2 de ago. de 2022

A LENTA MORTE DE JULIAN ASSANGE #FreeAssangeNOW

                                  
  Os médicos temem pela vida de Julian Assange enquanto o governo dos EUA busca a custódia do jornalista.

   O tempo está se esgotando para salvar a vida de Julian Assange, que os médicos advertem que só tem meses de vida, escreve a Dra. Binoy Kampmark.

    Eles realmente querem matá-lo. Talvez esteja na hora de seus detratores e céticos, comprovadamente errados desde o início, admitirem que o império americano, juntamente com seus estados clientes, está disposto a ver o fundador do WikiLeaks Julian Assange perecer na prisão.

    A localidade e o entorno, para o exercício desses propósitos, não são relevantes. Assim como na Inquisição, a Igreja Católica nunca quis sujar suas mãos, preferindo o emprego de figuras não pertencentes à Igreja para torturar suas vítimas.

     No contexto de Assange, a Grã-Bretanha tem sido, desde o início, uma carceragem, guiada pelos bons ofícios de Washington, muito interessada em não ver este vazamento de segredos ser liberado no mundo. A fiança tem sido recusada repetida e imperdoavelmente, apesar do perigo da COVID-19, a saúde deteriorada do próprio editor e as restrições de acesso ao detento, inclusive para o aconselhamento jurídico de sua equipe.

     Assim como alguns bancos são considerados grandes demais para falir, Assange é considerado um alvo grande demais para escapar. Solto novamente, ele pode fazer o que faz de melhor: revelar venalidades governamentais na guerra e na paz e provar o contrato social como uma farsa grosseira e um escárnio à nossa racionalidade.

      O sistema jurídico britânico tem sido o fórum ideal para executar os desejos de Washington. Cada ramo jurídico que examinou o caso de extradição evitou desde sempre o principal: o ataque à liberdade de imprensa; a exposição de crimes de guerra; a vigilância ilegal do asilo político em embaixadas; as violações de privacidade e do sigilo jurídico; as invasões à vida familiar; as evidências sobre planos de sequestro e assassinato; os questionáveis conflitos de interesse por parte de alguns membros judiciais; e a conivência das autoridades do Estado.

    Em vez disso, os tribunais não examinaram os argumentos mais sólidos, focalizando apenas um dos fatos no curso do processo :a única decisão que favoreceu Assange só o fez ao considerá-lo essencialmente como um indivíduo cuja fragilidade mental o comprometeria em um estabelecimento prisional dos EUA.

    Em tal caso, o suicídio seria praticamente impossível de evitar. A juíza distrital Vanessa Baraitser, que tomou a decisão, pensou pouco nas credenciais da editora, concordando de coração com a acusação de que nenhum jornalista jamais teria exposto os nomes dos informantes.

    O resto tem sido uma grotesca demonstração de proporções gigantescas, com o Supremo Tribunal e a Suprema Corte demonstrando ser punições políticas ou, o que não é muito melhor, burra. Acreditar em uma série de garantias diplomáticas dadas por promotores públicos americanos sobre o destino pós-extradição de Assange, feitas após o julgamento original, parecia muito próximo de uma forma de barganha legal. (...)

     Para qualquer um que acompanhasse o julgamento e conhecesse a natureza débil das garantias dadas por um poder do Estado, especialmente um com o peso dos Estados Unidos, promessas sobre acomodações mais humanas, não estar sujeito a medidas administrativas especiais brutais e também poder solicitar um retorno à Austrália para cumprir o restante de sua pena. Pura mentira.

     A Anistia Internacional é inequívoca neste ponto: as garantias diplomáticas são usadas pelos governos para "driblar" várias convenções de direitos humanos e o próprio fato de que elas são utilizadas, cria seus próprios perigos:

    O simples fato de que os Estados Unidos precisam buscar garantias diplomáticas contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes (outros maus-tratos) é indicativo de um risco de tortura".

     As autoridades judiciais americanas chegaram ao ponto de enfraquecer sua própria posição, tornando seus compromissos condicionais. Usualmente, eles mudam o foco de volta para Assange, sugerindo que ele pode influenciar as coisas por sua própria conduta maliciosa. Em resumo, nada foi dito e a cola que mantém as promessas unidas pode, a qualquer momento, dissolver-se. 

     Afortunadamente, Assange continua a ter alguns seguidores ferozmente dedicados que o desejam bem e livre. O deputado australiano independente Andrew Wilkie tem um tipo de certeza que pode pulverizar as atitudes dos céticos, embora ele mesmo alimente algumas dúvidas. Em seu discurso aos apoiadores de Assange em Camberra, proferido nos gramados do Parlamento australiano, ele estava confiante de que manter "a pressão" levaria enfim a justiça ao editor.(foto)

                             

   Em um claro resumo, Wilkie destrinchou  o caso:

   "Há muito tempo os EUA querem vingança e o Reino Unido e a Austrália estão felizes em acompanhá-los nesta empreitada, porque colocaram as relações bilaterais com Washington à frente dos direitos de um homem decente".

  Continuando a manter a fúria, ele exortou o público que lá estava.

   O assunto é considerado tão urgente que os médicos australianos de Assange advertiram que a morte pode estar espreitando na esquina.

   O porta-voz, Dr. Robert Marr, expressou sua preocupação:

   "Os exames médicos de Julian Assange na prisão de Belmarsh no Reino Unido revelaram que ele está sofrendo de severas condições cardiovasculares e de estresse, incluindo um pequeno AVC como resultado de sua prisão e tortura psicológica".

A organização escreveu à Embaixadora dos Estados Unidos Caroline Kennedy

"...solicitando que ela peça urgentemente ao Presidente Biden que pare a perseguição dos EUA ao cidadão australiano Julian Assange por simplesmente publicar informações fornecidas a ele e parar a tentativa dos EUA de extraditá-lo do Reino Unido".

   Do ponto de vista australiano, já podemos ver que existe uma abordagem cautelosa e prudente do destino de Assange, que também serve à agenda letal que está sendo buscada  pelos promotores de justiça dos EUA. Apesar de uma mudança do governo em Camberra, o status quo nas relações de poder entre os dois países permanece inalterado.

Todos, a não ser Assange, parecem ter tempo para esperar. Mas, em termos de vida e saúde, o tempo em questão está quase terminando.

 

https://independentaustralia.net/politics/politics-display/penal-assassination-the-gradual-effort-to-kill-julian-assange,16617#.Yud1-1M0VcB.twitter

 Tradução livre:  Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

 

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