Elier Ramírez Cañedo*
Os Estados Unidos têm
vasta experiência na prática da guerra cultural contra qualquer projeto
alternativo à sua hegemonia na arena internacional. The CIA and the Cultural
Cold War (A CIA e a Guerra Fria Cultural), de Frances Stonor Saunders, é um
livro imprescindível - a pesquisa mais completa sobre o assunto - para entender
essa realidade[i]. Esse livro mostra como, durante os anos da Guerra Fria, o
programa de guerra psicológica e cultural da CIA contra o campo socialista foi
sua joia mais preciosa.
Uma característica
importante - ressalta Stonor - dos esforços da Agência para mobilizar a
cultura como uma arma da Guerra Fria foi a organização sistemática de uma rede
de “grupos” privados e “amigáveis” em um consórcio informal. Tratava-se de uma
coalizão empresarial de fundações filantrópicas, corporações e outras
instituições e indivíduos que trabalhavam lado a lado com a CIA, tanto como
fachada quanto como meio de financiar seus programas secretos na Europa
Ocidental."[ii]
Em 1967, revelações
jornalísticas que revelaram o financiamento secreto da CIA para o Congresso
para a Liberdade Cultural[iii] provocaram um clamor furioso e desferiram um
sério golpe na reputação da máquina de persuasão dos EUA, que era encoberta
pelo termo “Diplomacia Pública”.
A guerra cultural é
aquela que promove o imperialismo cultural, especialmente os Estados Unidos
como a principal potência do sistema capitalista, para o domínio humano no
âmbito afetivo e cognitivo, com a intenção de impor seus valores a determinados
grupos e nações. É um conceito que, entendido como um sistema, integra ou se
relaciona com elementos de outros termos que têm sido mais amplamente
utilizados, como guerra política, guerra psicológica, guerra de quarta geração,
smart power,golpe brando, guerra não convencional, subversão política
ideológica e, mais recentemente, guerra cognitiva.
Não é a arte e a
literatura - mesmo que a arte e a literatura sejam usadas como instrumentos ou
alvos da guerra cultural - que é o principal objetivo da estratégia de guerra
cultural do imperialismo contra um determinado país. O terreno da guerra
cultural é, acima de tudo, o dos estilos de vida, do comportamento, das
percepções da realidade, dos sonhos, das expectativas, dos gostos, das formas
de entender a felicidade, dos costumes e de tudo o que se expressa na vida
cotidiana das pessoas. Alcançar a homogeneização ao estilo estadunidense nesse
campo sempre esteve entre as maiores aspirações da classe dominante daquele
país, especialmente porque sua elite entendia a diferença entre dominação e
hegemonia, e que esta última não poderia ser garantida apenas por meio de
instrumentos coercitivos, mas que era essencial fabricar consenso.
A guerra cultural
desenvolvida historicamente até os dias de hoje por Washington não é uma
elucubração vã, mas se baseia em fatos concretos e comprovados, operações
abertas e encobertas por agências governamentais dos EUA, declarações de
líderes dos EUA e documentos orientadores de sua política externa, tanto na
esfera diplomática quanto na militar.
Zbigniew Brzezinski, um
dos principais ideólogos do imperialismo e ex-conselheiro de segurança nacional
do ex-presidente Carter, em seu livro The Great World Chessboard (O Grande
Tabuleiro de Xadrez Mundial), declarou :
" A dominação
cultural tem sido uma faceta subestimada do poder global estadunidense.
Independentemente do que se pensa sobre seus valores estéticos, a cultura de
massas estadunidense exerce uma atração magnética, especialmente sobre os
jovens do mundo. Essa atração pode se originar da qualidade hedonista do estilo
de vida que ela projeta, mas seu apelo global é inegável. Os programas de
televisão e filmes estadunidenses são responsáveis por cerca de três quartos do
mercado global. A música popular estadunidense é igualmente dominante, enquanto
as novidades, os hábitos alimentares e até mesmo as roupas estadunidenses são
cada vez mais imitados em todo o mundo. O idioma da Internet é o inglês, e uma
proporção esmagadora das conversas globais por computador também se origina nos
Estados Unidos, influenciando o conteúdo das conversas globais. Por fim, os
Estados Unidos se tornaram uma meca para aqueles que buscam educação
avançada."[iv]
Esse é o mesmo Brzezinski
que, em 1979, em um memorando enviado a Carter, recomendou o seguinte curso de
política em relação à Maior das Antilhas: “O diretor da Agência de Comunicações
Internacionais, em coordenação com o Departamento de Estado e o Conselho de
Segurança Nacional, deve aumentar a influência da cultura estadunidense sobre o
povo cubano, promovendo viagens culturais e permitindo arranjos para a
distribuição de filmes estadunidenses na Ilha”.
Diversos documentos
conhecidos como Programas de Santa Fé, elaborados por vários think tanks na
década de 1980 para servir de base para a elaboração da política externa dos
EUA, são muito enfáticos sobre a guerra cultural contra o campo socialista. O
programa Santa Fe II proclamava: “A USIA é nossa agência para realizar a guerra
cultural”,[vi] enquanto o Santa Fe IV concluía: “O mais importante é a
destruição cultural, conforme prescrito por Antonio Gramsci. Ao mudar a
cultura, a mudança política e econômica está praticamente assegurada”.
