10 de dez. de 2024

Estados Unidos e a guerra cultural: uma elucubração? (transcrito do III Encontro Anti-imperialista de Solidariedade e Amizade entre os Povos. Brasília 8/12/2024) port/esp

                                     

Elier Ramírez Cañedo*

   Os Estados Unidos têm vasta experiência na prática da guerra cultural contra qualquer projeto alternativo à sua hegemonia na arena internacional. The CIA and the Cultural Cold War (A CIA e a Guerra Fria Cultural), de Frances Stonor Saunders, é um livro imprescindível - a pesquisa mais completa sobre o assunto - para entender essa realidade[i]. Esse livro mostra como, durante os anos da Guerra Fria, o programa de guerra psicológica e cultural da CIA contra o campo socialista foi sua joia mais preciosa.

   Uma característica importante  - ressalta Stonor -  dos esforços da Agência para mobilizar a cultura como uma arma da Guerra Fria foi a organização sistemática de uma rede de “grupos” privados e “amigáveis” em um consórcio informal. Tratava-se de uma coalizão empresarial de fundações filantrópicas, corporações e outras instituições e indivíduos que trabalhavam lado a lado com a CIA, tanto como fachada quanto como meio de financiar seus programas secretos na Europa Ocidental."[ii]

  Em 1967, revelações jornalísticas que revelaram o financiamento secreto da CIA para o Congresso para a Liberdade Cultural[iii] provocaram um clamor furioso e desferiram um sério golpe na reputação da máquina de persuasão dos EUA, que era encoberta pelo termo “Diplomacia Pública”.

   A guerra cultural é aquela que promove o imperialismo cultural, especialmente os Estados Unidos como a principal potência do sistema capitalista, para o domínio humano no âmbito afetivo e cognitivo, com a intenção de impor seus valores a determinados grupos e nações. É um conceito que, entendido como um sistema, integra ou se relaciona com elementos de outros termos que têm sido mais amplamente utilizados, como guerra política, guerra psicológica, guerra de quarta geração, smart power,golpe brando, guerra não convencional, subversão política ideológica e, mais recentemente, guerra cognitiva.

  Não é a arte e a literatura - mesmo que a arte e a literatura sejam usadas como instrumentos ou alvos da guerra cultural - que é o principal objetivo da estratégia de guerra cultural do imperialismo contra um determinado país. O terreno da guerra cultural é, acima de tudo, o dos estilos de vida, do comportamento, das percepções da realidade, dos sonhos, das expectativas, dos gostos, das formas de entender a felicidade, dos costumes e de tudo o que se expressa na vida cotidiana das pessoas. Alcançar a homogeneização ao estilo estadunidense nesse campo sempre esteve entre as maiores aspirações da classe dominante daquele país, especialmente porque sua elite entendia a diferença entre dominação e hegemonia, e que esta última não poderia ser garantida apenas por meio de instrumentos coercitivos, mas que era essencial fabricar consenso.

  A guerra cultural desenvolvida historicamente até os dias de hoje por Washington não é uma elucubração vã, mas se baseia em fatos concretos e comprovados, operações abertas e encobertas por agências governamentais dos EUA, declarações de líderes dos EUA e documentos orientadores de sua política externa, tanto na esfera diplomática quanto na militar.

   Zbigniew Brzezinski, um dos principais ideólogos do imperialismo e ex-conselheiro de segurança nacional do ex-presidente Carter, em seu livro The Great World Chessboard (O Grande Tabuleiro de Xadrez Mundial), declarou :

" A dominação cultural tem sido uma faceta subestimada do poder global estadunidense. Independentemente do que se pensa sobre seus valores estéticos, a cultura de massas estadunidense exerce uma atração magnética, especialmente sobre os jovens do mundo. Essa atração pode se originar da qualidade hedonista do estilo de vida que ela projeta, mas seu apelo global é inegável. Os programas de televisão e filmes estadunidenses são responsáveis por cerca de três quartos do mercado global. A música popular estadunidense é igualmente dominante, enquanto as novidades, os hábitos alimentares e até mesmo as roupas estadunidenses são cada vez mais imitados em todo o mundo. O idioma da Internet é o inglês, e uma proporção esmagadora das conversas globais por computador também se origina nos Estados Unidos, influenciando o conteúdo das conversas globais. Por fim, os Estados Unidos se tornaram uma meca para aqueles que buscam educação avançada."[iv]

  Esse é o mesmo Brzezinski que, em 1979, em um memorando enviado a Carter, recomendou o seguinte curso de política em relação à Maior das Antilhas: “O diretor da Agência de Comunicações Internacionais, em coordenação com o Departamento de Estado e o Conselho de Segurança Nacional, deve aumentar a influência da cultura estadunidense sobre o povo cubano, promovendo viagens culturais e permitindo arranjos para a distribuição de filmes estadunidenses na Ilha”.

