7 de jan. de 2025

NOVOS HORIZONTES PARA CUBA NO BRICS

                                 
Por Hedelberto López Blanch*

   Apesar da permanência do bloqueio econômico por mais de 60 anos e das agressivas campanhas de difamação contra Cuba por parte dos Estados Unidos e da hegemônica mídia ocidental, o prestígio da Ilha no mundo voltou a ser evidenciado com a entrada da nação caribenha no Grupo BRICS.

   Neste dia 1 de Janeiro, Cuba, juntamente com outros oito países (Bielorrússia, Bolívia, Indonésia (passou diretamente a membro de pleno direito), Cazaquistão, Tailândia, Uganda, Malásia e Uzbequistão) formalizaram a sua entrada como parceiros desse grupo que confirma cada vez mais o seu papel fundamental. no avanço da criação de um mundo multipolar.

   O ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, destacou que o BRICS é “uma nova instância de consulta e cooperação que reúne significativo potencial econômico, produtivo, tecnológico, populacional, territorial e de grande riqueza natural”.

   Enfatizou que com todos os países membros a Ilha desenvolve relações muito boas e partilha propósitos semelhantes.

   É uma instância que abre novas oportunidades comerciais, de investimento e de cooperação, das quais devemos saber aproveitar.”

   Especialistas do Centro de Pesquisa de Política Internacional (CIPI) de Havana destacaram que a incorporação de Cuba ao bloco lhe permitirá aderir aos seus diversos formatos de cooperação, aproveitar as suas opções para superar a crise econômica, causada essencialmente pela política hostil de Washington desde mais de seis décadas atrás.

   Acrescentou que a contribuição cubana pode centrar-se no seu desenvolvimento biotecnológico, na produção de medicamentos e na capacidade nacional para promover a cooperação científica e tecnológica e os seus recursos humanos.

   É claro que Cuba pode oferecer muito mais porque, com os seus portos de águas profundas, poderá tornar-se o centro do Caribe para a expansão e comercialização de mercadorias de todos os países membros.

   Um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) destacou que mais de 80% do comércio mundial é transportado por via marítima, o que ressalta a importância de ter portos modernos e eficientes como os desenvolvidos por Cuba nos últimos tempos com a colaboração de países amigos. A região da América Central e do Caribe também poderá experimentar um aumento significativo no trânsito de navios porta-contêineres, o que gerará um impacto positivo nas economias locais, bem como melhorará a competitividade das suas exportações.

   Portanto, a incorporação de Cuba ao bloco permitirá inserir-se nos seus diversos formatos de cooperação e aproveitar ações para superar a crise econômica motivada pela política agressiva dos EUA.

   Outra opção inestimável é que poderia ser associado aos serviços do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), uma entidade que não impõe condições, pressões, subordinações ou ameaças financeiras para empréstimos como os concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM) desde a sua criação em julho de 1944 durante a Conferência de Bretton Woods, Estados Unidos.

   Cuba também se beneficiaria do impulso na utilização de moedas nacionais nas transações entre membros e parceiros comerciais, de acordo com a Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços conhecida pela sigla BCBPI. O governo da ilha, devido às medidas impostas por Washington, está impedido de utilizar o dólar.

   Um artigo do jornal chinês Global Times aponta que “atualmente, à medida que os riscos geopolíticos continuam a aumentar, os parceiros do BRICS oferecem aos países do sul global uma alternativa mais inclusiva, flexível e resiliente.

   Não só oferece oportunidades de cooperação econômica, mas também cria uma plataforma para os países em desenvolvimento terem voz e participarem na reforma da governança global.”

   A exigência dos países em desenvolvimento por uma ordem internacional mais justa ganha cada vez mais força e os BRICS passam a contar com 11 membros efetivos, (com a integração da Indonésia) oito parceiros (há outros vinte à espera dessa designação) e que representam, sem novos membros, 46% da população mundial; 37,6% do PIB e 60% da produção de petróleo.

   Com a entrada de Cuba no BRICS, confirma-se que longe de estar isolada como Washington pretende promover, a Ilha do Caribe está muito mais presente no cenário internacional.                                 



(*) Jornalista cubano. Escreve para o jornal Juventud Rebelde e para o semanário Opciones. É autor de “Emigração Cubana nos Estados Unidos”, “Histórias Secretas de Médicos Cubanos na África” e “Miami, dinheiro sujo”, entre outros. 

Ilustração da capa: Adán Iglesias Toledo.

https://cubaenresumen.org/2025/01/07/nuevos-horizontes-para-cuba-dentro-del-brics/

Tradução/Edição: @comitecarioca21

                    

                

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