Nos últimos anos, foi
divulgado um documento de extraordinária importância para a compreensão das
estratégias atuais do governo dos EUA no campo da guerra cultural. Trata-se do
Livro Branco do Comando de Operações Especiais do Exército dos EUA, de março de
2015, intitulado: Special Operations Forces Support to Political Warfare (Apoio
das Forças de Operações Especiais à Guerra Política).[viii] A essência desse
White Paper é que a estratégia do governo dos EUA no campo da guerra cultural
não é apenas uma questão de estratégia de guerra cultural do próprio governo
dos EUA, mas também de estratégia de guerra cultural do próprio governo dos
EUA.
A essência desse Livro
Branco é que os Estados Unidos devem adotar a ideia de George F. Kennan -
ex-especialista dos EUA na questão soviética e arquiteto da política de
“contenção do comunismo” no Departamento de Estado - sobre a necessidade de
superar o conceito limitador que estabelece uma diferença básica entre guerra e
paz, em um cenário internacional em que há um “ritmo perpétuo de luta dentro e
fora da guerra”. Em outras palavras, a guerra é permanente, embora assuma
múltiplas facetas e não possa ser limitada ao uso de meios militares
tradicionais. De fato, o documento argumenta que há formas muito mais eficazes
de travar uma guerra. É possível fazer guerra sem declarar guerra e até mesmo
fazer guerra enquanto se declara a paz.
“A guerra política é uma
estratégia apropriada para atingir os objetivos nacionais dos EUA, reduzindo a
visibilidade no ambiente geopolítico internacional e sem comprometer um grande
número de forças militares”, observa o documento em suas páginas iniciais. “O
objetivo final da Guerra Política “, continua, ‘ é vencer a ’Guerra de Ideias,
que não está associada a hostilidades”. A Guerra Política exige a cooperação
das forças armadas, da diplomacia agressiva, da guerra econômica e das agências
subversivas no terreno para a promoção de políticas, medidas ou ações
necessárias para perturbar ou fabricar o moral"[ix].
Em outra de suas
análises, esse Livro Branco argumenta que, com o fim da Guerra Fria, os Estados
Unidos abandonaram o hábito de conduzir a Guerra Política e que “chegou a hora
de a Guerra Política recuperar sua posição predominante na política e na execução
da segurança nacional dos EUA”.
Esse Livro Branco é
apenas um entre muitos estudos e recomendações de doutrinas e estratégias
militares elaboradas em Washington, que a cada dia atribuem um papel mais
proeminente aos componentes culturais e ideológicos em suas estratégias
hegemônicas.
A guerra cultural contra
Cuba
Desde o próprio triunfo
revolucionário em 1959, Cuba tem enfrentado tanto os impactos da onda
colonizadora da indústria hegemônica global - o que Frei Betto chama de
globocolonização - quanto projetos específicos de guerra cultural concebidos,
financiados e implementados pelo imperialismo norte-americano, suas agências e
aliados internacionais, com o objetivo de subverter o socialismo cubano.
A esse respeito, Ricardo
Alarcón destacou que:
“A agressão cultural
contra Cuba começou em 1959 e não terminou com o fim da “guerra fria”. Ela não
apenas continua existindo, mas não para de aumentar. Ela mantém uma dimensão
encoberta e clandestina, dirigida pela CIA, mas desde o início da última década
do século passado também tem outra dimensão pública e descaradamente aberta. O
caso cubano é, por essas razões, absolutamente único, excepcional.
Também é assim porque o
que está sendo feito conosco no campo cultural sempre foi parte integrante de
um esquema agressivo mais amplo, que inclui uma guerra econômica cruel e
permanente, agressão militar, terrorismo e outros atos criminosos, cujo objetivo,
explicitamente detalhado em uma infame lei ianque, é acabar com nossa
independência” (x).
Um componente fundamental
da guerra cultural dos diferentes governos dos EUA contra a Revolução Cubana
tem sido a guerra psicológica e midiática. O livro A História desclassificada da Propaganda
Estadunidense Anti-Castro , de Jon Eliston, publicado em 1999,[xi] revela como
Washington praticou agressões psicológicas e de propaganda contra Cuba durante
décadas, incluindo livros, jornais, histórias em quadrinhos, filmes, panfletos
e programas de rádio e televisão.
Outro dos campos
favoritos dessa guerra cultural tem sido o da história. Nosso passado é
manipulado e distorcido, suas bases mais sensíveis e simbólicas são atacadas,
precisamente porque o objetivo é varrer o exemplo da Revolução Cubana de suas
próprias raízes.
Hoje, em Miami, existe um
Instituto de Memória Histórica Cubana contra o Totalitarismo, que se dedica à
produção de livros, ensaios e documentários, além de realizar oficinas e
conferências sobre o período da Revolução Cubana no poder. E, é claro, toda a
“produção cultural” desse instituto tem como objetivo construir uma história de
Cuba repleta de mentiras e distorções. O mesmo trabalho está sendo feito pela
chamada Academia de História Cubana no exílio. De onde vêm os fundos para essas
instituições, e será que vêm apenas de fundações e organizações filantrópicas e
independentes?
