22 de abr. de 2024

VENEZUELA : ENCONTRO POR UMA ALTERNATIVA SOCIAL GLOBAL

                           

Maduro exorta líderes mundiais a combaterem o fascismo

   O Presidente da República, Nicolás Maduro, presidiu esta sexta-feira o Encontro por uma Alternativa Social Global, promovido pela ALBA-TCP e pelo Instituto Simón Bolívar da Venezuela.

    A atividade, que aconteceu em Caracas, debateu a construção de uma agenda comum contra o imperialismo.

   O chefe de Estado iniciou o seu discurso dando as boas-vindas aos líderes das nações que visitam a Venezuela: “Hoje participam 60 países e temos 300 convidados nacionais e internacionais”.

   Da mesma forma, destacou aos presentes o aniversário que o povo venezuelano comemora nesta sexta-feira: “Foi neste 19 de abril de 1810 que o Grito de Caracas tocou a campainha do que seria a guerra contra o colonialismo espanhol, a guerra que permitiu a independência política nessa fase.”

   “Hoje comemoramos 214 anos desse grito que é o mesmo, o povo é o mesmo, a batalha é a mesma e a vitória hoje nos pertence”, disse Maduro.

     Por outro lado, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil, João Pedro Stédile, tomou a palavra e enfatizou: “O planeta está em risco devido à ofensiva dos capitalistas. Está acontecendo uma verdadeira barbárie, o que estamos vendo no Haiti e em Gaza são genocídios por ação do capitalismo, que só se preocupa em vender armas”.

João Pedro Stédile pede para retomar os trabalhos básicos.

     “O capitalismo não hesita em apelar ao fascismo para se manter. Avaliamos que é um sistema decadente que nada tem a oferecer ao povo. Esperamos que através do Alba-TPC e do Brics possamos enterrar o dólar. Porque o dólar é a principal arma de exploração das pessoas, é por isso que devemos lutar contra o dólar”, ressaltou  Stédile.

     Lançou ainda uma autocrítica aos presentes: “Não podemos só falar mal dos nossos inimigos, temos que perceber como eles funcionam. Por que não podemos enfrentar o capitalismo? Porque precisamos de um movimento popular maior, temos que nos organizar para derrotá-los. Devemos retomar o trabalho básico, como disse o Comandante Chávez, ir de casa em casa e travar a luta ideológica através das redes. Temos uma tarefa: construir um programa comum.”

     O Presidente Nacional aplaudiu as palavras de Stédile e exortou todos os líderes das nações a lutarem contra o neoliberalismo e o fascismo, retomando os movimentos populares de massas.

“A única forma de estarmos preparados para as lutas que temos de travar é ter a população consciente, ativa, informada e mobilizada”, ressaltou.

      Numa outra ordem de ideias, o presidente Maduro alertou o povo sobre a extrema direita onde argumentou que o sionismo está por trás dela: “Aqui na Venezuela estão por trás dos sobrenomes, Machado, Capriles, todos saíram para aplaudir o genocídio contra o povo palestino, todos saíram para aplaudir o ataque e o bombardeio de mísseis contra o consulado iraniano em Damasco, todos, Machado, López, Capriles.”

  O presidente também parabenizou o presidente da Colômbia pelo seu aniversário e indicou que com a Colômbia “não nos separarão, não importa o que façam os impérios do norte. Temos um pai comum, Simón Bolívar, e um destino comum: a união, a cooperação e o desenvolvimento partilhado desta imensa região”.

   “Temos a mesma bandeira; amarelo, azul e vermelho, que foi a bandeira dos nossos libertadores. Quem o criou? Francisco de Miranda. No Haiti, a bandeira tricolor foi criada e hasteada pela primeira vez”, lembrou Maduro.

Evo Morales enfatizou que as nações antiimperialistas consolidadas são uma derrota para o império.

    Da mesma forma, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, interveio para falar da consolidação de Cuba e Venezuela como países que lutam contra o imperialismo: “Temos dois governos consolidados, dois países consolidados, Cuba e Venezuela, governos anti-imperialistas e muitos governos socialistas, de tendências humanísticas. “É uma derrota para o império e é por isso que está em declínio.”

  “Eles planejam como nos dividir, como nos dominar, como roubar os nossos recursos naturais. Essa é a luta, não só na América Latina, mas em todo o mundo”, afirmou Morales.

Aquecimento global

     O Presidente Maduro fez uma breve reflexão sobre o aquecimento global onde afirmou que: “Estamos entrando rapidamente numa nova era e temos de estar na vanguarda da nova era. Confio que o grande desenvolvimento científico e tecnológico nos permitirá liberar o planeta do aquecimento global e da destruição".


     “Acredito que as medidas de mitigação e prevenção podem, num determinado momento, ser combinadas com medidas de cura para as feridas que o capitalismo criou no planeta em 200 anos”, disse.

   Após esta sessão, o dignatário nacional expressou aos presentes a necessidade de criar uma nova alternativa social global contra o capitalismo e o fascismo.

   “Chegou a hora dos movimentos sociais da ALBA com uma visão muito ampla, baseada na civilização humana, na paz, no amor, na vida e na esperança, num mundo multipolar a partir dos povos”, indicou.

   Por fim, o presidente alertou o imperialismo que hoje mais do que nunca “a ALBA está consolidada, hoje a ALBA é uma referência moral, política, programática, hoje a ALBA é uma referência para as pessoas que lutam e que sonham”.

 

https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/04/20/venezuela-maduro-insta-a-lideres-mundiales-a-luchar-contra-el-fascismo/

 Tradução/ Edição: Comitê carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas


20 de abr. de 2024

ESCOLAS DA FLÓRIDA ENSINARÃO "OS PERIGOS E MALES DO COMUNISMO"

   A partir de 2026, os alunos daquele estado americano aprenderão a história do comunismo para que “compreendam verdadeiramente os males” dessa ideologia.

     O governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou  uma lei na quarta-feira que exigirá que as escolas estaduais ensinem conteúdo anticomunista desde o jardim de infância até o 12º ano, com o objetivo de ensinar às crianças “ os perigos e males do comunismo” .

