GRUPO PARLAMENTAR BRASIL-CUBA NO
CONGRESSO NACIONAL
“El ejercicio no lucrativo de la medicina es
capaz de ganar a todo corazón noble”
- Fidel Castro
Coerentes
com os princípios de solidariedade que unem os dois países, manifestamos nossa
plena solidariedade e concordância com a iniciativa de propor a indicação da
equipe médica cubana Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves
Epidemias Henry Reeve ao Prêmio Nobel da Paz.
Idealizada
pela organização francesa Cuba Linda
e pelo Comitê França-Cuba, a campanha
conta com apoio de mais de 20 organizações europeias e norte-americanas. No
mesmo sentido, no último 15 de junho, movimentos sociais, sindicais, partidos
políticos e personalidades de diversos setores de dezenas de países da América
Latina e do Caribe - inclusive o Brasil - se reuniram virtualmente em apoio a
essa proposição.
Trata-se
de uma condecoração justa e merecida. Especialmente pelo reconhecimento do seu
valor humanitário de amplitude global, que abrange, inclusive, países entre os
mais ricos do mundo. A atenção médica que a saúde pública cubana brinda
gratuitamente a povos e países de diversos continentes, indistintamente, remonta
aos primórdios do triunfo da Revolução.
No
decorrer de 55 anos de cooperação médica, os profissionais de saúde cubanos
atuaram em 600 mil missões em 164 países, envolvendo mais de 400 mil
trabalhadores de saúde. Destacam-se a luta contra o Ebola, na África, a
cegueira na América Latina e no Caribe e a cólera no Haiti, além da
participação de 26 brigadas do Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves
Epidemias Henry Reeve no Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru,
Chile, Venezuela e outros países.
Em 1991, desembarcaram em Havana milhares de
crianças, jovens e adultos de ambos os sexos oriundos de Bielorússia, Ucrânia e
Rússia para receberem tratamento de saúde, afetados que foram pelo acidente
nuclear de Chernobyl. Nos anos subsequentes, essa cifra ultrapassaria a casa
dos 20 mil assistidos. Todos, sem exceção, foram tratados segundo o princípio
de que, em Cuba, a saúde é gratuita para todos.
Nós,
brasileiros, também fomos beneficiados por essa solidariedade. Quando do
acidente do Césio-137, ocorrido em Goiânia-GO, em 1987, o maior acidente
radioativo do Brasil e um dos maiores do mundo, foi na pequena ilha, parca de
recursos mas de coração acolhedor, que dezenas de compatriotas nossos, homens e
mulheres, jovens e adultos, foram carinhosamente medicados e curados.
Gratuitamente, cabe ressaltar.
Recentemente,
o Brasil sofreu com a extinção, pelo presidente da Republica, do Programa Mais Médicos, firmado entre
Brasil e Cuba e intermediado pela Organização Panamericana de Saúde – OPAS,
voltado para o atendimento às pessoas mais pobres e de regiões periféricas.
Eleito, Jair Bolsonaro priorizou extinguir o Programa de forma unilateral e arbitrária, como é do seu feitio.
Em
cinco anos de trabalho, cerca de 20 mil médicos cubanos atenderam mais de 113
milhões de pacientes em mais de 3.600 municípios brasileiros. Mais de 700
desses municípios tiveram um médico pela primeira vez na história. Socialmente exitoso,
o Programa Mais Médicos tinha que ser
extinto por ser incompatível com a demofobia do governo Bolsonaro.
O Contingente Internacional de Médicos
Especializados em Situações de Desastres e Graves Epidemias Henry Reeve,
idealizado por Fidel Castro, nasceu da intenção de ajudar a população pobre de
Nova Orleans, abandonada após o furacão Katrina. Rejeitada pelo governo
norte-americano, a missão humanitária foi transferida para Angola. A
denominação do Contingente rende homenagem ao brigadeiro-general do Exército
Libertador de Cuba durante a guerra contra o colonialismo espanhol. Nascido em
Nova York, na juventude Henry Reeve serviu no Exército da União, durante a
Guerra Civil estadunidense.
A
histórica atuação no atendimento às vitimas do Ebola na África Ocidental é
reconhecida mundialmente, razão pela qual o Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves Epidemias
Henry Reeve, recebeu o Prêmio Doutor Lee Jong-Wook de Saúde Pública, da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Atualmente,
são mais 1.500 profissionais do Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves
Epidemias Henry Reeve atuando na linha de frente em vinte países no combate
ao Covid–19. A esses, somam-se outros milhares que já estavam em 40 países e
que se incorporaram na luta contra o inimigo comum que hoje assola a
humanidade.
Em
contraponto à solidariedade humanitária internacional do povo cubano, o governo
dos EUA, de reconhecida tradição belicista, recrudesce o sexagenário e infame
bloqueio contra Cuba, repudiado ao longo de décadas pela comunidade
internacional. Quando, na realidade, o que interessa à humanidade é a superação
da crise econômica e social decorrente da pandemia do novo coronavírus, bem
como a revisão do modelo econômico e de comportamento da sociedade de consumo.
Em suma,
é legítimo o pleito de agraciar o Contingente
Internacional de Médicos Especializados em Situações de Desastres e Graves
Epidemias Henry Reeve com o Prêmio Nobel da Paz do ano de 2021.
Brasília, 23 de junho de 2020.
Deputada
Lídice da Mata (PSB-BA)
Presidente
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