20 de dez. de 2024

CÚPULA IBERO-AMERICANA CONDENA O BLOQUEIO, APESAR DA ARGENTINA.

                                   

    Cuba destacou o apoio da recém-concluída 29ª Cúpula Ibero-Americana à luta contra o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, apesar da postura obstrucionista da delegação do atual governo argentino.

   Em entrevista à Prensa Latina, o diretor-geral de Assuntos Multilaterais e Direito Internacional da chancelaria cubana, Rodolfo Benítez, destacou que no fórum, realizado na cidade equatoriana de Cuenca, a Argentina tentou impedir a condenação da brutal guerra econômica do governo norte-americano contra Cuba.

   "Nenhum país apoiou a posição da Argentina”, disse o representante cubano, que também denunciou na reunião a inclusão ‘caluniosa e arbitrária’ de seu país na lista unilateral de nações que, segundo Washington, são patrocinadoras do terrorismo.

    Benítez destacou que, como prova do isolamento absoluto da Argentina, todas as outras nações participantes da Cúpula emitiram uma Declaração Especial exigindo o fim do cerco econômico contra a ilha e outra solicitando a exclusão de Cuba da lista de “países terroristas”.

   “Apesar da ação vergonhosa da Argentina, em Cuenca prevaleceram o diálogo construtivo, o entendimento, a unidade na diversidade, a solidariedade e a salvaguarda do valioso patrimônio da Conferência Ibero-Americana, em benefício de nossos povos”, destacou o diplomata.

   Sobre o fato de a reunião ibero-americana não ter chegado a uma declaração final por falta de consenso, como tem sido a prática em eventos anteriores desse tipo, ele mencionou que a causa foi justamente “a postura obstrucionista e inflexível da Argentina”.

   De acordo com Benítez, durante as negociações, esse país tentou apagar dos documentos finais a defesa da igualdade de gênero e dos direitos dos povos indígenas, impor a posição de que a mudança climática não existe e quis eliminar o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

   Ele acrescentou que a nação do sul se opôs a um pronunciamento contra o discurso de ódio; enquanto eles bloquearam, sem o apoio de ninguém, comunicados que levaram meses de trabalho sobre a luta contra o terrorismo, o fortalecimento da democracia e o papel das mulheres na diplomacia, entre outros.

  Chegaram ao extremo da politização ao se oporem a uma Declaração apoiada por todos os outros países, que incluía expressões de solidariedade a Cuba pelos danos devastadores causados pelos furacões Oscar e Rafael, disse Benítez.

   O representante cubano e Coordenador Nacional Ibero-Americano explicou que a Argentina pôde expressar sua discordância por meio de uma reserva ou desassociação, fórmulas que normalmente são aplicadas em situações semelhantes.

   No entanto, tentou impor uma espécie de veto para impedir pronunciamentos sobre os temas mencionados, e a rejeição de todas as delegações a tais pretensões, consideradas um retrocesso inaceitável que ameaçava o futuro do fórum ibero-americano, foi retumbante, advertiu.

   Na opinião de Benítez, a Argentina veio a Cuenca para inviabilizar a Cúpula, algo que, em sua opinião, faz parte do objetivo da atual administração argentina de enfraquecer e fragmentar os fóruns multilaterais.

    “Os atuais ocupantes da Casa Rosada, que estão tentando torná-la cada vez mais branca, estão buscando por todos os meios ganhar alguns tapinhas de aprovação de Washington”, comentou o funcionário do país caribenho.

                            


    Em suas intervenções, os representantes da nação sul-americana lançaram ataques contra Cuba e outros países ibero-americanos, algo que a delegação da ilha descreveu como uma “cortina de fumaça para tentar desviar a atenção do vergonhoso papel da Argentina nesta reunião”.

   “Estamos cientes de que essas diatribes contra nosso país não representam os sentimentos do povo irmão argentino, com o qual estamos unidos por laços históricos de amizade e solidariedade, que nenhum governo no poder será capaz de apagar”, disse Benítez.

    Ele considerou uma “hipocrisia total” o fato de as autoridades argentinas fingirem estar preocupadas com os direitos humanos em Cuba e em outros países, quando violam flagrantemente os direitos de seus próprios cidadãos.

    Apesar das tensões que surgiram na reunião, o chefe da delegação cubana destacou a importância do evento para abordar questões como “inovação, inclusão e sustentabilidade”, o lema desta Cúpula.

    Considerou esses eixos cruciais para enfrentar os desafios socioeconômicos da região, como a fome, a pobreza e a desigualdade.

   No entanto,  advertiu que esses problemas não poderiam ser resolvidos sem uma mudança na atual ordem internacional, que ele descreveu como injusta e exclusiva.


https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/12/19/cuba-cumbre-iberoamericana-condena-bloqueo-pese-a-argentina-foto/

Tradução/edição : @comitecarioca21

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