     A nova instrução para instituições de ensino públicas será aplicada a partir do ano letivo de 2026-2027 . O documento  afirma que os conteúdos serão “adequados à idade e ao desenvolvimento” para cada idade e abordarão temas relacionados com a ideologia, incluindo a “história do comunismo nos EUA e os movimentos comunistas nacionais”. Além disso, a lei também prevê a criação do Instituto para a Liberdade nas Américas no Miami Dade College, que promoverá a importância das liberdades econômicas e individuais, explicando-as à população dos países latino-americanos.

   "A minha opinião é que devemos ensinar-lhes a verdade quando estão nas nossas escolas, porque muitas universidades [...] ensinam quão grande é o comunismo", disse DeSantis, indicando que as autoridades estatais estão "lutando contra a tirania e contra o comunismo". mas por meios legislativos. “Estamos empenhados em dizer a verdade sobre esta ideologia”, acrescentou.

O governador foi apoiado pelo comissário estadual de Educação, Manny Díaz Jr., que afirmou que “este projeto de lei nos dá hoje a oportunidade de garantir o aprendizado da história para que os estudantes da Flórida não repitam a história e compreendam verdadeiramente os males do comunismo ”.

"É nosso dever educar a próxima geração sobre a ameaça que o comunismo representa para uma sociedade livre. Fiquei orgulhoso de assinar hoje este projeto de lei para melhorar ainda mais os padrões educacionais da Flórida."


O SB 1264 garante que os alunos da Flórida sejam informados sobre a verdadeira história e os perigos do comunismo. Também estabelece o Instituto para a Liberdade nas Américas no Miami Dade College e abre caminho para a criação de um museu que destaca a história e a destrutividade do comunismo.


A assinatura do documento ocorreu em entrevista coletiva no Museu Hialeah Gardens em homenagem à Brigada 2506, grupo contrarrevolucionário apoiado pelos Estados Unidos que há exatos 63 anos, em 17 de abril de 1961, interveio em território cubano, desembarcando em Cuba. Praia Girón. O objetivo do grupo era derrubar o Governo de Fidel Castro, mas após alguns dias de confrontos foi derrotado.



https://actualidad.rt.com/actualidad/506496-escuelas-florida-ensenar-peligros-comunismo

Tadução: Carmen Diniz/Comitê Carioca e Solidariedade a Cuba e às Causas Justas

                

OS GESTORES DO CAOS NA VENEZUELA - Entrevista com o jornalista e pesquisador cubano Raúl Antonio Capote, ex-agente duplo infiltrado na CIA e autor do livro “Guarimbas. Os gestores do caos”

                   

Por Yaimi Ravelo

   A Venezuela aproxima-se mais uma vez das eleições presidenciais, marcadas para 28 de julho segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sob a proteção da Constituição da República. Desde o anúncio das candidaturas dos diferentes partidos políticos, alguns meios de comunicação social fizeram eco a uma nova campanha mediática em conspiração com a direita venezuelana para desacreditar o sistema eleitoral da Venezuela, depois de ter perdido aquela pequena facção política, todos os tipos de ações que violam a Constituição e de caráter terrorista: tentativas de assassinato, guerra econômica e de comunicações, paramilitarismo, guarimbas, desconhecimento da Assembleia Nacional e do Governo. Tentaram de tudo para “tomar o poder” da rica nação bolivariana.

  Para abordar este tema de vital interesse na luta contra-hegemônica pela informação, o Resumen Latinoamericano conversou com o jornalista e pesquisador cubano Raúl Antonio Capote, ex-agente duplo infiltrado na CIA, que desmonta em seus livros e publicações a verdadeira origem das ações contra os governos progressistas da América Latina.

 

-Resumen Latinoamericano (RL): O presidente Nicolás Maduro denunciou uma nova campanha midiática contra a Venezuela em 1º de abril, por meio do programa de televisão “Con Maduro”. Neste programa referem-se a “Guarimbas. Os gestores do caos”, livro de sua autoria no qual narra com precisão a origem deste tipo de ataques contra a Revolução Bolivariana.

-Raúl Capote: Este tema deve ser sempre visto como um todo, esse é o sentido do livro e do trabalho que tenho desenvolvido nos últimos anos com base na minha experiência pessoal, também como pesquisador, historiador e como analista. Porque a Venezuela é um caso clássico de como as guerras não convencionais são realmente travadas hoje.


   A Venezuela foi vítima de uma guerra não convencional

 durante anos, e  contra toda a lógica do império, a

 Venezuela resistiu.


   Honestamente falando, muito poucas pessoas no continente acreditavam na época que, uma vez que Chávez desaparecesse da cena política como resultado da sua morte, poderia haver um substituto capaz de dar continuidade à Revolução Bolivariana.

    Muito poucas pessoas acreditaram na capacidade do povo venezuelano para resistir e especialmente na capacidade de Nicolás Maduro para resistir à avalanche que se abateu sobre ele; principalmente o governo dos Estados Unidos e a CIA que moviam as rédeas nos EUA.

   Eles viram a oportunidade de ouro com o desaparecimento físico do Comandante Chávez para acabar com a Revolução Bolivariana. Todos os novos métodos e novas táticas de guerra não convencional contra a Venezuela foram lançados.

   Por exemplo, no livro defendo fortemente a ideia de que quando se fala em guerras não convencionais na América Latina há sérias diferenças com o que se diz e como esse mesmo tipo de guerra acontece na Europa.

  Quase todas as análises que existem são muito europeias, devemos relatar o que aí aconteceu porque os primeiros golpes suaves, ou seja, esta história de golpes suaves preparada pela CIA, aconteceram nos países da antiga União Soviética, alvo inicial deste tipo de revoluções coloridas.

  Reuniu-se um conjunto de teorias que foram divulgadas na Europa, foi a mesma guerra imperialista de sempre, adaptada às novas condições do mundo. Como continuar o seu sistema de agressão e domínio utilizando novos métodos, obtendo melhores resultados com menos custos, era a essência disto.

 

-RL: Que custo isso causou em termos de política internacional para a imagem do imperialismo?

-Raúl Capote: Muito baixo, praticamente nenhum, se compararmos os resultados. Eles foram os libertadores, lançaram-se contra os países da Europa. Foi preparada e desenvolvida a famosa Primavera Árabe, todo um processo na Tunísia e depois o que acontece contra a Líbia e Gaddafi, que é um exemplo clássico. Temos de estudar o que aconteceu no mundo árabe, o que aconteceu na Europa; porque dá a medida de como se desenvolveram e como aprenderam com cada um dos locais onde realizaram este tipo de guerra, e como a aperfeiçoaram.

