7 de mar. de 2025

Mensagem de Abel Prieto, ex-ministro da Cultura de Cuba e atual presidente da Casa de Las Américas sobre "Ainda estou aqui" (port/esp)

Sede da Casa de Las Américas em  Havana, Cuba.  

     “Ainda estou aqui” continuará a nos desafiar

Quando a euforia do sucesso internacional (incluindo o Oscar) do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles - que foi precedido por uma recepção emocionante no Brasil - se dissipar, seu tema continuará a nos desafiar.

O sequestro e o desaparecimento forçado do ex-deputado Rubens Paiva fazem parte de um dos capítulos mais sombrios da história da América Latina. A integridade desafiadora de sua viúva, por outro lado, é um exemplo de resistência à brutalidade do fascismo.

Parte do efeito provocado pelo trabalho de Salles vem do fato de que falar sobre esse passado é, na realidade, falar sobre o presente mais urgente, ainda mais em um país que viveu, não faz muito tempo, um governo de ultradireita que nunca escondeu sua admiração pela ditadura militar.

O fato de o filme ter influenciado a consciência nacional a ponto de o Supremo Tribunal Federal ter aprovado uma investigação sobre as circunstâncias da morte de Paiva e reaberto o debate sobre a lei da anistia também nos fala do poder da arte de questionar, comover e desencadear reservas éticas em uma sociedade.

O fato de aparecer em um momento em que o mundo, e em particular o nosso continente, está vendo um ressurgimento do fascismo mais desenfreado, dá ao filme aquela dimensão adicional que a arte sabe como realizar e que devemos apoiar diante da irracionalidade e da barbárie.

Da Casa de las Américas, enviamos nossos parabéns a Walter Salles e à equipe de produção desse excelente filme.

                                                    

«Aún estoy aquí» seguirá interpelándonos

Cuando se disipe la euforia por el éxito internacional (Oscar incluido) de la película de Walter Salles «Aún estoy aquí» –que estuvo precedido por una emocionada acogida en Brasil–, su tema seguirá interpelándonos.
El secuestro y la desaparición forzada del exdiputado Rubens Paiva forma parte de uno de los capítulos más tenebrosos de la historia latinoamericana. La desafiante integridad de su viuda, en cambio, es ejemplo de la resistencia a la brutalidad del fascismo.
Parte del efecto provocado por la obra de Salles proviene del hecho de que hablar de ese pasado es, en realidad, hacerlo sobre el más acuciante presente, más aún en un país que vivió, en fecha no muy lejana, un gobierno ultraderechista que no ocultó nunca su admiración por la dictadura militar.
Que la película haya influido en la conciencia nacional al punto de que la Corte Suprema aprobara investigar las circunstancias de la muerte de Paiva y reabriera el debate sobre la ley de amnistía, nos habla también del poder del arte para cuestionar, conmover y desatar reservas éticas en una sociedad.
Que aparezca en un momento en que el mundo, y en particular nuestro Continente, ven resurgir el más desenfrenado fascismo, otorga a la película esa dimensión adicional que el arte sabe cumplir y que nos toca apoyar frente a la sinrazón y la barbarie.
Desde la Casa de las Américas enviamos una felicitación a Walter Salles y al equipo de realización de esta excelente película.