15 de out. de 2024

Palestina não está sozinha: Marcha em Havana contra o genocídio na Palestina e a agressão no Líbano (fotos e vídeos)

                                                                 

                                                                                                                                                                  Nunca a causa palestina pareceu mais justa                                                                               do que em contraste com a repulsiva                                                                                          brutalidade de seus adversários"                                                                                        

“A humanidade não esquecerá nem o heroísmo dos agredidos nem a barbárie dos agressores” (*)

                   

            

   Um ano depois do genocídio de Israel na Palestina, que estendeu a sua agressão brutal ao Líbano, a juventude cubana levantou a sua solidariedade e voz internacionalista em apoio ao direito à paz, à soberania e à vida.  

  Na tarde desta segunda-feira, milhares de jovens reuniram-se para condenar mais uma vez o genocídio sionista, que até agora causou a morte de 42.126 palestinianos, dos quais 69 por cento são crianças e mulheres, 98.400 feridos em Gaza e mais de 2.200 assassinados no Líbano.

   Cuba tem defendido historicamente o direito da Palestina à autodeterminação, ao regresso dos refugiados e ao direito a ser reconhecido como um Estado livre e soberano contra o colonialismo e o apartheid impostos por Israel há 76 anos.

  Perante o genocídio televisionado há um ano, numa escalada de agressão sem precedentes, a juventude cubana marchou desde a Fragua Martiana até a Tribuna Anti-Imperialista, praça emblemática e testemunha de inúmeras manifestações na história recente do país.

Marchamos hoje pela paz, pela vida, por aqueles que foram silenciados pelas bombas e pelas balas inimigas. Hoje os jovens cubanos dizemos: Basta de massacre ! Viva o povo palestino ! 

   Tal como aconteceu nas diferentes mobilizações realizadas em Cuba ao longo do ano passado, a de hoje foi liderada pelo presidente Miguel Díaz-Canel e pelos principais líderes do governo revolucionário cubano. Convocados pela União de Jovens Comunistas (UJC), milhares de jovens de Havana denunciaram o genocídio perpetrado contra o povo palestino com a cumplicidade dos Estados Unidos, suas principais armas e apoio econômico. Cuba junta-se a milhões de vozes em todo o mundo que apelam ao fim da ocupação israelense da Palestina, ao cessar-fogo imediato e à extensão brutal da guerra ao Líbano, à Síria e ao Iémen.

                               

Foto : Victor Villalba

   Acompanhados por Esteban Lazo, Presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular, o Primeiro Ministro Manuel Marrero, Bruno Rodríguez, Ministro das Relações Exteriores e o Herói da República Gerardo Hernández Nordelo, uma multidão de jovens inundou-se com faixas, slogans e bandeiras palestinas, em que também foram vistas as do Líbano, Irã e Síria, junto com bandeiras cubanas e latino-americanas, no desfile ao longo do Malecón de Havana.

                                         

Palestina nos dói e é por isso que hoje chegamos até aqui, para mostrar nosso contundente rechaço às ações que Israel comete contra essa nação. Já basta de morte e sofrimento ! 

   A Tribuna Anti-Imperialista foi o cenário do emocionante evento político-cultural, no qual foi prestada homenagem às vítimas do povo palestino e libanês, cuja brutal agressão esconde o principal objetivo do sionismo e do imperialismo: apropriar-se de toda a região e dos seus recursos naturais.

  “Não fecharemos os olhos ao massacre; Não esqueceremos nem o heroísmo dos agredidos nem a barbárie dos agressores”, enfatizou o Primeiro Secretário da UJC, Meyvis Estévez; reivindicando o legado de Fidel e o compromisso de Cuba com a paz, a justiça e a defesa da soberania da Palestina.

  Em toda Cuba, os jovens manifestaram-se através de diferentes ações, manifestações e tribunas abertas para exigir o fim do genocídio; ratificar a solidariedade histórica de Cuba com a causa palestina e o seu direito à autodeterminação e à soberania.

 

    Nas últimas 24 horas, a ocupação israelense levou a cabo quatro novos massacres – deixando mais de 60 mortos e 230 feridos –, entre os quais se destaca o ataque a um centro de distribuição de alimentos da Agência das Nações Unidas para a Ajuda Humanitária (UNRWA) em Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, contra as tendas que abrigavam deslocados na cidade de Deir al-Balah, localizada no centro da Faixa, com saldo de pelo menos 4 mortos e mais de 70 feridos.

    Desde 7 de Outubro de 2023, 529 educadores, 11.000 estudantes, 175 jornalistas e mais de 900 profissionais de saúde foram assassinados pelo sionismo israelita. 90% da população foi deslocada criminalmente.

                       

1.600 adolescentes de Havana enviam uma mensagem de encorajamento aos meninos e meninas de Gaza e de repúdio ao genocídio a que estão sendo submetidos por Israel.

Uma bandeira humana da Palestina em frente à embaixada dos Estados Unidos foi o meio para enviar a sua poderosa mensagem.

                          


    Os repetidos apelos do Secretário-Geral das Nações Unidas para um cessar-fogo foram ignorados por Israel e pelos Estados Unidos, numa clara violação do Direito Internacional Humanitário e da Carta fundadora da ONU. Estima-se que os danos causados ​​pela entidade sionista às infra-estruturas de Gaza levarão mais de 16 anos a reconstruir.

Os manifestantes gritavam em voz alta:

Agora, agora, cessar fogo agora!

Viva a Palestina Livre, do rio ao mar! ressoou no Malecón de Havana.

   Erguer hoje a voz pela Palestina, mais uma vez e tanto quanto necessário, é defender a Paz de toda a Humanidade.

 

(*) Discurso proferido pelo Comandante-em-Chefe Fidel Castro, na Conferência de Cúpula do Movimento dos Não-Alinhados, em Nova Delhi-Índia, em 7 de março de 1983.








https://cubaenresumen.org/2024/10/14/palestina-no-esta-sola-marcha-en-la-habana-contra-el-genocidio-a-palestina-y-agresion-al-libano/

@comitecarioca21

                            Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas 

                                   


O BRICS É O CENÁRIO NATURAL E IDEAL PARA UMA NAÇÃO BLOQUEADA COMO CUBA .