   Diversos documentos conhecidos como Programas de Santa Fé, elaborados por vários think tanks na década de 1980 para servir de base para a elaboração da política externa dos EUA, são muito enfáticos sobre a guerra cultural contra o campo socialista. O programa Santa Fe II proclamava: “A USIA é nossa agência para realizar a guerra cultural”,[vi] enquanto o Santa Fe IV concluía: “O mais importante é a destruição cultural, conforme prescrito por Antonio Gramsci. Ao mudar a cultura, a mudança política e econômica está praticamente assegurada”.

     Nos últimos anos, foi divulgado um documento de extraordinária importância para a compreensão das estratégias atuais do governo dos EUA no campo da guerra cultural. Trata-se do Livro Branco do Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA, de março de 2015, intitulado: Special Operations Forces Support to Political Warfare (Apoio das Forças de Operações Especiais à Guerra Política).[viii] A essência desse White Paper é que a estratégia do governo dos EUA no campo da guerra cultural não é apenas uma questão de estratégia de guerra cultural do próprio governo dos EUA, mas também de estratégia de guerra cultural do próprio governo dos EUA.

     A essência desse Livro Branco é que os Estados Unidos devem adotar a ideia de George F. Kennan - ex-especialista dos EUA na questão soviética e arquiteto da política de “contenção do comunismo” no Departamento de Estado - sobre a necessidade de superar o conceito limitador que estabelece uma diferença básica entre guerra e paz, em um cenário internacional em que há um “ritmo perpétuo de luta dentro e fora da guerra”. Em outras palavras, a guerra é permanente, embora assuma múltiplas facetas e não possa ser limitada ao uso de meios militares tradicionais. De fato, o documento argumenta que há formas muito mais eficazes de travar uma guerra. É possível fazer guerra sem declarar guerra e até mesmo fazer guerra enquanto se declara a paz.

   “A guerra política é uma estratégia apropriada para atingir os objetivos nacionais dos EUA, reduzindo a visibilidade no ambiente geopolítico internacional e sem comprometer um grande número de forças militares”, observa o documento em suas páginas iniciais. “O objetivo final da Guerra Política “, continua, ‘ é vencer a ’Guerra de Ideias, que não está associada a hostilidades”. A Guerra Política exige a cooperação das forças armadas, da diplomacia agressiva, da guerra econômica e das agências subversivas no terreno para a promoção de políticas, medidas ou ações necessárias para perturbar ou fabricar o moral"[ix].

   Em outra de suas análises, esse Livro Branco argumenta que, com o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos abandonaram o hábito de conduzir a Guerra Política e que “chegou a hora de a Guerra Política recuperar sua posição predominante na política e na execução da segurança nacional dos EUA”.

    Esse Livro Branco é apenas um entre muitos estudos e recomendações de doutrinas e estratégias militares elaboradas em Washington, que a cada dia atribuem um papel mais proeminente aos componentes culturais e ideológicos em suas estratégias hegemônicas.

 

A guerra cultural contra Cuba

    Desde o próprio triunfo revolucionário em 1959, Cuba tem enfrentado tanto os impactos da onda colonizadora da indústria hegemônica global - o que Frei Betto chama de globocolonização - quanto projetos específicos de guerra cultural concebidos, financiados e implementados pelo imperialismo norte-americano, suas agências e aliados internacionais, com o objetivo de subverter o socialismo cubano.

A esse respeito, Ricardo Alarcón destacou que:

   “A agressão cultural contra Cuba começou em 1959 e não terminou com o fim da “guerra fria”. Ela não apenas continua existindo, mas não para de aumentar. Ela mantém uma dimensão encoberta e clandestina, dirigida pela CIA, mas desde o início da última década do século passado também tem outra dimensão pública e descaradamente aberta. O caso cubano é, por essas razões, absolutamente único, excepcional.

   Também é assim porque o que está sendo feito conosco no campo cultural sempre foi parte integrante de um esquema agressivo mais amplo, que inclui uma guerra econômica cruel e permanente, agressão militar, terrorismo e outros atos criminosos, cujo objetivo, explicitamente detalhado em uma infame lei ianque, é acabar com nossa independência” (x).

   Um componente fundamental da guerra cultural dos diferentes governos dos EUA contra a Revolução Cubana tem sido a guerra psicológica e midiática. O livro  A História desclassificada da Propaganda Estadunidense Anti-Castro , de Jon Eliston, publicado em 1999,[xi] revela como Washington praticou agressões psicológicas e de propaganda contra Cuba durante décadas, incluindo livros, jornais, histórias em quadrinhos, filmes, panfletos e programas de rádio e televisão.

   Outro dos campos favoritos dessa guerra cultural tem sido o da história. Nosso passado é manipulado e distorcido, suas bases mais sensíveis e simbólicas são atacadas, precisamente porque o objetivo é varrer o exemplo da Revolução Cubana de suas próprias raízes.

    Hoje, em Miami, existe um Instituto de Memória Histórica Cubana contra o Totalitarismo, que se dedica à produção de livros, ensaios e documentários, além de realizar oficinas e conferências sobre o período da Revolução Cubana no poder. E, é claro, toda a “produção cultural” desse instituto tem como objetivo construir uma história de Cuba repleta de mentiras e distorções. O mesmo trabalho está sendo feito pela chamada Academia de História Cubana no exílio. De onde vêm os fundos para essas instituições, e será que vêm apenas de fundações e organizações filantrópicas e independentes?

