16 de ago. de 2025

OS EUA E O COMBATE AO NARCOTRÁFICO COMO DESCULPA PARA O INTERVENCIONISMO.

                                   
Por Héctor Bernardo*.

O aumento da recompensa contra Maduro, o decreto de Donald Trump que permite às Forças Armadas dos EUA combaterem o narcotráfico em outros territórios, a lembrança da invasão do Panamá e as ameaças de Marco Rubio. Comentários de Stella Calloni.

    "A luta contra o terrorismo " , "a luta contra o narcotráfico" e "assistência em desastres" têm sido algumas das desculpas repetidas que sucessivos governos estadunidenses usaram — e continuam a usar — para justificar suas políticas intervencionistas. Um roteiro que, apesar do seu desgaste, ainda se repete. 

    Em 7 de agosto, a procuradora-geral dos EUA, Pamela ( “Pam” ) Bondi, anunciou em um vídeo postado nas redes sociais que a Casa Branca decidiu aumentar a recompensa oferecida por informações que levem à captura do presidente venezuelano Nicolás Maduro Moros para US$ 50 milhões.

   Durante seu discurso, Bondi, sem apresentar nenhuma prova, acusou o presidente venezuelano de liderar o "Cartel dos Sóis" e ter ligações com "El Tren de Aragua" e "El Cártel de Sinaloa"

   Durante a breve declaração, Bondi informou que “o Departamento de Justiça e o Departamento de Estado anunciaram uma recompensa histórica de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro ” .

   "Maduro usa organizações terroristas estrangeiras como Sinaloa e o Cartel dos Sóis para introduzir drogas letais e violência em nosso país ", disse o promotor.

    Por fim, no que parecia a sinopse de um roteiro ruim de Hollywood, o ex-procurador-geral do estado da Flórida afirmou que “o reinado de terror de Maduro continua. Ele é um dos maiores traficantes de drogas do mundo e uma ameaça à nossa segurança nacional. Portanto, dobramos sua recompensa para US$ 50 milhões. Sob a liderança do presidente Trump, Maduro não escapará da justiça e será responsabilizado por seus crimes desprezíveis.”


Mais recompensa do que para Bin Laden

    O anúncio de Bondi levantou várias questões para análise. A recompensa oferecida pelo governo dos Estados Unidos por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro, acusado de tráfico de drogas, remonta a 2020. Naquela época, durante o primeiro governo Trump, foram oferecidos US$ 15 milhões. O governo democrata de Joe Biden aumentou o valor para US$ 25 milhões, e agora o governo Trump o elevou para US$ 50 milhões.

    Um fato significativo é que a recompensa por Maduro é o dobro daquela oferecida na época pelo então líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden (25 milhões), que foi responsabilizado pelo atentado de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas (Nova York) e o Pentágono (Arlington, Virgínia), que foi o maior ataque terrorista em solo americano, deixando cerca de 3.000 mortos e 6.000 feridos.

    Outro dado importante é que, segundo o The New York Times, logo após o anúncio do Procurador-Geral, o presidente americano Donald Trump assinou uma ordem executiva (semelhante a um decreto) que permite às Forças Armadas dos Estados Unidos combaterem cartéis de drogas (que o governo estadunidense classificou como grupos terroristas) no território de outros países [1].


“Ridículo” e “patético”

    O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, descreveu a declaração do promotor estadunidense como "a recompensa patética de Pamela Bondi é a cortina de fumaça mais ridícula que já vimos".

    O ministro das Relações Exteriores sustentou que "o programa deles é uma piada, uma distração desesperada para a própria miséria. A dignidade do nosso país não está à venda. Condenamos essa grosseira operação de propaganda política", declarou o ministro das Relações Exteriores.

    O presidente venezuelano recebeu apoio das Forças Armadas e de Segurança, que rejeitaram a declaração de Bondi e a classificaram como um ataque à soberania do país. Milhares de cidadãos se manifestaram nas ruas de Caracas em apoio ao presidente.

    Por sua vez, o presidente Maduro afirmou que está provado que "o trânsito da cocaína colombiana foi para o Oceano Pacífico, correto? E desde a tomada do poder pela oligarquia do narcotráfico com influência albanesa, do presidente Lasso e agora do presidente fraudulento, Daniel Noboa, gangues criminosas tomaram conta do Equador".

    Maduro enfatizou que é pelos portos do Equador (governado por Daniel Noboa) e do Peru (governado por Dina Boluarte) que a cocaína produzida sai da região e chega aos Estados Unidos.

                                      

A memória da invasão do Panamá

   Em fevereiro de 1988, os Estados Unidos acusaram o general panamenho Manuel Noriega de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro e ordenaram sua prisão. O que parecia apenas mais uma bravata se materializou na invasão do Panamá pelo Comando Sul dos EUA em 20 de dezembro de 1989.

    Sob o pretexto de combater o narcotráfico, o governo George W. Bush (1989-1993) ordenou a invasão daquele pequeno país. O ataque, apelidado de "Operação Causa Justa" pela Casa Branca, deixou milhares de panamenhos mortos (números oficiais indicam pouco mais de 500 mortes; números não oficiais apontam para mais de 4.000), o sequestro e a transferência do General Noriega para os Estados Unidos (onde permaneceu preso por 17 anos), a instalação de um governo fantoche e a consolidação dos interesses geopolíticos americanos sobre o Canal do Panamá.

    Em declarações à PIA Global, a jornalista e escritora Stella Calloni declarou: "Há semelhanças e diferenças entre o que aconteceu com o general Noriega no Panamá e o que eles estão tentando fazer contra Maduro na Venezuela."

    Calloni explicou que "a principal semelhança é que se trata de uma narrativa que vem sendo repetida ad nauseam. A desculpa do combate ao narcotráfico é usada para ocultar interesses geopolíticos: no caso do Panamá, o controle do canal; no da Venezuela, o controle de seus recursos naturais, especialmente o petróleo. "

   “Mas a Venezuela não é o Panamá. O Panamá tinha pouco mais de 2 milhões de habitantes, 600 mil pessoas na capital, e as Forças de Defesa tinham apenas 5 mil membros, muito mal armados. Noriega liderava a força, que era muito pequena e não tinha aeronaves nem tanques. É também por isso que a força utilizada foi completamente desproporcional. A Venezuela tem uma força militar muito mais bem preparada e armada”, afirmou.