A experiência do governo
de Barack Obama mostrou que há um setor da elite do poder naquele país que está
apostando que a guerra cultural e ideológica contra Cuba se tornará o núcleo
duro da política em relação à Maior das Antilhas e que a abordagem política -
considerada um fracasso - que busca a mudança de regime por meio do colapso
econômico será gradualmente eliminada. Não houve expressão mais clara dessa
intenção do que as próprias palavras do Presidente Obama, dois dias após o
anúncio do restabelecimento das relações diplomáticas em 17 de dezembro de
2014: “Mas como a sociedade vai mudar - ele está se referindo a Cuba - o país
especificamente, sua cultura especificamente, isso pode acontecer rapidamente
ou pode acontecer mais lentamente do que eu gostaria, mas vai acontecer e acho
que essa mudança de política vai promover isso.”[xiii]
Talvez em nenhum outro
país como Cuba Obama tenha implementado tão meticulosamente o chamado soft
power - poder brando - , uma das faces da doutrina do smart power - poder
inteligente - , um conceito apresentado por Joseph Nye.[xiv] Em 2004, Nye
explicou o conceito de soft power da seguinte forma:
"O que é soft power,
o poder brando? ? É a capacidade de conseguir o que se quer por meio da
atração, e não da coerção ou de recompensas. Ele decorre da atratividade da
cultura, dos ideais políticos e das políticas de um país. Quando nossas
políticas são vistas como legítimas aos olhos dos outros, nosso soft power é
aprimorado. Há muito tempo os Estados Unidos têm soft power. Pense no impacto
das Quatro Liberdades de Franklin Delano Roosevelt na Europa no final da
Segunda Guerra Mundial; nos jovens atrás da Cortina de Ferro ouvindo música
americana e notícias da Radio Europa Livre ; nos estudantes chineses
simbolizando seus protestos na Praça Tiananmen com uma réplica da Estátua da
Liberdade; nos afegãos recém-libertados exigindo em 2001 uma cópia da
Declaração de Direitos; nos jovens iranianos de hoje assistindo
clandestinamente a vídeos e programas de televisão estadunidenses proibidos via
satélite na privacidade de suas casas. Todos esses são exemplos de soft power.
Quando você consegue fazer com que os outros admirem seus ideais e queiram o
que você quer, não é preciso gastar muito para movê-los em sua direção."[xv]
Naqueles anos, ficou
conhecido como a organização Word Lerning desenvolveu secretamente, entre 2015
e 2016, um esquema de bolsas de estudo de verão para adolescentes e jovens
cubanos, com o apoio da USAID, do Departamento de Estado dos EUA e das embaixadas
de Washington em Havana e no Panamá.
Quase paralelamente à
denúncia em Cuba desses planos subversivos voltados para a juventude cubana, o
site Along Malecón, da jornalista Tracey Eaton, revelou os fundos destinados
pelo NED para a subversão em Cuba em 2015. O longo histórico de interferência e
subversão do NED desde sua criação em 1983, durante o governo Reagan, é bem
conhecido. Até hoje, a NED tem dependido do apoio e do financiamento do governo
dos EUA por meio do Congresso. O New York Times, em um artigo publicado por
John M. Broder em 31 de março de 1997, definiu-a assim:
“O National Endowment for
Democracy, criado há 15 anos para fazer publicamente o que a Agência Central de
Inteligência fez clandestinamente durante décadas, gasta US$ 30 milhões de
dólares por ano para apoiar partidos políticos, sindicatos, movimentos dissidentes
e a mídia de notícias em dezenas de países...” [xvi]
Quando se analisa o
destino da maior parte do dinheiro da NED para a subversão em Cuba em 2015,
pode-se ver como as maiores somas de dinheiro foram direcionadas para a área de
comunicação, especialmente para aqueles “meios de comunicação” encarregados de
construir mentiras, de semear certas matrizes de opinião contra o sistema
socialista cubano por meio de campanhas midiáticas, que distorcem a história,
exacerbam os valores do capitalismo e praticam uma contínua guerra psicológica
contra o povo cubano. Esse campo recebeu um benefício de 2.098.312 dólares. O
Diario de Cuba encabeçou a lista da mídia contrarrevolucionária que recebeu os
fundos mais lucrativos, 283.869 dólares, seguido pelo Cubanet , com
224.562.[xvii] Isso é interessante porque, como Julio García Luis advertiu em
um de seus textos, a comunicação social foi “o ponto nevrálgico mais fraco
através do qual a estratégia de desmantelamento político e moral da sociedade
soviética abriu caminho”[xviii].
Mas, ao mesmo tempo,
poderíamos nos perguntar: o que são a Rádio e a TV Martí, senão estruturas
criadas para a guerra cultural em seu sentido mais amplo contra o projeto
revolucionário cubano?
Tampouco podemos esquecer
a manipulação política e subversiva da emigração cubana para os Estados Unidos
durante décadas, com a pérfida intenção de mostrar, aos olhos dos cubanos e da
opinião pública internacional, o suposto fracasso do modelo cubano e o sucesso
dos emigrantes cubanos nos Estados Unidos.
