8 de fev. de 2025

AOS POVOS DA NOSSA INDOAMÉRICA

                                   

Por: Claudia Sheinbaun, Presidente do México 

Porque é que o imperialismo quer nos ver divididos?

Porque sabe que juntos somos invencíveis. Os Estados Unidos, uma potência que se disfarça de democracia e exporta golpes de Estado, cravaram as suas garras na nossa terra com uma estratégia clara: dividir para saquear.

No Chile, financiaram o golpe de Estado contra Allende para impor Pinochet e entregar o cobre às suas corporações.

Na Nicarágua, armou os Contras para afogar em sangue a Revolução Sandinista.

Na Venezuela, desencadeou uma guerra econômica e sanções criminais para roubar o petróleo e esmagar um povo que ousou olhar para o futuro com soberania.

No Brasil, utilizou o lawfare para prender Lula e impedir a ascensão dos pobres.

Na Bolívia, apoiou um golpe de Estado contra Evo Morales para entregar o lítio às suas transnacionais.

Em Cuba, mantém um bloqueio genocida há seis décadas, castigando um povo que escolheu ser dono do seu destino.

Desde as terras ardentes do Rio Bravo até às águas enfurecidas da Terra do Fogo, somos um só povo, uma só alma tecida com os fios da resistência, da dignidade e dos sonhos partilhados. A Pátria Grande não é uma utopia: é o pulsar da nossa história, a memória viva daqueles que lutaram para nos ver livres, de Túpac Amaru a Bolívar, de Martí a Che Guevara. É o território sem fronteiras onde o quechua, o espanhol, o português, o guarani e todas as vozes autóctones se fundem num coro que canta: Unidade!

Cada ferida aberta num país é um ataque a todos. 

O imperialismo não teme os governos isolados: teme os povos unidos. Impuseram-nos tratados que privatizam a água, a saúde e a educação; militarizaram os nossos territórios para controlar os recursos; manipularam os meios de comunicação social para semear o medo e o individualismo. Mas a sua arma mais letal é fazer-nos acreditar que somos inimigos, que a pobreza de uns é culpa dos outros, e não do sistema capitalista que nos sangra.

A Pátria Grande é a resposta. É o abraço solidário entre o operário argentino e o camponês colombiano; entre o professor mexicano e o engenheiro venezuelano; entre os jovens nas ruas do Peru, Equador e Honduras exigindo justiça. É entender que a independência do Haiti, conquistada com sangue em 1804, é tão nossa quanto a vitória de Ayacucho. É saber que quando o Paraguai foi massacrado na Guerra da Tríplice Aliança, não foram apenas os paraguaios que perderam: todos nós perdemos.

Unidos não somos vítimas: somos titãs. A Zamba de Vargas, a batalha de Carabobo, o grito de Dolores, a resistência mapuche, as Mães da Plaza de Mayo, os zapatistas levantando a voz em Chiapas... Cada luta é um elo da mesma corrente que hoje nos chama a quebrar as correntes. A soberania não se negocia: defende-se e, para defendê-la, precisamos de uma união política, econômica e cultural que nos permita comercializar sem depender do dólar, produzir alimentos sem agrotóxicos, educar com pedagogias libertadoras e proteger a nossa Amazônia como pulmão do mundo.

Irmãos, não nos enganemos: o inimigo é o mesmo.

* Enquanto Wall Street especula, nossos povos passam fome. Enquanto Hollywood nos vende falsos ídolos,  enterram  nossas identidades.

Mas nós temos algo que eles nunca terão: a certeza de que a história é escrita pelos povos.

Hoje, quando o neoliberalismo recicla o seu rosto com falsas promessas, quando a Quarta Frota dos EUA vigia o Caribe e as bases militares se multiplicam na Colômbia e no Brasil, é tempo de gritar a uma só voz: 

Basta de ingerência! Basta de pilhagem!

Que a UNASUL ressurja, que a ALBA cresça, que a CELAC seja o nosso escudo. Organizemos assembleias populares, as nossas próprias redes de comunicação, moedas regionais, exércitos de professores e artistas para despertar consciências. Porque a verdadeira independência conquista-se com educação, organização e amor ao próximo.

Somos a geração que pode tornar realidade o sonho de San Martín e Manuelita Sáenz.

* Não esperemos que nos salvem: sejamos nós mesmos a trincheira, o poema, a semente. Que cada bairro, cada fábrica, cada sala de aula seja um território livre da Pátria Grande.

Viva a América Latina unida, à vitória sempre!

Porque em nossa união está a força, e em nossa luta, a liberdade.


@comitecarioca21 

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