   Calloni, que estava no Panamá na época da invasão de 1989, é autora — entre muitos outros livros — de “Panamá: Pequena Hiroshima”, no qual narra a invasão e analisa os interesses por trás dela; “Operação Condor: Pacto Criminoso” , uma investigação aprofundada sobre como a CIA e o Departamento de Estado dos EUA se coordenaram com ditaduras no Cone Sul para atacar alvos além de suas fronteiras; “Recolonização ou Independência — América Latina no Século XXI” , no qual — em coautoria com Víctor Ego Ducrot — analisa as políticas dos EUA para a região; e inúmeros artigos sobre esses temas.

 

Nicolás Maduro e os EUA recompensam sua captura. | Foto: Getty e AP

A desculpa recorrente

  A analista sustentou que "essa acusação contra Maduro não tem fundamento, mas permite que mantenham uma postura agressiva em relação à Venezuela. Quando não encontram argumentos para atacar um país, buscam difundir a narrativa de terrorismo ou narcotráfico, ou de que esse país se tornou, segundo eles, uma ameaça à segurança dos Estados Unidos “. Sheinbaum e Petro entenderam isso claramente.

   Calloni estava se referindo às declarações da presidente mexicana Claudia Sheinbaum e do presidente colombiano Gustavo Petro, que contestaram as acusações da promotora Bondi.

    Sheinbaum declarou: “É a primeira vez que ouvimos falar disso. Não há nenhuma investigação do México sobre isso. Nada. Como sempre dizemos: se você tem alguma evidência, mostre. Não temos nenhuma evidência disso.

   Na mesma linha, Petro sustentou: "Colômbia e Venezuela são o mesmo povo, a mesma bandeira, a mesma história". Ele acrescentou que "qualquer operação militar que não tenha a aprovação de nossos países irmãos é uma agressão contra a América Latina e o Caribe “.


Marco Rubio, o Militante da Violência 

   Não satisfeito com a recompensa de 50 milhões de dólares oferecida pelo seu próprio governo, o secretário de Estado estadunidense, Marco Rubio, em declarações à imprensa, declarou: “Temos de confrontar estas pessoas, e temos de o fazer com mais do que apenas recompensas”.

    Referindo-se a Maduro, Rubio declarou: “Não reconhecemos a legitimidade do seu governo. O que ele é é o chefe de uma organização logística dedicada ao narcotráfico, um cartel, o Cartel dos Sóis, que é basicamente comandado pelos militares (...) um regime narcoterrorista que tomou conta do território venezuelano.”

    Segundo o jornal Infobae, quando Rubio foi questionado sobre informações sobre um possível envio de forças navais estadunidenses ao Caribe, declarou: “As drogas são uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos. São grupos que operam impunemente em águas internacionais, simplesmente exportando veneno para os Estados Unidos, o que está matando, o que está destruindo comunidades. Esses grupos serão confrontados.” [2)

    Calloni enfatizou que "é necessário entender que o lobby cubano-americano esteve envolvido na Operação Phoenix (no Sudeste Asiático), na Operação Gladio (na Europa) e na Operação Condor (nas Américas)".

    "Esse lobby agora está ligado ao lobby sionista, e Marco Rubio, o Secretário de Estado dos EUA, é o rosto político dos terroristas cubano-americanos que devastaram Cuba e outros países da região ", concluiu Calloni.

Héctor Bernardo* Jornalista, escritor e professor de Introdução ao Pensamento Social e Político Contemporâneo – Faculdade de Jornalismo e Comunicação Social – UNLP. Membro da equipe PIA Global. 

Foto da capa: thetricontinental.org/

Referências: 

[1] https://www.nytimes.com/es/2025/08/08/espanol/estados-unidos/trump-carteles-ejercito.html

[2] https://www.infobae.com/estados-unidos/2025/08/14/marco-rubio-el-regimen-de-nicolas-maduro-no-es-un-gobierno-es-una-organizacion-criminal/

 https://noticiaspia.com/ee-uu-y-la-lucha-contra-el-narcotrafico-como-excusa-para-el-intervencionismo/

Trad: @comitecarioca21



13 de ago. de 2025

FIDEL. 99 ANOS. (+vídeos)

      AGRADECIDOS

    A canção de Raúl Torres resumiu tudo para todos. E todos podem contar essa verdade desde o momento em que o conheceram: as palavras que os comoveram, a coragem diante de cada inimigo, a gentileza com um amigo, o raciocínio real e positivo diante de cada problema, o sorriso contagiante e compreensivo, a mão colocada no ombro em sinal de encorajamento e confiança.

    Fidel é o Comandante-em-Chefe do povo cubano porque o conquistou com seu exemplo e sua obra. Ninguém poderia exigir do povo os sacrifícios mais duros nos momentos mais tempestuosos, assim como ninguém inspirou atos e esforços mais heroicos do que sua própria pegada verde-oliva, desde a Sierra Maestra até aquele discurso na Universidade de Havana, em que nos alertou sobre todos os perigos de destruir uma Revolução.

    Muitos de nós somos filhos rebeldes de Fidel. Estivemos presentes em seu discurso em 28 de setembro de 2010, em frente ao antigo Palácio Presidencial, onde o fotojornalista e documentarista Roberto Chile capturou a imagem do boné com a estrela, símbolo e guia, luz e esperança, justiça e paz.

Compartilhamos a imagem como um presente em seu 99º aniversário.

    Hoje precisamos da sua força terrena para superar os obstáculos mais difíceis; da sua sinceridade para retratar cada passo que damos e inspirar otimismo; da sua vontade de abrir novos caminhos e tornar possível o que muitos dizem ser impossível; e da sua liderança não baseada em cargos políticos, mas na sua maneira de se comunicar, conduzir a política e viver junto com a respiração do seu povo.