    A experiência do governo de Barack Obama mostrou que há um setor da elite do poder naquele país que está apostando que a guerra cultural e ideológica contra Cuba se tornará o núcleo duro da política em relação à Maior das Antilhas e que a abordagem política - considerada um fracasso - que busca a mudança de regime por meio do colapso econômico será gradualmente eliminada. Não houve expressão mais clara dessa intenção do que as próprias palavras do Presidente Obama, dois dias após o anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas em 17 de dezembro de 2014: “Mas como a sociedade vai mudar - ele está se referindo a Cuba - o país especificamente, sua cultura especificamente, isso pode acontecer rapidamente ou pode acontecer mais lentamente do que eu gostaria, mas vai acontecer e acho que essa mudança de política vai promover isso.”[xiii]

    Talvez em nenhum outro país como Cuba Obama tenha implementado tão meticulosamente o chamado soft power - poder brando - , uma das faces da doutrina do smart power - poder inteligente - , um conceito apresentado por Joseph Nye.[xiv] Em 2004, Nye explicou o conceito de soft power da seguinte forma:

    "O que é soft power, o poder brando? ? É a capacidade de conseguir o que se quer por meio da atração, e não da coerção ou de recompensas. Ele decorre da atratividade da cultura, dos ideais políticos e das políticas de um país. Quando nossas políticas são vistas como legítimas aos olhos dos outros, nosso soft power é aprimorado. Há muito tempo os Estados Unidos têm soft power. Pense no impacto das Quatro Liberdades de Franklin Delano Roosevelt na Europa no final da Segunda Guerra Mundial; nos jovens atrás da Cortina de Ferro ouvindo música americana e notícias da Radio Europa Livre ; nos estudantes chineses simbolizando seus protestos na Praça Tiananmen com uma réplica da Estátua da Liberdade; nos afegãos recém-libertados exigindo em 2001 uma cópia da Declaração de Direitos; nos jovens iranianos de hoje assistindo clandestinamente a vídeos e programas de televisão estadunidenses proibidos via satélite na privacidade de suas casas. Todos esses são exemplos de soft power. Quando você consegue fazer com que os outros admirem seus ideais e queiram o que você quer, não é preciso gastar muito  para movê-los em sua direção."[xv]

    Naqueles anos, ficou conhecido como a organização Word Lerning desenvolveu secretamente, entre 2015 e 2016, um esquema de bolsas de estudo de verão para adolescentes e jovens cubanos, com o apoio da USAID, do Departamento de Estado dos EUA e das embaixadas de Washington em Havana e no Panamá.

    Quase paralelamente à denúncia em Cuba desses planos subversivos voltados para a juventude cubana, o site Along Malecón, da jornalista Tracey Eaton, revelou os fundos destinados pelo NED para a subversão em Cuba em 2015. O longo histórico de interferência e subversão do NED desde sua criação em 1983, durante o governo Reagan, é bem conhecido. Até hoje, a NED tem dependido do apoio e do financiamento do governo dos EUA por meio do Congresso. O New York Times, em um artigo publicado por John M. Broder em 31 de março de 1997, definiu-a assim:

O National Endowment for Democracy, criado há 15 anos para fazer publicamente o que a Agência Central de Inteligência fez clandestinamente durante décadas, gasta US$ 30 milhões de dólares por ano para apoiar partidos políticos, sindicatos, movimentos dissidentes e a mídia de notícias em dezenas de países...” [xvi]

    Quando se analisa o destino da maior parte do dinheiro da NED para a subversão em Cuba em 2015, pode-se ver como as maiores somas de dinheiro foram direcionadas para a área de comunicação, especialmente para aqueles “meios de comunicação” encarregados de construir mentiras, de semear certas matrizes de opinião contra o sistema socialista cubano por meio de campanhas midiáticas, que distorcem a história, exacerbam os valores do capitalismo e praticam uma contínua guerra psicológica contra o povo cubano. Esse campo recebeu um benefício de 2.098.312 dólares. O Diario de Cuba encabeçou a lista da mídia contrarrevolucionária que recebeu os fundos mais lucrativos, 283.869 dólares, seguido pelo Cubanet , com 224.562.[xvii] Isso é interessante porque, como Julio García Luis advertiu em um de seus textos, a comunicação social foi “o ponto nevrálgico mais fraco através do qual a estratégia de desmantelamento político e moral da sociedade soviética abriu caminho”[xviii].

   Mas, ao mesmo tempo, poderíamos nos perguntar: o que são a Rádio e a TV Martí, senão estruturas criadas para a guerra cultural em seu sentido mais amplo contra o projeto revolucionário cubano?

   Tampouco podemos esquecer a manipulação política e subversiva da emigração cubana para os Estados Unidos durante décadas, com a pérfida intenção de mostrar, aos olhos dos cubanos e da opinião pública internacional, o suposto fracasso do modelo cubano e o sucesso dos emigrantes cubanos nos Estados Unidos.

