Por Hernando Calvo Ospina 10/01/2024
Sim, verifiquei: o governo de Cuba enviou à Organização Internacional de Polícia Criminal, mais conhecida como Interpol, a Resolução do Ministério do Interior que apareceu no Diário Oficial de 7 de dezembro de 2023. A entidade policial, da qual fazem parte 196 países, recebeu a “Lista Nacional de pessoas e entidades que foram submetidas a investigações criminais e procuradas pelas autoridades cubanas”. (1)
A Resolução diz: “Incluir na Lista Nacional as pessoas e entidades que, em virtude da Resolução 1373 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, do direito internacional e do sistema jurídico interno, tenham sido submetidas a investigações criminais e sejam procuradas pelas” autoridades cubanas com base no seu envolvimento na promoção, planejamento, organização, financiamento, apoio ou atos praticados no território nacional ou em outros países...”
Especificando: «O Ministério do Interior assegura a existência de razões ou bases razoáveis para incluir essas pessoas e entidades ou organizações na Lista Nacional de Terroristas, com elementos probatórios devidamente documentados, que satisfaçam os critérios de designação definidos nas normas internacionais e nacionais nesta Resolução..."
Isto inclui pessoas que, desde 1999, cometeram atos terroristas, dentro ou fora do país, afetando cidadãos ou bens. Também àqueles que atentaram contra a vida do Presidente da República ou de outros responsáveis do Estado. São detalhados os nomes daqueles que incitaram, organizaram ou financiaram ações que vão contra a paz e a segurança dos cidadãos.
Com exceção de uma pessoa que reside na Bélgica, todos vivem nos Estados Unidos, principalmente na Flórida. Muitos deles receberam, e recebem, financiamento direto do Departamento de Estado, mas também da CIA, que utiliza diversas entidades e organizações não-governamentais para o concretizar.
Além de inúmeras entrevistas e artigos na rádio, televisão e jornais, principalmente na Flórida, muitas destas pessoas reconheceram suas atividades criminosas e terroristas. Além disso, até hoje, outros os incitam utilizando as possibilidades de penetração e propaganda que a Internet oferece, e autodenominando-se “influenciadores de opinião”. A cumplicidade e a “cegueira” das autoridades estadunidenses que deveriam ser encarregadas de reprimi-los, a começar pelo FBI, sempre foi surpreendente e até difícil de acreditar.
Esse primeiro grupo, que chamam de 'exílio histórico', muitos dos que serviram como mercenários quando foi feita uma tentativa de invasão de Cuba sob as ordens dos Estados Unidos, em abril de 1961, na Baía dos Porcos, alistados na CIA,que os especializa em sabotagem e terrorismo.
Pude conhecer e entrevistar pessoalmente alguns deles em Miami, como José Francisco Hernández Calvo e José Jesús Basulto León. (2)
Na guerra clandestina que a Administração Reagan-Bush pai. liderou contra a revolução sandinista na Nicarágua, desde o final dos anos setenta e durante quase toda a década seguinte, que muitos dos que estão nessa lista de "procurados" pelo Ministério do Interior de Cuba participaram e se misturaram ao tráfico de cocaína, algo totalmente endossado por aquele governo para financiar a guerra suja. Isto fica muito claro no Relatório Kerry do Congresso dos EUA: “as pessoas que forneceram apoio aos contras estavam envolvidas no tráfico de drogas... e os próprios elementos dos contras receberam conscientemente assistência financeira e material dos traficantes de drogas. (3)
Além de Hernández Calvo e Basulto León, não só na Flórida, fizeram parte: Santiago Álvarez Fernández Magriñá, Pedro Remón Crispín Rodríguez, Antonio Calatayú Rivera, Ramón Saúl Sánchez Rizo, Santiago Álvarez Fernández, Guillermo Novo Sampoll. Vale a pena destacar Félix Ismael Rodríguez Mendigutía, que, como oficial da CIA, transmitiu a ordem de Washington para assassinar Che Guevara depois de este ter sido capturado. Este foi um dos principais homens do Conselho de Segurança Nacional da Administração Reagan na guerra suja contra os sandinistas. Portanto, ele tinha conhecimento do tráfico de cocaína.
Todos, repito, são procurados pelas autoridades cubanas para serem levados à justiça.