                                 

    Cuba solicitou oficialmente sua incorporação ao BRICS como país parceiro por meio de uma carta enviada a Vladimir Putin, presidente da Rússia, nação que este ano ocupa a presidência do grupo, considerado pela maior das Antilhas como um ator-chave na geopolítica global e uma esperança para os Estados do sul.

    Essa demanda, segundo Oscar Julián Villar Barroso, doutor em Ciências Históricas, disse à Sputnik, responde a uma necessidade da ilha, em um contexto de crise econômica e em um momento de transição de um “mundo unipolar e cruel de monopólios, onde os Estados Unidos e seus aliados impõem uma agenda com sanções e pressões, para um novo que ainda não foi construído”.

    Mestre em História Contemporânea e Relações Internacionais, ele disse que o mecanismo, cujo nome é um acrônimo para os membros originais: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, constitui uma “alternativa”, pois promove iniciativas de desenvolvimento por meio do uso de suas próprias moedas e tecnologias.

    Na opinião do acadêmico, os países parceiros, como seria o caso de Cuba se fosse admitida, “cooperam em todas as áreas, especialmente em assuntos de interesse mútuo e em bases bilaterais ou multilaterais”.

    Nesse sentido, o especialista mencionou as excelentes relações de Havana com as nações do mecanismo, inclusive, “muitas delas têm um sentimento de gratidão para com a ilha, por exemplo, a Etiópia, um país membro que tem direito a voto e onde quase 300 cubanos perderam a vida na tentativa de preservar a independência desse território africano”.

Benefícios para a ilha caribenha?

   Nesse sentido, as vantagens estariam no intercâmbio acadêmico, no comércio, no desenvolvimento sustentável, na transferência de tecnologia e no investimento, “oferece muitas vantagens e possibilidades para a nação caribenha, é um cenário natural e ideal para uma nação que está bloqueada, sancionada até a saciedade e perseguida, em nenhum outro lugar poderemos encontrar a solução para nossos problemas”.

   De acordo com o acadêmico, uma situação semelhante ocorre na União Econômica Eurasiática (EEU), onde a ilha é um país observador e, em sua opinião, seria até mesmo apropriado “abordar a Organização de Cooperação de Xangai”.

    “Entrar no grupo como membro representa a continuação de uma colaboração muito próxima, benéfica do ponto de vista econômico, financeiro e até mesmo político, sem condições. Isso nos permitiria maior crescimento, independência e uma interação mais flexível com seus membros”, explicou Villar Barroso. 

    Ele acrescentou que esse mecanismo de integração, atualmente composto por 10 países (além dos originais: Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia), responde às premissas do chamado regionalismo aberto, com compromissos éticos e objetivos concretos; os Estados membros “são mais livres do que em outras organizações internacionais, respeitam as individualidades e levam em conta as assimetrias”.

    “Se formos aceitos como parceiros e o governo assumir a questão com a agilidade necessária para resolver as dificuldades, isso trará benefícios em curto prazo. Não apenas em termos de investimentos na Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel, mas também Cuba, devido à sua localização geográfica, é a chave para o Golfo e, portanto, a porta de entrada para a América Latina e o Caribe”, disse ele. 

    Por sua vez, Mario Antonio Padilla Torres, secretário acadêmico do Centro de Pesquisa de Política Internacional (CIPI) e especialista nos antigos países socialistas da Europa, disse à Sputnik que o pedido de Cuba reflete sua posição clara contra as medidas coercitivas e unilaterais de Washington.

                     


    Também constitui “uma oportunidade de compartilhar pontos fortes, entre eles, o alto nível de suas capacidades de recursos humanos, o progresso em setores de ponta, como biotecnologia, serviços médicos e turismo, e sua política externa e diplomacia; somado ao escopo de um intercâmbio mais justo com essas nações que hoje são um ponto de referência na economia mundial”.

    A possível incorporação da ilha representa uma forma de enfrentar o bloqueio econômico, comercial e financeiro, disse Padilla Torres; também compartilha com eles princípios que são a base do multilateralismo e da multipolaridade e “temos uma grande vontade de compartilhar com os BRICS nossos resultados e experiências para o benefício dos estados do sul”.

    Da mesma forma, acrescentou o professor, a ilha faz parte de projetos de longo alcance, promovidos por alguns dos membros, como a iniciativa Belt and Road e o status de observador na UE, já mencionado; e as áreas de interesse comum constituem diretrizes dentro do plano social e econômico nacional para o ano de 2030 e as metas de desenvolvimento sustentável.

Em que Cuba pode contribuir para os BRICS?

    O professor Villar Barroso também reconheceu que a maior das Antilhas construiu um sistema educacional coerente, que vai desde a pré-escola até a pós-graduação no mais alto nível, “há experiência, um longo caminho percorrido, resultados e sucessos”, portanto, o território caribenho poderia ser um pilar dentro do BRICS de colaboração no campo da educação.

    “Graças ao programa "Yo sí puedo" de Cuba, milhões de pessoas em todo o mundo puderam se alfabetizar. Da mesma forma, a ilha tem centros de pesquisa e cientistas excepcionais, com avanços em áreas como engenharia genética, biotecnologia e produtos farmacêuticos. Temos muitas coisas a oferecer, que são necessárias em vários desses estados”, disse ele.

    Ele mencionou o enfrentamento da pandemia da COVID-19 pelo país caribenho com a produção de suas próprias vacinas. “Temos um grande capital humano que foi treinado durante 65 anos da Revolução e pode participar de qualquer projeto desenvolvido dentro do grupo”.

