e esperar dogmaticamente que as "condições objetivas e subjetivas" estivessem maduras para a revolução. Com enorme fé nos trabalhadores e uma inteligência política excepcional para aproveitar os erros de seus adversários, e uma vez estabelecido o poder soviético, ele desafiou com sucesso a guerra, a pobreza e o bloqueio econômico das potências imperialistas contra o novo Estado que ele fundou sobre as ruínas do czarismo.

     Uma pessoa altamente educada, sempre aberta à discussão entre camaradas, percebeu as limitações de um homem como Stalin para ocupar o cargo de Secretário Geral do Partido e os perigos da burocratização do socialismo. Ele dedicou os últimos momentos em que sua saúde lhe permitiu escrever para insistir na organização do controle dos trabalhadores sobre o partido e o aparato estatal. Ele lutou ferozmente contra o que ele chamou de "grande chauvinismo russo" entre alguns líderes bolcheviques que não eram russos nativos, como o próprio Stalin, e trabalhou duro para estabelecer igualdade de direitos e autodeterminação para os povos anteriormente oprimidos pelo czarismo.

      Um extraordinário polêmico, Lênin, como Fidel, e como Marx e Engels antes dele, nunca teve medo de nomear o autor das ideias contra as quais ele lutou em seus escritos. Sua resposta ao "renegado Kautsky", a quem ele se dirige com implacável ironia e sarcasmo, horrorizaria aqueles que hoje defendem a democracia burguesa como uma solução para os problemas das maiorias: "A atual "liberdade de reunião e impressão" na república alemã "democrática" (burguesa democrática) é uma mentira e hipocrisia, porque, de fato, é a liberdade dos ricos de comprar e subornar a imprensa, a liberdade dos ricos de intoxicar o povo com a aguardente fedorenta das mentiras da imprensa burguesa, a liberdade dos ricos de "possuir" as mansões senhoriais, os melhores edifícios, etc. ".

     Antidogmático por natureza e um profundo crítico de seu próprio trabalho, Lênin não era o extremista como a propaganda geralmente o retrata. Diante da tarefa hercúlea de construir pela primeira vez um estado socialista, onde "todos os agrônomos, engenheiros e professores vinham da classe possuidora", ele apelou para "levar toda a cultura deixada pelo capitalismo e construir o socialismo com ela". Devemos levar toda ciência, tecnologia, todo conhecimento, toda arte. Sem isso, não podemos construir a vida da sociedade comunista".

      Um lutador apaixonado pela paz, um defensor da justiça, um homem prático para aproveitar ao máximo cada situação, Lênin é um ponto de referência incontornável para as lutas anticapitalistas e anti-imperialistas de nosso tempo e para a construção socialista. Mas além disso, longe de envelhecer, este contemporâneo de 151 anos, por sua inteligência, sua ética, sua ampla cultura e sua total dedicação à causa dos humildes, tornou-se um paradigma do líder que os povos precisam nos tempos difíceis que o mundo está vivendo.


Tirado do facebook de Iroel Sanchez : https://www.facebook.com/photo/ 

Tradução: Carmen Diniz / Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba


                                 




PRESOS POLÍTICOS EM CUBA : UMA HISTÓRIA BASEADA EM FATOS IRREAIS.

 Por Gustavo A. Maranges                                                          


   Na semana passada houve um aumento exponencial nas acusações feitas por funcionários do governo dos Estados Unidos contra Cuba por supostamente manterem mais de 600 prisioneiros "políticos" como resultado dos protestos de 11 de julho.

    O Secretário de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental Brian Nichols e o Secretário de Estado Anthony Blinken foram os porta-vozes mais ativos para esta campanha, em conjunto com a Embaixada dos EUA em Havana.

   Alguns podem pensar que esta é apenas mais uma das acusações recorrentes dos Estados Unidos, mas o Norte não dá sinais em vão e esconde muitos detalhes que não devem ser negligenciados. Portanto, é necessário analisar, antes de tudo, por que os altos funcionários americanos estão tão ansiosos para empurrar esta campanha contra Cuba. Quem forneceu as estatísticas? Elas são confiáveis? E, por último, mas não menos importante, que autoridade moral têm os EUA para julgar um Estado soberano?