                


    A canção de Raúl Torres resumiu tudo para todos. Somos filhos de um pai que, poucas horas antes de seu aniversário, lembramos simplesmente como o maior, o mais fiel, que cometeu erros como nós em muitas coisas, mas nunca traiu seus princípios e nunca aceitou elogios imerecidos. É por isso que nos juntamos a ele mais uma vez nesta celebração. Os agradecidos, os seus agradecidos.

                                            

#FidelPorSiempre: “Foi a união que nos fez triunfar, foi a união que nos deu a capacidade de vencer, foi a união que nos deu forças para resistir com sucesso ao império mais poderoso que já existiu.” #IzquierdaLatina #100AñosConFidel.

https://www.trabajadores.cu/20250810/agradecidos-2/

@comitecarioca21                         



AQUI UMA LINDA HOMENAGEM DO CENTRO FIDEL CASTRO RUZ EM HAVANA:







11 de ago. de 2025

A QUE PONTO SE CHEGA. PATÉTICO.


           Cuba  condena recompensa dos EUA por Maduro: "Ato ilegal e imoral" 

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel rejeitou em sua conta no X (antigo Twitter) a nova medida dos EUA de oferecer uma recompensa por informações que levem à captura do presidente legítimo da Venezuela, Nicolás Maduro, acusando o governo de "se apresentar como um juiz global" para justificar sanções e ações unilaterais contra aquele país sul-americano.

"Mais uma vez, o governo dos EUA se apresenta como um 'juiz global' para justificar suas medidas ilegais e unilaterais contra a Venezuela e seu presidente legítimo, Nicolás Maduro", escreveu Díaz-Canel.

                                      

O governo dos Estados Unidos é mais uma vez alvo de críticas internacionais após anunciar uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Maduro, acusando-o de supostas ligações com o tráfico de drogas.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, condenou o que chamou de "fraude de propaganda", afirmando que a recompensa viola o direito internacional.

"Condenamos a recompensa fraudulenta anunciada pelo governo dos EUA contra o legítimo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o que constitui um novo ato de agressão contra essa nação irmã", afirmou.

De Caracas, o Ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, descreveu o anúncio da Procuradora-Geral dos EUA, Pamela Bondi, como "a cortina de fumaça mais ridícula" que já viu.  Em mensagem publicada no Telegram, Gil afirmou que a medida visa apenas "agradar à oposição venezuelana" e desviar a atenção das "conspirações terroristas orquestradas pelos EUA".

"A recompensa patética de Pamela Bondi é a cortina de fumaça mais ridícula que já vimos. Enquanto desmantelamos os planos terroristas orquestrados em seu país, essa mulher está armando um circo midiático para agradar a extrema direita derrotada na Venezuela", escreveu ele.

O governo venezuelano insistiu que as acusações de tráfico de drogas são infundadas e fazem parte de uma campanha de desestabilização impulsionada por Washington, que mantém sanções econômicas contra o país há anos.

https://cubaenresumen.org/2025/08/08/cuba-condena-recompensa-de-eeuu-contra-maduro-acto-ilegal-y-sin-moral/

MAIS:

Gustavo Petro reage a intervencionismo dos Estados Unidos na Venezuela

https://noticiabrasil.net.br/20250810/42200870.html


MAIS:

Rechazamos el intento de ataque militar de Trump contra Venezuela. Alba Movimentos :

https://www.instagram.com/p/DNOGnr3xJMr/?img_index=6&igsh=bzdvenlncWdvb2Fn


 MAIS :


O ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, informou que foi neutralizado um plano terrorista na Praça Venezuela, previsto para o último domingo. 

O objetivo: detonar 3 quilos de TNT no monumento Victoria da Grande Guerra Patriótica.

🔍 Detalhes importantes:

✔️ O principal implicado, José Daniel García Ortega, foi contratado por US$ 20.000 para colocar o explosivo.

✔️ O artefato seria acionado por controle remoto (via telefone analógico).

✔️ A rede envolvia os apelidos “El Flaco” e “La Nena”.

✔️ García recebeu o material no metrô El Valle e planejava fugir para a Colômbia, mas foi capturado em Táchira.


💬 “Declarações de porta-vozes da oposição ajudaram a ativar protocolos de segurança a tempo” — Diosdado Cabello.

⚠️ As autoridades garantem que o explosivo foi desativado antes da hora programada (11h32).

A Plaza Venezuela, localizada no centro de Caracas, concentra um grande fluxo de pessoas e conta com infraestrutura sensível. Segundo Cabello, a combinação de TNT e gás teria provocado uma reação em cadeia, afetando o transporte, a infraestrutura e provocando incêndios, com graves consequências humanas e materiais.

Por AMayadeen

https://www.instagram.com/p/DNJgr59hMsq/?igsh=MWs2dmVhZWJhbTYxNQ==

Traduções/edição: @comitecarioca21

9 de ago. de 2025

LER E REPENSAR. UM ACONTECIMENTO DESPERCEBIDO ? (port/esp)

                                 

Um artigo de Fernando Buen Abad (México) (Oitenta anos após Hiroshima e Nagasaki, um acontecimento que, na minha opinião, passou quase despercebido)

Hiroshima e Nagasaki: Semiótica do Horror

    Toda a história do século XX está marcada por feridas que não cicatrizam. Duas delas, Hiroshima e Nagasaki, não são simples episódios do passado: são sinais ardentes, nódulos semióticos de uma violência imperialista que se perpetua e se renova. Décadas se passaram desde que os Estados Unidos lançaram as primeiras bombas atômicas sobre a população civil, mas o horror não foi desmontado, não foi julgado, não foi reparado. A “era nuclear” não se encerrou: institucionalizou-se como uma nova forma de chantagem política e dominação ideológica. Uma mensagem assassina contra todo projeto socialista, usando o Japão como caixa de ressonância mundial.