   Note-se que o primeiro manual de Gene Sharp, “Manual para uma Revolução sem Violência” ou “Derrubando uma Ditadura”, elabora um manual de 50 estratégias sobre como derrubar um governo, como “derrubar uma ditadura” - como dizem -, desenvolvidos a partir das primeiras tentativas e dos primeiros golpes, incorporaram novas táticas e novas formas de fazê-lo.

-RL: Você acredita que a Venezuela é um novo laboratório para aperfeiçoar tentativas de golpe na América Latina?

-Raúl Capote: Exatamente. Como fazer isso na América Latina? Eles começam a tentar o método que foi feito em todos os lugares e não funciona.

-RL: O que você agrega ao laboratório venezuelano?

-Raúl Capote: Incorporam um conjunto de elementos que iniciam o seu desenvolvimento no continente. E acho que é um elemento muito importante contra a América Latina; o lawfare, isto é, a guerra judicial, a tentativa de condenar judicialmente os líderes da esquerda latino-americana em geral.

   Os fatos contra a liderança política da Venezuela, Maduro tem sido falsamente acusado em todo o lado, tem sido difamado através dos meios de comunicação, porque a guerra jurídica está ligada a toda uma narrativa mediática para o desacreditar. Eles usaram a lei, o sistema internacional de leis para tentar removê-lo do poder através de acusações de todos os tipos.

    Isso está intimamente ligado a uma guerra que desenvolvem e é um dos primeiros elementos deste tipo de estratégia, é o assassinato da credibilidade.

    É uma estratégia antiga da CIA, que não é nova, eles têm-na no seu manual de guerra não convencional desde o início de todos os tempos. Em outras palavras, se você destruir a credibilidade de um líder ou de uma nação, você acabou com ele. Eles chamam esse tipo de operação em psicologia: “o espantalho”. Você constrói um “espantalho”, você ataca aquela construção simbólica que você fez e a dota de todos os males. E como você domina, porque é o dono da mídia, a imagem que se multiplica e se impõe ao público desse líder e desse país é terrível.

  Começaram a aplicar isso na Venezuela a ferro e fogo.

-RL:  Começaram a aplicar esses métodos quando Maduro venceu as eleições pela primeira vez em 2013?

-Raúl Capote: A guerra contra a credibilidade começou com Chávez. Agora, contra Maduro fazem-no numa dimensão geométrica, esse será um dos elementos mais importantes. A guerra judicial e o ataque à reputação do país, à Revolução Bolivariana, às instituições do país e aos dirigentes.

   Portanto, se amanhã fosse cometido um assassinato contra qualquer pessoa daquela liderança, ou contra a mais alta liderança do país, haveria uma justificativa.

   Você já construiu um espantalho, ao qual atribuiu todos os males do mundo e se amanhã essa pessoa for vítima de um ato de ódio, será posicionada na mídia como fruto da indignação popular.

  A narrativa da indignação popular é outro elemento que eles incorporam, porque falam da imprensa e do papel da mídia, conhecemos o papel da mídia. Os grandes conglomerados mediáticos são outro dos grandes elementos da guerra não convencional.


   Outro fator essencial da guerra não convencional:

 as redes sociais. Mas dentro disso existe este  elemento

 de descrédito, o ataque à credibilidade.


    Tem dois níveis, construindo uma imagem negativa da pessoa que justifica qualquer ação contra ela e o outro afetando psicologicamente essa pessoa. Uma pessoa que é vítima de bullying constante, que é atacado constantemente nas redes sociais, que o tempo todo se tenta desacreditá-lo, algo que fazem não só contra líderes políticos, mas também contra artistas e contra todos que estão ligados em qualquer caminho para a Revolução. Fazem-no na Venezuela e contra o mundo inteiro, para que as pessoas renunciem a apoiar a Revolução.

  Tudo isto no meio de uma guerra econômica total, que é outro elemento importante.

 

-RL: Antes da intensificação das sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela havia um elemento importante que gerava violência, as famosas guarimbas. Há evidências de que a CIA estava por trás das guarimbas e da tentativa de golpe contra Maduro em fevereiro de 2014? 

-Raúl Capote : Durante o meu trabalho de infiltração na CIA tive a oportunidade de conhecer muitos daqueles que também trabalharam contra a Venezuela. Desde 2001 treinam os mercenários da contrarrevolução, não improvisam nada, trabalham e fazem planos estratégicos de longo prazo, fazem estudos prospectivos para diferentes cenários e começam a preparar as condições para esse cenário ainda 10 ou 15 anos antes .          

    Há muito que preparam os elementos que deverão participar neste tipo de ações. Você mencionou as guarimbas e a violência, mas esse é um elemento que se incorpora com mais força, principalmente depois do Maidan*, porque lembre-se que antes queriam dar a imagem de que eram manifestações pacíficas, mas na Venezuela começam a aplicar a narrativa da indignação popular, construir a imagem de que os indignados estão agindo.

  Fazem isso contra a Venezuela, contra a América Latina, outro elemento é o uso de paramilitares, narcotraficantes, quadrilhas criminosas. São elementos que são aplicados na América Latina e estão sendo usados ​​contra a Venezuela.

    A Venezuela é o laboratório de tudo isso. O mais interessante na minha opinião, há uma mudança aqui, pode-se pensar que são os mercenários da contrarrevolução que saem às ruas, e se for verdade, quem ativa a contrarrevolução está lá dirigindo tudo, são os pessoas treinadas e preparadas para agir contra o governo, pessoas que estão prontas para cometer um conjunto de atos. Mas eles começam a usar um elemento que são gangues criminosas, grupos de jovens lumpen, muitas vezes pessoas muito jovens. Vivemos isso aqui no dia 11 de julho em Cuba, e eles fazem isso através das redes sociais. Não são caras ligados à contratação de mercenários, essas pessoas possivelmente não têm ligação com nenhum grupo contrarrevolucionário.