     O número exagerado de 600 presos políticos vem de uma Organização Não-Governamental (ONG) com sede na Espanha chamada "Observatorio Cubano de Derechos Humanos (OCDH)", que também foi compartilhada e ampliada por outros como os Defensores dos Prisioneiros. Somente nos últimos dois anos, estas duas organizações receberam cerca de 900.000 dólares da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do National Endowment for Democracy (NED), que se tornaram seus principais doadores. É de se esperar, portanto, que este grupo pouco imparcial forneça informações altamente tendenciosas, se não falsas.

  Por outro lado, estas são organizações que estiveram envolvidas até o fim em campanhas passadas e atuais para promover a mudança de regime em Cuba, o que foi notado publicamente em setembro de 2021 quando a jornalista americana Tracey Eaton e a imprensa cubana rastrearam o dinheiro dos contribuintes americanos até estas ONGs.

   Razões mais do que suficientes para analisar de perto qualquer informação que estas fontes publiquem sobre Cuba

      Vale notar que muitos dos chamados "presos políticos" são pessoas que estiveram envolvidas em atos de vandalismo contra propriedade pública, enquanto outros admitiram ter recebido dinheiro por suas ações violentas e desestabilizadoras. Portanto, não são uma oposição política genuína, como tentam retratá-la, em vez disso devemos chamá-los pelo seu verdadeiro nome: mercenários, que enfrentarão sentenças como o fariam em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos.                                  

    Um dos exemplos mais conhecidos é o caso de José Daniel Ferrer, aparentemente o principal "prisioneiro político", o chefe da União Patriótica de Cuba (UNPACU), uma organização financiada pela Flórida e ligada a atos violentos na ilha. Ferrer denunciou tortura e agressão psicológica contra ele, mas seu teatro terminou depois que as autoridades divulgaram um vídeo dele batendo com a cabeça contra a mesa na sala de interrogatório.                     

Ferrer
 
  

  O Departamento de Estado lançou uma campanha contra Cuba imediatamente após os acontecimentos de 11 de julho, supostamente para pressionar pela libertação dos restantes manifestantes presos, o que, independentemente de suas intenções não declaradas, constitui um ato gritante de interferência nos assuntos internos de Cuba.

    Altos funcionários americanos, como os citados acima, usaram o caso de Ferrer para demonstrar que o devido processo não é respeitado em Cuba. No entanto, eles escondem o fato de Ferrer se recusar a ter uma defesa em seu julgamento com o objetivo claro de se chamar de "prisioneiro político", mesmo que ele tenha sido preso por violar a prisão domiciliar que estava cumprindo após agredir um homem, o que está longe de ser uma causa política. Parece que o sistema judicial, de acordo com o governo dos EUA e a oposição interna, é um sistema onde mercenários e criminosos podem cometer qualquer número de crimes e se esconder atrás de sua oposição ao governo para escapar da responsabilidade como cidadãos.

     Seria ingênuo pensar que estas omissões no discurso de Blinken, Nichols ou seus seguidores se devem ao seu desconhecimento dos fatos. Ao contrário, o que predomina é o interesse político dos EUA em ignorar que muitos de seus "prisioneiros políticos" são nada menos que o resultado da estratégia fracassada do 11J. Além disso, o contexto atual oferece um duplo ganho para os políticos americanos: primeiro, demonstra que eles não estão abandonando aqueles que se alinharam com eles dentro da ilha. Em segundo lugar, dá-lhes a desculpa perfeita para endossar as declarações do Conselheiro Nacional de Segurança do Presidente Biden, Jake Sullivan, e para manter e aumentar o assédio econômico sobre o povo e o governo cubanos.

    Mais uma vez, a estratégia é muito clara: eles fingem apoiar o povo cubano quando na realidade estão se referindo à oposição, enquanto apertam as sanções que sufocam a economia cubana e a capacidade do governo de superar a crise atual. Isto não é nada de novo, mas uma tática antiga e recorrente dos EUA para combater os movimentos progressistas e o que eles consideram como "estados desonestos", ou seja, Venezuela, Síria, Irã, Nicarágua e Cuba.