Há uma grande diferença
entre a diplomacia pública realizada por muitos países na arena internacional e
as ações tomadas pelo governo dos EUA contra Cuba para provocar uma “mudança de
regime”. Por trás desse termo “inofensivo” está todo um mecanismo de disseminação
dos valores políticos e culturais dos EUA, que não leva em conta o respeito à
soberania das nações. Não se trata apenas de influência, mas de interferência
aberta e encoberta nos assuntos internos de outros Estados, em flagrante
violação do direito internacional, especialmente da Carta da ONU.
Quando se trata de
avaliar os desafios que enfrentamos, às vezes são adotadas posições
triunfalistas, com base em uma visão reducionista da cultura, entendida
estritamente como arte e literatura. É claro que há influências e confluências
culturais entre Cuba e os Estados Unidos há mais de dois séculos, graças às
quais ambos os povos se enriqueceram espiritualmente, mas, como destacou
Aurelio Alonso, também nos anos da chamada “mudança de enfoque” na política
cubana promovida pelo governo Obama:
“As relações culturais,
além do fato de que jogamos bola juntos, dançamos aqui e ali com orquestras
semelhantes, desfrutamos de canções de ambas as margens e compartilhamos ou não
gostos culinários, incluem hábitos sociais adquiridos com raízes, uma cultura
política e um modo de vida, o que a comunidade e a família sentem e fazem, e
nesse terreno estarão, em segundo plano, os desafios que começam a surgir.”
[xix]
Diante de tais desafios,
que ainda hoje estão presentes - independentemente de quem seja o ocupante da
Casa Branca -, não há melhor antídoto do que o patriotismo, a cubanidade - não
a cubanidade castrada -, o anti-imperialismo, o anticolonialismo, e que, junto
com a promoção de referências culturais sólidas, consigamos um sujeito crítico
com uma profunda formação humanista, capaz de discernir por si mesmo, entre a
avalanche de produtos culturais com os quais interage, onde está o
verdadeiramente valioso e onde está o desprezível para nossa condição humana.
Esse sujeito crítico só pode ser forjado desde a mais tenra idade por meio do
treinamento para o debate e o confronto de ideias, com a participação ativa da
família, da comunidade, da escola, da mídia e das organizações políticas e de
massa. É claro que todas as ações que desenvolvemos no campo cultural devem ser
acompanhadas de ações e realizações concretas, fazendo bem as coisas em todas
as esferas, e os resultados desse trabalho devem se manifestar na vida
cotidiana de nosso povo heroico. “As pessoas são o objetivo principal. Devemos
pensar nas pessoas antes de pensarmos em nós mesmos. E essa é a única atitude
que pode ser definida como uma atitude verdadeiramente revolucionária”, disse
Fidel em seu histórico Palavras aos Intelectuais, em 30 de junho de 1961.
|
*Elier Ramirez Cañedo, Subdiretor do Centro Fidel Castro Ruz |
DISCURSO PROFERIDO NO III ENCONTRO ANTI-IMPERIALISTA DE SOLIDARIEDADE E AMIZADE ENTRE OS POVOS - Brasília, 8 de dezembro de 2024.
Tradução/Edição: @comitecarioca21
Em espanhol :
Estados Unidos y la guerra cultural:
¿Acaso una elucubración?
Elier Ramírez Cañedo
Estados Unidos tiene una vasta
experiencia en la práctica de la guerra cultural contra todo proyecto
alternativo a su hegemonía en el escenario internacional. La CIA y la guerra
fría cultural, de Frances Stonor Saunders, constituye un libro
imprescindible –la investigación más completa sobre el tema- para comprender
esta realidad.[i] Este libro demuestra cómo, en los años de la Guerra Fría, el
programa de guerra psicológica y cultural de la CIA contra el campo socialista,
fue su joya más preciada.
“Un rasgo importante –señala
Stonor- de las acciones emprendidas por la Agencia para movilizar la cultura
como arma de la guerra fría era la sistemática organización de una red de
“grupos” privados y “amigos”, dentro de un oficioso consorcio. Se trataba de
una coalición de tipo empresarial de fundaciones filantrópicas, empresas y
otras instituciones e individuos que trabajaban codo a codo con la CIA, como
tapadera y como vía de financiación de sus programas secretos en Europa
occidental”.[ii]
En 1967 las revelaciones
periodísticas que destaparon la financiación encubierta de la CIA al Congreso
por la Libertad de la Cultura[iii] dieron lugar a un airado escándalo y
supusieron un grave revés para la reputación de la maquinaria persuasiva estadounidense,
que se encubría bajo el término de “Public Diplomacy”.
La guerra cultural es aquella que
promueve el imperialismo cultural, en especial Estados Unidos como potencia
líder del sistema capitalista, por el dominio humano en el terreno afectivo y
cognitivo, con la intención de imponer sus valores a determinados grupos y
naciones. Es un concepto que, entendido como sistema, integra o se relaciona
con elementos de otros términos que han sido de mayor uso como el de guerra
política, guerra psicológica, guerra de cuarta generación, smart power, golpe blando,
guerra no convencional, subversión política ideológica y, más recientemente,
guerra cognitiva.