     São pessoas que, por meio de estudos de big data devido ao desenvolvimento da tecnologia e ao domínio do meio, se identificam nas redes sociais. Criam grupos no WhatsApp, no Facebook, criam grupos de interesses comuns que podem ser algo tão simples como futebol ou qualquer outro elemento, música por exemplo. E esses jovens começam a integrar-se através daquele grupo musical onde aparecem estes elementos que os procuram dentro do seu estúdio, contatam-nos, oferecem-lhes dinheiro, oferecem recargas de celulares, mobilizam-nos através de elementos muito afastados da política. Esses jovens possivelmente não têm nenhum tipo de vida política, por trás deles está a contrarrevolução como pano de fundo, eles vão introduzindo sutilmente elementos para se revelarem, sempre culpando o governo pelos problemas econômicos que os afligem. Até que este jovem despolitizado, com deficiências, disfunções familiares, desligado do estudo, do trabalho e marginalizado, se transforme na mão de obra barata que o imperialismo necessita, capaz até de cometer atrocidades.

   Vimos jovens agindo, colocando correntes, colocando cabos, matando pessoas, queimando pessoas nas ruas, vimos isso na Venezuela; eles são capazes de exercer uma violência irracional e selvagem. Eles também são incitados a cometer atos de violência de todos os tipos.

   Vimos aqui, para um jovem que lhe dizem: vou recarregar seu celular se você pintar um mural na rua, colocar uma placa contra o presidente, na segunda vez falam para ele: jogue uma pedra contra um vitral, e na terceira vez às vezes falam: queime a escola ou queime aquela casa, queime o que quer que seja.

   Começa a ocorrer um aumento nos níveis de violência dessas pessoas com quem se comunicam através dos grupos e através dos ativistas contrarrevolucionários,  passam a atuar nas ruas, realizando saques, gerando um elemento que é muito importante para que esse tipos de projetos ocorram e tenham sucesso, gerando o caos.

 

-RL: A Revolução Bolivariana e o Chavismo conseguiram superar essa fase de violência e Maduro conseguiu um apoio popular e uma liderança que os Estados Unidos não esperavam, bloquearam imediatamente a Venezuela e intensificaram a guerra econômica. Que semelhança tem tudo isto com o que acontece hoje em Cuba?

-Raúl Capote: Estávamos falando de caos, o objetivo desse tipo de guerra é gerar o caos, um estado de ingovernabilidade tal que as pessoas atinjam níveis de desespero e níveis de decepção, por escassez, deficiências, falta de medicamentos de todos os tipos, para um estado que acaba se suicidando, agindo contra si mesmo, que é o que planejam que aconteça.

   Vão aplicar a política de pressão máxima contra o governo Maduro, por todos os meios.

   O violento ataque à economia que tenta fechar por todo o lado o acesso ao financiamento, à exportação e importação de produtos, à sabotagem que se faz ao sistema elétrico. Veja as semelhanças, quando você vir o esquema com que fazem isso verá que isso se repete em todos os lugares, com nuances diferentes, mas se repetirá em todos os lugares.

   A criação de uma página do exterior que dita o preço da moeda venezuelana e do dólar, vemos aqui com El Toque , o modelo não foi inventado contra Cuba, ou seja, é um modelo que se aplica contra a Venezuela que funciona em meio a um contexto econômico muito difícil.

   Muitos especialistas em economia e finanças aparecem e dizem: não, mas não creio que possam culpar de inflação pelo que diz em uma página.

    Não, aproveitam-se de uma situação econômica real para estabelecer preços, para estabelecer o preço da moeda e o preço do dólar de fora.

 

-RL: Quem está aproveitando?

-Raúl Capote: Existe a CIA; este é um projeto puramente da CIA, uma estratégia que eles continuaram a utilizar e que tentam utilizar contra tudo. Contra Cuba, por exemplo, neste momento não o fazem só com moeda estrangeira, tentam até manipular o preço dos produtos. Existem páginas desse sistema de páginas contrarrevolucionárias que estão ditando até o preço da carne suína, o preço dos produtos de mercado, estabelecendo um preço paralelo ao que pode existir no mundo real para criar também uma distorção total da moeda do país e ajudar na inflação, ou seja, uma forma de colaborar firmemente, com a certeza de agregar mais desconforto ao povo, porque é um assunto que atinge diretamente a população.

    Vão contra a Venezuela com tudo, pensando que a Revolução Bolivariana não vai resistir e a Revolução Bolivariana resiste. Maduro está crescendo como líder político apesar da imensa campanha de descrédito que se tece contra ele, apresentando-o como um trabalhador. Mas às vezes os melhores planos também têm as suas deficiências, porque Maduro na cabeça da CIA, na cabeça de um oligarca, um trabalhador é alguém desprezível. Apresentar Maduro ao povo como um homem humilde, como um motorista de ônibus, longe de fazê-lo parecer um fracasso, gera mais empatia, é a falta de jeito com que também analisam esse tipo de coisas. Tentar desacreditá-lo tem o efeito oposto.

   Maduro ganha prestígio como quadro político não só dentro da Venezuela mas até no exterior, pela forma como a Venezuela supera esta fase muito difícil de guerra econômica, descrédito, guerra paramilitar, detenção de alguns responsáveis ​​venezuelanos no estrangeiro, acusações de tráfico de droga como. faz parte desta guerra jurídica contra Maduro e contra vários quadros da liderança da Venezuela, da Revolução Bolivariana e não conseguem.

   No final essa estratégia é derrotada, como acontece conosco, uma das teses que utilizo no livro é essa. Nenhuma destas coisas funciona quando se dirige contra um país que tem uma Revolução autêntica, não puderam fazê-lo na Nicarágua, tentaram-no na Nicarágua com toda força, não puderam simplesmente porque têm uma Revolução que é autêntica. Portanto, não funciona.

   O mesmo acontece com a Venezuela, não conseguiram obter absolutamente nenhum resultado, causa danos terríveis, horríveis, mas não conseguem derrubar o governo.


   Tentam o mesmo contra Cuba e também não

 conseguem  resultados, embora, claro, isso tenha um 

  efeito  terrível  para as pessoas.


   O que procuram a todo custo é apresentar qualquer um destes três países: Venezuela, Cuba ou Nicarágua, como Estados falidos. Até têm rótulos para Cuba, repetem-no constantemente através das redes sociais, através dos grandes meios de comunicação, tentando construir a imagem de que somos Estados falidos.

    O que isso permitiria, o que permitiria se a opinião pública internacional pudesse interpretar que esses países não funcionam, o que aconteceria? Estaria abrindo as portas para os militares dos Estados Unidos.