   Diante das acusações dos EUA, é preciso lembrar que Cuba é um país que tem exigido incansavelmente o fechamento da prisão de Guantánamo, onde mais de 700 pessoas foram presas e torturadas durante duas décadas, sem direito a um julgamento e sem sequer serem acusadas. Cuba também lutou até o fim para provar a inocência dos Cinco Heróis, que cumpriram 16 anos nas prisões americanas por razões políticas, pois as acusações de conspiração nunca foram provadas. Mas as declarações dos EUA são ainda mais cínicas considerando que muitos ativistas americanos de direitos civis e antirracistas encontraram refúgio em Cuba depois de serem perseguidos politicamente nos EUA, como Assata Shakur, um ex-membro do Partido Pantera Negra e do Exército de Libertação Negra.             


     Os Estados Unidos não têm autoridade legal ou moral para acusar ninguém, muito menos toda a Cuba. Um relatório do Movimento Nacional Jericó de 2018 concluiu que havia pelo menos dezenas de presos políticos nas prisões daquele país. Posteriormente, em julho de 2021, a Aliança para a Justiça Global (AfGJ) atualizou sua lista de presos políticos, muitos dos quais foram condenados a prisão perpétua. Entretanto, as autoridades americanas estão alarmadas com o fato de que os tribunais cubanos proferiram sentenças de 5 a 15 anos para pessoas que optaram por colocar em risco a estabilidade de todo um país.

   Ouvimos dizer com frequência que a melhor defesa é o ataque. É exatamente isso que os Estados Unidos têm feito para encobrir a natureza opressiva de seu sistema político. Ele acusa a todos de violações dos direitos humanos e repressão política, enquanto implementa as formas mais sofisticadas de fazer exatamente o mesmo com seus cidadãos e não poucos outros países.

   Independentemente dos números, porém, a pior parte da questão dos presos políticos nos EUA é o tratamento que recebem nas prisões. Uma vasta rede de prisões e a crueldade do sistema penitenciário são responsáveis pela destruição daqueles que não concordam com a lógica do capital e pela anulação de suas ideias. Pouco se sabe sobre o movimento de presos políticos nos Estados Unidos, o que só pode ser explicado pelos constantes esforços do governo para manter esta questão fora do debate, já que, se estamos falando de números, os EUA têm 2,3 milhões de pessoas em suas prisões, o que representa 25% da população carcerária mundial, a grande maioria da qual é de origem africana e hispânica. Mas este é outro tópico que está além do escopo deste artigo.

                 

(NT: https://www.brasildefato.com.br/2016/06/28/eua-tem-mais-negros-na-prisao-hoje-do-que-escravos-no-seculo-xix)

    Por outro lado, é evidente que os políticos anti-cubanos nos Estados Unidos têm uma forte influência na política cubana do governo Biden a ponto de levá-lo a renegar suas promessas eleitorais. Hoje, após os fracassos de 11J e 15 de novembro, eles se concentraram em promover a imagem de uma Cuba ditatorial. Desta forma, eles esperam ganhar mais apoio dentro de uma comunidade internacional fortemente influenciada pelas manchetes dos principais meios de comunicação. Algo que, ao que parece, foi confiado à oposição interna, que constantemente assedia os meios de comunicação creditados na ilha, ameaçando culpá-los por se aliarem ao governo se não se apresentarem a favor dos acusados após os tumultos do 11J.

    Em conclusão, é uma campanha bem concebida onde os EUA estão encarregados de financiá-la e dar-lhe relevância internacional, enquanto a oposição interna é utilizada para gerar os argumentos necessários para a acusação internacional, legitimar o discurso de "presos políticos e violações dos direitos humanos" e, ao mesmo tempo, tentar engajar cubanos dentro e fora da ilha. Infelizmente, eles fizeram alguns progressos em seus objetivos, mas quanto mais difundimos a realidade do povo cubano, menor é a probabilidade de que eles sejam bem-sucedidos.

    Além das intenções do governo dos Estados Unidos, do lado cubano estamos certos de que serão dadas as informações e explicações apropriadas sobre os processos judiciais que estão sendo realizados, com o objetivo de demonstrar mais uma vez a independência do poder judiciário em Cuba e o respeito ao devido processo.

