Tempo de libertar Ana Belén Montes, prisioneira de consciência
Berta Joubert-Ceci 25-10-2016
Ana Belén Montes é uma mulher porto-riquenha sobre quem pesa uma
sentença de 25 anos por passar informação a agências de inteligência
cubanas. Desses já cumpriu 15 na Unidade Psiquiátrica do Centro de
Detenção Carswell em Fort Worth, Texas. As acusações contra ela foram de
conspiração para cometer espionagem, uma pena que geralmente se paga
com a morte.
Sua defesa conseguiu uma “pena menor”, o que
realmente tem sido uma morte em vida devido às extremas condições de
isolamento. Não pode receber visitas, nem correspondência, nem
telefonemas nem usar computador. Somente um número reduzido de pessoas
podem ter acesso a ela, entre elas, sua mãe.
Agora surge uma
situação extremamente urgente. Foi diagnosticada com câncer de mama e há
poucos dias foi feita uma mastectomia, após o que receberá tratamento
de quimioterapia. Por causa das condições de isolamento, o que inclui
não ter acesso a mais informações, não se sabe a extensão do câncer e
nem sequer onde foi realizada a cirurgia.
Trabalho meritório
Desconhecida por muitas pessoas, esta mulher é a própria imagem de imensa generosidade e sacrifício.
Qual foi seu crime? Aqui poderíamos repetir a famosa frase do Che. o Che internacionalista e solidário que disse “ o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor...amor à humanidade, à justiça”. Foi esse profundo amor à justiça que levou Ana à prisão.
Nesses dias em que há um renovado esforço por parte de
Cuba e de milhões de pessoas solidárias com a Revolução cubana para
acabar de vez com o criminoso bloqueio estadunidense contra Cuba, é
imprescindível recordar o sacrifício que fez esta porto-riquenha em
benefício de milhões de vidas cubanas.
Nada ilustra melhor este desejo de justiça que sua declaração perante o tribunal que a condenou em 16 de outubro de 2002:
“Excelência, me envolvi na atividade que me traz ante o senhor porque
obedeci à minha consciência em vez da lei.Creio que a política de nosso
governo em relação a Cuba é cruel e injusta, profundamente inamistosa e
me senti moralmente obrigada a ajudar a ilha a defender-se de nossos
esforços de impor nossos valores e nosso sistema político. Temos
mostrado intolerância e desprezo em relação a Cuba na maior parte das
últimas quatro décadas. Nunca respeitamos o direito de Cuba de trilhar
seu próprio caminho em seus ideais de igualdade e justiça.Eu não entendo
porque continuamos ditando como os cubanos devem selecionar seus
líderes quem estes não podem ser e que leis são apropriadas em sua
terra. Por que não podemos deixar Cuba seguir sua própria via interna,
tal como os Estados Unidos têm feito por mais de dois séculos?”
Curiosamente, o final de sua declaração é precisamente similar à
essência do que Obama anunciou em dezembro passado sobre as relações dos
EUA com Cuba: “ Meu maior desejo é de ver relações amigáveis emergirem
entre os Estados Unidos e Cuba. Espero que meu caso de alguma maneira
impulsione nosso governo a abandonar sua hostilidade em relação a Cuba e
a trabalhar com Havana em um espírito de tolerância, respeito mútuo e
entendimento”.
É necessário ressaltar que como resultado de seu
trabalho não houve nenhum risco para os EUA nem para sua “segurança
nacional”. Pelo contrário, pôde evitar operações militares
estadunidenses hostis contra Cuba que teriam custado milhares de vidas,
tanto cubanas quanto estadunidenses. A informação que Ana passou a Cuba
foi exclusivamente para que esta nação pudesse defender-se.
Este
trabalho que ela realizou durante 16 anos foi totalmente voluntário;
nem houve qualquer pressão e nem um centavo recebeu – nem aceitou – por
este grande sacrifício. É um exemplo tão nobre que as autoridades
estadunidenses só puderam classificar como loucura, encerrando-a em uma
prisão psiquiátrica.
É interessante que um dos documentos que
ilustra sua abnegação proceda de um livro escrito nada menos que por
Scott Carmichael , que trabalhava na mesma agência onde Ana se
desempenhava como analista superior sobre Cuba, na Agência de Espionagem
de Defesa, DIA em sua sigla em inglês. Esta é a agência que aconselha o
Presidente, o Pentágono e o Conselho de Estado Maior e que influi sobre
as ações a seguir.
Carmichael era investigador e encarregado da
investigação de Ana. Em seu livro “True Believer” se pôde conhecer o
minucioso trabalho e o sacrifício desta valente mulher. Embora a
intenção do livro não seja criar simpatia por Ana Belén - pelo contrário
- é impossível não sentir admiração e respeito pelo seu trabalho.
Solidariedade a Ana
A solidariedade a Ana Belén Montes vem crescendo no último ano, sendo
mais forte em Cuba e Porto Rico. O apoio tem se espalhado
internacionalmente, particularmente no Brasil, onde grupos de
solidariedade a Cuba têm abraçado a bandeira de Ana Belén. Vozes a favor
da libertação de Ana têm se expressado escrevendo a Obama, como a
Prêmio Nobel irlandesa Maired Maquire e o trovador cubano Vicente Feliú.
Até mesmo nos Estados Unidos, na França, Argentina, Chile, Galícia e
República Dominicana têm surgido vozes de apoio à sua libertação. O
estadunidense David Rovics lhe dedicou uma canção:
Em Cuba, personalidades conhecidas como Silvio Rodriguez exigiram sua libertação. Existem ainda vários grupos, entre eles Cuba X Ana Belén Montes que em setembro passado recordou com um concerto seus 15 anos de prisão.
Em 21 de outubro passado, René González, um dos Cinco Heróis cubanos, escreveu uma carta aberta pedindo que se escreva a Ana. Escreve René: “Ana Belén Montes, a valente mulher porto-riquenha encarcerada por proteger Cuba das políticas de agressão dos Estados Unidos foi operada de câncer de mama...Embora ela não possa receber cartas, a mensagem de milhares de cartas chegando à porta de sua prisão seria eficaz. Por favor, une-te a este esforço e escreva uma carta ou um postal a Ana”.
Esta mensagem coincide com o pedido que fez a prima de Ana, Miriam Montes Mock através da Mesa De Trabalho por Ana Belén Montes em Porto Rico:
“Peço a todos os amigos que enviem suas mensagens ao presidente Obama info@mail.whitehouse.gov , à Autoridade de Prisões dos EUA, à prisão de Carswell (crw/execassistant@bop.gov ), demonstrando a preocupação com a saúde de Ana e pedindo sua liberdade. peçam por sua libertação humanitária. Peço que encaminhem cópia de suas mensagens à Red Cinco Héroes (cincoheroes@listas.cujae.edu.cu) a fim de circular essas mensagens pela Red e fazê-las chegar também a Ana de alguma maneira, para que ela possa saber que não está sozinha e que centenas, milhares de pessoas em Cuba e no mundo a acompanham nesta luta pela vida e pela sua liberdade”.
Para escrever a Ana:
ANA BELÉN MONTES
NO 25037-016
CARSWELL DETENTION CENTER
3000, I St, Fort Worth, TX 76127
EMAIL PARA :
abm-@googlegroups.com y anabelenmontes2015@gmail.com
VENCEREMOS !!!
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