11 de nov. de 2021

PROTESTOS EM CUBA, UMA MÉDIA INCOMUM

   


     Os protestos de rua em Cuba são tão raros que em 62 anos a imprensa internacional só conseguiu refletir como significativos dois desses episódios, um de 5 de agosto de 1994 e outro de 11 de julho de 2021. Como gosto tanto de números, peguei as estatísticas que me deram  0,03 protestos por ano, o que indica que nem chegamos a um protesto anual.

   Poucos ou quase nenhum, dos que levantam o dedo para nos acusar de qualquer infortúnio que lhes sobrevenha, vivem num país que consegue memorizar com datas, santos e sinais, os protestos que as suas ruas assistiram nas últimas seis décadas.

     Agora imagine que você está em Bogotá, Santiago do Chile, Nova York, Madrid, Assunção ou São Paulo e te pedem para escrever o dia e mês em que as pessoas de lá saíram para protestar e foram reprimidas de 1959 até hoje, que deveriam ter sido muito raras , no caso de ¨democracias¨ robustas, porém, não há caderno que seja suficiente para completar sua lista.

     Agora faça outro teste, desta vez digital. Peça ao Google para fazer uma busca simples por imagens com o título "protestos em Havana" e você certamente encontrará algumas dezenas delas, bem marcadas nas datas já mencionadas. Repita a busca e ao invés da capital cubana colocar as cidades de outrora, aviso que você terá que preparar um bom espaço para a diversidade dos anos, pauladas, jatos d'água, tiros e outros demônios que a internet vai te mostrar .

      Em meio a uma matemática inquestionável e lógica avassaladora, pode-se concluir que não são os cubanos que têm a maior urgência de sair às ruas, nem é aqui que foram sistematicamente reprimidos, desaparecidos e espancados. Como também se pode concluir que, desde que não haja interferência dos interesses do poder capitalista, qualquer governo poderá dominar "democraticamente" seus cidadãos sem que a notícia seja uma novidade.

MIGUEL CRUZ

Do facebook :  https://www.facebook.com/miguel.cruzsuarez.1

Tradução: Carmen Diniz

                                                       


Nenhum comentário:

Postar um comentário