    Se isto não foi feito até agora, é para preservar o desenvolvimento normal do processo sem a mínima manipulação política. Nós cubanos temos testemunhado os atos de vandalismo e comportamento agressivo de muitos cidadãos. Não precisamos de um tribunal para decidir sobre isso porque o vimos nos locais de trabalho, nas ruas e nas redes. Nós cubanos somos aqueles que não queremos que nossa tranquilidade e segurança cidadã sejam perturbadas e quem quer que os comprometeu a serem punidos para que não voltem a acontecer.

      O único antídoto para as mentiras das quais somos injustamente acusados é a verdade e a transparência, ainda mais quando há amplos argumentos.


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

https://www.cubaenresumen.org/2022/01/los-presos-politicos-en-cuba-una-historia-basada-en-hechos-no-reales/

               


19 de jan. de 2022

NÃO ATIRE NO MENSAGEIRO !

 Carmen Diniz      

           Neste mês o tribunal de Londres deverá apreciar a apelação interposta pela defesa do jornalista australiano Julian Assange contra a mais recente decisão de extraditá-lo para os Estados Unidos.

          O tribunal britânico aceitou, inclusive um frágil argumento do governo dos EUA que supostamente garantiria em seu território um tratamento humanitário a Assange com todos os seus direitos garantidos. É incrível que alguém acredite nisso em pleno século XXI após tantas atrocidades cometidas por aquele país - inclusive as divulgadas pelo Wikileaks. É uma sentença de morte esta extradição.

      Fato é que não é somente o Assange que está sendo condenado e silenciado pelos "senhores da guerra". Estão silenciando a própria imprensa, a liberdade de expressão que está sendo destruída pela liberdade de opressão onde sempre prevalece a lei do mais forte.

      Há campanhas espalhadas por todo o planeta pela liberdade de Assange . Muitos jornalistas têm se posicionado a favor de sua libertação por ser um absurdo sua prisão que já dura 12 anos sem qualquer indício de crime praticado.

     Não há melhor profissional para falar de liberdade de expressão, por isso divulgamos alguns dos nossos valorosos jornalistas brasileiros em defesa do corajoso Julian. Eles sabem muito bem sobre o alarme que está sendo acionado. Contra todos nós.

                                                                Maria Luiza Busse  - Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

                             

                                                       Juca Kfouri - Folha de São Paulo  

                                  

                                                                                 Emiliano José  - jornalista 

                                                         

                                                       Arnaldo Moreira - jornalista 

                                                        


                                                                                 Alberto Freitas - jornalista cubahoje.com 

                                                    

                                                            Fichel Davit Chargel, presidente do Conselho Deliberativo da ABI



                                                        #FreeAssangeNOW 









18 de jan. de 2022

TUDO ESTÁ INDO MUITO BEM #FreeAssangeNOW

                         


      Edward Snowden explica por que a decisão do Supremo Tribunal Britânico de extraditar Assange poderia criar um precedente extremamente perigoso para a profissão de jornalista. E o denunciante não poupa todos os "jornalistas" que optaram por condenar Assange, cavando a cova de sua própria profissão.

    Evangelho, uma antiga palavra inglesa, é um conceito que significa "boas notícias". E é o evangelho que tem sido escasso quando entramos na época de Natal. Sempre que este fato me deprime, me lembro que encontrar o mal, a má ação e até mesmo o sofrimento nas manchetes é apenas um sinal de que a imprensa está fazendo seu trabalho. Acho que nenhum de nós quer acordar de manhã e ler "Tudo está indo bem!" sobre nosso coquetel de ponche de huevo* embora mesmo se quisermos, sabemos que tal manchete é apenas uma indicação de tudo o que não está sendo relatado.

   Ao entrarmos nesta época natalícia, eu me sinto assolado por estranhos sentimentos religiosos; digo estranho porque não sou um grande crente, nem em Deus, nem nos governos, nem nas instituições em geral. Eu tento reservar minha fé para pessoas e princípios, mas isso pode levar a alguns anos de escassez no saciar da sede espiritual. Posso encontrar uma maneira de atribuir meus impulsos ao ritualismo Covid-19 - às abluções de desinfecção e mascaramento, o isolamento penitente, o que tudo isso significa? que vem do enfrentamento da impotência e capricho da doença - mas uma fonte mais convincente pode ser a novidade da paternidade: sendo a religião um substituto para a tradição em geral, eu me pergunto: o que vou deixar para meu filho? Que herança intelectual e emocional?

