#FIMDOBLOQUEIO
Por Pedro Neves da Agência Jovem de Notícias
Alcides Carrazana, um cubano que está no Brasil junto à (ALBA) Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América, veio na Viração
bater um papo sobre Cuba e Educomunicação. Alcides é jornalista e
professor de Teorias da Comunicação em seu país. Conversamos sobre
estigmas da comunicação, tecnologia em Cuba, as reaberturas do país com
os Estados Unidos, sobre o governo cubano e liberdade de imprensa.
Ele está no Brasil há três meses e pretende ficar até novembro do ano
que vem. Alcides faz parte da comunicação da ALBA, uma plataforma de
cooperação internacional baseada na ideia da integração social, política
e econômica entre os países da América Latina e do Caribe.
Confira nossa conversa:
AJN: Como professor de Teorias da Comunicação, como definir essa palavra?
Alcides, por Joka Madruga/Terra Sem Malas |
Alcides: A comunicação é um conceito que se define pela prática,
não pela teoria. As teorias são muito baseadas na Europa e Estados
Unidos, levamos esses conceitos como os certos e aí surgem variáveis,
como a Educomunicação, comunicação popular, comunicação educativa. Tais
conceitos se diferem nas teorias, porém, na prática, a essência é a
mesma. Uma comunicação contra os princípios mais hegemônicos,
conservadores e tradicionais. São essas novas vertentes que vem para
mostrar que as teorias tão consagradas são, na verdade, fruto de uma
comunicação popular.
AJN: E o acesso a novas tecnologias em Cuba, como funciona?
Alcides: Tudo isso que você tem aqui, nós não temos por lá. Por
exemplo, internet a cabo é uma raridade. Não sabemos direito o que é
Wi-fi. Lá em Cuba existem diversas limitações quando o assunto é
tecnologia, principalmente na comunicação. Porém, não podemos achar que
isso seja um absurdo. Vemos mundo a fora como pessoas se tornam
dependentes da internet e da conectividade, tal exagero não é nem um
pouco benéfico. Acho que Cuba tem muito a avançar no acesso e
distribuição de tecnologia, mas o mundo precisa fazer o caminho inverso e
não depender tanto dela.
AJN: O que falar da retomada das conversas com os EUA?
Alcides: Não podemos achar que essa é a solução de todos os
problemas, que agora somos amigos e que o dinheiro norte americano é
super bem vindo. Não podemos esquecer que foram mais de 50 anos de luta,
somos um exemplo para o mundo, os EUA não penetraram em Cuba. Acontece
que eles finalmente entenderam isso, sua política com nós falhou.
Precisamos ficar muito espertos, pois o mínimo erro pode ser muito
prejudicial a Cuba, precisa ficar bem claro que eles não querem ser
nossos amigos. O modelo de democracia norte americana não é o que Cuba
quer.
AJN: Cuba vive em uma ditadura? Como funciona a liberdade de imprensa e expressão por lá?
Alcides: A questão é que muitos jovens em Cuba não viram o
capitalismo, não sabem o que foram todas as revoluções que passamos.
Depois dos anos 90 o país foi isolado e tivemos que aprender a
sobreviver com 20% da nossa capacidade. O termo ditadura é muito forte,
ninguém é sequestrado, reprimido e torturado em Cuba. Para entender o
país só conhecendo. A liberdade de expressão ainda é muito limitada e
precisa mudar. Mas nos últimos anos, desde que Raul Castro assumiu o
poder, o país anda avançando muito na questão da democracia. A liberdade
de imprensa é um eufemismo, não existe em nenhum lugar do mundo, existe
a liberdade da empresa.
VENCEMOS !!! VENCEREMOS !!!
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