Além disso, a sua participação em organizações terroristas sediadas na Flórida está bem documentada em materiais que eles próprios produziram ou que mencionaram em entrevistas com pessoas em quem confiavam. (4)
Nessa longa investigação que realizei na Flórida, também conheci diretamente a jornalista Ninoska Pérez Castellón, que até hoje continua apoiando ações terroristas contra Cuba e, portanto, está na lista mencionada na Gazeta Oficial Cubana. Desde então fez parte da Fundação Nacional Cubano-Americana, organização criada por Reagan para apoiar a guerra anti-sandinista e o fim da revolução cubana. Naquela época, Hernández Calvo era o segundo no comando da Fundação.
A Gazeta menciona diversas organizações às quais pertencem ou pertenceram quase todas as citadas. Muitos deles foram considerados terroristas pelo próprio FBI, mas permanecem intocáveis. Entre eles estão o Coordenador das Organizações Revolucionárias Unidas, CORU (responsável pela explosão de um avião comercial da Cubana de Aviación em pleno voo, outubro de 1976); Omega 7 (passou a ser considerada pelo FBI como “a organização terrorista mais perigosa dos Estados Unidos”); e Alpha 66. Fui várias vezes convidado para os campos de treinamento destes últimos e testemunhei como eram preparados os ataques terroristas e assaltos às cidades costeiras de Cuba. Alpha 66 também foi considerado "terrorista" pelas autoridades dos EUA, no entanto...
Com a chegada e o desenvolvimento da Internet, a violência contra Cuba mudou sem alterar o objetivo de acabar violentamente com a revolução cubana. Como disse o jornalista espanhol José Manzaneda, em 2018 o Departamento de Estado dos EUA criou “a Força-Tarefa da Internet contra Cuba” para levar a cabo uma guerra psicológica e de propaganda entre a população cubana. Enquanto o jornalista Ignacio Ramonet acrescenta que esta guerra que acontece nas redes sociais se somou ao bloqueio econômico para tentar desestabilizar a revolução por dentro. O sociólogo argentino Atilo Borón afirma que a partir desses sites muito bem desenhados, "altamente direcionados e muito eficazes" são enviadas "mensagens de ódio", principalmente aos jovens, para que se sintam "indignados e humilhados", e assim se levantem contra o governo por ressentimento. “Um sistema de propaganda extremamente sofisticado, que ataca a população a todo momento”, afirma o ex-relator da ONU, Alfred de Zayas (5).
E essas mensagens cheias de ódio permanente são lançadas desde Miami pelos mencionados na Gazeta e cujas acusações detalhadas estão nas mãos da Interpol. Mensagens que incitam à violência interna, ao assassinato de figuras do Estado, à destruição de bens comuns e a todo o tipo de sabotagem, como o sistema de energia elétrica ou a queima de plantações.
Entre eles estão: Orlando Gutiérrez Boronat, Ana Olema Hernández, William Cabrera González, Michel Naranjo Riverón, Eduardo Arias León. Também fazem parte da lista Yamila Betancourt García, Eliecer Ávila, Liudmila Santiesteban Cruz, Manuel Milanés Pizonero, Alain Lambert Sánchez (paparazzi cubanos), Jorge Ramón Batista Calero (Ultrack) e Alexander Otaola Casal.
Os objetivos perseguidos são os mesmos do chamado “exílio histórico”, apenas o método mudou. Ambos têm uma coisa em comum: utilizam métodos terroristas.
Como terroristas e traidores da Pátria, serviram e servem os interesses dos Estados Unidos durante 65 anos contra a revolução cubana. Se agissem desta forma contra os Estados Unidos, não seriam salvos da prisão perpétua ou da pena de morte, como aconteceu em muitos casos. A gravidade de receber dinheiro de uma potência estrangeira, como mercenários, para atacar, desestabilizar ou incitar atos terroristas na França levaria a cerca de 20 anos de prisão. E a Interpol os perseguiria até debaixo das pedras.
Espero que no caso de Cuba a sombra daquela árvore chamada Washington, que os protege, dirige e financia, seja superada pela Interpol em favor da luta contra o terrorismo internacional. Conforme exigido pelas próprias Nações Unidas.
– Talleda, Miguel. Alpha 66 y su histórica tarea. Ediciones Universal, Miami, 1995.
– Encinosa, Enrique. Cuba en Guerra. The Endowment for Cuban American Studies of the Cuban American National Foundation. Miami, 1994.
– Vargas Llosa, Alvaro. El exilio indomable. Espasa Calpe. Madrid, 1998.
http://fr.wikipedia.org/wiki/
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