18 de fev. de 2016

OBAMA EM CUBA? QUE VENHA A FERA MAS QUE SOLTEM O MACACO. POR IROEL SÁNCHEZ


Nas últimas semanas, várias fontes vêm anunciando uma possível visita do presidente dos EUA Barack Obama a Cuba que já teria data fechada como parte de uma turnê latino-americana, que incluiria Argentina, Colômbia e Peru, no final de março.

Sem dúvida, se houver, esse fato seria um impulso para a normalização das relações entre os dois países e um golpe para os setores que se opõem a este processo desencadeado publicamente em 17 de dezembro de 2014.

A julgar por suas declarações à Yahoo Notícias semanas atrás, a visita de Obama também é vista como um instrumento para forçar mudanças que historicamente os EUA têm buscado em Cuba e fortalecer sua influência no hemisfério ocidental, o que foi reiterado em seu discurso sobre o estado da União diante do Congresso.

"Se querem consolidar a nossa liderança no continente devem reconhecer que a Guerra Fria acabou, levantem bloqueio", disse Obama diante do plenário da Câmara e do Senado em 12 de janeiro depois de reconhecer que mais de cinquenta anos de bloqueio econômico não trouxeram a democracia, como pretendia Washington, na maior das Antilhas.

Mais uma vez, o presidente deixou ao Congresso uma tarefa na qual ele pode contribuir muito mais do que tem feito. Não só pela quantidade de mudanças ao alcance do poder presidencial que pode enfraquecer o bloqueio sem a necessidade da intervenção legislativa: a autorização do uso do dólar nas transações internacionais de Cuba; reverter a política de perseguição financeira contra a Ilha; permitir as importações para os EUA de produtos e serviços cubanos e autorizar exportações diretas para Cuba, estão entre eles, e também por decisões específicas solicitadas por entidades de seu país que espera há meses pela aprovação de seu governo. Entre estas últimas estão a autorização tramitada pela MLB para que jogadores de beisebol cubanos possam jogar nos Estados Unidos sem romper com seu país de origem, ou licença para uma empresa de produção de tratores destinados a agricultores privados para estabelecer-se na Zona Econômica Especial de Mariel, a oeste de Havana.

Outro instrumento da estratégia da Guerra Fria em relação a Cuba que o presidente pode mudar é a política de acolhida automática, em caráter de refugiados políticos, para todo imigrante cubano que chegue a solo estadunidense, o que incentiva o tráfico de pessoas e a migração ilegal, como ferramenta de desestabilização contra a Ilha junto aos mais de cinquenta milhões de dólares distribuídos pelos EUA entre as pessoas que organizam e treinam para "programas de apoio à democracia" em território cubano.

O Presidente não considerou a reivindicação histórica do povo de Cuba sobre o território de Guantánamo que os EUA ocupam militarmente e tornou-se um campo de tortura que Obama não tem podido fechar. A base militar que não é uma relíquia da Guerra Fria, mas de oportunismo com que Washington interveio na guerra de independência que os cubanos lutaram contra a Espanha, chegando como aliado dos libertadores porém atuando como ocupante, e impondo uma emenda constitucional que lhe deu direito de instalar bases militares consideradas necessárias, bem como a prerrogativa de intervir pela força toda vez que desejasse.

Em seu último discurso sobre o Estado e a União diante do Congresso, o presidente dos EUA disse que "os Estados Unidos são a nação mais poderosa da Terra. ponto ". O "ponto" nos recorda que diz algo que não tem discussão: Os EUA é o rei da selva em que suas mesmas políticas têm transformado o planeta.
Na história das relações entre Cuba e os EUA, e as circunstâncias em que ela ocorre, a visita do presidente dos EUA a Havana não deixa de ser parte de um confronto, porém um confronto que como disse o líder cubano, Raul Castro, deve transcorrer de uma maneira civilizada entre iguais. 

Assim como diz uma canção cubana, que venha a fera que a estamos esperando. Porém se seu país é tão poderoso, Obama não deveria temer soltar um pouco as amarras antes de fazer a honra de visitar-nos, ou é como diz outro ditado popular em Cuba, o bairro bonito só gosta das lutas de leão e macaco com o macaco amarrado?

(Cubahora)
 Via: La Pupila Insomne

                                                                       VENCEMOS !!! VENCEREMOS !!!


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