No es el arte y la literatura
–aunque el arte y la literatura se usen como instrumentos o como blancos de la
guerra cultural- el objetivo principal de la estrategia de guerra cultural del
imperialismo contra un país en particular. El terreno en que se desarrolla la
guerra cultural es sobre todo el de los modos de vida, las conductas, las
percepciones sobre la realidad, los sueños, las expectativas, los gustos, las
maneras de entender la felicidad, las costumbres y todo aquello que tiene una
expresión en la vida cotidiana de las personas. Lograr una homogeneización al
estilo estadounidense en este campo, siempre ha estado dentro de las máximas
aspiraciones de la clase dominante en ese país, en especial, desde que su élite
comprendió la diferencia entre dominación y hegemonía, y que esta última no
podía garantizarse sólo a través de instrumentos coercitivos, sino que era
imprescindible la manufactura del consenso.
La guerra cultural desarrollada
históricamente hasta nuestros días por Washington, no es una vana elucubración,
sino que se sustenta en hechos concretos y comprobados, operaciones abiertas y
encubiertas de las agencias del gobierno de Estados Unidos, declaraciones de
los líderes de esa nación y documentos rectores de su política exterior, tanto
en el plano diplomático como militar.
Zbigniew Brzezinski, uno de los
principales ideólogos imperiales, quien fuera asesor para Asuntos de Seguridad
Nacional del expresidente Carter, en su obra, El Gran Tablero Mundial,
expresaba:
“La dominación cultural ha sido una
faceta infravalorada del poder global estadounidense. Piénsese lo que se piense
acerca de sus valores estéticos, la cultura de masas estadounidense ejerce un
atractivo magnético, especialmente sobre la juventud del planeta. Puede que esa
atracción se derive de la cualidad hedonista del estilo de vida que proyecta,
pero su atractivo global es innegable. Los programas de televisión y las
películas estadounidenses representan alrededor de las tres cuartas partes del
mercado global. La música popular estadounidense es igualmente dominante, en
tanto las novedades, los hábitos alimenticios e incluso las vestimentas
estadounidenses son cada vez más imitados en todo el mundo. La lengua de
Internet es el inglés, y una abrumadora proporción de las conversaciones
globales a través de ordenador se originan también en los Estados Unidos, lo
que influencia los contenidos de la conversación global. Por último, los
Estados Unidos se han convertido en una meca para quienes buscan una educación
avanzada”.[iv]
Este es el mismo Brzezinski que en
1979, en un memorándum enviado a Carter, recomendaba el siguiente curso de
política a seguir hacia la Mayor de las Antillas: “El Director de la Agencia
Internacional de Comunicaciones, en coordinación con el Departamento de Estado
y el Consejo de Seguridad Nacional, deben incrementar la influencia de la
cultura estadounidense sobre el pueblo cubano mediante la promoción de viajes
culturales y permitiendo la realización de coordinaciones para la distribución
de filmes estadounidenses en la Isla”.[v]
Varios documentos de los conocidos
como Programas de Santa Fe, elaborados por diversos tanques pensantes en la
década de los 80 para que sirvieran de base al diseño de la política exterior
de Estados Unidos son muy enfáticos en cuanto a la guerra cultural contra el
campo socialista. En el programa de Santa Fe II se proclamaba: “La USIA es
nuestra agencia para llevar a cabo la guerra cultural”,[vi] mientras que en el
de Santa Fe IV se concluía: “Lo más importante es la destrucción cultural,
según prescribe Antonio Gramsci. Al cambiar la cultura, el cambio político y
económico está virtualmente asegurado”.[vii]
En años recientes, se dio a conocer
un documento de extraordinaria importancia para comprender las estrategias
actuales del gobierno de Estados Unidos en el campo de la guerra cultural. Se
trata del Libro Blanco del comando de operaciones especiales del
Ejército de Estados Unidos de marzo de 2015 bajo el título: Apoyo de las
Fuerzas de Operaciones Especiales a la Guerra Política.[viii]
Lo que plantea en esencia este Libro
Blanco es que Estados Unidos deben retomar la idea de George F. Kennan -antiguo
experto estadounidense en el tema soviético y arquitecto de la política de
“contención frente al comunismo” en el Departamento de Estado-, acerca de la
necesidad de superar la limitante del concepto que establece una diferencia
básica entre guerra y paz, en un escenario internacional donde existe un
“perpetuo ritmo de lucha dentro y fuera de la guerra”. Es decir, que la guerra
es permanente, aunque adopta múltiples facetas y no puede limitarse al uso de
los tradicionales recursos militares. De hecho, el documento expresa que
existen modos de hacer la guerra mucho más efectivos. Que se puede hacer la
guerra sin haberla declarado, e incluso hacer la guerra al tiempo que se
declara la paz.
“La guerra política es una
estrategia apropiada para lograr los objetivos nacionales estadounidenses
mediante la reducción de la visibilidad en el ambiente geopolítico
internacional y sin comprometer una gran cantidad de fuerzas militares”,
destaca el documento desde sus primeras páginas. “El objetivo final de la
Guerra Política –continúa más adelante- es ganar la “Guerra de Ideas,
que no está asociada con las hostilidades”. La Guerra Política requiere de la
cooperación de los servicios armados, diplomacia agresiva, guerra económica y
las agencias subversivas en el terreno, en la promoción de tales políticas,
medidas o acciones necesarias para irrumpir o fabricar moral”.[ix]
En otro de sus análisis, este Libro
Blanco sostiene que con el fin de la Guerra Fría Estados Unidos abandonó el
hábito de realizar la Guerra Política y que “ya ha llegado el momento
de que la Guerra Política recupere su posición predominante en la ejecución y
la política de seguridad nacional estadounidense”.