    Há uma grande diferença entre a diplomacia pública realizada por muitos países na arena internacional e as ações tomadas pelo governo dos EUA contra Cuba para provocar uma “mudança de regime”. Por trás desse termo “inofensivo” está todo um mecanismo de disseminação dos valores políticos e culturais dos EUA, que não leva em conta o respeito à soberania das nações. Não se trata apenas de influência, mas de interferência aberta e encoberta nos assuntos internos de outros Estados, em flagrante violação do direito internacional, especialmente da Carta da ONU.

    Quando se trata de avaliar os desafios que enfrentamos, às vezes são adotadas posições triunfalistas, com base em uma visão reducionista da cultura, entendida estritamente como arte e literatura. É claro que há influências e confluências culturais entre Cuba e os Estados Unidos há mais de dois séculos, graças às quais ambos os povos se enriqueceram espiritualmente, mas, como destacou Aurelio Alonso, também nos anos da chamada “mudança de enfoque” na política cubana promovida pelo governo Obama:

   “As relações culturais, além do fato de que jogamos bola juntos, dançamos aqui e ali com orquestras semelhantes, desfrutamos de canções de ambas as margens e compartilhamos ou não gostos culinários, incluem hábitos sociais adquiridos com raízes, uma cultura política e um modo de vida, o que a comunidade e a família sentem e fazem, e nesse terreno estarão, em segundo plano, os desafios que começam a surgir.” [xix]

    Diante de tais desafios, que ainda hoje estão presentes - independentemente de quem seja o ocupante da Casa Branca -, não há melhor antídoto do que o patriotismo, a cubanidade - não a cubanidade castrada -, o anti-imperialismo, o anticolonialismo, e que, junto com a promoção de referências culturais sólidas, consigamos um sujeito crítico com uma profunda formação humanista, capaz de discernir por si mesmo, entre a avalanche de produtos culturais com os quais interage, onde está o verdadeiramente valioso e onde está o desprezível para nossa condição humana. Esse sujeito crítico só pode ser forjado desde a mais tenra idade por meio do treinamento para o debate e o confronto de ideias, com a participação ativa da família, da comunidade, da escola, da mídia e das organizações políticas e de massa. É claro que todas as ações que desenvolvemos no campo cultural devem ser acompanhadas de ações e realizações concretas, fazendo bem as coisas em todas as esferas, e os resultados desse trabalho devem se manifestar na vida cotidiana de nosso povo heroico. “As pessoas são o objetivo principal. Devemos pensar nas pessoas antes de pensarmos em nós mesmos. E essa é a única atitude que pode ser definida como uma atitude verdadeiramente revolucionária”, disse Fidel em seu histórico Palavras aos Intelectuais, em 30 de junho de 1961.

*Elier Ramirez Cañedo, Subdiretor do Centro Fidel Castro Ruz








DISCURSO PROFERIDO NO III ENCONTRO ANTI-IMPERIALISTA DE SOLIDARIEDADE E AMIZADE ENTRE OS POVOS  - Brasília, 8 de dezembro de 2024.

Tradução/Edição: @comitecarioca21

 



Em espanhol :

Estados Unidos y la guerra cultural: ¿Acaso una elucubración?

Elier Ramírez Cañedo

Estados Unidos tiene una vasta experiencia en la práctica de la guerra cultural contra todo proyecto alternativo a su hegemonía en el escenario internacional. La CIA y la guerra fría cultural, de Frances Stonor Saunders, constituye un libro imprescindible –la investigación más completa sobre el tema- para comprender esta realidad.[i] Este libro demuestra cómo, en los años de la Guerra Fría, el programa de guerra psicológica y cultural de la CIA contra el campo socialista, fue su joya más preciada.

Un rasgo importante –señala Stonor- de las acciones emprendidas por la Agencia para movilizar la cultura como arma de la guerra fría era la sistemática organización de una red de “grupos” privados y “amigos”, dentro de un oficioso consorcio. Se trataba de una coalición de tipo empresarial de fundaciones filantrópicas, empresas y otras instituciones e individuos que trabajaban codo a codo con la CIA, como tapadera y como vía de financiación de sus programas secretos en Europa occidental”.[ii]

En 1967 las revelaciones periodísticas que destaparon la financiación encubierta de la CIA al Congreso por la Libertad de la Cultura[iii] dieron lugar a un airado escándalo y supusieron un grave revés para la reputación de la maquinaria persuasiva estadounidense, que se encubría bajo el término de “Public Diplomacy”.

La guerra cultural es aquella que promueve el imperialismo cultural, en especial Estados Unidos como potencia líder del sistema capitalista, por el dominio humano en el terreno afectivo y cognitivo, con la intención de imponer sus valores a determinados grupos y naciones. Es un concepto que, entendido como sistema, integra o se relaciona con elementos de otros términos que han sido de mayor uso como el de guerra política, guerra psicológica, guerra de cuarta generación, smart power, golpe blando, guerra no convencional, subversión política ideológica y, más recientemente, guerra cognitiva.