   Para Luis René Fernández Tabío, PhD em Ciências Econômicas, professor e acadêmico do Centro de Pesquisa em Economia Internacional da Universidade de Havana, “tudo o que o país faz para aprofundar as relações com esse grupo é muito positivo e está caminhando nessa direção; no entanto, a ilha tem assuntos pendentes”.

    Sobre o assunto, indicou que a maior das Antilhas deve atualizar e melhorar seu sistema econômico para torná-lo suficientemente atraente, estável, compatível e seguro, com o objetivo de conseguir a materialização de vínculos produtivos e de serviços com empresas desses Estados.

                 


    “O sistema bancário e financeiro cubano também deve ser modernizado para estimular o investimento estrangeiro direto com as nações do bloco e promover a criação de mecanismos de transferências monetárias e financeiras que estão sendo estudados atualmente nos BRICS”, acrescentou o professor.

    Em sua opinião, no contexto da guerra econômica dos EUA contra Havana, a implementação de uma taxa de câmbio real única dentro desse sistema é significativa, embora a ilha, reiterou ele, precise de instrumentos de investimento e de uma estrutura jurídica e regulatória interna para a participação de empresas estatais, cooperativas, privadas e mistas.

 

 https://noticiaslatam.lat/20241011/los-brics-son-el-escenario-natural-e-ideal-para-una-nacion-bloqueada-como-cuba-1158189864.html

trad/Ed : @comitecarioca21                 


14 de out. de 2024

MICHAEL MOORE PEDE A BIDEN FIM DO BLOQUEIO A CUBA

                         

   Washington, 12 out (Prensa Latina) O renomado cineasta e ativista norte-americano Michael Moore pediu hoje ao presidente Joe Biden, em seus últimos 100 dias de mandato, que levante o bloqueio a Cuba e feche a base ilegal de tortura em Guantánamo.

   No quinto de uma longa lista de desejos: Liberte Cuba, liberte as nossas almas, o premiado documentarista deixou claro que “é hora de normalizar todas as relações com Cuba, acabar com todas as sanções contra Cuba, acabar com o embargo ( bloqueio) e reconhecer plenamente o direito do povo cubano à autodeterminação”.

    Com o seu estilo característico, o realizador de “Fahrenheit 9/11” apelou a Biden que, enquanto estiver (supostamente) “em Havana, na cerimônia de assinatura, anuncie que também vai devolver a Baía de Guantánamo ao povo cubano, já que “não precisamos disso porque obviamente é a terra deles.”

    O seu quarto desejo era precisamente fechar “a base de tortura” no território ilegal ocupado pelo seu país a leste da ilha porque “representa uma mancha negra na posição dos Estados Unidos no mundo”.

   Ele lembrou que em novembro passado, uma esmagadora maioria de 187 países na Assembleia Geral da ONU reuniram-se pela trigésima primeira vez para “exigir que os Estados Unidos ponham fim ao nosso embargo comercial de seis décadas contra Cuba”.

     “O único país que votou conosco foi… espere… Israel! Ah, e uma nação absteve-se: a Ucrânia”, disse Moore, enfatizando que “nenhuma pessoa decente pode olhar para isso e realmente acreditar que os Estados Unidos estão do lado certo nesta questão”.

     “O católico devoto que existe em você sabe que o que estamos fazendo com Cuba é errado. Joe, liberte nossas almas deste fardo pecaminoso, faça o que é certo, enfatizou o vencedor do Oscar em 2003 com seu documentário 'Bowling for Columbine'.

    Moore incluiu, entre outros, em sua extensa lista de 13 desejos que Biden cancelasse todas as dívidas estudantis e médicas;  libertar o defensor dos direitos dos nativos americanos Leonard Peltier, preso durante 46 anos, e  parar o massacre de Israel em Gaza.

    “Quantas violações da linha vermelha serão necessárias até que se tenha o suficiente? (…) Massacres em massa, assassinatos em massa, destruição em massa, todos cometidos em nome dos Estados Unidos, com as bombas, armas e dinheiro dos Estados Unidos”, disse, apelando ao fim desta loucura.

    No texto (Bucket List Joe), publicado em seu site oficial, Moore ressaltou ao presidente democrata: Você tem uma oportunidade extraordinária de fazer muitas coisas acontecerem. Grandes coisas. Coisas importantes. Com uma ou duas "canetadas"  presidenciais .”

   Acima de tudo, insistiu, você tem imunidade”, referindo-se à decisão do Supremo Tribunal, em julho, que concedeu ao presidente dos Estados Unidos “poderes supremos COM imunidade e sem consequências políticas. O que aconteceria se os usasse?”


https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/10/13/cuba-michael-moore-pide-fin-de-bloqueo/

Edição: @comitecarioca21 

11 de out. de 2024

O MINISTRO MUCIO E A SOLIDARIEDADE DO BRASIL AOS PALESTINOS - por Beto Almeida

A Guernica palestina....

                             

Beto Almeida

   O Ministro da Defesa, José Mucio, causou alvoroço por suas declarações, de lamentável franqueza, indicando não ter nenhuma sensibilidade política ou humana pela tragédia palestina, um povo vítima de um genocídio deliberado, praticado por Israel, com apoio inequívoco dos EUA, que lhes dá muito dinheiro e armas. Para Mucio, “questões ideológicas” estão embaraçando contratos comerciais entre Brasil e Israel na sensível área de defesa (armas), com licitações já realizadas. Com isto, Mucio parece mais um porta-voz dos interesses israelenses no Brasil, do que um ministro de estado brasileiro, já que é pública, até corajosa, a posição do Presidente Lula, rotulando de genocídio a ação sanguinária do governo de Israel, que transformou, como disse, “o direito de defesa em direito de vingança contra todo um povo”.