Este Libro Blanco es solo uno entre
muchos estudios y recomendaciones de doctrinas y estrategias militares
elaboradas en Washington, que cada día asignan un rol más protagónico a los
componentes culturales e ideológicos en sus estrategias hegemónicas.
La guerra cultural contra Cuba
Desde el propio triunfo
revolucionario en 1959 Cuba ha enfrentado tanto los impactos de la oleada
colonizadora de la industria hegemónica global -lo que Frei Betto denomina
globocolonización- como proyectos específicos de guerra cultural diseñados,
financiados e implementados por el imperialismo estadounidense, sus agencias y
aliados internacionales, con el objetivo de subvertir el socialismo cubano.
Al respecto señaló Ricardo Alarcón:
“La agresión cultural contra Cuba
empezó en 1959 y no terminó con el fin de la “guerra fría”. No solo existe
todavía sino que no cesa de aumentar. Conserva una dimensión encubierta,
clandestina, dirigida por la CIA, pero, además, desde comienzos de la última
década del pasado siglo tiene otra dimensión pública, descaradamente abierta.
El caso cubano es, por estas razones, absolutamente único, excepcional.
Lo es también porque lo que se nos
hace en el terreno cultural ha sido siempre parte integrante de un esquema
agresivo más amplio, que ha incluido una cruel y permanente guerra económica, y
la agresión militar, el terrorismo y otros actos criminales, cuyo propósito,
explícitamente detallado en una infame ley yanqui, es poner fin a nuestra
independencia”.[x]
Un componente fundamental de la
guerra cultural de los distintos gobiernos de Estados Unidos contra la
Revolución Cubana, ha sido la guerra psicológica y mediática. El libro Psywar
on Cuba. The Declassified History of US Anti Castro Propaganda, de Jon
Eliston, publicado en 1999,[xi] revela como Washington practicó contra Cuba
durante décadas la agresión psicológica y propagandística y que ella incluía
libros, periódicos, historietas, películas, panfletos y programas de radio y
televisión.
Otro de los campos predilectos de
esa guerra cultural, ha sido el de la historia. Se manipula y tergiversa
nuestro pasado, se atacan sus bases más sensibles y simbólicas, precisamente
porque se pretende barrer con el ejemplo de la Revolución Cubana desde su
propia raíz.
En Miami existe hoy un denominado Instituto
de la Memoria Histórica Cubana contra el Totalitarismo” que se dedica a la
producción de libros, ensayos y documentales, así como a la celebración de
talleres y conferencias sobre el período de la Revolución Cubana en el poder. Y
por supuesto, toda la “producción cultural” de este instituto está dirigida a la
construcción de una historia de Cuba plagada de mentiras y tergiversaciones. La
misma labor realiza la llamada Academia de la Historia de Cuba en el exilio
¿De dónde salen los fondos para tales instituciones? ¿Será solamente de
fundaciones y organizaciones filantrópicas e independientes?
La experiencia de la administración
de Barack Obama demostró como en la élite de poder de ese país, existe un
sector que apuesta a que la guerra cultural e ideológica contra Cuba, se
convierta en el núcleo duro de la política hacia la Mayor de las Antillas e ir
eliminando paulatinamente el enfoque de política –considerado fallido- que
busca el cambio de régimen a través del colapso económico. No hubo expresión
más clara sobre esta intención, que las propias palabras del presidente Obama,
dos días después del anuncio del restablecimiento de las relaciones
diplomáticas el 17 de diciembre de 2014: “Pero como va a cambiar la sociedad
–se refiere a Cuba-, el país específicamente, su cultura
específicamente, pudiera suceder rápido o pudiera suceder más lento de lo
que me gustaría, pero va a suceder y pienso que este cambio de política va a
promover eso”.[xiii]
Quizás hacia ningún otro país como
Cuba, Obama implementó con tanto esmero el llamado soft power–poder
blando-, una de las caras de la doctrina del smart power –poder
inteligente-, concepto manejado por Joseph Nye.[xiv] En el 2004, Nye explicaba
el concepto de poder blando, de la siguiente manera:
“¿Qué es el poder blando? Es la
habilidad de obtener lo que quieres a través de la atracción antes que a través
de la coerción o de las recompensas. Surge del atractivo de la cultura de un
país, de sus ideales políticos y de sus políticas. Cuando nuestras políticas
son vistas como legítimas a ojos de los demás, nuestro poder blando se realza.
América ha tenido durante mucho tiempo poder blando. Piense en el impacto de
las Cuatro Libertades de Franklin Delano Roosevelt en Europa a finales de la II
Guerra Mundial; en gente joven tras el Telón de Acero escuchando música
americana y noticias de Radio Europa Libre; en los estudiantes chinos
simbolizando sus protestas en la plaza de Tiananmen con una réplica de la
Estatua de la Libertad; en los recientemente liberados afganos pidiendo en 2001
una copia de la Carta de Derechos; en los jóvenes iraníes de hoy viendo
subrepticiamente videos americanos prohibidos y programas de la televisión por
satélite en la intimidad de sus casas. Todos estos son ejemplos de poder blando.