No es el arte y la literatura –aunque el arte y la literatura se usen como instrumentos o como blancos de la guerra cultural- el objetivo principal de la estrategia de guerra cultural del imperialismo contra un país en particular. El terreno en que se desarrolla la guerra cultural es sobre todo el de los modos de vida, las conductas, las percepciones sobre la realidad, los sueños, las expectativas, los gustos, las maneras de entender la felicidad, las costumbres y todo aquello que tiene una expresión en la vida cotidiana de las personas. Lograr una homogeneización al estilo estadounidense en este campo, siempre ha estado dentro de las máximas aspiraciones de la clase dominante en ese país, en especial, desde que su élite comprendió la diferencia entre dominación y hegemonía, y que esta última no podía garantizarse sólo a través de instrumentos coercitivos, sino que era imprescindible la manufactura del consenso.

La guerra cultural desarrollada históricamente hasta nuestros días por Washington, no es una vana elucubración, sino que se sustenta en hechos concretos y comprobados, operaciones abiertas y encubiertas de las agencias del gobierno de Estados Unidos, declaraciones de los líderes de esa nación y documentos rectores de su política exterior, tanto en el plano diplomático como militar.

Zbigniew Brzezinski, uno de los principales ideólogos imperiales, quien fuera asesor para Asuntos de Seguridad Nacional del expresidente Carter, en su obra, El Gran Tablero Mundial, expresaba:

“La dominación cultural ha sido una faceta infravalorada del poder global estadounidense. Piénsese lo que se piense acerca de sus valores estéticos, la cultura de masas estadounidense ejerce un atractivo magnético, especialmente sobre la juventud del planeta. Puede que esa atracción se derive de la cualidad hedonista del estilo de vida que proyecta, pero su atractivo global es innegable. Los programas de televisión y las películas estadounidenses representan alrededor de las tres cuartas partes del mercado global. La música popular estadounidense es igualmente dominante, en tanto las novedades, los hábitos alimenticios e incluso las vestimentas estadounidenses son cada vez más imitados en todo el mundo. La lengua de Internet es el inglés, y una abrumadora proporción de las conversaciones globales a través de ordenador se originan también en los Estados Unidos, lo que influencia los contenidos de la conversación global. Por último, los Estados Unidos se han convertido en una meca para quienes buscan una educación avanzada”.[iv] 

Este es el mismo Brzezinski que en 1979, en un memorándum enviado a Carter, recomendaba el siguiente curso de política a seguir hacia la Mayor de las Antillas: “El Director de la Agencia Internacional de Comunicaciones, en coordinación con el Departamento de Estado y el Consejo de Seguridad Nacional, deben incrementar la influencia de la cultura estadounidense sobre el pueblo cubano mediante la promoción de viajes culturales y permitiendo la realización de coordinaciones para la distribución de filmes estadounidenses en la Isla”.[v]

Varios documentos de los conocidos como Programas de Santa Fe, elaborados por diversos tanques pensantes en la década de los 80 para que sirvieran de base al diseño de la política exterior de Estados Unidos son muy enfáticos en cuanto a la guerra cultural contra el campo socialista. En el programa de Santa Fe II se proclamaba: “La USIA es nuestra agencia para llevar a cabo la guerra cultural”,[vi] mientras que en el de Santa Fe IV se concluía: “Lo más importante es la destrucción cultural, según prescribe Antonio Gramsci. Al cambiar la cultura, el cambio político y económico está virtualmente asegurado”.[vii]

En años recientes, se dio a conocer un documento de extraordinaria importancia para comprender las estrategias actuales del gobierno de Estados Unidos en el campo de la guerra cultural. Se trata del Libro Blanco del comando de operaciones especiales del Ejército de Estados Unidos de marzo de 2015 bajo el título: Apoyo de las Fuerzas de Operaciones Especiales a la Guerra Política.[viii]

Lo que plantea en esencia este Libro Blanco es que Estados Unidos deben retomar la idea de George F. Kennan -antiguo experto estadounidense en el tema soviético y arquitecto de la política de “contención frente al comunismo” en el Departamento de Estado-, acerca de la necesidad de superar la limitante del concepto que establece una diferencia básica entre guerra y paz, en un escenario internacional donde existe un “perpetuo ritmo de lucha dentro y fuera de la guerra”. Es decir, que la guerra es permanente, aunque adopta múltiples facetas y no puede limitarse al uso de los tradicionales recursos militares. De hecho, el documento expresa que existen modos de hacer la guerra mucho más efectivos. Que se puede hacer la guerra sin haberla declarado, e incluso hacer la guerra al tiempo que se declara la paz.

La guerra política es una estrategia apropiada para lograr los objetivos nacionales estadounidenses mediante la reducción de la visibilidad en el ambiente geopolítico internacional y sin comprometer una gran cantidad de fuerzas militares”, destaca el documento desde sus primeras páginas. “El objetivo final de la Guerra Política –continúa más adelante- es ganar la “Guerra de Ideas, que no está asociada con las hostilidades”. La Guerra Política requiere de la cooperación de los servicios armados, diplomacia agresiva, guerra económica y las agencias subversivas en el terreno, en la promoción de tales políticas, medidas o acciones necesarias para irrumpir o fabricar moral”.[ix]

En otro de sus análisis, este Libro Blanco sostiene que con el fin de la Guerra Fría Estados Unidos abandonó el hábito de realizar la Guerra Política y que “ya ha llegado el momento de que la Guerra Política recupere su posición predominante en la ejecución y la política de seguridad nacional estadounidense”.