    Assim como o divórcio entre Lula e Mucio, nesta questão que comove a humanidade, é robusto, também fica revelado que o poderio do lobby israelense na esfera de Defesa do Brasil, é de tal magnitude que o Presidente nem cogita a demissão de seu assessor, que segue desafinando uma já muito desafinada política externa brasileira. Há temas sensíveis e explosivos, adjetivo mais apropriado, que Lula não quer, não pode e nem tem força tratar, em sintonia com a ótica de seus próprios pronunciamentos. Recentemente, na ONU, num gesto forte e sincero, horrorizou o governo matador de Israel, Lula saudou especialmente a presença do Presidente Palestino, que ali estava pela primeira vez, e foi além, dando-lhe um fraterno abraço, imagem que jamais será perdoada pelo sionismo. O que deveria ser fortemente valorizado pela segurança presidencial, já que o Ministro da Defesa, anda em outra onda.

 

    Medidas práticas para isolar Israel

 

   Porém o tema que vem à baila nesta questão, é a necessidade ou até mesmo a obrigatoriedade das Nações tomarem Medidas Práticas para isolar e debilitar o governo genocida de Israel, já que a simples adoção de declarações, moções e votos de censura contra esta monstruosidade israelense, soa como caricatura e hipocrisia, marcada sua absoluta ineficiência. É neste contexto que entra o Ministro Mucio demarcando posições, não terras indígenas como prevê nossa Constituição, mas enviando uma ácida mensagem aos brasileiros, na qual, de uma só vez, desautoriza a generosa solidariedade de Lula aos Palestinos, mas , também, indica que não importa quantos milhares de palestinos morram, os contratos devem ser cumpridos. E dane-se o resto. E não se trata apenas da compra de armamentos ou tecnologia de defesa, mas também da exportação de petróleo brasileiro para Israel, certamente usado para movimentar a máquina de matar israelense, que já destruiu Gaza, agora destrói o Líbano, ataca a Síria, o Irã, o Iraque e o Iêmen.

    A palidez da posição brasileira frente a obrigação do Brasil, e de todos os países democráticos, de parar o genocídio israelense, vai ficando cada vez mais nítida. Frente às exigências dos contratos bilaterais Brasil e Israel, as declarações de Lula vão ganhando tom de retórica, pois o congelamento de contratos, a suspensão do comércio bilateral, são opções que competem ao Chefe de Estado. Sem medidas fortes por parte do Brasil, uma certa tolerância para com esta matança desvariada poderá ser a única explicação plausível. ”Sou contra o genocídio, mas não posso fazer nada?” seria a síntese? Mas, então por que outros países podem e estão fazendo muito mais? E o próprio Brasil já fez muito mais.

 

    Vargas foi o primeiro país nas Américas a romper com Hitler

 

    O governo Getúlio Vargas, que tem sido tão elogiado nos discursos recentes do presidente Lula, adotou uma série de medidas contra o nazismo. Primeiro expulsou o embaixador alemão no Brasil. Depois proibiu as escolas alemãs e as rádios de disseminarem idioma e ideologia nazista em território brasileiro. Em seguida, Vargas foi o primeiro governo nas América a romper relações com a Alemanha de Hitler. E foi além: com parte do esforço de guerra contra o nazi-fascismo, consentiu com a instalação de bases aeronavais no Nordeste do Brasil, além de enviar tropas para lutar na Europa, pelo o que, o povo italiano, até hoje nos deve a conta de termos, nós brasileiros, ajudado a enterrar o fascismo de Mussolini e derrotar os alemães na Itália. Peron, por exemplo, levou a Argentina à neutralidade diante do nazi-fascismo, enquanto o Brasil foi o único país da América Latina a enviar tropas para enfrentar o nazismo.

   Claro que do ponto de vista militar, hoje, depois da privataria de Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Temer e Bolsonaro, com a instalação do Estado Mínimo, a indústria de defesa brasileira foi perigosamente reduzida. Um desarmamento unilateral. Vale citar que o nosso programa espacial está praticamente paralisado, após sofrer, em 2003, um suspeitíssimo acidente que eliminou toda a cúpula dos melhores cientistas que o conduziam. Fato até hoje não esclarecido, o que faz acumular ainda maiores e sinistras interrogações.

    Enquanto o Programa Espacial Brasileiro está paralisado desde aquela explosão de 2003, o Irã, há 45 anos, desde o início de sua Revolução, desenvolve uma indústria defesa moderna, com tecnologia própria, e com um programa espacial que lhe permitiu alcançar a construção de mísseis balísticos hipersônicos, como também o lançamento de naves tripuladas ao espaço. É o que o faz tão respeitado na região, tendo assumido, nos últimos anos, o papel de principal defensor da Causa Palestina, cuja missão consta de sua Constituição, talvez o único país a assumir a solidariedade à Palestina como tarefa estatal. Diante do abandono do Programa Espacial Brasileiro, da alienação da Base de Alcântara, a alegada necessidade de fortalecimento da Defesa, preconizada por Mucio, soa como fraseologia.

 

      Mucio desautoriza a solidariedade de Lula à Palestina?

 

     O curioso é que extravagante posição do Ministro Mucio, desautorizando a solidariedade do Presidente à Palestina, encontra em alas do campo progressista, uma contraditória tolerância. Alguns chegam a mencionar que não se pode confundir política externa com comércio, com o que se chancela, em última instância, a política de Mucio. Até parece que um comércio bilateral entre Brasil e Israel, que não ultrapassa 2 bilhões de dólares/ano, tem alguma relevância dentro do comércio global brasileiro na escala dos trilhões. Ademais, vale questionar se uma inadequada dependência tecnológica frente a Israel, contribui de fato para uma soberana política de defesa brasileira, que vem sendo debilitada há décadas, pois caminha junta com a desindustrialização do país, cuja reversão o próprio presidente Lula coloca como uma das prioridades de seu governo. Será Israel o parceiro mais indicado?

