13 de mar. de 2025

O apoio de Cuba a Angola está escrito em letras douradas.

                                           

Entrevista com a embaixadora da República de Angola em Cuba, Maria Cândida Teixeira

Por ocasião do encerramento de sua missão em Cuba, a Embaixadora da República de Angola, Maria Cândida Teixeira, prestou declarações nas quais destacou que se trata de uma experiência excepcional, que lhe permite contribuir para o fortalecimento contínuo das relações bilaterais, uma parceria que remonta à década de 1960, forjada na luta comum pela liberdade, autodeterminação e soberania de ambos os países.


Como você vê seu trabalho em Cuba ao longo dos anos?

— Maria Cândida. - Cuba foi o país onde comecei minha carreira diplomática, como embaixadora, e para este momento em particular, uso um velho ditado que diz o seguinte. “O melhor espetáculo é sempre visto no final.”

Minha acreditação como embaixadora de Angola em Cuba, há quatro anos, catapultou o auge da minha carreira diplomática, e por isso me sinto lisonjeada. Considero-me uma cidadã afortunada, porque não poderia ter sido diferente, iniciando minhas funções nas terras de José Martí e do eterno Comandante Fidel Castro, que considero minha segunda pátria.

Em 11 de novembro, nosso país comemora o 50º aniversário da Proclamação da Independência.

Sob o lema “Angola: 50 anos preservando e valorizando suas conquistas, construindo um futuro”, celebramos esta independência, conquistada a ferro e fogo, e com o sangue derramado por nossos heróis.

Agradecemos o apoio e a união de todos os países comprometidos com a paz, a justiça e a liberdade, especialmente os países africanos que nos acolheram no exílio, como Argélia, Marrocos, Senegal, Tanzânia, Zâmbia, República Democrática do Congo, Congo, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri, oferecendo-nos apoio substancial para que nossas ações de guerrilha em Angola contra o regime colonial português pudessem prosperar. Da Rússia, recebemos apoio decisivo com armas, conselhos e treinamento militar.

 

Como você avalia as relações entre as duas nações? 

— Maria Cândida. - Cuba e Angola têm os laços mais profundos, indeléveis e profundos, que derivam não só de razões históricas e culturais (a chegada de muitos escravos à ilha), mas também do fato de que, nos momentos mais críticos da história de Angola, Cuba enviou seu maior patrimônio, seus filhos, para a pátria angolana, que lutaram ombro a ombro com os angolanos pela conquista da independência e pela manutenção de nossa soberania.

A famosa Batalha de Cuíto Cuanavale é o exemplo mais vívido, onde a Namíbia e a África do Sul estão incluídas neste grande épico.

No âmbito das nossas excelentes relações políticas, econômicas e culturais, tanto no plano bilateral como multilateral, foram realizadas trocas de visitas de alto nível entre ambas as nações, como a participação do Presidente João Lourenço na reunião do G77+China em Cuba e a visita do Presidente Díaz-Canel-Bermúdez a Angola em 2023. Isso demonstrou a importância atribuída às relações bilaterais e nos permitiu reafirmar a fraternidade e as perspectivas futuras.

O apoio de Cuba a Angola, desde os primeiros anos da nossa independência, está escrito em letras de ouro na história das nossas nações.

A presença de milhares de combatentes internacionalistas cubanos que derramaram seu sangue em solo angolano não foi apenas um símbolo de solidariedade, mas também um ato de coragem, bravura e comprometimento que jamais será esquecido pelo nosso povo.

 

Essas relações foram consolidadas durante sua estadia?

—Maria Cândida. - Em tempos mais recentes, nossas relações se fortaleceram e se diversificaram, abrangendo áreas como saúde, educação, defesa, ciência e tecnologia, agricultura, cultura e desenvolvimento econômico.

No setor da saúde, os médicos cubanos têm desempenhado um papel fundamental em Angola, especialmente nas áreas mais remotas, ajudando a melhorar a qualidade de vida da população. Ao mesmo tempo, centenas de jovens angolanos continuam a se beneficiar de uma excelente formação em instituições de ensino superior cubanas.

Em defesa e segurança, a cooperação tem sido essencial para manter a paz e a estabilidade em Angola, a soberania nacional e a segurança regional.

Economicamente, a recente intensificação de parcerias no setor agrícola e no desenvolvimento de infraestrutura demonstra o dinamismo dessas relações e o potencial que ainda temos a explorar, promovendo o desenvolvimento conjunto e sustentável.

 

Você conseguiu fortalecer as relações de Angola na América Latina?

Como embaixadora não residente, tive a oportunidade de, a partir de Cuba, fortalecer as relações com o Panamá, a Costa Rica, a República Dominicana, a Nicarágua, a Guatemala, El Salvador e o Caribe. Cada uma dessas nações desempenha um papel importante no fortalecimento da cooperação Sul-Sul e no desenvolvimento regional. Construí pontes importantes entre Angola e esses países, promovendo o intercâmbio econômico e cultural, bem como experiências e conhecimentos em áreas de interesse comum, o que acredito que terá um impacto positivo no futuro das nossas relações.

A República de Angola assumiu a Presidência da União Africana em fevereiro. Um dos objetivos é a mediação contínua nos conflitos regionais que continuam a assolar nosso continente, particularmente entre a República Democrática do Congo e Ruanda, que causaram vítimas inocentes e destruíram infraestruturas importantes.

 

Que mensagem você deixa para os cubanos após sua nova missão?

— Maria Cândida. - Aos meus irmãos e irmãs cubanos, reafirmo minha gratidão à pátria de Fidel por me permitir fazer parte desta história, por ter me dado uma calorosa acolhida e por tornar esta missão inesquecível. Despeço-me com o coração cheio de gratidão e a promessa de que, da França, como representante do meu país na UNESCO, continuarei defendendo e promovendo a amizade entre nossos países, certa de que nossas relações continuarão.

Ao me despedir, levo comigo lembranças preciosas e a certeza de que o trabalho que comecei continuará crescendo e dando frutos. Angola e Cuba partilham valores de solidariedade, respeito e progresso comum, que servirão de base para o fortalecimento contínuo das nossas relações bilaterais e multilaterais, sempre pautadas pelo objetivo de construir sociedades mais justas, prósperas e solidárias.

 

Hedelberto López Blanch, jornalista, escritor e pesquisador cubano, especialista em política internacional.

 https://www.resumenlatinoamericano.org/2025/03/12/cuba-el-apoyo-de-cuba-a-angola-esta-escrito-con-letras-de-oro/

@Tradução: @comitecarioca21 


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