 

-RL: Está sendo lançada agora uma campanha que tenta desacreditar a democracia participativa de que goza a Venezuela, uma campanha medíocre, no pior momento para a direita venezuelana. O apoio popular de Maduro e a crescente liderança na nação bolivariana são visíveis. 

-Raúl Capote: Não passa de um ato de desespero, tentaram construir uma imagem de uma Venezuela antidemocrática, já fazem isso há muito tempo e o tiro sai pela culatra. Estão diante de um país que tem uma longa experiência, já são mais de 20 anos de Revolução enfrentando este tipo de coisas. A Venezuela tem uma vasta experiência no enfrentamento e desmascaramento deste tipo de operações. Assim como fizeram um estudo sobre onde poderiam atingir a Revolução Bolivariana, um cenário como esse estava evidentemente preparado.

  Tentaram colocar essas pessoas da contrarrevolução no centro das atenções, apresentar uma oposição supostamente vitoriosa a Maduro e criar uma situação de crise, pois sabiam perfeitamente que o sistema eleitoral venezuelano não aceitaria a candidatura dessas pessoas porque elas não atendiam aos requisitos. Fizeram isso fora do prazo e quebraram todas as regras porque queriam que fosse rejeitado.


    Estavam convencidos de que não iriam aceitar esses candidatos, se conseguissem que os aceitassem por um erro dos venezuelanos, melhor ainda, teriam conseguido introduzir furtivamente um candidato do seu tipo. Mas estavam convencidos de que isso não iria acontecer e daí geraria a condenação internacional da Venezuela para desacreditar o processo eleitoral venezuelano e justificar qualquer ação contra a Venezuela.

    Não se trata de um sistema eleitoral que exclui a oposição, trata-se de uma manobra do governo dos Estados Unidos tentando criar um conflito, tentando criar uma imagem perante o mundo para desacreditar o processo eleitoral e justificar qualquer medida contra a Venezuela, porque eles sabem que a direita não vai ganhar as eleições de forma alguma.

   Maduro se tornou um osso duro de roer, acredito muito que o subestimaram e ele acabou sendo o grande líder latino-americano que é hoje, com satisfação podemos dizer que Chávez o colocou ali, ele o via como o líder de grande força que ele é, ele não o colocou por gosto.

    Vão continuar tentando desacreditar o processo eleitoral porque é a carta que têm que jogar, não podem fazer mais nada, vão tentar desacreditá-lo de todas as formas possíveis, é muito provável que se ele ganhar como nós todos queremos e pensamos que é isso que vai acontecer, vão fazer o que fizeram em outros lugares, chamar de fraude como costumam fazer; tenho certeza que Maduro terá novamente a vitória à frente deste movimento patriótico bolivariano e que as pessoas triunfarão. O melhor do povo venezuelano triunfará.


Fotos: Yaimi Ravelo.

https://cubaenresumen.org/2024/04/19/los-gestores-del-caos-en-venezuela/

 Tradução: Carmen Diniz/Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas 

*NT: Maidan (praça em ucraniano)  foi uma revolta na Ucrânia em 2013 em nome dos “valores europeus”, resultando na eleição do comediante Zelensky em 2019.

                  

19 de abr. de 2024

Girón, o NÃO ao imperialismo.


                                         



 Primeira derrota do imperialismo ianque na América Latina.

Fidel aniquilou a invasão mercenária do império mais poderoso do mundo em 72 horas. A derrota mais humilhante dos Estados Unidos e dos mercenários da CIA.

#19deAbril   #CubaViveyVence 

Até aqui chegaram os mercenários.

Por Ramón Pedregal Casanova

“Compañeros poetas / tomando en cuenta los últimos sucesos / en la poesía quisiera preguntar / me urge / ¿qué tipo de adjetivos se deben usar / para hacer el poema de un barco? Sin que se haga sentimental, fuera de la vanguardia / o evidente panfleto / si debo usar palabras como / Flota Cubana de pesca y / Playa Girón?”

Versos do poema – canção do cantautor Sílvio Rodríguez.                                               

Muitas lições podem ser aprendidas com Girón. Seria impossível enumerá-los todos, nem pretendo fazê-lo; mas quero salientar algo que, embora o tenha mencionado em outra ocasião, não deve deixar de se repetir num dia como hoje: a importância de Girón não está na magnitude da batalha, dos combatentes, das heróicas ações que lá aconteceram ; o grande significado histórico de Girón não é o que aconteceu, mas o que não aconteceu graças a Girón”.

Palavras do Comandante Fidel Castro Ruz.       


     Desde Eisenhower preparavam o grande golpe contra a Revolução, esta triunfou e os expulsou, e os gringos do regime imperial fascista, aqueles que tinham o seu governo na Ilha, não estavam dispostos a permanecer perdedores. A invasão foi preparada em 1960, aviões B26, bombardeiros, repintados com a bandeira cubana que bombardeariam aeroportos para destruir a escassa aviação da Revolução, e fariam pensar que eram aqueles que se levantaram a favor de Batista, 5 navios mercantes , duas unidades de guerra, 3 barcaças e 4 cargueiros, 1.550 mercenários armados, treinados e pagos pelos EUA, e grupos de terroristas que atacariam as cidades, e tudo isso seria acompanhado por transmissões contrarrevolucionárias de rádio e TV que gerariam desorientação e confusão, como convém à guerra psicológica.

  Mas o fracasso da aviação contra-revolucionária (16 de Abril) foi o primeiro passo para a vitória total em Playa Girón. Os contra-revolucionários não conseguiram estabelecer uma cabeça de ponte e sem isso não poderiam pedir a Kennedy, que chegou em 1960, que enviasse tropas, como tinham combinado: chegar à praia e criar ali mesmo um “governo provisório”. O povo cubano, com o Exército Rebelde, a Polícia Nacional Revolucionária, os CDR’s, lançou-se na defesa da Pátria vibrante com o espírito de vitória, e em 66 horas o exército mercenário  ianque foi derrotado.

  Depois dos bombardeamentos da contra-revolução nos aeroportos, no funeral dos revolucionários assassinados, Fidel declarou que a Revolução era Socialista e não havia regresso, e assumiu o comando do Exército Rebelde e lutou como todos os cubanos no mesmo campo de batalha. Daí surgiu o slogan “Pátria ou Morte”. Os mais de 1.200 prisioneiros permaneceram na prisão durante um ano até que a Revolução chegou a um acordo para entregá-los aos Estados Unidos em troca de 53 milhões de dólares em medicamentos e alimentos.