    Quando Getúlio Vargas rompeu relações com o governo Hitler, a Alemanha era um dos polos centrais do capitalismo mundial, o que não intimidou o governo brasileiro então. Aliás, praticamente todos os países do mundo, inclusive a URSS, mantinham relações comerciais com a Alemanha, relações que os EUA, por meio de seus principais oligopólios, entre eles a IBM, jamais romperam. Não foi este o cálculo, econômico, do governo Vargas, então. Aliás, no Pacto de Não Agressão, firmado entre URSS e Alemanha, Stalin manteve o fornecimento de petróleo aos germânicos, posteriormente utilizado na invasão hitlerista à União Soviética, apesar de todos os alertas de Trotsky no sentido contrário.

     Não seria nenhuma tragédia para o comércio internacional brasileiro a suspensão, congelamento ou mesmo a ruptura de relações com um país que desafia e pisoteia os padrões civilizatórios mais acanhados.  O Brasil só estaria junto com a tendência crescente na Humanidade, que visa adotar posições concretas, práticas, materiais, que debilitem e isolem Israel. E possui muitas alternativas para compensar a ruptura destes contratos. Com a China, para dar um exemplo.

 

    E se o Iêmen bloquear navio com carga brasileira para Israel?

 

 Cortar o fornecimento de petróleo brasileiro a Israel, permitiria ao Brasil somar-se à corajosa posição de países como Argélia, Iêmen, Iraque, que prometem interromper as vias de abastecimento do combustível caso Israel ataque o Irã. Os países do Golfo, monarquias mais tolerantes ao sionismo, já se comprometeram com o Irã em não adotar posição de neutralidade que os caracteriza em caso de nova agressão israelense aos persas. E o Brasil? Vai permitir que prevaleça a rudimentar posição do Ministro Mucio, supervalorizando um mesquinho comércio de apenas 2 bilhões de dólares, e super dimensionando um contrato como se fosse a única alternativa viável, o que nos levaria, como Estado e Pais, a fechar os olhos e lavar as mãos ante a carnificina israelense transmitida por tv diariamente ao mundo?

   Essa posição insustentável do governo pode nos levar uma vergonhosa e acovardada situação. Com a coragem que lhe confere sua sincera posição de solidariedade prática e concreta aos Palestinos, o Iêmen está realizando, como pleno direito derivado das Resoluções da ONU, um bloqueio naval no Mar Vermelho, bombardeando navios dos EUA e da Inglaterra, entre outros, que se atrevam a abastecer de petróleo e comida o regime macabro de Israel. Seria lamentável, vergonhoso mesmo, triste para o Presidente Lula,  se um destes navios atingidos estiver carregando petróleo, grãos ou carne do Brasil, direcionados a Israel. O Brasil se tornaria alvo por conta uma posição, sustentada pelo Ministro Mucio, quando o governo tem ao seu alcance um leque de medidas práticas que , de fato, ajudem a debilitar e isolar a macabra máquina de matar sionista.


 Mas, o ministro Mucio, e a posição por ele sustentada, que inclui até gente progressista, em troca de alguns contratos comerciais, jogará o Brasil do presidente Lula na lata de lixo da história junto a países, como EUA, França, Inglaterra e Alemanha, que abastecem de armas e dinheiro terrorismo estatal israelenses. Nenhum destes contratos vale mais que o direito do povo palestino à vida e a ter um pais organizado, reconhecido e respeitado mundial. Aliás, como deseja o presidente Lula.

 

Beto Almeida, jornalista

Conselheiro da ABI e Diretor da Telesur

Membro da Rede de Artistas e Intelectuais em Defesa da Humanidade

11 de outubro de 2024



9 de out. de 2024

A HUMANIDADE E O HORROR DA "GUERRA" SIONISTA - excelente artigo de Roberto Amaral

                             

Roberto Amaral*

“Aparentemente, a sociedade civil global, que no passado obteve avanços significativos e demonstrou comprometimento com a justiça na Palestina, precisa trabalhar ainda mais duro em solidariedade ao movimento nacional palestino, que busca desesperadamente – e, até aqui, em vão – atuar de forma coesa para frustrar a próxima tentativa estadunidense-israelense de destruir a Palestina e os palestinos.” – Ilan Pappe, Dez mitos sobre Israel (2021)

 

    Elemento essencial do conceito de guerra é o confronto de exércitos, assim designadas as fileiras de profissionais adestrados para o ofício de enfrentar e matar quem seu comandante indica como inimigo a eliminar, ou território a conquistar ou preservar. O inimigo da vez pode ter sido um aliado de ontem, um antigo vizinho, ou mesmo um irmão de sangue. Como o inimigo de ontem pode tornar-se o grande aliado estratégico de hoje: o Japão da II Guerra Mundial, inimigo mortal abatido com a violência da bomba atômica, é hoje um dos principais aliados estratégicos dos EUA.

    Os judeus, como os árabes, mais do que outros povos, conhecem essa danação. No Oriente Médio presente, porém, embora haja judeus perseguidores e árabes perseguidos, não há guerra, eis que não há confronto de tropas, não há embate entre guerreiros, senão o puro e simples massacre de populações civis, indefesas e por definição desarmadas, na sua maioria gente idosa, mulheres e crianças, contra as quais ruge e vomita bombas um exército luciferino comandado pelo ódio; um exército todavia moderno, excepcionalmente equipado, armado até os dentes pelo que há de mais mortífero na tecnologia fria da indústria da morte.

    A luta entre tropas militares e civis desarmados não é guerra, mas, simplesmente massacre sem sursis, pois sua essência é mistura de vindita e covardia. Mais ainda quando os alvos preferidos são centros médicos, escolas e campos de refugiados. Segundo as estatísticas possíveis nas circunstâncias, já morreram mais de 40 mil palestinos desde o primeiro ataque israelense a Gaza que foi reduzida à condição de terra-arrasada, um monturo de nada. Conta-se em torno de 1,7 milhão o número de desabrigados.