    Junto com a "boa notícia", tenho pensado em "má fé", uma frase que sempre me faz lembrar a piada de Thomas Pynchon, na qual tudo de ruim se transforma em um spa alemão: Bad Kissingen, Bad Kreuznach, Baden-Baden... Bad Karma.

    Eu conhecia a frase principalmente de sua safra legal, mas comecei a notar que ela era cada vez mais aplicada à política durante os ciclos da história Bush-Obama: os republicanos estavam sempre "negociando de má fé", ou "operando de má fé", e só piorou depois disso: a frase se tornou mais frequente quando Trump tomou posse. Então, fiquei surpreso ao descobrir que a "má fé" tem raízes muito mais profundas do que nossa lei comum: a fé masculina, do latim.

    Seu uso, que é fascinante de explorar, era originalmente literal: era usado para caracterizar alguém que praticava a religião errada. De lá passou para a contradição dos Whitmaniana, mas muito antes disso. Alguém que estava "de má fé" estava em contradição consigo mesmo; ele tinha dois corações, ou duas mentes, ou mais. Neste sentido, até mesmo Jesus poderia ser dito de má fé, sendo em parte humano e em parte divino.

    Estou profundamente impressionado com a generosidade desta definição inicial: há uma simpatia - uma simpatia com "uma casa dividida contra si mesma" - que é totalmente ausente no sentido contemporâneo, no qual "má fé" é um ato intencional de má-fé. Esta continua sendo, pelo menos para mim, uma história cativante para decifrar: como uma frase que significava, grosso modo, "mentir a si mesmo inconscientemente" veio a significar, grosso modo, "mentir aos outros conscientemente".

    Tenho certeza que todos nós temos nossos exemplos favoritos (ou menos favoritos) desta dupla (ou múltipla) prática - esta condição que só mais tarde se tornou prática - mas para mim, a categoria de má fé que leva o prêmio sempre foi o legalismo burocrático com o qual eu estou mais familiarizado. Talvez uma maneira melhor de dizer seria: aquelas situações em que a lei se opõe à justiça.

   Tenho certeza de que conhecemos bem este fenômeno: o representante do seguro de saúde ou o funcionário do Instituto de Transporte que diz "minhas mãos estão atadas"; o policial ou o soldado que invoca sem ironia algumas das mais malvadas forças policiais do século passado quando encolhem os ombros e dizem: "Estou apenas seguindo ordens, amigo"; ou mesmo aqueles que vão à TV para sugerir que os denunciantes poderiam ser protegidos, se apenas passassem pelos "canais apropriados", que é o código para estar em uma parte muito particular do solo suspenso acima de um tanque rotulado: PERIGO! PIRANHAS.

   Foi Jesus quem pediu perdão a seus crucificadores dizendo: "Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem", mas estes insuportáveis praticantes de má fé revertem a fórmula: eles sabem exatamente o que fazem, e ainda assim o fazem. Será que eles podem até mesmo se perdoar?

   Este Natal pode ser o último Natal do fundador da WikiLeaks, Julian Assange, fora da custódia dos EUA. Em 10 de dezembro, o Supremo Tribunal Britânico decidiu a favor da extradição de Assange para os Estados Unidos, onde ele será processado sob a Lei de Espionagem (1917) por publicar informações verdadeiras. É claro para mim que as acusações contra Assange são infundadas e perigosas, em medida desigual: infundadas no caso pessoal de Assange, e perigosas para todos.

  Ao procurar processar Assange, o governo dos EUA pretende estender sua soberania ao cenário mundial e responsabilizar editores estrangeiros pelas leis de sigilo dos EUA. Ao fazer isso, o governo dos EUA abrirá um precedente para processar todas as organizações jornalísticas em todos os lugares - todos os jornalistas em todos os países - que confiam em documentos confidenciais para relatar, por exemplo, crimes de guerra nos EUA, ou o programa drone dos EUA, ou qualquer outra atividade governamental ou militar ou de inteligência que o Departamento de Estado, ou a CIA, ou a NSA, preferiria manter fechada na obscuridade confidencial, longe da visão pública, e até mesmo da supervisão do Congresso.

