Enquanto em diversos países do mundo vemos crescer a Campanha Internacional pela indicação ao Prêmio Nobel da Paz aos Médicos Cubanos, aqui no Brasil nos somamos a essa tão justa reivindicação.
A nomeação ao Nobel na verdade é para o Contingente Internacional de Médicos Especializados no Enfrentamento de Desastres e Graves Epidemias Henry Reeve. O nome é muito grande e por isso é designado como Brigada Henry Reeve. São esses agentes de saúde (porque também fazem parte da Brigada enfermeiros, técnicos e outros profissionais) que estão sendo indicados, especialmente nesse período em que o mundo vive um período de pandemia onde essa Brigada tem atuado de uma forma heróica.(ver texto abaixo)
No Brasil não tivemos contato com a Brigada especificamente mas sim com os médicos cubanos no Programa Mais Médicos.
Chegamos a ter mais de 14000 deles atuando nos lugares mais inóspitos de nosso país entre 2013 e 2018. Deixaram aqui muita saudade, muitos pacientes que se tornaram amigos e uma lacuna que até hoje não foi preenchida com mais de 20 milhões de brasileiros sem atendimento médico e mais de 700 municípios também sem qualquer atenção médica.
Quando os médicos cubanos do convênio do PMM começaram a chegar ao Brasil foram recebidos nos aeroportos por algumas pessoas que protagonizaram espetáculos deprimentes de ofensas e hostilidades absolutamente gratuitas. Cenas deploráveis.
Dessa forma, em novembro de 2016 quando o Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba foi informado pelo mandato do Vereador Leonel Brizola Neto da iniciativa de outorgar aos médicos cubanos a Medalha Pedro Ernesto (maior honraria da cidade), convidado a comparecer, nós do Comitê ali uma oportunidade de fazer um desagravo àquela "recepção" nos aeroportos em 2013 e editamos um vídeo em agradecimento em nome do país pelo relevante trabalho que aqui prestaram aos brasileiros mais humildes.
Ali no salão da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e antes da cerimônia apresentamos o vídeo de reconhecimento que foi um momento de muita emoção. Aqui o vídeo (20 min) :
Para quem quiser se unir à Campanha do Prêmio Nobel da Paz:
https://www.cubanobel.org/assine_a_peticao
Um Nobel verdadeiramente merecido
Ángel Guerra Cabrera
Um grupo de importantes
personalidades lançou a iniciativa de indicar ao Prêmio Nobel da Paz as Brigadas Médicas Cubanas
que combatem o Covid-19 em 27 países e que ao longo dos anos têm atuado heroicamente
no confronto a numerosos desastres naturais e epidemias ao redor do mundo. A
ideia é muito justa e oportuna uma vez que os médicos internacionalistas
cubanos são, nestes tempos de pandemia, desigualdade extrema e insuportável
injustiça social, um paradigma dificilmente igualável de solidariedade humana e
entrega à causa de salvar vidas.
Isso, em marcado antagonismo com o desenfreado egoísmo do America First
propagandeado por Donald Trump, enquanto a Casa Branca expõe a saúde e a vida de
milhões de estadunidenses no altar do business
is business, promovendo a propagação descontrolada do vírus e da morte,
como se fossem poucas as gravíssimas violações aos direitos humanos que comete
sistematicamente, dentro e fora de suas fronteiras. Se o Nobel tem que ser uma
consagração a quem busca o bem comum, a justiça e a cooperação internacional,
estes candidatos são seus merecedores, pois como afirmou Noam Chomsky: nenhum
país tem tido uma atitude internacionalista como a de Cuba ante a pandemia.
Chomsky é precisamente um dos que advoga pela entrega do prêmio aos médicos
cubanos junto aos Prêmios Nobel Adolfo Pérez Esquivel e Alice Walker; o líder
do Movimento dos Sem Terra de Brasil, João Pedro Stédile; o jornalista Ignacio
Ramonet; os atores Danny Glover e Mark Ruffalo; os músicos Chico Buarque,
Silvio Rodríguez e Tom Morello; os escritores Luis Britto e James Early, e os realizadores
Oliver Stone e Petra Costa. Uma campanha de apoio à iniciativa foi lançada no
Brasil pelo teólogo Leonardo Boff e o capítulo brasileiro da Rede Em Defesa da
Humanidade e existem convocações semelhantes na França, Argentina e Itália. O
movimento expande-se velozmente enquanto desde Washington, com Pompeo à frente
e um ódio irrefreável, vertem-se veneno e ameaças contra a cooperação médica
cubana em um dia sim e o outro também. É natural que a um grupo filofascista,
como o que hoje detém o governo na potência do norte, lhe provoque raiva uma
atividade de tão profundo conteúdo humanista e totalmente contrária à lógica do
mercado. Trata-se também de privar Cuba de sua primeira fonte de divisas, já
que ainda que em países pobres a cooperação de Cuba é quase gratuita, há outros
muitos que sim dão uma contraprestação.
A metade dos 6 mil 250 médicos de que
dispunha Cuba em 1959 desertou pouco depois do triunfo da Revolução. Mas em
1960, Havana enviou uma brigada médica para atender às vítimas do megaterremoto
que assolou a Chile. Em 1963 enviou uma brigada de 55 médicos à Argélia
recém-independente. A partir de então foi comum encontrar médicos cubanos na
África. Em 1970 despachou uma brigada médica ao Peru para atender as vítimas do
terremoto de Áncash . A visão e a vontade política de Fidel Castro fez com que
muito cedo se empreendesse um programa de formação de pessoal de saúde que
levou a que hoje existam 13 universidades médicas e a que Cuba seja um dos
países que possui mais médicos por habitantes no mundo. Também conduziu à
criação do grande complexo de centros de investigação biomédica, que tem sido
imprescindível para produzir medicamentos de ponta apesar do cada vez mais
asfixiante bloqueio ianque, proteger a população de muitas doenças infecciosas
e produzir nacionalmente oito das vacinas que se administram anualmente.
Desde 1963 mais de 600 mil
trabalhadoras e trabalhadoras da saúde cubanos têm levado seus serviços a mais
de 164 países. Mais de 2 mil combatem o coronavirus em 28 nações, ao redor de
700 no México. No Caribe são mais de 600.
Em 2005, na passagem do furacão Katrina por
Nova Orleans, Fidel propôs ao governo de Estados Unidos o envio de uma importante
força médica para atender os atingidos. Com Bush na presidência a resposta foi
negativa, mas o fato deu lugar à criação pelo comandante do Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves
Epidemias Henry Reeve. Reeve foi um jovem de Brooklyn que morreu combatendo nas
fileiras independentistas cubanas, onde por seu valor e capacidade ganhou muito
jovem o grau de general e uma grande admiração e carinho dos cubanos.
Desde sua criação, o contingente tem
atuado ante terremotos (Paquistão, 2005; Indonésia, 2006; Peru, 2007; China,
2008; Haiti, 2010; Chile, 2010; Nepal, 2015; Equador, 2016), chuvas intensas
(Guatemala, 2005; Bolívia, 2006; México, 2007; El Salvador, 2009; Chile, 2015;
Venezuela, 2015), emergências médicas (cólera em Haiti, 2010; ébola em Serra
Leoa, Guiné Conakri, Liberia, 2014) e furacões (Dominicana, 2015; Ilhas Fiji,
2016; Haiti, 2016).
Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
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