Este Libro Blanco es solo uno entre muchos estudios y recomendaciones de doctrinas y estrategias militares elaboradas en Washington, que cada día asignan un rol más protagónico a los componentes culturales e ideológicos en sus estrategias hegemónicas.

La guerra cultural contra Cuba

Desde el propio triunfo revolucionario en 1959 Cuba ha enfrentado tanto los impactos de la oleada colonizadora de la industria hegemónica global -lo que Frei Betto denomina globocolonización- como proyectos específicos de guerra cultural diseñados, financiados e implementados por el imperialismo estadounidense, sus agencias y aliados internacionales, con el objetivo de subvertir el socialismo cubano.

Al respecto señaló Ricardo Alarcón:

La agresión cultural contra Cuba empezó en 1959 y no terminó con el fin de la “guerra fría”. No solo existe todavía sino que no cesa de aumentar. Conserva una dimensión encubierta, clandestina, dirigida por la CIA, pero, además, desde comienzos de la última década del pasado siglo tiene otra dimensión pública, descaradamente abierta. El caso cubano es, por estas razones, absolutamente único, excepcional.

Lo es también porque lo que se nos hace en el terreno cultural ha sido siempre parte integrante de un esquema agresivo más amplio, que ha incluido una cruel y permanente guerra económica, y la agresión militar, el terrorismo y otros actos criminales, cuyo propósito, explícitamente detallado en una infame ley yanqui, es poner fin a nuestra independencia”.[x]

Un componente fundamental de la guerra cultural de los distintos gobiernos de Estados Unidos contra la Revolución Cubana, ha sido la guerra psicológica y mediática. El libro Psywar on Cuba. The Declassified History of US Anti Castro Propaganda, de Jon Eliston, publicado en 1999,[xi] revela como Washington practicó contra Cuba durante décadas la agresión psicológica y propagandística y que ella incluía libros, periódicos, historietas, películas, panfletos y programas de radio y televisión.

Otro de los campos predilectos de esa guerra cultural, ha sido el de la historia. Se manipula y tergiversa nuestro pasado, se atacan sus bases más sensibles y simbólicas, precisamente porque se pretende barrer con el ejemplo de la Revolución Cubana desde su propia raíz.

En Miami existe hoy un denominado Instituto de la Memoria Histórica Cubana contra el Totalitarismo” que se dedica a la producción de libros, ensayos y documentales, así como a la celebración de talleres y conferencias sobre el período de la Revolución Cubana en el poder. Y por supuesto, toda la “producción cultural” de este instituto está dirigida a la construcción de una historia de Cuba plagada de mentiras y tergiversaciones. La misma labor realiza la llamada Academia de la Historia de Cuba en el exilio ¿De dónde salen los fondos para tales instituciones? ¿Será solamente de fundaciones y organizaciones filantrópicas e independientes?

La experiencia de la administración de Barack Obama demostró como en la élite de poder de ese país, existe un sector que apuesta a que la guerra cultural e ideológica contra Cuba, se convierta en el núcleo duro de la política hacia la Mayor de las Antillas e ir eliminando paulatinamente el enfoque de política –considerado fallido- que busca el cambio de régimen a través del colapso económico. No hubo expresión más clara sobre esta intención, que las propias palabras del presidente Obama, dos días después del anuncio del restablecimiento de las relaciones diplomáticas el 17 de diciembre de 2014: “Pero como va a cambiar la sociedad –se refiere a Cuba-, el país específicamente, su cultura específicamente, pudiera suceder rápido o pudiera suceder más lento de lo que me gustaría, pero va a suceder y pienso que este cambio de política va a promover eso”.[xiii]

Quizás hacia ningún otro país como Cuba, Obama implementó con tanto esmero el llamado soft power–poder blando-, una de las caras de la doctrina del smart power –poder inteligente-, concepto manejado por Joseph Nye.[xiv] En el 2004, Nye explicaba el concepto de poder blando, de la siguiente manera:

“¿Qué es el poder blando? Es la habilidad de obtener lo que quieres a través de la atracción antes que a través de la coerción o de las recompensas. Surge del atractivo de la cultura de un país, de sus ideales políticos y de sus políticas. Cuando nuestras políticas son vistas como legítimas a ojos de los demás, nuestro poder blando se realza. América ha tenido durante mucho tiempo poder blando. Piense en el impacto de las Cuatro Libertades de Franklin Delano Roosevelt en Europa a finales de la II Guerra Mundial; en gente joven tras el Telón de Acero escuchando música americana y noticias de Radio Europa Libre; en los estudiantes chinos simbolizando sus protestas en la plaza de Tiananmen con una réplica de la Estatua de la Libertad; en los recientemente liberados afganos pidiendo en 2001 una copia de la Carta de Derechos; en los jóvenes iraníes de hoy viendo subrepticiamente videos americanos prohibidos y programas de la televisión por satélite en la intimidad de sus casas. Todos estos son ejemplos de poder blando. Cuando puedes conseguir que otros admiren tus ideales y que quieran lo que tú quieres, no tienes que gastar mucho en palos y zanahorias para moverlos en tu dirección”.[xv]

En esos años se conoció como de manera encubierta la organización Word Lerning desarrolló entre el 2015 y el 2016 un plan de becas de verano para adolescentes y jóvenes cubanos, contando con el apoyo de la USAID, el Departamento de Estado de Estados Unidos y las embajadas de Washington en La Habana y Panamá.