    Ainda lemos alguns escritos de repórteres dizendo que o regime imperial ajudou os revolucionários a derrotar o ditador, também ouvimos e lemos que a Segunda Guerra Mundial foi vencida pelos EUA, em suma, a mentira é uma parte inerente dos criminosos de guerra, e a sua derrota em Cuba foi um golpe insuportável para eles, quão doloroso seria se em 1961 o regime imperial visse tudo tão perdido que rompesse relações com Cuba, e temendo o contágio libertador de toda a América Latina, os ianques propuseram entregar a Ilha Rebelde cometendo um genocídio: matar de fome o povo cubano, é isso que procuram com o bloqueio ilegal, contrário ao Direito Internacional, se a Ilha Libertada não resistisse à agressão, um ato de guerra que é reprovado pela ONU, o imperialismo  nos “passaria a faca” com total tranquilidade.

     Se Cuba não existisse, se a Revolução Cubana não tivesse triunfado, quanto do imperialismo não teríamos conhecido? Quanto saberíamos sobre como transformar a realidade? Quanto do valor da organização comum não teríamos? Muitos trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo ainda estariam alienados, doentes, escravos? Se a Revolução Cubana não existisse, até onde chegariam o nosso pensamento, o nosso conhecimento político, social e cultural e qual seria o seu desenvolvimento?

     Se Cuba não existisse, quanto estaríamos perdendo da nossa formação humanística. Quantos espaços em branco teríamos se o Comandante Fidel não existisse, quem teria atendido às necessidades das lideranças revolucionárias da África, da Ásia, do Oriente Médio, da América Latina e até da Europa?

    Eu mesmo teria um oceano vazio em minha vida, e como eu quantas pessoas desejam e lutam por um mundo justo, solidário, de povos respeitosos e soberanos.

      Se a Revolução Cubana não tivesse triunfado, teríamos começado tudo do zero. Pense quanto amor, ensinamentos, ética, mudanças, isso trouxe para a nossa consciência, para a nossa alma, e acreditamos que “somos assim”, e é que “somos assim” porque o triunfo revolucionário de Playa Girón foi a grande lição antiimperialista que permeou as lutas e consciências revolucionárias.

https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/04/16/cuba-giron-el-no-al-imperialismo/

Tradução/Edição: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas                    

11 de abr. de 2024

Centenas de assinaturas pedem a Biden que cumpra sua promessa de mudar a política em relação a CUBA


                           Uma das signatárias, Sarah Stephens, fundadora e ex-diretora executiva do Centro para a Democracia nas Américas.
 

   Quase 200 democratas cubano-americanos e centenas de estadunidenses assinaram uma petição ao presidente Joe Biden para honrar a sua promessa não cumprida de mudar a política do governo dos Estados Unidos em relação a Cuba.

  “Estamos extremamente decepcionados e consternados com a sua inação, falta de coragem e de sensibilidade para desfazer as medidas executivas drásticas e infundadas impostas pelo seu antecessor (Donald Trump)”, diz uma carta aberta publicada pela ACERE, uma coligação de organizações que se opõem ao bloqueio a Cuba e a favor da normalização das relações.

    A sua promessa de campanha de desfazer o caos  causado foi um dos principais fatores pelos quais muitos de nós o apoiamos, recordaram.

   Os signatários da carta aberta também incluem duas dúzias de grupos cubano-americanos, e os estadunidenses preocupados incluem ex-funcionários federais, estaduais e locais; acadêmicos; empresários, executivos e investidores.

   A relação também inclui advogados; arquitetos; médicos; cientistas; educadores; artistas, músicos, cineastas e assistentes sociais, entre outros.

   Sondagens recentes revelam que, dos quase 1,5 milhões de eleitores cubano-americanos, mais de metade são consistentemente a favor da normalização com Cuba; enquanto o apoio é esmagador entre os eleitores democratas e mais jovens.

    Os signatários alertaram o Presidente Biden que terá inevitavelmente que abordar a questão da política da sua administração em relação a Cuba e neste caso terá duas opções: “uma nova política de compromisso com a ilha ou continuar com a mesma política fracassada da maior parte dos últimos 60 anos como você fez durante seu primeiro mandato.

   Só se escolher a primeira opção continuará a ganhar uma proporção considerável dos votos da nossa comunidade, para quem esta é uma questão decisiva e urgente, afirmaram na carta.

   Mas “além da comunidade cubano-americana, refletimos as opiniões de uma grande maioria do povo estadunidense, que apoia a normalização com Cuba; e um eventual fim do embargo (bloqueio), que tem causado tanto sofrimento desnecessário ao povo cubano e estadunidense”, acrescentaram.

  “Precisamos da sua coragem para implementar o que a maioria da comunidade cubano-americana e a esmagadora maioria dos cidadãos estadunidenses e mundiais acreditam ser certo concluiu a petição.

    A carta foi assinada pelo ex-vice-presidente da Convenção Hispânica do Comitê Nacional Democrata, Jorge Quintana; a presidente da Universidade de Washington, Ana Mari Cauce; a fundadora e ex-diretora executiva do Centro para a Democracia nas Américas, Sarah Stephens; e o músico e compositor seis vezes vencedor do Grammy Arturo O'Farrill.

    Além disso, o executivo de Hollywood e membro do Comitê Financeiro do Comitê Nacional Democrata, Andy Spahn; Vice-Presidente do Centro Richardson para Engajamento Global, Stuart Ashman; o ex-Oficial Nacional de Inteligência para a América Latina Fulton Armstrong; e o fundador e CEO da Busboys and Poets, Andy Shallal, entre outros.


https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/04/10/cuba-cientos-de-firmas-piden-a-biden-cumplir-promesa-de-cambio-de-politica-hacia-la-isla/

Tradução/Edição: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas

                                 


10 de abr. de 2024

Novo grupo de artistas judeus de Hollywood apoia as críticas de Jonathan Glazer a Israel

Jonathan Glazer, diretor de 'A Zona de Interesse', posa com um Oscar, em março passado.JEFF KRAVITZ (GETTY IMAGES)
   
LUIS PABLO BEAUREGARD

      O vencedor do Oscar Joaquin Phoenix, o famoso ator Elliot Gould, o roteirista e diretor Joel Coen, a fotógrafa Nan Goldin e a escritora e ativista Naomi Klein são algumas das 151 celebridades judias que se manifestaram nesta sexta-feira em apoio ao discurso proferido pelo cineasta Jonathan Glazer no Cerimônia de premiação da Academia .

