4 de mar. de 2022

O SISTEMA SWITF COMO ARMA DE GUERRA CONTRA A RÚSSIA

                                                 

Ramon Lobo Moreno

 No terceiro trimestre de 2020 publicamos em três partes o documento: O sistema de pagamento internacional, um cenário para a guerra econômica. A razão para isto foi a escalada da agressão por parte do governo dos EUA, que estava considerando a possibilidade de propor a exclusão da Venezuela do sistema de pagamento SWIFT. Esta sigla da Society for World Interbank Financial Telecommunication (SWIFT) é um grupo cooperativo fundado em Bruxelas em 1973, que estabeleceu uma linguagem universal e um mecanismo padrão para transações financeiras internacionais.

Depois que o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto reconhecendo Donetsk e Luhansk como Estados independentes da Ucrânia como resultado da violação dos acordos de Minsk, os Estados Unidos (EUA) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) começaram a exercer pressão de diferentes ângulos, particularmente na esfera econômica. 

Eles estão começando a emitir "sanções" de vários tipos, e também estão ameaçando imediatamente limitar o progresso do Nord Stream 2 - o gasoduto submarino que envia gás russo através da Alemanha para a Europa. Da mesma forma, há vozes que mais uma vez propõem - como foi feito em 2014 - desconectar a Rússia das transações realizadas através de códigos bancários (BIC - Bank Identifier Code) gerados pelo sistema de pagamento SWIFT, que são necessários para emitir ou receber transferências internacionais, pois identificam todos os detalhes, tais como: beneficiário, filial do banco, montante e data, entre outros.

A influência do governo dos EUA e dos países europeus aliados na SWIFT é importante; lembremos que em 2012, no âmbito das sanções impostas ao Irã, eles conseguiram que a administração da cooperativa financeira excluísse os bancos iranianos. Desde então, este sistema de pagamento internacional tem sido utilizado para coagir quem quer que considerem, já que mais de 70% das transferências internacionais são feitas através dele, o que indica que um país fora deste sistema seria limitado em sua conexão financeira e comércio externo. Atualmente, esta plataforma reúne mais de 11.000 organizações - financeiras e não financeiras - em mais de 200 países.

Esta situação levou países como a China e a Rússia a aliviar a configuração de suas próprias plataformas tecnológicas, tais como o Sistema de Pagamento Internacional da China (CIPS) e a proposta russa para o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (FMS). É importante ressaltar que, em nível sul-americano, o Sistema Único de Compensação Regional de Pagamentos (SUCRE) está sendo promovido, hoje praticamente paralisado pela composição política da região.

Esta ação imprudente da aliança EUA-União Europeia, contra um país que é uma potência militar e econômica e um dos principais parceiros da China, nos mostra até que ponto eles são capazes de impor seus interesses, razão pela qual é urgente acelerar a construção de uma ordem financeira internacional alternativa que contemple um sistema de pagamento transfronteiriço ligado a uma moeda diferente do dólar, que garanta o fluxo do livre comércio entre as nações e que respeite a livre autodeterminação dos povos.


www.ramonlobo.psuv.org.ve  / @LoboMRamon  / @RamonLoboMoreno

Ramón Lobo Leyder é um jornalista e escritor espanhol-venezuelano.


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba


                                   



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