20 de jul. de 2022

SOBRE A COMEMORAÇÃO DO DIA 26 NA NOITE CUBANA #CubaPorLaPaz

                                                      


26 de julho – o dia da Rebeldia Cubana
Em 26 de julho de 1953 um grupo de 165 rebeldes cubanos atacou o quartel Moncada em Santiago de Cuba com a finalidade de adquirir armas e distribui-las à população para combater o governo ditatorial de Fulgêncio
Batista. Batista tinha dado um golpe de estado em 1952 suspendendo a Constituição, os direitos políticos, agindo com repressão desmedida e torturas, aprofundando as diferenças sociais, além de se associar à máfia estadunidense e, como decorrência, às drogas, jogo e prostituição. Além disso, os índices sociais apontavam para um baixo nível de escolaridade, analfabetismo, desemprego estrutural e intensa corrupção. Metade das crianças cubanas não ia à escola.
Apesar de não obterem vitória na tomada do quartel, segundo Fidel Castro “sem Moncada não haveria Revolução” uma vez que mesmo com a derrota militar a vitória política foi notória, dando visibilidade ao movimento insurgente. Preso com outros camaradas, para sua autodefesa Fidel escreveu o famoso discurso “A HISTÓRIA ME
ABSOLVERÁ”, que se tornou a base do governo revolucionário a partir de 1º de janeiro de 1959. Usando os ensinamentos de José Martí, ao mesmo tempo em que se defende, Fidel condena o regime de Batista por seu governo corrupto, entreguista e ditatorial — o que a população já não aceitava mais.
Ao reler sua defesa podemos encontrar os motivos pelos quais a população cubana aos poucos foi se conscientizando e, mais tarde, se rebelou combatendo a injustiça e a opressão do governo de Batista. Tais motivos não nos são desconhecidos. Pelo contrário. Basta analisarmos os índices do Brasil atual — guardadas as devidas
diferenças históricas e populacionais.
Fidel cita, em seu discurso, o absurdo da realidade de seu povo naquela época: quase metade da população urbana e rural não tinha luz elétrica (aqui, ainda temos 11 milhões); 400 mil famílias viviam amontoadas em
barracões, cortiços etc. (aqui, 16 milhões em favelas, 220 mil nas ruas); 600 mil cubanos sem trabalho (aqui, entre 15 milhões de desempregados mais os precarizados, etc., ao todo somos 60 milhões à margem da sociedade); 500 mil cubanos trabalhavam 4 meses por ano, passando fome nos demais meses com sua família sem uma polegada de terra para semear (aqui, os boias-frias); 100 mil pequenos agricultores que viviam e morriam trabalhando em uma terra que não é sua (aqui, só de trabalhadores sem-terra em acampamentos, 120 mil); 30 mil professores do ensino fundamental a quem se tratava e pagava tão mal (aqui 1,4 milhões) e que hoje são os profissionais mais bem pagos e respeitados do país; 90% das crianças no campo serem consumidas por parasitas e morrerem antes de completarem 30 anos.
Trazendo o 26 de Julho e suas razões no discurso de Fidel para nossa realidade fica fácil entender o que levou aqueles/as inconformados/as a tomar tais decisões. O 26 de Julho, depois tornado Movimento (M-26), incitou o povo a exigir mudanças no país, culminando com o triunfo da Revolução Cubana em 1º de Janeiro de 1959, que alterou
totalmente a configuração daquele país. Trazendo dignidade ao povo cubano, se tornou esse farol incandescente para todos os povos latino-americanos.
Nesta data, por toda sua importância, é feriado em Cuba. Uma data de festa, na qual se celebra o início de toda a revolução pela qual aquele país passou — e ainda passa! Devemos não só comemorar, mas também nos inspirar
nestes nossos irmãos latinos por demonstrarem que sim, é possível! É possível transformar a realidade, por pior que esteja, é possível fundarmos um novo modelo de sociedade, baseado em direitos humanos básicos, em valores como solidariedade e justiça social — dentre tantos outros direitos que conquistaremos para que todos, sem exceção, vivam em condições dignas e humanas. Enquanto houver uma pessoa esfomeada, sem moradia, educação, saúde — apenas uma pessoa — jamais seremos um povo livre, independente e soberano. Como hoje o é o povo cubano.
Neste dia em que comemoramos o 26 de Julho, só nos cabe uma palavra de ordem:
PARABÉNS, CUBA!
E obrigada por nos permitir esperançar. Nosso dia também chegará.

Carmen Diniz - Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba.
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