    A partir de nossa Filosofia da Semiose, e com os princípios do Humanismo de Novo Gênero, é urgente uma crítica profunda que não se limite à condenação moral superficial ou ao revisionismo inócuo. O que aconteceu no Japão em agosto de 1945 foi uma operação completa de semiose capitalista macabra: o capital, em sua fase imperialista, falou com a linguagem mais brutal possível.

    Não só destruiu cidades, como instaurou um regime de signos cujo objetivo era disciplinar toda a humanidade através do medo tecnologicamente gerido. Este texto não pretende comemorar. Pretende desativar a bomba semiótica que continua a explodir todos os dias.

      Um poder que não age apenas com bombas, mas com sinais de extorsão burguesa. A operação atômica de Hiroshima e Nagasaki não foi apenas ódio de classe bélico: foi uma comunicação de morte dirigida a todo o planeta. A mensagem era clara: quem não se submeter à ordem capitalista será destruído sem contemplação, sem ética, sem responsabilidade histórica. Sua bomba foi projetada não apenas para matar, mas para significar. Em um cenário em que o Japão já estava militarmente derrotado e buscava a rendição, o ataque atômico era desnecessário do ponto de vista militar. Mas era absolutamente necessário do ponto de vista semiótico imperialista. Era o nascimento de uma nova ordem de signos: a era da chantagem nuclear, a era do controle simbólico por meio da destruição exemplar.

    Seus cogumelos nucleares não se ergueram apenas como fenômenos físicos: tornaram-se ícones propagandísticos. A imagem do cogumelo atômico foi rapidamente integrada à cultura visual do pós-guerra. Em vez de ser um símbolo de horror, foi estetizada, esvaziada de seu conteúdo crítico, transformada em arte pop, em ironia, em advertência asséptica. Assim, o poder imperial alcançou um duplo objetivo: destruir materialmente e neutralizar simbolicamente a resistência. Um dos escândalos mais eloquentes de Hiroshima e Nagasaki é o silêncio cúmplice de muitas correntes intelectuais liberais. Enquanto milhares de corpos eram calcinados, o humanismo burguês se reunia em retóricas ambíguas. Refugiava-se em categorias abstratas como “os fins justificam os meios” ou “a lógica da guerra”.

                                     


    Mas o Humanismo de Novo Gênero não aceita essa covardia ética. Ele compreende que toda estrutura semiótica é atravessada por relações de classe e que o humanismo tradicional serviu historicamente para legitimar a barbárie quando esta beneficia as elites. Não basta proclamar amor ao ser humano em geral. É preciso assumir que esse “ser humano” está dividido por classes, por raças, por gêneros, por geografias. E que existe um tipo específico de humanidade – a humanidade proletarizada, racializada, colonizada – que foi vítima de Hiroshima e Nagasaki. A neutralidade diante desse crime é, em si mesma, uma forma de participação no crime. O silêncio é uma forma de autorização. O eufemismo é uma forma de cumplicidade. E a estetização do horror é uma forma de legitimação simbólica.

     A partir de nossa postura como Filosofia da Semiose, Hiroshima não pode ser interpretada simplesmente como um acontecimento “físico” ou “militar”. É um relato com sentido condensado, uma unidade semiótica de altíssima densidade histórico-criminal. A bomba atômica foi o produto final de uma longa cadeia de mediações simbólicas, ideológicas, técnicas e econômicas. Foi o resultado de uma semiose planejada pelo capitalismo, que transformou a ciência em tecnologia de extermínio. As ciências físicas, a serviço do capitalismo, não produzem neutralidade, produzem devastação com cálculo.

     O conhecimento científico, se não for atravessado por uma ética revolucionária, pode ser instrumentalizado como ferramenta de opressão e repressão. Sua bomba é, então, o epítome da semiose capitalista: toma a matéria, transforma-a em poder destrutivo e acrescenta-lhe um sentido burguês. Não basta matar: é preciso fazê-lo de tal forma que a morte funcione como mensagem disciplinadora e como um negócio histórico.

 Cada cidade bombardeada se tornou um signo. Cada corpo carbonizado foi um texto tatuado na memória dos povos. Cada fotografia dos efeitos da radiação faz parte de uma pedagogia do horror que o capitalismo continua administrando para impor sua hegemonia. O mais perturbador é como Hiroshima foi absorvida pela cultura de massa e transformada em entretenimento. A memória do crime foi substituída por sua representação espetacular. Filmes, quadrinhos, videogames e até propagandas têm usado o imaginário nuclear como atrativo visual.

    Este fenômeno não é acidental: faz parte do dispositivo semiótico de normalização do terror. A estetização do cogumelo atômico é uma estratégia de neutralização de sua carga política. Trata-se de esvaziar o signo de seu conteúdo histórico para que possa ser consumido sem culpa. O capitalismo se apropria do horror e o transforma em mercadoria simbólica. A cultura hegemônica não distorce Hiroshima para evitar que se repita, mas para consolidar sua narrativa de poder: “Vejam do que somos capazes”. Sua bomba deixou de ser um aviso para se tornar um ícone da supremacia tecnológica. Assim, produz-se uma semiótica invertida: o que deveria ser o símbolo do limite moral da humanidade tornou-se o símbolo da onipotência do império.

    A partir de nossa visão com Humanismo de Novo Gênero, o crime em massa se impõe como tema político. Não deve ser diluído com compaixão passiva, mas com compromisso ativo. Acreditar que Hiroshima foi uma exceção histórica é um erro. Foi o início de uma nova forma de guerra. Desde então, a lógica do extermínio como forma de comunicação política se globalizou. As intervenções da OTAN, os drones assassinos, as sanções econômicas que matam populações inteiras são formas derivadas de Hiroshima. Os meios mudam, mas a semiose permanece: o uso da morte como mensagem. Hiroshima foi o laboratório semiótico perfeito.

       A expansão desse modelo é vista hoje na Palestina, no Iêmen, na Líbia, na Síria, no Haiti, na Venezuela, no Irã. O capitalismo já não precisa apenas de bombas atômicas para disciplinar, ele também usa seus meios de comunicação, algoritmos, bloqueios e desinformação como máquinas de guerra cognitiva. Diante desse dispositivo de dominação simbólica, o Humanismo de Novo Gênero propõe uma contra semiótica.

