2 de dez. de 2025

Reflexões sobre as guerras: de Sun Tzu a Lenin, o que está acontecendo na Venezuela?

Foto: PSUV

                   
Raul Capote Fernandez 

Se há uma constante na guerra, é a sua imprevisibilidade; raramente termina como os seus arquitetos planejaram. Uma ação aparentemente pequena pode desencadear uma série de eventos catastróficos.

Para Sun Tzu, a guerra era uma questão de cálculo racional e superioridade psicológica. Um bom general vence antes mesmo da batalha começar, por meio da preparação, do conhecimento do inimigo e de si mesmo, e da manipulação das percepções do adversário.

Bem, é isso que Washington pensa estar fazendo, mas será que não vai se voltar contra eles? Será que conseguiram manipular a percepção dos venezuelanos por meio de guerra psicológica? Será que eles conhecem o inimigo? Estão preparados para enfrentar o que está por vir, ou acham que podem definir o resultado por meio de abusos ?

Uma interpretação livre de Heráclito de Éfeso, que acreditava na guerra como um princípio cósmico e motor de mudança, inerente à existência, deveria levá-los a pensar que Polemos pode gerar uma mudança radical no continente, isto é, se não confundirem Heráclito com um cantor de música urbana ou um jogador de basquetebol de origem grega.

Nicolau Maquiavel criticou veementemente o uso de mercenários, que considerava desleais e ineficazes. Um príncipe deve basear seu poder em um exército de cidadãos ("sua própria milícia"), pois guerra e política são duas faces da mesma moeda; isso fala por si só.

Se Donald Trump e seus assessores, que se esqueceram do Vietnã, tivessem lido Carl von Clausewitz, o mesmo que disse que "a guerra é a continuação da política por outros meios", e refletido sobre o que ele chamou de Névoa da Guerra ( Nebel des Krieges ) e Atrito, pensariam duas vezes antes de invadir um país pronto para defender sua liberdade e honra com todas as suas forças.

A "névoa" refere-se à incerteza e à informação imperfeita no campo de batalha. O "atrito" é a força que torna o que parece fácil na teoria terrivelmente difícil na prática, e isso pode acontecer mesmo que consigam usar uma Efialtes.

Marx via as guerras como uma oportunidade para acelerar o colapso do sistema capitalista e o advento da revolução proletária.

Agora, se quisermos entender o que está por trás de toda a parafernália imperialista contra a Venezuela, vamos ler o grande Lenin, " Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo". Vladimir Ilyich argumentou que o capitalismo, em sua fase monopolista (imperialismo), é forçado a lutar pela divisão e redistribuição do mundo, suas colônias e seus recursos.

 Portanto, a guerra não é um acidente, mas uma consequência inevitável e inerente do capitalismo em seu estágio final.

A guerra será um fracasso.

Em sua essência, será sempre um desastre. Um fiasco da diplomacia, da razão, da empatia. Raramente é travada sem uma narrativa justificadora; ao longo da história, impérios apagaram culturas e moldaram o destino da humanidade em nome da liberdade.

Desde o início, os Estados Unidos desejavam tomar Cuba, então, em 15 de fevereiro de 1898, eles próprios explodiram uma de suas fragatas, a "Maine", no porto de Havana, para justificar uma guerra contra a Espanha e tomar a valiosa colônia caribenha. Nesse processo, eles também anexaram Porto Rico, as Filipinas e tudo o mais que puderam tomar do Império Espanhol.

O chamado incidente de Tonquim foi o falso pretexto usado em 1964 pelo governo de Lyndon B. Johnson para intervir militarmente no Vietnã do Norte.

Para quem não se lembra, os serviços secretos dos EUA organizaram uma operação de falsa bandeira, simulando um ataque falso de forças pertencentes ao Vietnã do Norte contra navios da Marinha dos EUA no Sudeste Asiático.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos EUA, atacou o Afeganistão em 2001, sob o pretexto dos eventos ocorridos em Nova York em 11 de setembro daquele ano.

Dois anos após o ataque ao Afeganistão, Washington fabricou a mentira de que Saddam Hussein possuía um depósito cheio de armas de destruição em massa; tais armas nunca apareceram.

A lista é muito longa; os EUA passaram 222 dos seus 243 anos de existência em guerra, e agora fabricam um pretexto para atacar a Venezuela e roubar os seus recursos, independentemente da destruição que possam causar ou do número de pessoas que possam morrer, neste mundo de piratas e corsários sionistas.

Uma história incrível sobre cartéis de drogas, neste caso o Cartel dos Sóis, está sendo usada como pretexto para atacar a terra de Bolívar e Chávez. É irônico que o mesmo governo que acaba de libertar um narcotraficante condenado, o chefão Juan Orlando Hernández, ex-presidente de Honduras, se declare exemplo na luta contra esse flagelo.

Diante da queda inevitável, o olhar para o abismo os aterroriza; podem perder seus privilégios, fracassaram, e tudo o que resta é pilhagem e mentiras. As massas perplexas que ainda os seguem para o abate despertarão um dia, ou acabaremos como poeira cósmica, queimados pelas armas da estupidez e da ganância.

(*) Escritor, professor, pesquisador e jornalista cubano. É autor de “Juego de Iluminaciones”, “El caballero ilustrado”, “El adversario”, “Enemigo” e “La guerra que se nos hace”.

https://cubaenresumen.org/2025/12/01/reflexiones-sobre-las-guerras-de-sun-tzu-a-lenin-que-pasa-en-venezuela/

Trad/Ed: @comitecarioca

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