CARTA ABERTA HISTÓRICA DE GUSTAVO PETRO, PRESIDENTE DA
COLÔMBIA, PARA TRUMP
O presidente
da Colômbia, Gustavo Petro, em Carta histórica e revolucionária, critica o
imperialismo, resgata a história de resistência colombiana e reafirma a
soberania da Colômbia diante das ameaças de sanções econômicas e políticas dos
Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump. Apenas nas duas primeiras horas
de divulgação da Carta mais de 5 milhões de pessoas leram a carta na internet.
Carta inspiradora e revolucionária em momento tão grave da humanidade. Coragem
e sabedoria são imprescindíveis de agora em diante, mas do que nunca. (https://gilvander.org.br/)
Eis o texto da Carta de Gustavo Petro a Trump na íntegra:
“Trump, eu não gosto muito de viajar para os EUA, mas
confesso que há coisas que merecem crédito. Confesso que gosto de Walt Withman,
Paul Simon, Noam Chomsky e Miller.
Confesso que Sacco e Vanzetti (que têm meu sangue) são
memoráveis na história dos EUA e eu os sigo. Eles foram assassinados por
líderes operários na cadeira elétrica, os fascistas que estão dentro dos EUA
como dentro do meu país.
Não gosto do seu petróleo, Trump, vai acabar com a espécie
humana por ganância. Talvez algum dia, acompanhado de um copo de uísque que
aceito, apesar da minha gastrite, possamos conversar francamente sobre isso,
mas é difícil porque você me considera uma raça inferior e eu não sou, nem nenhum
colombiano.
Então, se você conhece alguém teimoso, esse sou eu. Você
pode, com sua força econômica e sua arrogância, tentar dar um golpe de Estado
como fizeram com Allende. Mas eu morro na minha lei, resisti à tortura e
resisto a você. Não quero escravistas ao lado da Colômbia, já tivemos muitos e
nos libertamos deles. O que quero ao lado da Colômbia são amantes da liberdade.
Se você não pode me acompanhar, eu vou para outro lugar. A Colômbia é o coração
do mundo e você não entende isso. Esta é a terra das borboletas amarelas, da
beleza de Remedios, mas também dos coronéis Aurelianos Buendía, dos quais sou
um deles.
Você vai me matar, mas eu sobreviveria no meu povo, que é,
antes do seu, das Américas. Somos povos dos ventos, das montanhas, do mar do
Caribe e da liberdade.
Você não gosta da nossa liberdade, tudo bem. Eu não aperto a
mão de escravistas brancos. Aperto as mãos dos libertários brancos herdeiros de
Lincoln e dos camponeses negros e brancos dos Estados Unidos, diante dos quais
chorei e rezei em um campo de batalha.
Eles são os Estados Unidos e diante deles me ajoelho, diante
de mais ninguém.
Derrube-me, presidente, e as Américas e a humanidade lhe
responderão.
A Colômbia agora deixa de olhar para o norte, olha para o
mundo, nosso sangue vem do sangue do califado de Córdoba, a civilização daquela
época, dos latinos romanos do Mediterrâneo, a civilização daquela época, que
fundaram a república, a democracia em Atenas; nosso sangue tem os negros
resistentes convertidos em escravos por vocês. Na Colômbia está o primeiro
território livre da América, antes de Washington, de toda a América, lá me
abrigo em seus cantos africanos.
Minha terra é de ourivesaria existente na época dos faraós
egípcios e dos primeiros artistas do mundo em Chiribiquete.
Você nunca nos dominará. O guerreiro que cavalgava nossas
terras, gritando liberdade e que se chamava Bolívar, se opõe a vocês.
Nossos povos são um pouco temerosos, um pouco tímidos, são
ingênuos e amáveis, amorosos, mas saberão conquistar o canal do Panamá, que
vocês nos tiraram com violência. Duzentos heróis de toda a América Latina jazem
em Bocas del Toro, atual Panamá, antes Colômbia, que vocês assassinaram.
Eu levanto uma bandeira e, como disse Gaitán, mesmo que
fique sozinho, ela continuará hasteada com a dignidade latino-americana, que é
a dignidade da América, que seu bisavô não conheceu, mas o meu sim, senhor
presidente imigrante nos Estados Unidos.
Seu bloqueio não me assusta, porque a Colômbia, além de ser
o país da beleza, é o coração do mundo. Sei que você ama a beleza como eu, não
a desrespeite e lhe oferecerá sua doçura.
A partir de hoje, a Colômbia se abre ao mundo inteiro, de
braços abertos, somos construtores de vida e humanidade.
Fui informado de que você cobra 50% de tarifa sobre o fruto
do nosso trabalho humano para entrar nos EUA, eu faço o mesmo.
Que nosso povo plante milho, que foi descoberto na Colômbia,
e alimente o mundo.
Gustavo Petro
Presidente da Colômbia
Trad: @comtecarioca21
Assino embaixo. Altivez e dignidade. Espero que muito brasileiros assinem esta carta.
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau com o Presidente da Colômbia. Parabéns pela coragem, pela dignidade e pelo exemplo dado com a atitude assumida. Se todas as vítimas dos abusos praticados por Trump assumissem a mesma postura, este seria forçado a ceder à pressão que seria feita pelos próprios empresários americanos.
ResponderExcluirO texto é meu. Não sou anônimo.
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