    Não se trata apenas de protestar, mas de gerar novos sentidos, novas formas de narrar a história, novas práticas de memória ativa. A crítica não deve se limitar à análise. Deve se organizar como intervenção. É preciso criar espaços onde a memória de Hiroshima seja politizada, não museificada. É preciso devolver a esse signo seu poder transformador. Nossa Filosofia da Semiótica deve se colocar a serviço da emancipação.

      Não pode ser neutra nem “acadêmica” no sentido burocrático burguês. Deve articular teoria com prática, linguagem com organização, crítica com ação coletiva. Não se trata apenas de construir “outra narrativa”, é preciso desmontar o sistema de signos do capital. Não se trata de contar melhor a história, mas de transformar seu curso. Hiroshima e Nagasaki não são passado. São presente permanente.

      A bomba continua caindo, não com urânio enriquecido, mas com significados empobrecidos, com imagens manipuladas, com discursos legitimadores. Nosso Humanismo de Novo Gênero não esquece. Não perdoa. Não neutraliza nem naturaliza. Assume a dor de Hiroshima como ponto de partida para uma ética revolucionária. Assume a responsabilidade de interromper a cadeia de signos que perpetuam a barbárie. Enquanto o crime continuar impune, a crítica não pode parar. Enquanto os responsáveis continuarem governando o mundo, a semiose emancipadora deve se aprofundar. Nossa tarefa não é apenas lembrar ou lamentar Hiroshima, mas impedir que se repita em cada canto do planeta. E para isso, é preciso mais do que memória: é preciso organização, linguagem, filosofia, luta. Plano de luta semiótica.                           



Hiroshima y Nagasaki: Semiótica del Horror

Fernando Buen Abad

Toda la historia del siglo XX está marcada por heridas que no cicatrizan. Dos de ellas, Hiroshima y Nagasaki, no son simples episodios del pasado: son signos ardientes, nódulos semióticos de una violencia imperialista que se perpetúa y se renueva. Han pasado décadas desde que Estados Unidos lanzó las primeras bombas atómicas sobre población civil, pero el horror no ha sido desmontado, no ha sido juzgado, no ha sido reparado. La “era nuclear” no se cerró: se institucionalizó como una nueva forma de chantaje político y dominación ideológica. Un mensaje asesino contra todo proyecto socialista usando a Japón como caja de resonancia mundial.

Desde nuestra Filosofía de la Semiosis, y con los principios del Humanismo de Nuevo Género, urge una crítica profunda que no se quede en la condena moral superficial ni en el revisionismo inocuo. Lo que sucedió en Japón en agosto de 1945 fue una operación completa de semiosis macabra capitalista: el capital, en su fase imperialista, habló con el lenguaje más brutal posible. No sólo destruyó ciudades; instauró un régimen de signos cuyo objetivo era disciplinar a la humanidad entera mediante el miedo tecnológicamente gestionado.

Este texto no pretende conmemorar. Pretende desactivar la bomba semiótica que sigue explotando cada día. Un poder que no actúa sólo con bombas, sino con signos de extorsión burguesa. La operación atómica de Hiroshima y Nagasaki no fue sólo odio de clase bélico: fue una comunicación de muerte dirigida al planeta entero. El mensaje era claro: quien no se someta al orden capitalista será destruido sin contemplación, sin ética, sin responsabilidad histórica. Su bomba fue diseñada no sólo para matar, sino para significar. En un escenario donde Japón ya estaba militarmente derrotado y buscaba la rendición, el ataque atómico fue innecesario desde el punto de vista militar. Pero fue absolutamente necesario desde el punto de vista semiótico imperialista. Era el nacimiento de un nuevo orden de signos: la era del chantaje nuclear, la era del control simbólico mediante la destrucción ejemplar.

Sus hongos nucleares no sólo se alzaron como fenómenos físicos: se convirtieron en íconos propagandísticos. La imagen del hongo atómico fue rápidamente integrada a la cultura visual de la posguerra. En lugar de ser símbolo de horror, fue estetizada, vaciada de su carga crítica, convertida en arte pop, en ironía, en advertencia aséptica. Así, el poder imperial logró un objetivo doble: destruir materialmente y neutralizar simbólicamente la resistencia. Uno de los escándalos más elocuentes de Hiroshima y Nagasaki es el silencio cómplice de muchas corrientes intelectuales liberales. Mientras miles de cuerpos eran calcinados, el humanismo burgués se replegaba en retóricas ambiguas. Se refugiaba en categorías abstractas como “el fin justifica los medios” o “la lógica de la guerra”.

Pero el Humanismo de Nuevo Género no acepta esa cobardía ética. Comprende que cada estructura semiótica está atravesada por relaciones de clase, y que el humanismo tradicional ha servido históricamente para legitimar la barbarie cuando esta beneficia a las élites. No basta con proclamar amor al ser humano en general. Hay que asumir que ese “ser humano” está dividido por clases, por razas, por géneros, por geografías. Y que hay un tipo específico de humanidad –la humanidad proletarizada, racializada, colonizada– que fue la víctima de Hiroshima y Nagasaki. La neutralidad ante este crimen es, en sí misma, una forma de participación en el crimen. El silencio es una forma de autorización. El eufemismo es una forma de complicidad. Y la estetización del horror es una forma de legitimación simbólica.

                                             


Desde nuestra postura como Filosofía de la Semiosis, Hiroshima no puede interpretarse simplemente como un acontecimiento “físico” o “militar”. Es un relato con sentido condensado, una unidad semiótica de altísima densidad histórico-criminal. La bomba atómica fue el producto final de una larga cadena de mediaciones simbólicas, ideológicas, técnicas y económicas. Fue el resultado de una semiosis planificada por el capitalismo, que convirtió la ciencia en tecnología de exterminio. Las ciencias físicas, al servicio del capitalismo, no producen neutralidad, producen devastación con cálculo. El conocimiento científico, si no está atravesado por una ética revolucionaria, puede ser instrumentalizado como herramienta de opresión y represión.

