CANBERRA,
Austrália (AP) - O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, expressou
frustração com os esforços contínuos dos Estados Unidos para extraditar o
fundador do WikiLeaks e cidadão australiano Julian Assange, dizendo: "Não
serve para nada seu encarceramento em curso".
Os comentários de
Albanese na sexta-feira, em uma entrevista à Australian Broadcasting Corp.,
pareceram aumentar a pressão diplomática sobre os Estados Unidos para que
retirem as acusações contra Assange, de 51 anos, que passa quatro anos na Prisão Belmarsh, na
Grã-Bretanha, lutando contra a extradição para os Estados Unidos.
Antes disso,
Assange havia recebido asilo por sete anos na Embaixada do Equador em Londres.
Albanese disse
que o caso de Assange tinha de ser examinado em termos de se o tempo que
Assange "efetivamente cumpriu" era superior ao que seria
"razoável" se as alegações contra ele fossem comprovadas.
"Eu
apenas digo que já é o bastante. A prisão
atual dele nao serve para nada”.
"Sei que
é frustrante, compartilho a frustração. Não posso fazer mais do que deixar bem
clara a minha posição, e o governo dos EUA certamente está bem ciente da
posição do governo australiano", acrescentou Albanese.
Assange tem lutado
nos tribunais britânicos há anos para evitar ser enviado aos EUA, onde enfrenta
17 acusações de espionagem e uma acusação de uso indevido de computador,
decorrentes da publicação pelo WikiLeaks de um enorme conjunto de documentos
confidenciais em 2010.
Os promotores
americanos alegam que ele ajudou a analista de inteligência do Exército dos
EUA, Chelsea Manning, a roubar cabos diplomáticos confidenciais e arquivos
militares que o WikiLeaks publicou posteriormente, colocando vidas em risco.
Para seus
partidários, Assange é um jornalista que rompeu com o sigilo e expôs as
irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Albanese disse
que havia uma "desconexão" entre o tratamento dado pelos EUA a
Assange e a Manning. O então presidente dos EUA, Barack Obama, comutou a
sentença de 35 anos de Manning para sete anos, o que permitiu sua libertação em
2017.
Disse ainda que
defendeu Assange em reuniões com funcionários do governo Biden. Na sexta-feira,
ele se recusou a dizer se falaria sobre Assange com Biden quando Albanese
receber o líder dos EUA junto com os líderes da Índia e do Japão em Sydney, em
24 de maio.
"A
maneira como a diplomacia funciona (...) provavelmente não é prever as
discussões que você terá ou teve com líderes de outras nações",
disse Albanese. "Vou me engajar diplomaticamente para chegar a um
resultado."
Albanese disse
que não queria entrar em uma discussão sobre se as supostas ações de Assange
eram certas ou erradas.
Ressaltou uma
decisão de um tribunal distrital britânico, que já foi revogada, que rejeitou o
pedido de extradição com base no fato de que Assange provavelmente se mataria
se fosse mantido sob as duras condições
da prisão dos EUA.
"Estou
preocupado com a saúde mental do Sr. Assange",
disse Albanese.
https://apnews.com/article/julian-assange-wikileaks-albanese-c513b125be952fa954667da1c280ffb7
Tradução: Carmen Diniz / Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
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