   Na retaguarda de Israel, hoje um fora-da-lei, pois nenhuma lei ou código, ou tradição de convivência internacional respeita, está o mais poderoso Estado beligerante já conhecido pela humanidade, o mais longevo dos impérios (militar, econômico, tecnológico e cultural) registrados pela idade moderna: os EUA. Um país, aliás, tanto quanto o Estado israelense, muito afeito aos massacres de civis e à rapina de terras estrangeiras: os mexicanos no final do século XIX perderam para seu vizinho algo como 2,3 milhões de km², ou seja, 55% de seu território. O desprezo pela vida humana conhece seu extremo no final da II Guerra Mundial, quando duas bombas atômicas massacraram as populações civis de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.

    Na “guerra da Coreia”, invadida pelos EUA com o respaldo da ONU em 1950, morreram 2 milhões de civis. Por fim, mas não fechando o ciclo que compreende ainda um sem-número de guerras de caráter colonialista espalhadas pelos quatro cantos da Terra – como as invasões do Afeganistão e do Iraque, a guerra do Vietnã é o grande destaque da história contemporânea. A agressão dos EUA, iniciada em 1965 e só encerrada em 1975 com a queda de Saigon, custou as vidas de 2 milhões de civis. O império, que desesperadamente luta pela hegemonia mundial que conheceu entre o fim da Guerra Fria e a emergência da China, encontra no Estado-tampão de Israel o aliado perfeito.

   Na verdade, suas políticas de guerra se completam, desempenhando, cada uma segundo suas características e circunstâncias, papel estratégico na atual política de guerra do dito Ocidente: 1) a guarda do Oriente Médio por Israel; 2) a guarda da Europa (governada majoritariamente por partidos protofascistas) e a contenção da Rússia, pela OTAN; 3) o Japão, virtual porta-aviões do Pentágono posto a vigiar a China, e, por fim, 4) os próprios EUA, policiando o mundo, com suas cerca de 800 bases militares em mais de 70 países.

    Não é obra do acaso que desde 1947, quando, para existir, ocupou parte da Palestina, o Estado de Israel tenha tomado para si a Cisjordânia, o Sinai e as colinas de Golã, e ainda administra ou controla cerca de 85% dos territórios originários da Palestina. Em nome de sua “autodefesa” Israel destruiu a possibilidade do Estado palestino – a contraparte da ONU para o Estado judeu. Atendendo a interesses próprios de Estado de alma colonialista, de que decorrem o belicismo e a fome de territórios (um dos pontos em que Israel e EUA se encontram com a Alemanha de Hitler, obcecada com seu Lebensraum), o Estado sionista mata civis em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, no Iêmen, voltou a matar na Síria e voltará a matar no Irã e onde mais se fizer necessário à geopolítica da destruição. Em quase todos os eventos agindo como procurador do imperialismo.

    A OTAN não é peça ausente nesta arquitetura. Sob o comando estratégico e os recursos militares, táticos e financeiros dos EUA, cumpre papel crucial no conflito Ucrânia-Rússia, que traz a Europa e uma grande potência nuclear para o epicentro da crise. Ao mesmo passo em que garante um enclave bélico nas fronteiras da antiga república soviética, a presença da OTAN logra paralisar em seu território aquele que já foi considerado o maior exército do mundo, e que hoje guarda o paiol do maior estoque de ogivas nucleares.

    Esses conflitos são cruciais para o Pentágono, pois constituem peças decisivas no projeto (de vida ou de morte) estadunidense:  recuperar a hegemonia mundial, mesmo que ao preço de um conflito que, hoje, para o bem e para o mal, sabemos como começa e já podemos prever como terminará. Podemos, mesmo, anunciar como será seu sucessor: “Eu não sei com quais armas a Terceira Guerra Mundial será lutada, mas a Quarta Guerra Mundial será travada com paus e pedras” (Albert Einstein. Liberal Judaism, 1949).

    A lenta decadência do império ainda cobrará sacrifícios impensáveis à humanidade. Roma, desta feita, se prepara para a guerra. O confronto de nossos dias tem na sua antessala a explosão do Oriente Médio, projeto que remonta aos idos do imperialismo britânico; o atual teatro de operações deve estender-se em pouco tempo, e toda guerra, antes da paz, é a mãe de outra, como a II Guerra Mundial foi o desdobramento inevitável do conflito desencadeado em 1914.

    Por isso, o conflito Rússia-Ucrânia jamais se circunscreveu aos dois países, e logo se transformou no embate EUA-OTAN versus Rússia, com os olhos dos EUA voltados para a ameaça real: a emergência de uma Eurásia liderada por uma China industrializada, em condições de pleitear o cetro da hegemonia mundial.

   A imprensa brasileira, perdidamente parcial, porta-voz que é da Hasbará (a máquina de propaganda do enclave sionista), noticia a invasão do Líbano como se estivéssemos diante de uma gincana de fim de semana. Não se dá ao dever de informar que se trata de mais uma agressão ao território de um país soberano, como foi, na sequência, a incursão dos bombardeiros na Síria, violando as regras da convivência internacional e a Carta das Nações Unidas, que não se peja em desrespeitar, como desrespeita a Corte Internacional de Justiça.

   O desafio de Israel à chamada comunidade internacional se expressa, ainda, pelo desplante com que seu chanceler declarou persona non grata no Estado ninguém menos que o secretário-geral da ONU.

    O objeto da violência sionista, armada e financiada pelos EUA, não é a legítima defesa de um Estado ameaçado, posto que sabidamente o Estado-tampão de Israel não o é; ameaçada, e, ademais, ocupada, é a Cisjordânia, é parte de Jerusalém e para tal tragédia parece condenado o Líbano.

    Sob o terror estadunidense-israelense, Gaza foi reduzida a escombros; e desde o primeiro dia da agressão sionista seu povo, indefeso, à míngua da solidariedade internacional, é exterminado a sangue-frio: fuzilado, bombardeado, mutilado, deixado à míngua de assistência médica, privado de comida, de medicamentos, de eletricidade, de água. A fúria luciferina não se detém diante de hospitais e escolas. Seus mortos são civis que não oferecem combate ao agressor, nem sequer esboçam o legítimo direito à resistência (anatemizado como terrorismo pela imprensa ocidental, macaqueada pela brasileira).