Su bomba es, entonces, el epítome de la semiosis capitalista: toma la materia, la convierte en poder destructivo, y le agrega un sentido burgués. No basta con matar: hay que hacerlo de tal forma que la muerte funcione como mensaje disciplinador y como un negocio histórico. Cada ciudad bombardeada se volvió un signo. Cada cuerpo carbonizado fue un texto tatuado en la memoria de los pueblos. Cada fotografía de los efectos de la radiación es parte de una pedagogía del horror que el capitalismo sigue administrando para imponer su hegemonía. Lo más perturbador es cómo Hiroshima fue absorbido por la cultura de masas y convertido en entretenimiento. La memoria del crimen fue desplazada por su representación espectacular. Películas, cómics, videojuegos y hasta publicidades han utilizado el imaginario nuclear como atractivo visual.

Este fenómeno no es accidental: es parte del dispositivo semiótico de normalización del terror. La estetización del hongo atómico es una estrategia de neutralización de su carga política. Se trata de vaciar el signo de su contenido histórico para que pueda ser consumido sin culpa. El capitalismo se apropia del horror y lo convierte en mercancía simbólica. La cultura hegemónica no distorsiona Hiroshima para evitar que se repita, sino para consolidar su relato de poder: “Miren lo que somos capaces de hacer”. Su bomba dejó de ser una advertencia para convertirse en un ícono de supremacía tecnológica. Así se produce una semiótica invertida: lo que debió ser el símbolo del límite moral de la humanidad se convirtió en el símbolo de la omnipotencia del imperio.

Desde nuestra visión con Humanismo de Nuevo Género, crimen masivo se impone como sujeto político. No debe ser diluido con compasión pasiva, sino con compromiso activo. Creer que Hiroshima fue una excepción histórica es un error. Fue el inicio de una nueva forma de guerra. Desde entonces, la lógica del exterminio como forma de comunicación política se ha globalizado. Las intervenciones de la OTAN, los drones asesinos, las sanciones económicas que matan poblaciones enteras, son formas derivadas de Hiroshima. Cambian los medios, pero se mantiene la semiosis: el uso de la muerte como mensaje. Hiroshima fue el laboratorio semiótico perfecto. La expansión de ese modelo se ve hoy en Palestina, en Yemen, en Libia, en Siria, en Haití, en Venezuela, en Irán. El capitalismo ya no necesita sólo bombas atómicas para disciplinar, usa también sus medios de comunicación, algoritmos, bloqueos y desinformación como máquinas de guerra cognitiva.

Frente a este dispositivo de dominación simbólica, el Humanismo de Nuevo Género propone una contra-semiosis. No se trata sólo de protestar, sino de generar nuevos sentidos, nuevas formas de narrar la historia, nuevas prácticas de memoria activa. La crítica no debe limitarse al análisis. Debe organizarse como intervención. Hay que crear espacios donde la memoria de Hiroshima sea politizada, no museificada. Hay que devolverle a ese signo su potencia transformadora. Nuestra Filosofía de la Semiosis debe ponerse al servicio de la emancipación. No puede ser neutra ni “académica” en el sentido burocrático burgués. Debe articular teoría con práctica, lenguaje con organización, crítica con acción colectiva.

No se trata sólo de construir “otro relato”, hay que desmontar el sistema de signos del capital. No se trata de contar mejor la historia, sino de transformar su curso. Hiroshima y Nagasaki no son pasado. Son presente permanente. La bomba sigue cayendo, no con uranio enriquecido, sino con significados empobrecidos, con imágenes manipuladas, con discursos legitimadores. Nuestro Humanismo de Nuevo Género no olvida. No perdona. No neutraliza ni naturaliza. Asume el dolor de Hiroshima como punto de partida para una ética revolucionaria. Asume la responsabilidad de interrumpir la cadena de signos que perpetúan la barbarie. Mientras el crimen siga impune, la crítica no puede detenerse. Mientras los responsables sigan gobernando el mundo, la semiosis emancipadora debe profundizarse. Nuestra tarea no es sólo recordar o lloriquear Hiroshima, sino impedir que se repita en cada esquina del planeta. Y para eso, se necesita más que memoria: se necesita organización, lenguaje, filosofía, lucha. Plan de lucha semiótica.

                                    



Tradução/edição: @comitecarioca21 




6 de ago. de 2025

“Não existe no governo dos Estados Unidos a intenção de aliviar em nada o peso dessa guerra econômica contra o povo cubano, pelo menos por enquanto...”

                                           

Do fb do Vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba Carlos Fernández de Cossío.

"É importante lembrar que o objetivo dos EUA e o sentido de suas ações em relação a Cuba são destruir a economia nacional, minar nossa infraestrutura e colocar os maiores obstáculos financeiros, comerciais e tecnológicos para impedir sua recuperação. Não existe no governo estadunidense a intenção de aliviar de alguma forma o peso dessa guerra econômica contra o povo de Cuba, pelo menos por enquanto.

Não é um segredo, mas uma política ostensivamente declarada e sustentada por leis e dezenas e dezenas de medidas coercitivas específicas. O objetivo, desde que surgiu essa agressão, é quebrar a vontade do povo cubano, conforme eles mesmos definiram, ou seja, romper o apoio esmagador do povo à Revolução e puni-lo com esse fim. Não é promover a democracia, mas exatamente o contrário.

De vez em quando, surgem contos de fadas, concebidos para confundir, gerar falsas expectativas e a consequente decepção. Faz parte da guerra cognitiva e comunicacional. A recuperação do sistema elétrico é uma responsabilidade nacional, extremamente difícil e desafiadora, mas que será alcançada com nosso próprio esforço".

 

NT: Veja aqui o documento inicial sobre os motivos do bloqueio: https://encurtador.com.br/KLwGA

                                    

Fernández de Cossío denunciou a intensificação da guerra econômica, midiática e cognitiva dos EUA contra a ilha.