    O diretor de A Zona de Interesse , vencedor do prêmio de melhor filme internacional, está há semanas no centro das críticas em Hollywood pelas breves palavras que proferiu contra a desproporcional ofensiva israelense contra o povo palestino. “Ficamos alarmados ao ver que alguns dos nossos colegas da indústria interpretaram mal e denunciaram as suas palavras”, afirmam os artistas em uma carta publicada nesta sexta-feira na revista Variety .

      “Os ataques a Glazer são uma distração perigosa da escalada militar de Israel, que já matou mais de 32 mil palestinos em Gaza e deixou centenas de milhares à beira da fome”, afirmam os signatários, que se juntam às vozes crescentes nos Estados Unidos. exigindo um cessar-fogo permanente. Os artistas dedicam algumas palavras em sua carta para lembrar os judeus que foram assassinados na operação do Hamas em 7 de outubro, os 235 sequestrados naquele dia e as vítimas deixadas por ambos os lados ao longo de “muitas décadas”.

    O grupo destaca o clima de censura que se instalou na indústria do entretenimento após o discurso de Glazer, que é britânico e judeu. Mil profissionais condenaram as palavras do cineasta dez dias depois do discurso de gala, que passaram quase despercebidas entre os presentes. “Rejeitamos que o nosso judaísmo seja sequestrado com o propósito de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazi que tentou exterminar uma raça de pessoas e uma nação israelita que tenta evitar o seu próprio extermínio”, disseram aqueles que acusaram o cineasta. As atrizes Debra Messing e Jennifer Jason Leigh; A principal produtora da Sony, Amy Pascal, e executivos de estúdios como Gary Barber estavam entre aqueles que acusaram o diretor da Hot Zone de promover o anti-semitismo.   

    “Os ataques a Glazer têm um efeito silenciador sobre a indústria que contribui para a supressão da liberdade de expressão e dissidência, qualidades que deveríamos valorizar no nosso campo”, consideram esta sexta-feira artistas como o realizador Todd Haynes; as diretoras Nicole Holofcenter e Miranda July; a escritora Rachel Kushner, o comediante David Cross e o renomado cineasta britânico Mike Leigh .

     “Estamos orgulhosos dos judeus que criticam o uso da nossa identidade e memória do Holocausto para justificar o que muitos especialistas em direito internacional, incluindo alguns estudiosos do Holocausto, identificaram como 'genocídio'”, continuam. A carta cita um desses especialistas da Shoah, o Dr. Piotr Cywinski, diretor do memorial de Auschwitz . O historiador polaco afirma que o filme de Glazer, vencedor de dois Óscares, não trata apenas do extermínio levado a cabo pelos nazis. “É principalmente um aviso profundo sobre a humanidade e a sua natureza”, disse Cywinski. “Para preservar a humanidade e garantir a sobrevivência de todos, devemos soar o alarme quando qualquer grupo enfrenta tal brutalidade e atos de extermínio”, afirmam os signatários.

      Os 151 nomes que apoiam Glazer não estão sozinhos. Antes deles, Tony Kushner, o influente roteirista de filmes dirigidos por Steven Spielberg como Munique , Lincoln e The Fabelmans , disse em entrevista ao jornal israelense Haaretz que as palavras do inglês eram “impecáveis ​​e irrefutáveis”. O que ele está dizendo é que a identidade judaica e a nossa história, a história do Holocausto e o sofrimento não podem ser usados ​​como uma campanha que visa desumanizar ou massacrar outros.”


   https://elpais.com/cultura/2024-04-05/un-nuevo-grupo-de-artistas-judios-de-hollywood-respaldan-las-criticas-de-jonathan-glazer-a-israel.html

Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas      

             

                

9 de abr. de 2024

Equador. Por que a raiva contra Jorge Glas?

                                 

Por Mg. José A. Amesty Rivera, Resumen Latinoamericano  8 de abril de 2024.

   Sem dúvida, desde a saída de Rafael Correa da presidência do Equador, Jorge Glas, que era seu vice-presidente, tem sido submetido a uma perseguição política que beira o surpreendente.

    Jorge David Glas Espinel é engenheiro eletricista e político equatoriano. Foi vice-presidente da República do Equador de 24 de maio de 2013 até 6 de janeiro de 2018. Foi eleito nas eleições presidenciais de 2013 e reeleito nas eleições presidenciais de 2017. Ocupou diversos cargos no governo de Rafael, entre os quais estão: presidente do Fundo de Solidariedade, Ministro das Telecomunicações e Sociedade da Informação e ministro coordenador dos Setores Estratégicos.

    O político vem da classe média de Guayaquil. Nasceu em 13 de setembro de 1969, é o mais velho de três filhos de uma família abandonada pelo pai quando era criança. Em meio às dificuldades econômicas, continuou seus estudos até se formar engenheiro eletricista, embora na realidade quisesse ser médico. Formou-se em um centro salesiano e participou do grupo de escoteiros, onde conheceu Rafael Correa, que era seu líder de tropa.

     Destacamos seu relacionamento com Rafael Correa desde cedo, pois, para responder à pergunta do título da matéria, eles são amigos desde a infância e juventude. Ele era o braço direito do presidente, que o escolheu como companheiro de chapa no último mandato. Em 2016, foi nomeado responsável por projetos de reconstrução em duas províncias afetadas por um terremoto de magnitude 7,8 que deixou mais de 600 mortos.

   Glas era o superministro responsável por todas as empresas estratégicas do Estado. Glas foi responsável pelas políticas públicas sobre recursos petrolíferos, minas, electricidade, telecomunicações e água.

    E há um fato interessante, Correa pensava nele como candidato às eleições presidenciais de 2023, uma jogada arriscada, que acabou não acontecendo porque acharam que a justiça equatoriana acabaria por desqualificá-lo.

  Glas é como o Correa que eles não conseguiram pegar. A sua proximidade e relação com Correa tornaram-no digno de ser acusado, assediado e perseguido. Portanto, ele foi acusado de denúncias infundadas.

   A verdade é que Glas conquistou uma reputação entre o seu povo como um homem leal. Não aceitou nenhum dos acordos oferecidos pelo Ministério Público equatoriano, em troca de denunciar seus colegas de partido ou Correa. Podem acusá-lo, mas ele não é um traidor.