Casi paralelamente a la denuncia que se hizo en Cuba de estos planes subversivos dirigidos a la juventud cubana, en el sitio Along Malecón, del periodista Tracey Eaton, se revelaron los fondos destinados por la NED para la subversión en Cuba en el año 2015. Es conocido el largo historial injerencista y subversivo de la NED desde su creación en 1983 durante el gobierno de Ronald Reagan. Hasta la actualidad la NED ha dependido del respaldo y financiamiento del gobierno de Estados Unidos a través del Congreso. The New York Times, en artículo publicado por John M. Broder el 31 de marzo de 1997, la definió de este modo:

La National Endowment for Democracy, fue creada hace 15 años para llevar a cabo públicamente lo que hizo subrepticiamente la Agencia Central de Inteligencia durante décadas, gasta 30 millones de dólares al año para apoyar partidos políticos, sindicatos, movimientos disidentes y medios noticiosos en docenas de países…”.[xvi]

Cuando se analiza el destino de la mayor parte del dinero de la NED para la subversión en Cuba en el 2015, se observa como las mayores sumas de dinero estuvieron dirigidas hacia el área de la comunicación, en especial esos “medios de comunicación” que se encargan de construir la mentira, de sembrar determinadas matrices de opinión contra el sistema socialista cubano por medio de campañas mediáticas, que tergiversan la historia, exacerban los valores del capitalismo y practican una continua guerra psicológica contra el pueblo cubano. Este campo recibió un beneficio de 2 098 312 dólares. Diario de Cuba encabezó la lista de los medios contrarrevolucionarios que recibieron las partidas más jugosas, 283 869 dólares, seguido por Cubanet con 224 562.[xvii] Es interesante este dato, pues precisamente como advirtiera en uno de sus textos Julio García Luis: la comunicación social fue “el punto neurálgico más débil por donde se abrió paso la estrategia de desmontaje político y moral de la sociedad soviética…”.[xviii]

Pero, al mismo tiempo, pudiéramos preguntarnos: ¿qué son Radio y Tv Martí, sino estructuras creadas para la guerra cultural en su sentido más amplio contra el proyecto revolucionario cubano?

Tampoco puede olvidarse la manipulación política y subversiva de la emigración cubana hacia Estados Unidos durante décadas, con la pérfida intención de mostrar ante los ojos de los cubanos y la opinión pública internacional, el supuesto fracaso del modelo cubano y el éxito de los emigrados cubanos en Estados Unidos.

Existe una gran diferencia entre la diplomacia pública que desarrollan muchos países en la arena internacional y las acciones que lleva adelante el gobierno de Estados Unidos contra Cuba para provocar el “cambio de régimen”. Detrás de este vocablo “inofensivo”, se esconde toda una maquinaria de difusión de valores políticos y culturales de Estados Unidos, que para nada toma en consideración el respeto a la soberanía de las naciones. No se trata solo de influencia, sino de injerencia abierta y encubierta en los asuntos internos de otros estados, en violación flagrante de lo que establece el derecho internacional, en especial la carta de Naciones Unidas.

A la hora de valorar los retos que enfrentamos, en ocasiones se adoptan posiciones triunfalistas, desde una visión reduccionista de la cultura, entendida estrictamente como arte y literatura. Claro que entre Cuba y Estados Unidos han existido influencias y confluencias culturales durante más de dos siglos, gracias a las cuales ambos pueblos nos hemos enriquecido espiritualmente, pero como señalara Aurelio Alonso, también en los años del llamado “cambio de enfoque” de la política hacia Cuba que impulsó la administración Obama:

“Las relaciones culturales, más allá de que juguemos pelota juntos, de bailar aquí y allá con orquestas parecidas, de disfrutar canciones de las dos orillas y de que se compartan o no los gustos culinarios, incluyen hábitos sociales adquiridos con arraigo, una cultura política y un estilo de vida, lo que siente y hace la comunidad y la familia, y en ese terreno estarán, en el fondo, los desafíos que comienzan a levantarse”. [xix]