    Em 3 de agosto, o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossío, denunciou as tentativas do imperialismo de desestabilizar o país durante o verão de 2025, intensificando a guerra econômica, midiática e cognitiva contra a Revolução.

     Em declarações contundentes, Fernández de Cossío afirmou que o objetivo dessas ações é perturbar a paz social, gerar caos e desmoralizar o povo cubano. No entanto, reafirmou a determinação de Cuba em resistir e vencer:  "A batalha é dura e muito desigual, mas devemos travá-la, e temos o que é preciso. Nós venceremos! "

    O vice-ministro também criticou o papel de políticos anticubanos, que ele descreveu como “fantoches” que servem a interesses externos, buscando se beneficiar de uma suposta “piñata" *política enquanto traem aqueles que dizem representar.

    Diante desses ataques, Cuba continua fortalecendo sua defesa, a unidade popular e a confiança em suas instituições. Fernández de Cossío enfatizou que, apesar das dificuldades, o povo cubano permanece inabalável e segue em frente com a convicção de que a vitória será sua.

Texto de Carlos Fernández de Cossío nas redes sociais

"O imperialismo embarcou em um esforço extraordinário para desestabilizar Cuba neste verão, perturbar a paz e a tranquilidade de seus cidadãos e mergulhar o país em um estado de crise e confronto.

A intensificação da guerra econômica tem esse objetivo e se baseia nesse resultado. Ela a complementa com a outra guerra, a guerra cognitiva e comunicacional, que visa deprimir o moral, gerar confusão e irritação e desacreditar todos os esforços para superar dificuldades, atender às necessidades básicas e aliviar o impacto da agressão implacável.

Políticos anticubanos estão à solta, tentando ganhar terreno para conquistar a esperada piñata e tentando esconder o oportunismo evidente com que traem aqueles que afirmam representar. São marionetes, não tomadores de decisão.

A batalha é dura e muito desigual, mas precisamos lutar, e temos o que é preciso. Venceremos!”


 https://www.resumenlatinoamericano.org/2025/08/04/cuba-fernandez-de-cossio-denuncio-intensificacion-de-la-guerra-economica-mediatica-y-cognitiva-de-eeuu-contra-la-isla/

Trad: @comitecarioca21

*NT: Uma piñata é um objeto decorativo, geralmente feito de papel machê ou outro material semelhante, que é preenchido com doces, brinquedos e outras pequenas surpresas. É tradicionalmente usado em festas e celebrações, especialmente em países de língua espanhola e em algumas regiões do Brasil. O objetivo é que os participantes, vendados, acertem a piñata com um bastão até que ela se rompa e libere o conteúdo.

                                 


4 de ago. de 2025

“Em Cuba, aprendi a curar o corpo olhando a partir da alma”: Sarah Almusbahi, uma estadunidense formada pela ELAM

Sarah Almusbahi (primeira da esquerda para a direita) com alguns dos estudantes estadunidenses recém-formados na faculdade de medicina em Cuba. Foto: Retirada do Cubaminrex.

            

       Se não fosse pelo hijab (véu), que revela sua ascendência árabe, seria fácil chamar aquela médica de cubana só de olhar para seus gestos, seu andar, sua capacidade de se comunicar, sorrir e fazer amigos por onde passa. Embora ser "altamente sociável" não seja exclusividade desta ilha caribenha, quem vem de outros lugares sabe que o calor que emanamos toca corações e deixa uma marca permanente.

    A informação foi repassada ao Granma pela médica estadunidense-iemenita Sarah Almusbahi, uma das 11 alunas que celebraram sua formatura na semana passada em Cuba, graças ao programa de bolsas de estudo da Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), na maior das Antilhas, e da Fundação Inter-religiosa para Organização Comunitária (IFCO) - Pastores pela Paz.

 

"EU VOU PARA A ILHA"

    "Minha atração pela medicina era mais por servir às pessoas nos centros urbanos dos Estados Unidos, mas eu não sabia como fazer isso. Eu buscava uma oportunidade de estudar de uma forma que não exigisse empréstimos, um caminho que me proporcionasse o status social de uma família da classe trabalhadora, sem nos colocar em apuros, sem ter que me endividar."

     É assim que Sarah relembra suas motivações para estudar medicina em Cuba em vez dos Estados Unidos. Ela explica que, na época em que decidiu se tornar uma " médica internacional ", não havia um grande programa de bolsas de estudo em seu país ao qual ela pudesse se candidatar.

      "Eu estava procurando opções e encontrei Cuba, a Ilha. Li quase tudo na internet. Assisti aos vídeos da faculdade no YouTube e disse a mim mesma que aquilo não podia ser real. Era exatamente o que eu procurava." Apesar da própria descrença, Sarah disse que entrou em contato com um graduado da ELAM que atuava nos EUA, que confirmou o que ela já havia visto em sua pesquisa. "Eu não podia abrir mão dos meus sonhos. Disse a mim mesma: preciso me candidatar. Vou para a Ilha."

 

A ACADEMIA, A ENERGIA CUBANA

   "Minha trajetória acadêmica foi significativa para mim. Vim estudar medicina e pude fazê-lo. A paixão dos professores é evidente à distância, até na maneira como se movimentam, e mesmo quando há dificuldades, eles sempre dão tudo de si. Lembro-me do reitor, quando estávamos na ELAM, sempre dizendo: 'Em Cuba, não damos o que sobra, damos o que temos'", diz ela.

     Ela também afirma que "estudar com pessoas do mundo todo é único. Você aprende com elas, elas aprendem conosco. Essa troca é muito enriquecedora. E acho que vai me ajudar a me tornar a médica que quero ser, alguém que pode interagir com pacientes de qualquer lugar."

    Algo que também foi especial: os estágios. Desde os primeiros anos, íamos a consultórios e clínicas médicas, conhecíamos a comunidade e interagíamos com os pacientes. Embora ainda não tivéssemos todo o conhecimento, crescemos na relação médico-paciente. Precisamos entender a ciência; mas o mais importante é saber interagir com um ser humano e vê-lo de forma abrangente e holística; não se trata apenas de tratar uma doença. Em Cuba, aprendi a curar o corpo olhando a partir da alma.