   Já estamos vendo o motivo da raiva contra Glas. Não é por acaso que Glas administrou o Equador por mais de uma década, entre 2007 e 2018. Óbvio que o persigam.

    Outra verdade que não podemos negar é que este é um político para estudar, num mundo onde a deslealdade e a traição são a regra geral, este personagem é particularmente sui generis.

   É um cidadão equatoriano capaz de se sacrificar pelo seu projeto, seja por erro ou por sucesso, não se pode negar que é um ser humano com códigos, capaz, além disso, de gestos de suprema coragem e serenidade.

  Assim, o projeto imperial estadunidense no Equador deixa claro que atingir Glas significa afetar Correa em todos os campos possíveis. Eles são amigos. Um daqueles que você raramente encontra na vida. Persegui-lo, portanto, deve ser lido numa perspectiva política.

   Nesse sentido, aplicaram uma guerra jurídica ao Glas, que tem pelo menos quatro etapas, segundo o jurista equatoriano Pedro Granja:

 -  É preciso converter  o personagem que você está interessado em acabar culpado. De que? Não importa, na guerra legal isso é o que menos importa. No início da operação é imprescindível degradar, transformar o agredido em “não-pessoa”. Devemos divorciá-lo das massas, fazer as pessoas acreditarem que este personagem é mau, é feio, não tem sentimentos, merece ser linchado, traiu-os, é uma pessoa insolente que já não merece o seu apoio.

 - Depois é entregue, neste processo de desumanização, aos sacerdotes da desinformação, que atomizam as redes sociais, prostituem os debates, mutilam conceitos, degradam os seres humanos e os tornam culpados de qualquer atrocidade, sem serem culpados de nada. Intoxicante com mensagens 24 horas por dia, para sufocar qualquer possibilidade de análise racional.

-  Depois de um bombardeio histérico, que pode durar anos, fazem com que os cidadãos deixem de ser seres pensantes, moldados como querem que se pense, até que os odeie e os veja como algo moderno, atraente, interessante ou admirado.

 - Finalmente, o personagem adversário é culpado. De que? Não importa. Isso será decidido mais tarde pelos procuradores e juízes, sempre dispostos a assinar qualquer coisa para permanecerem nas suas posições às quais se apegam ferozmente. Esses promotores e juízes, se não agirem condenando os acusados, enviam-lhes ameaças, e se não fizerem o que os donos do país querem, o mínimo é que suas casas sejam invadidas. A sentença proferida, geralmente em tempo recorde, contra as vítimas da guerra legal, deve ser sempre abençoada pelos sacerdotes das notícias falsas, pelos distribuidores da verdade.

  Por outro lado, existe um princípio jurídico que foi flagrantemente violado pela Glas, que é o de que as pessoas são detidas ou presas quando se comprova que praticaram comportamentos puníveis (crime), o que se condensa numa máxima conhecida como nullum crimen, nulla poena , que significa: se não há crime (previsto em lei*), não há punição.

   É óbvio, então, que Glas foi violado, numa expressão banal, em uma série dos seus direitos humanos.

    Por fim, desejamos revisar as contribuições de dois renomados juristas, Oswaldo Ruiz Chiriboga e Gina Donoso, que analisaram o caso “Odebrecht”, ligado à Glas pelo crime de associação ilícita.

   Os referidos juristas sublinham que, “após comparação das normas internacionais de direitos humanos com os atos das autoridades administrativas e judiciais, concluímos que Jorge Glas não teve um julgamento justo, que as medidas cautelares emitidas contra ele foram desmotivadas e arbitrárias, que “ a perda do cargo de vice-presidente representou uma violação de seus direitos políticos, que a condenação criminal não foi baseada em provas confiáveis, que o tipo criminoso de associação ilícita permitiu uma discricionariedade indesejável por parte das autoridades”.

    Afirmando, ainda, “o caso de Jorge Glas representa um acúmulo de violações de direitos humanos. Um estudo detalhado dos processos judiciais e do Ministério Público mostra que desde o início até a condenação não houve provas da alegada participação de Glas no crime imputado."

   A última coisa que aconteceu contra Glas, na noite de 5 de abril, foi a prisão (dentro) da embaixada mexicana no Equador, após ter recebido asilo do país asteca.

  Agora Glas está sendo atacado novamente e, após cinco anos de prisão, pretendia-se condená-lo novamente à prisão. Glas refugiou-se na embaixada mexicana e obteve asilo concedido por esse país, grande defensor deste recurso que salvou muitas vidas em muitos lugares, porque a brutalidade é hegemônica.

   Ao mesmo tempo, deve ser denunciado que este ataque é uma violação da Convenção de Viena de 1961, na qual os governos de todo o mundo se comprometeram a respeitar os territórios diplomáticos sem exceção. O artigo 22.º do Tratado de Viena indica: “a inviolabilidade das instalações das missões diplomáticas com uma proibição categórica e explícita de entrada nelas por agentes do Estado receptor. Este último tem a obrigação de proteger essas instalações e os diplomatas de qualquer intrusão não autorizada ou dano à paz e à dignidade da missão. Mesmo em caso de abuso de imunidades e privilégios, ou de emergência, o Estado receptor não pode entrar nessas instalações sem o consentimento do chefe da missão diplomática.”

   Por fim, queremos fazer eco às palavras do cientista social Xavier Lasso, ex-vice-chanceler de Correa: “E então é preciso mostrar a cabeça, como um troféu, e esse é Jorge Glas, ex-vice-presidente de Rafael Correa e acusado de corrupção no chamado caso “Suborno”, sem que alguma vez tenha sido apresentada uma única prova dessa maldita corrupção. É o mesmo caso com o qual Rafael Correa também foi perseguido e que, por falta de provas, a Procuradora do Estado, Diana Salazar, inventou a “influência psíquica”: “ Correa irradiou enorme influência aos seus ministros para cometerem crimes”. “crimes contra a fé pública e se dedicarão a atacar as instituições do Estado ” .

NT*

Aqui para saber quem é Noboa :  (para ler em português, escolher o idioma ao abrir a página) :

  https://portalalba.org/temas/politica/ecuador-el-nino-rico-en-el-poder/      


https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/04/08/ecuador-porque-la-sana-contra-jorge-glas/

Tradução/Edição: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas