6 de jan. de 2023

Uma bela reflexão de Claudia Korol, jornalista feminista argentina, sobre o significado da Revolução cubana #SolidaridadVsBloqueo

                         

                                 A revolução irmã   

                                                                                                                      Tenho a mesma idade da revolução cubana... Talvez seja por isso que a vejo como uma irmã com quem cresci, com quem compartilhei esperanças, projetos, emoções, gostos e desgostos.

      Quando a revolução cubana estava alfabetizando camponeses e mulheres, ensinando-lhes o ABC de um novo mundo, eu estava aprendendo a pronunciar minhas primeiras palavras.

     Minha irmã se multiplicava para dentro e para fora, desafiando e desafiada pelos poderes mundiais, orgulhosa e altiva.

      Bloqueada, castigada, ameaçada, a pequena revolução tornou-se gigantesca em dignidade e exemplo. Quando todos se ajoelharam diante do império, a moça se levantou e disse à sua maneira: "aqui ninguém se rende". Quando todos acreditaram na história do fim da história, minha irmãzinha disse que sua história, nossa história, continuava sendo feita como uma heresia coletiva.

     Educação, saúde, arte, pesquisa, produção, desdobradas no território sitiado, na ilha guevariada com os sonhos de todas e todos.

    A revolução irmã nos ensinou a caminhar fiéis a nossas convicções, mesmo na solidão. Ela nos ensinou que a solidão pode ser bem acompanhada. Ela cantou para nós e nos contou que todas as rebeliões podem ter o rosto do povo.

     Todo 1º de janeiro é o aniversário de minha irmã. Eu envelheço e ela se torna jovem. Eu coleciono silêncios e ela floresce poesia e canções. Lamento suas dificuldades, seus erros, suas falhas, e ela os corrige, aprende com eles, os refaz. Não há trabalho humano sem erros, e a revolução é, acima de tudo, humana. Eu a celebro como vocês a celebram, e ela se revoluciona mais uma vez.

     A revolução tem um corpo marcado com as cicatrizes do povo. Ela tem um sorriso no rosto, porque minha irmã é - acima de tudo - cubana, e porque é cubana, é feliz, é festeira, gosta de festejar.

     A revolução tem um facão na cintura. Tem um rifle em suas mãos. Tem em suas veias o sangue de todos aqueles que caíram nas lutas de libertação. Tem em suas raízes e em seus frutos as sementes não-transgênicas do socialismo. Tem em seu presente de tanta luta, nosso desejo.


Claudia Korol- Buenos Aires, 1º de janeiro de 2012

Tradução: Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

NT : . A eleição e posse da presidência no Brasil este ano atrasou um pouquinho as sempre merecidas menções ao Triunfo da Revolução cubana, farol de tantos de nós pelo mundo. Mas aqui está a primeira delas.

                            


2 comentários:

  1. Uma luta pela democracia em seu único sentido- termino das desigualdades sociais.Todos devem nascer com os mesmos direitos!

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