    "A partir do terceiro ano, começamos a ter nossos próprios pacientes e a nos sentir mais responsáveis, a nos comunicar mais com eles. Foi aí que aprendemos o 'cubanhol'", conta ela, rindo. "Os pacientes cubanos, a energia cubana, em geral, é uma energia resiliente. Eles estão sempre dispostos, e isso é algo da cultura cubana que nos ajuda muito em nosso treinamento. Sei que sentirei falta dessa energia."

                                       


HUMANISMO EM JALECOS BRANCOS

   Vir a Cuba e aprender espanhol também é algo pelo qual sou grata. Nos Estados Unidos, há muitas pessoas que não falam inglês — quer dizer, falam, mas talvez não seja a língua materna delas. Então, falar espanhol, poder voltar, trabalhar com pessoas que falam espanhol e cuidar delas na língua deles — para mim, isso é algo enorme. Minha família é originária do Iêmen. Falamos árabe. Eu sei como é crescer e ver sua família ir ao médico e não haver compreensão, eles não se sentem seguros.

    Ao contrário daqui, no meu país não há muita confiança no sistema de saúde, porque os valores do humanismo e os aspectos externos que nos ajudam a entender o paciente às vezes não fazem parte dos fundamentos da medicina. É mais lucrativo; eles estão sempre procurando maneiras de ganhar dinheiro.

     Lembro-me da época da COVID, um período traumático para todos. Aqui vivemos e vivenciamos a magnitude dos problemas comunitários, que, para avançar, precisamos colaborar, precisamos ser solidários e precisamos tentar ser o mais positivos possível. No entanto, nos EUA, a situação era complexa, porque cada um fazia o que queria, cada um na sua. Algumas pessoas não queriam se vacinar.

   Em Cuba, todos foram vacinados. Foi organizado porque há confiança no sistema de saúde aqui. Vimos isso, especialmente naquela época. É por isso que meu país precisa se concentrar nos problemas internos.

    O bloqueio contra Cuba, contra o povo cubano, não faz sentido. Se os Estados Unidos dizem que querem democracia, intercâmbio, diálogo, por que impõem sanções? Suas ações não correspondem ao que dizem.

    Sarah questiona o que alguns veículos de comunicação tradicionais estão dizendo sobre as missões médicas cubanas. "Não se pode confiar nisso. Se alguém quiser saber, deve procurar especialistas em saúde. A medicina cubana e o espírito cubano, em geral, são internacionalistas."

 

"Quero levar a cultura daqui comigo"

   Meu plano é voltar para os EUA, me candidatar a um programa de residência e trabalhar com comunidades vulneráveis, porque há muitas delas lá. Temos todos os recursos; no entanto, há pessoas que não têm acesso a eles. É isso que eu quero fazer.

    "Pode haver muitos obstáculos. Há pessoas que não gostam do lugar onde estudei ou da minha filosofia. Estou seguindo esse caminho porque é algo de que precisamos. Aprendi com os cubanos que a vida é um teste, que é preciso sempre lutar, que os contratempos não podem me derrubar.

     Quero levar a cultura daqui comigo. As pessoas são muito gentis e há amor sempre que você anda pela rua. Elas dizem: 'E aí, querida?' Ou quando você liga para alguém: 'E aí, querida, me conta como foi'. É uma atitude que você não vê em muitos lugares.

   “E dessas relações sociais surgiram estudos sobre como elas influenciam na saúde, já que há pacientes com fatores de risco que precisam de tratamento especial.

    Nos Estados Unidos, essa cultura de sempre ter vizinhos, amigos, netos e estar unido não é praticada; é por isso que vou trazê-la.

   "Cuba me deu...", ela pensa e busca as palavras exatas, "uma energia positiva e de apoio, é como aquele espírito que... não consigo expressar em palavras."


https://www.cubainformacion.tv/solidaridad/20250804/117262/117262-en-cuba-aprendi-a-sanar-el-cuerpo-mirando-desde-el-alma-sarah-almusbahi-estadounidense-graduada-de-la-elam

Trad: @comitecarioca21



2 de ago. de 2025

NOSSA AMÉRICA. VENEZUELA E BRASIL FORTALECEM LAÇOS DE COOPERAÇÃO.

                                       

Nossa América. Venezuela e Brasil fortalecem laços de cooperação 

Em um gesto diplomático fundamental, a vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez se reuniu com a embaixadora brasileira na Venezuela, Galvania Maria, na quinta-feira, para revisar e fortalecer a agenda bilateral.

A reunião se concentrou na promoção da cooperação econômica e comercial e, ao fazê-lo, reafirmou o comprometimento de ambas as partes com seus acordos e relações estratégicas.

A agenda compartilhada foi uma das diretrizes revisadas, "incluindo a cooperação econômica e comercial, com o objetivo de continuar aprofundando e fortalecendo o relacionamento entre nossos países", disse Rodríguez após o encontro, destacando o espírito de entendimento mútuo.

               


O encontro ocorreu após alguns setores da imprensa brasileira divulgarem notícias sugerindo um suposto rompimento entre os governos do Brasil e da Venezuela.

As publicações surgiram após dificuldades relatadas por empresários brasileiros em relação à isenção de impostos para produtos exportados para a Venezuela.

No entanto, para refutar esses relatos e uma possível crise, autoridades locais do estado brasileiro de Roraima, na região de fronteira, garantiram que o sistema está totalmente normalizado.

Este encontro diplomático reforça o compromisso político de ambas as nações em preservar a estabilidade de seus laços comerciais e desmantelar narrativas que possam dificultar o progresso conjunto em diversas áreas de cooperação.


https://www.resumenlatinoamericano.org/2025/08/01/nuestramerica-venezuela-y-brasil-fortalecen-lazos-de-cooperacion/

Tras/ed: @comitecarioca21