    Matar o desarmado é covardia, mesmo segundo os códigos de honra dos marginais. Matar de tocaia, sem dar ao outro o direito de defesa é, ademais, crime hediondo. Mas o sionismo não está só; sabidamente dispõe de apoio bélico, político, logístico, econômico, estratégico e tecnológico dos EUA, de quem recebe respaldo absoluto, diante uma comunidade internacional cúmplice e de uma ONU sem qualquer serventia, que, quando muito, protesta nas redes sociais. Ao seu lado, a União Europeia e a direita hidrófoba de todos os quadrantes. Esta de hoje, é filha do nazifascismo que nos legou a II Guerra Mundial, com seu inventário de miséria que chega aos nossos dias.

    A Europa – agora com a significativa adesão da Áustria – começa a fechar o círculo do avanço da extrema-direita. A ascensão do protofascismo e o ímpeto das políticas de guerra não podem ser vistos como fatos isolados. Desse veneno a humanidade já provou.    

   Se a peça de hoje, cujo enredo também detestamos, não é a mesma de ontem, e nunca é, o diferencial de hoje é que alguns atores trocaram de papel. Os alemães também invadiram seus vizinhos porque alegadamente precisavam de “espaço vital”, isto é, mais terras e mais recursos para levar a cabo o projeto do III Reich: assim, foram avançando, invadindo, anexando: Renânia, Áustria, Tchecoslováquia, Polônia... Hoje, Israel tenta justificar seu expansionismo em nome da necessidade de mais território para assegurar-se de sua defesa.

   Não há guerra no Oriente Médio. Mas naquele barril de pólvora chafurdado pelos grandes impérios coloniais, hoje protetorados político-militares dos EUA, pode estar sendo gestado o próximo grande conflito, certamente universal, porque já envolve a economia mundial, e tem presença efetiva em todos os continentes, seja na versão clássica, seja na versão conhecida como guerra híbrida, que já nos atinge.

 4/10/2024

* Com a colaboração de Pedro Amaral

                                          



edição: @comitecarioca21

7 de out. de 2024

Declaração do Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos

                                                                                          

Cessar-fogo já!

Parem as agressões sionistas genocidas na Palestina e no Líbano!

A resistência vencerá!

7 de outubro de 2024 

   Um ano, 365 dias de genocídio acelerado e intensificado contra o povo palestino.

     Um ano de heróica resistência palestina ao massacre, aos bombardeios, ao deslocamento forçado, ao sequestro, à tortura, às detenções, ao apartheid, ao extermínio e à dor indescritível de crianças, mulheres e famílias inteiras massacradas.

   Um ano sem suprimentos médicos, sem remédios, sem comida, sem água. Um ano de cerco absoluto e destruição brutal de mais de 70% do território de Gaza.

    76 anos de resistência contra o invasor sionista, nos quais o povo palestino exerceu diariamente seu direito de resistir de diferentes formas e métodos.

     Em 7 de outubro de 2023, a resistência marcou uma nova etapa na história da luta contra a ocupação. A verdade deve ser dita: nesse dia do Dilúvio de Al Aqsa, as instalações militares da ocupação foram atacadas, causando mais de 57 baixas no exército e levando centenas de prisioneiros dos ocupantes da zona militar, com o objetivo de trocá-los por prisioneiros palestinos, crianças, mulheres, doentes e idosos, que vêm sofrendo todos os tipos de torturas nas prisões brutais de Israel há anos.

    É absolutamente falso que eles tenham causado a morte de 1.200 pessoas, estuprado mulheres hebreias ou decapitado bebês. Isso não só é proibido pela religião muçulmana, islâmica, cristã e agnóstica da qual a Resistência Unida é composta, como também é proibido por sua ética e sua condição humana como combatentes da libertação nacional palestina.

    Também não é verdade que eles atacaram jovens que estavam participando de um festival de música. O ataque foi realizado pelo exército israelense, confundindo os jovens ali reunidos, que saíram em debandada. Tudo foi denunciado e comprovado. O Hamas solicitou uma Comissão Internacional Independente para verificar tudo isso, que a narrativa sionista e imperialista esconde do mundo para justificar o genocídio e a ocupação.

    Desde o primeiro dia, a Resistência está pronta para trocar os detidos por todos os prisioneiros palestinos: Todos por todos.

    A resposta de Israel foi o bombardeio constante, lançando mais toneladas de bombas do que durante a Segunda Guerra Mundial. Eles usaram armas de guerra proibidas, como bombas de fósforo branco, bombas a vácuo GBU que pulverizam tudo, caças F35 e F15, drones e mísseis, massacrando milhares de crianças e civis.

   A narrativa mentirosa de ódio e apartheid imposta pela ocupação colonial israelense tem como objetivo apagar a alma, a vida, a história e a cultura do povo palestino.

     Para a entidade criminosa israelense, desde a criança ainda no ventre de sua mãe palestina é um terrorista.

    O maior ato de terrorismo de Estado foi cometido por Israel diante dos olhos do mundo, com os assassinatos seletivos dos principais líderes da resistência libanesa, iraniana e palestina.

    Foi um ato de terrorismo plantar explosivos em dispositivos móveis no Líbano. É um ato terrorista lançar centenas de toneladas de bombas, destruir uma dúzia de prédios civis para assassinar um líder, como fizeram em Beirute.

    Ato terrorista é o bombardeio de hospitais, ambulâncias, abrigos, inclusive abrigos da ONU, escolas, universidades, igrejas, centros de oração e trabalhadores humanitários, brigadas de incêndio e defesa civil.

   Ato terrorista é o sequestro e o assassinato de médicos e profissionais de saúde por se recusarem a abandonar seus pacientes. O assassinato da imprensa é um ato de terrorismo.

    Fazemos nossas as palavras de um médico palestino: “Depois de um ano de genocídio acelerado e televisionado, mais de 50.000 mártires foram martirizados, mais de 200.000 civis foram atacados, feridos e desaparecidos. Mas eles não podem matar o espírito de combate e resistência em nós.