Ante tales desafíos, que siguen presentes en la actualidad -más allá de quien sea el inquilino en la Casa Blanca-, no hay mejor antídoto que el patriotismo, la cubanía –no cubanidad castrada-, el antiimperialismo, el anticolonialismo y que, junto al fomento de referentes culturales sólidos, logremos un sujeto crítico de profunda formación humanista, capaz de discernir por sí mismo entre la avalancha de productos culturales con los que interactúa, dónde está lo realmente valioso, y dónde lo despreciable para nuestra condición humana. Ese sujeto crítico solo es posible forjarlo desde las edades más tempranas a través del entrenamiento en el debate y la confrontación de ideas, con la participación activa de la familia, la comunidad, la escuela, los medios de comunicación y las organizaciones políticas y de masas. Por supuesto, todas las acciones que desarrollamos en el campo cultural deben acompañarse de hechos y realizaciones concretas, de hacer las cosas bien en todas las esferas, y que los resultados de ese trabajo se manifiesten en la vida cotidiana de nuestro heroico pueblo. “El pueblo es la meta principal. En el pueblo hay que pensar primero que en nosotros mismos. Y esa es la única actitud que puede definirse como una actitud verdaderamente revolucionaria”, decía Fidel en sus históricas Palabras a los Intelectuales el 30 de junio de 1961.[xx]


Notas

[i] Frances Stonor Saunders, La CIA y la Guerra Fría Cultural, Editorial de Ciencias Sociales, La Habana, 2003.

[ii] Ibídem, p.185.

[iii] Institución anticomunista organizada por el Imperio yanqui durante la Guerra Frí­a, fundada en Berlí­n en 1950, con sede en Parí­s y delegaciones en una treintena de naciones. En los años sesenta se fue desvelando que Estados Unidos mantení­an discretamente esta organización a través de instituciones como la CIA, la Fundación Farfield o la Fundación Ford. Es curioso advertir cómo algunos periodistas e intelectuales burgueses occidentales se fueron sorprendiendo, y aún escandalizando, a medida que se enteraban, demostrando la ingenuidad infantil en la que se mantení­an, quizá adormecidos por el mito de la cultura y el de la libertad. Desde 1967 se sirvió del nombre Asociación Internacional por la Libertad de la Cultura, hasta su disolución formal en 1979.

[iv]Citado por René González Barrios, “El desmontaje de la historia y como enfrentarlo”, en: Cubadebate”, 5 de mayo de 2014.http://www.cubadebate.cu/especiales/2014/05/05/el-desmontaje-de-la-historia-y-como-enfrentarlo/#.WDYRqbmubIU

[v] Véase anexo 57 en: Elier Ramírez Cañedo y Esteban Morales Domínguez, De la confrontación a los intentos de normalización. La política de los Estados Unidos hacia Cuba, Editorial de Ciencias Sociales, La Habana, 2014.

[vi] Véase en:http://www.desaparecidos.org/nuncamas/web/document/docstfe2_01.htm

[vii] Véase en:http://www.eumed.net/libros-gratis/2007a/256/51.htm

[viii]Véase en:https://dl.dropboxusercontent.com/u/6891151/Support%20to%20Political%20Warfare%20White%20Paper%20v2.3-RMT%20%2810MAR2015%29%20%20%20.pdf

[ix] Ibídem.

[x] Ricardo Alarcón, La inocencia perdida, prólogo al libro de Frances Stonor……, pp.1-2.

[xi] Jon Ellinston, Psy war on Cuba. The declassified history of U.S. anti Castro propaganda, Ocean Press, Melbourne-New York, 1999.

[xii]René González Barrios, “El desmontaje de la historia y como enfrentarlo, en: Cubadebate”, 5 de mayo de 2014,http://www.cubadebate.cu/especiales/2014/05/05/el-desmontaje-de-la-historia-y-como-enfrentarlo/#.WDYRqbmubIU

[xiii] Conferencia de prensa ofrecida por el Presidente Obama el 19 de diciembre de 2014. Consultado enwww.whitehouse.gov/the-press-office/ 2014/12/19/remarks-president-year-end-conference.

[xiv] Graduado en la Universidad de Princenton y doctor por Harvard, experto en relaciones internacionales. En varias de sus obras ha introducido y analizado el concepto Smart Power el cual ha tenido amplia repercusión en el discurso político estadounidense y la política exterior de ese país. En la actualidad es profesor de la Kennedy School of Government de la Universidad de Harvard.

[xv]Véasen:https://www.google.com/search?q=joseph+nye%2C+cap%C3%ADtulo+5%2C+prefacio+%2C+pdf&ie=utf-8&oe=utf-8&client=firefox-b

[xvi] Véase en:http://www.nytimes.com/1997/03/31/us/political-meddling-by-outsiders-not-new-for-us.html

[xvii] “Revelan proyectos financiados por la NED en el 2015 para la subversión en Cuba”, Cubadebate, 29 de septiembre de 2016.

[xviii]Citado por Abel Prieto en: “Internet debe ayudar a hacer nuestra sociedad más dinámica, eficiente, participativa y justa”, Cubadebate, 7 de junio de 2015,http://www.cubadebate.cu/opinion/2015/06/07/internet-debe-ayudar-a-hacer-nuestra-sociedad-mas-dinamica-eficiente-participativa-y-justa/#.WDYCQrmubIU

[xix] Aurelio Alonso, Reconstruyendo las relaciones: La Capilaridad Cultural, en: América Latina en Movimiento, 15 de marzo de 2016,http://www.alainet.org/es/articulo/176072

[xx]Discurso pronunciado por el Comandante en Jefe, Fidel Castro Ruz, el 30 de junio de 1961, véase en:http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/1961/esp/f300661e.html

 

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