Cuando puedes conseguir que otros admiren tus ideales y que quieran lo que tú
quieres, no tienes que gastar mucho en palos y zanahorias para moverlos en tu
dirección”.[xv]
En esos años se conoció como de
manera encubierta la organización Word Lerning desarrolló entre el 2015 y el
2016 un plan de becas de verano para adolescentes y jóvenes cubanos, contando
con el apoyo de la USAID, el Departamento de Estado de Estados Unidos y las
embajadas de Washington en La Habana y Panamá.
Casi paralelamente a la denuncia que
se hizo en Cuba de estos planes subversivos dirigidos a la juventud cubana, en
el sitio Along Malecón, del periodista Tracey Eaton, se revelaron los
fondos destinados por la NED para la subversión en Cuba en el año 2015. Es
conocido el largo historial injerencista y subversivo de la NED desde su
creación en 1983 durante el gobierno de Ronald Reagan. Hasta la actualidad la
NED ha dependido del respaldo y financiamiento del gobierno de Estados Unidos a
través del Congreso. The New York Times, en artículo publicado por John
M. Broder el 31 de marzo de 1997, la definió de este modo:
“La National Endowment for
Democracy, fue creada hace 15 años para llevar a cabo públicamente lo que hizo
subrepticiamente la Agencia Central de Inteligencia durante décadas, gasta 30
millones de dólares al año para apoyar partidos políticos, sindicatos, movimientos
disidentes y medios noticiosos en docenas de países…”.[xvi]
Cuando se analiza el destino de la
mayor parte del dinero de la NED para la subversión en Cuba en el 2015, se
observa como las mayores sumas de dinero estuvieron dirigidas hacia el área de
la comunicación, en especial esos “medios de comunicación” que se encargan de
construir la mentira, de sembrar determinadas matrices de opinión contra el
sistema socialista cubano por medio de campañas mediáticas, que tergiversan la
historia, exacerban los valores del capitalismo y practican una continua guerra
psicológica contra el pueblo cubano. Este campo recibió un beneficio de 2 098
312 dólares. Diario de Cuba encabezó la lista de los medios
contrarrevolucionarios que recibieron las partidas más jugosas, 283 869
dólares, seguido por Cubanet con 224 562.[xvii] Es interesante este
dato, pues precisamente como advirtiera en uno de sus textos Julio García Luis:
la comunicación social fue “el punto neurálgico más débil por donde se abrió
paso la estrategia de desmontaje político y moral de la sociedad soviética…”.[xviii]
Pero, al mismo tiempo, pudiéramos
preguntarnos: ¿qué son Radio y Tv Martí, sino estructuras creadas para la
guerra cultural en su sentido más amplio contra el proyecto revolucionario
cubano?
Tampoco puede olvidarse la
manipulación política y subversiva de la emigración cubana hacia Estados Unidos
durante décadas, con la pérfida intención de mostrar ante los ojos de los
cubanos y la opinión pública internacional, el supuesto fracaso del modelo
cubano y el éxito de los emigrados cubanos en Estados Unidos.
Existe una gran diferencia entre la diplomacia
pública que desarrollan muchos países en la arena internacional y las
acciones que lleva adelante el gobierno de Estados Unidos contra Cuba para
provocar el “cambio de régimen”. Detrás de este vocablo “inofensivo”, se
esconde toda una maquinaria de difusión de valores políticos y culturales de
Estados Unidos, que para nada toma en consideración el respeto a la soberanía
de las naciones. No se trata solo de influencia, sino de injerencia abierta y
encubierta en los asuntos internos de otros estados, en violación flagrante de
lo que establece el derecho internacional, en especial la carta de Naciones
Unidas.
A la hora de valorar los retos que
enfrentamos, en ocasiones se adoptan posiciones triunfalistas, desde una visión
reduccionista de la cultura, entendida estrictamente como arte y literatura.
Claro que entre Cuba y Estados Unidos han existido influencias y confluencias
culturales durante más de dos siglos, gracias a las cuales ambos pueblos nos
hemos enriquecido espiritualmente, pero como señalara Aurelio Alonso, también
en los años del llamado “cambio de enfoque” de la política hacia Cuba que
impulsó la administración Obama:
“Las relaciones culturales, más allá de que juguemos pelota
juntos, de bailar aquí y allá con orquestas parecidas, de disfrutar canciones
de las dos orillas y de que se compartan o no los gustos culinarios, incluyen
hábitos sociales adquiridos con arraigo, una cultura política y un estilo de
vida, lo que siente y hace la comunidad y la familia, y en ese terreno estarán,
en el fondo, los desafíos que comienzan a levantarse”. [xix]
Ante tales desafíos, que siguen
presentes en la actualidad -más allá de quien sea el inquilino en la Casa
Blanca-, no hay mejor antídoto que el patriotismo, la cubanía –no cubanidad
castrada-, el antiimperialismo, el anticolonialismo y que, junto al fomento de
referentes culturales sólidos, logremos un sujeto crítico de profunda formación
humanista, capaz de discernir por sí mismo entre la avalancha de productos
culturales con los que interactúa, dónde está lo realmente valioso, y dónde lo
despreciable para nuestra condición humana. Ese sujeto crítico solo es posible
forjarlo desde las edades más tempranas a través del entrenamiento en el debate
y la confrontación de ideas, con la participación activa de la familia, la
comunidad, la escuela, los medios de comunicación y las organizaciones
políticas y de masas. Por supuesto, todas las acciones que desarrollamos en el
campo cultural deben acompañarse de hechos y realizaciones concretas, de hacer
las cosas bien en todas las esferas, y que los resultados de ese trabajo se
manifiesten en la vida cotidiana de nuestro heroico pueblo. “El pueblo es la
meta principal. En el pueblo hay que pensar primero que en nosotros mismos. Y
esa es la única actitud que puede definirse como una actitud verdaderamente
revolucionaria”, decía Fidel en sus históricas Palabras a los
Intelectuales el 30 de junio de 1961.[xx]
Notas
[i] Frances Stonor Saunders, La CIA
y la Guerra Fría Cultural, Editorial de Ciencias Sociales, La Habana, 2003.
[ii] Ibídem, p.185.
[iii] Institución anticomunista
organizada por el Imperio yanqui durante la Guerra Fría, fundada en Berlín en
1950, con sede en París y delegaciones en una treintena de naciones. En los
años sesenta se fue desvelando que Estados Unidos mantenían discretamente esta
organización a través de instituciones como la CIA, la Fundación Farfield o la
Fundación Ford. Es curioso advertir cómo algunos periodistas e intelectuales
burgueses occidentales se fueron sorprendiendo, y aún escandalizando, a medida
que se enteraban, demostrando la ingenuidad infantil en la que se mantenían,
quizá adormecidos por el mito de la cultura y el de la libertad.
Desde 1967 se sirvió del nombre Asociación Internacional por la Libertad de
la Cultura, hasta su disolución formal en 1979.
[iv]Citado por René González
Barrios, “El desmontaje de la historia y como enfrentarlo”, en: Cubadebate”, 5
de mayo de 2014.http://www.cubadebate.cu/especiales/2014/05/05/el-desmontaje-de-la-historia-y-como-enfrentarlo/#.WDYRqbmubIU
[v] Véase anexo 57 en: Elier Ramírez
Cañedo y Esteban Morales Domínguez, De la confrontación a los intentos de
normalización. La política de los Estados Unidos hacia Cuba, Editorial de
Ciencias Sociales, La Habana, 2014.
[vi] Véase en:http://www.desaparecidos.org/nuncamas/web/document/docstfe2_01.htm
[vii] Véase en:http://www.eumed.net/libros-gratis/2007a/256/51.htm
[viii]Véase en:https://dl.dropboxusercontent.com/u/6891151/Support%20to%20Political%20Warfare%20White%20Paper%20v2.3-RMT%20%2810MAR2015%29%20%20%20.pdf
[ix] Ibídem.
[x] Ricardo Alarcón, La inocencia
perdida, prólogo al libro de Frances Stonor……, pp.1-2.
[xi] Jon
Ellinston, Psy war on Cuba. The declassified history of U.S. anti Castro
propaganda, Ocean Press, Melbourne-New York, 1999.
[xii]René González Barrios, “El
desmontaje de la historia y como enfrentarlo, en: Cubadebate”, 5 de mayo de
2014,http://www.cubadebate.cu/especiales/2014/05/05/el-desmontaje-de-la-historia-y-como-enfrentarlo/#.WDYRqbmubIU
[xiii] Conferencia de prensa
ofrecida por el Presidente Obama el 19 de diciembre de 2014. Consultado
enwww.whitehouse.gov/the-press-office/
2014/12/19/remarks-president-year-end-conference.
[xiv] Graduado en la Universidad de
Princenton y doctor por Harvard, experto en relaciones internacionales. En
varias de sus obras ha introducido y analizado el concepto Smart Power el
cual ha tenido amplia repercusión en el discurso político estadounidense y la
política exterior de ese país. En la actualidad es profesor de la Kennedy
School of Government de la Universidad de Harvard.
[xv]Véasen:https://www.google.com/search?q=joseph+nye%2C+cap%C3%ADtulo+5%2C+prefacio+%2C+pdf&ie=utf-8&oe=utf-8&client=firefox-b
[xvi] Véase en:http://www.nytimes.com/1997/03/31/us/political-meddling-by-outsiders-not-new-for-us.html
[xvii] “Revelan proyectos
financiados por la NED en el 2015 para la subversión en Cuba”, Cubadebate, 29
de septiembre de 2016.
[xviii]Citado por Abel Prieto en:
“Internet debe ayudar a hacer nuestra sociedad más dinámica, eficiente,
participativa y justa”, Cubadebate, 7 de junio de 2015,http://www.cubadebate.cu/opinion/2015/06/07/internet-debe-ayudar-a-hacer-nuestra-sociedad-mas-dinamica-eficiente-participativa-y-justa/#.WDYCQrmubIU
[xix] Aurelio Alonso, Reconstruyendo
las relaciones: La Capilaridad Cultural, en: América Latina en Movimiento, 15
de marzo de 2016,http://www.alainet.org/es/articulo/176072
[xx]Discurso pronunciado por el
Comandante en Jefe, Fidel Castro Ruz, el 30 de junio de 1961, véase en:http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/1961/esp/f300661e.html