   As caravanas de mártires são e serão o farol que nos levará à libertação de todo o território palestino, do rio ao mar, e serão lembradas com seus nomes, seus sonhos, conquistas e vidas.

    Convoco todos os homens e mulheres livres do mundo, todos aqueles que fazem da causa palestina a sua própria causa, a denunciar os governos que financiam e mantêm relações econômicas e políticas com o inimigo sionista em sua luta e combate diários, em suas denúncias e manifestações. O imperialismo norte-americano e europeu são os principais cúmplices e fornecedores das armas letais com as quais Israel massacra nosso povo. Nós os convocamos a atuar em todas as formas de resistência, tornando vivo o slogan: “Atrás do inimigo em todos os lugares”.

   Esse é o horror desencadeado pelo sionismo e pelo imperialismo. Dados divulgados pelo governo de Gaza:

● 69% das vítimas são crianças e mulheres. Não são números, são vidas dilaceradas, laceradas, mutiladas.

●3654 massacres

●51870 mártires e desaparecidos.

● 16927 crianças martirizadas, das quais 171 eram recém-nascidos e bebês e 710 crianças de um ano de idade.

●11487 mulheres mártires

●41870 mártires quando chegaram aos hospitais.

●986 médicos martirizados

●396 jornalistas feridos

●10000 desaparecidos

● 902 famílias foram mortas e completamente apagadas do Registro Civil.

●36 crianças morreram de fome

●175 jornalistas martirizados

●7 cemitérios de valas comuns feitos pelo exército israelense em hospitais, dos quais 530 corpos de mártires puderam ser retirados.

●96166 feridos

● 187 centros de abrigo foram atacados e destruídos.

●25973 crianças ficaram órfãs de um ou ambos os pais

●131 ambulâncias destruídas

 34 hospitais atacados, destruídos e desativados

● 85.000 toneladas de bombas e mísseis foram lançados na Faixa de Gaza.

● 85% da infraestrutura, casas e prédios foram destruídos

● 2.000.000 (dois milhões) de palestinos foram deslocados de suas casas e as casas foram destruídas.

● 1.737.524 (um milhão e setecentos e trinta e sete mil e quinhentos e vinte e quatro) sofrem de doenças transmissíveis devido às péssimas condições em que vivem, sendo que a maioria delas são crianças

●60.000 mulheres grávidas em risco de aborto espontâneo

● 350.000 pacientes com doenças crônicas em risco de morte devido à falta de medicamentos

●5000 prisioneiros palestinos detidos no total, incluindo 310 do serviço médico e 36 jornalistas.

● 100.000 barracas destruídas, queimadas ou danificadas, sem condições de serem habitadas.


   Diante da inutilidade da ONU, subjugada pelos Estados Unidos, onde o genocida Netanyahu continua a integrar seus membros, ela manifesta suas mentiras e crimes atrozes em que a Palestina não existe mais em seus mapas, depois de um ano em que a opinião pública do mundo foi enganada com uma suposta negociação que não levou a nada, e dilatou criminosamente o tempo enquanto o sionismo e o imperialismo massacravam mulheres e crianças. 

  Somos nós, os povos, que, com nossas ações nas ruas, nos eventos, na mídia, exigimos que o extermínio e o genocídio sejam interrompidos de uma vez por todas.

   Durante este ano, 26.000 manifestações em 619 cidades de 20 países europeus foram realizadas em apoio a Gaza. Ações em campi universitários dos EUA sob brutal repressão, juntamente com manifestações nas principais cidades dos EUA. Mobilizações, vigílias e eventos na América Latina, em todo o mundo.

   200 Ações para Gaza em 68 países de todos os continentes serão realizadas pelo Movimento Mundial de Poesia em outubro. Novos documentários, exposições, criações literárias e musicais serão a voz que nunca será silenciada.

  Em solidariedade a Gaza, pela retirada das tropas de ocupação sionistas e pela paz no mundo.

  Essas demonstrações de apoio à Palestina devem ser multiplicadas em todo o mundo.

  É hora de julgar e punir os sionistas israelenses por seus crimes de guerra genocidas na Palestina e no Líbano, com o boicote de todas as relações com o regime racista e fascista do apartheid israelense, que é inimigo de toda a humanidade e ameaça a paz e a segurança internacionais.

Exigimos:

-Ceasefire Now (Cessar-fogo agora) na Palestina

-Ceasefire Now ( cessar-fogo)  no Líbano

-O fim dos ataques a líderes políticos e religiosos na Palestina, no Líbano, no Irã, na Síria, no Iraque e no Iêmen.

-Fim da ocupação da Palestina por Israel

-Retorno dos refugiados e liberdade para todos os prisioneiros

 Apoiamos a Resistência Palestina em seu direito legítimo de recuperar e libertar seus territórios ocupados, em defesa de sua história e cultura e do direito sagrado à vida.

  Reafirmamos nossa declaração de 7 de outubro de 2023:           (https://encurtador.com.br/BfKJg)

 Nossos povos amam e anseiam pela Paz, com Justiça e Dignidade.

   Abraçamos com todo o nosso amor e solidariedade as mães palestinas e libanesas que perderam seus filhos. A todas as crianças e adolescentes órfãos. A todos aqueles que ficaram mutilados. Às crianças cujos pais e famílias foram massacrados. A todos aqueles que perderam suas casas. Aos jornalistas e veículos de mídia que fazem reportagens em meio à guerra. Aos poetas, escritores e artistas que continuam a criar em meio à dor brutal e à agressão. Aos religiosos que oram pelo povo. Aos professores que ensinam em meio à destruição. Aos médicos e profissionais de saúde: abençoadas sejam suas mãos. À Resistência Unida e Heroica: Abençoados sejam os punhos que se levantam e lutam contra o sionismo e o fascismo.

 

Viva a Palestina Livre do rio ao mar!

 

7 de outubro de 2024