    Concordo com meus amigos (e advogados) na ACLU: o processo do governo dos EUA contra Assange equivale à criminalização do jornalismo de investigação. E concordo com inúmeros amigos (e advogados) ao redor do mundo que no centro desta criminalização está um paradoxo cruel e incomum: o fato de que muitas das atividades que o governo dos EUA preferiria silenciar são perpetradas em países estrangeiros, cujo jornalismo agora será responsabilizado perante o sistema de justiça dos EUA.

   Qual será a resposta do Departamento de Estado quando a República do Irã exigir a extradição de repórteres do New York Times por violação das leis de sigilo iranianas? Como o Reino Unido responderá quando Viktor Orban ou Recep Erdogan exigirem a extradição de repórteres do Guardian? Não é que os EUA ou o Reino Unido acedessem a tais exigências - claro que não o fariam - mas que lhes faltaria qualquer base de princípio para sua recusa.

  Os Estados Unidos tentam distinguir a conduta de Assange da do jornalismo mais convencional, chamando-a de "conspiração". Mas o que isso significa neste contexto - significa encorajar alguém a descobrir informações (algo que os editores que trabalham para antigos parceiros do WikiLeaks, The New York Times e The Guardian, fazem diariamente), ou significa dar a alguém as ferramentas e técnicas para descobrir essas informações (que, dependendo das ferramentas e técnicas envolvidas, também podem ser interpretadas como uma parte típica do trabalho de um editor)?

   A verdade é que todo jornalismo investigativo de segurança nacional pode ser rotulado como conspiração: o objetivo da empresa é que os jornalistas convençam as fontes a infringir a lei no interesse público. E insistir que Assange é de alguma forma "não é um jornalista" não faz nada para diminuir a força deste precedente quando as atividades pelas quais ele foi acusado são indistinguíveis das atividades nas quais nossos jornalistas de investigação mais condecorados se dedicam rotineiramente.

  Qualquer pessoa que tenha visto as más notícias na semana passada certamente terá encontrado uma versão precisamente desta pergunta, Assange é um X ou um jornalista? Nesta fórmula absurda, X pode ser qualquer coisa: hacktivista, terrorista, reptiliano. Não importa qual peça você coloque para completar o quebra-cabeça, porque o exercício não tem sentido.

   Este tipo de inquérito sincero, crédulo, presunçoso e complacente é apenas o último exemplo - mesmo em tempo de Natal - de má fé na carne e na palavra, apresentado por profissionais da mídia que nunca têm pior fé do que quando relatam - ou julgam - outros meios de comunicação.

   Ocultação, retenção, manipulação de sentido, negação de sentido, essas são apenas algumas das formas pelas quais alguns jornalistas - e não apenas jornalistas americanos - conspiraram, sim, conspiraram para condenar Assange na ausência, e, por extensão, para condenar sua própria profissão, para condenar a si mesmos.

   Ou talvez eu não deva chamar os autômatos da Fox de "jornalistas", ou Bill Maher, porque quantas vezes eles fizeram o trabalho duro de cultivar uma fonte, ou de proteger a identidade de uma fonte, ou de se comunicar com segurança com uma fonte, ou de armazenar o material sensível de uma fonte com segurança? Todas essas atividades são a força vital do bom jornalismo, e ainda assim são exatamente as atividades que o governo dos EUA acaba de tentar redefinir como atos de hedionda conspiração criminosa.

   Criaturas de dois corações e duas mentes: a mídia está cheia delas. E muitos se contentaram em aceitar a determinação do governo dos EUA de que o que deveria ser o maior propósito da mídia - a revelação da verdade, em oposição às tentativas de ocultá-la - está subitamente em dúvida e muito possivelmente ilegal.

     Que calafrio no ar neste período natalino? Se a perseguição de Assange for permitida, ele se transformará em geada.

          Abriguemo-nos. 


NT: Bebida natalina


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

http://razonesdecuba.cu/todo-va-de-maravilla/