23 de mai. de 2019

UM HOMEM PASSA 16 ANOS PRESO INJUSTAMENTE NOS EUA. NÃO PERDE NENHUM DOS PRINCÍPIOS E AINDA EXPLICA O QUE O CAPITAL NÃO CONSEGUE ENXERGAR.


Os médicos são os heróis
 Durante sua estadia na Venezuela como parte de uma delegação de estudantes que assistem ao CLAE, o Herói da República Gerardo Hernández Nordelo fala do futuro que vê nos jovens e do valor dos médicos e dá pistas de outras proezas por Cuba
Gerardo Hernández Nordelo dialoga com colaboradores cubanos na Venezuela. Foto: Enrique Milanés León


 Como se fosse pouco o “arsenal” histórico que blinda os argumentos dos 122 delegados cubanos no 18o. Congresso Latino-americano e Caribenho de Estudantes (CLAE), o grupo de jovens entusiastas da FEEM e da FEU viajou a Caracas com um herói vivo, desses que – é verdade – não faltam em nossa Ilha, mas que sempre, estejam onde estejam, nos levam a uma elevação do modo mais natural.

Um a mais no grupo –porque assim costumam ser os verdadeiros  titãs–, nestes dias Gerardo Hernández Nordelo canta à Pátria, alça a bandeira e se soma à praça, canta, dá vivas! e abaixos !, segundo o caso, ou anda mochila no ombro de um lugar a outro.
O pouco que lhe restava de um modesto anonimato explodiu  em pedaços quando fechou, com acalorado discurso, a primeira sessão teórica do encontro, dedicada nada menos que a denunciar o rosto monroista (NT:doutrina monroe...)  do assédio mediático que sofre a esquerda mundial.   
“Neste evento estão presentes –explica Gerardo– jovens da maioria de países latino-americanos e do Caribe, com muitíssimos esforços; a maior parte deles pagou suas próprias despesas. Quem vê o entusiasmo com que participam nas atividades e lhes escuta seus critérios se dá conta de que o futuro está garantido. Eles realçam muito o exemplo de Cuba como um dos poucos países da região com muitos problemas da estudantada resolvidos, e eu lhes dizia que isso não caiu do céu: teve momentos em nossa História em que nossos pais e avôs decidiram que tinham que lutar por mudar a realidade”.

No  teatro Teresa Carreño com suas 3 250 poltronas ocupadas, o herói comentou sua esperança de que em futuros congressos da OCLAE os filhos e netos destes delegados latino-americanos e caribenhos defendam outras conquistas, mas não tenham mais que lutar pelos mesmos problemas de hoje:
“Terão avançado!”–, assegurou-lhes.
“Tenho trocado com muitos jovens de vários países e sinto-me muito esperançoso. Sei o orgulho que têm por Cuba. Dizem-no abertamente, tanto a nós como à Venezuela, que nos mantenhamos firmes e resistamos. São muitas as pessoas que sonham com um mundo melhor, mas não ficam só em sonhar, senão que lutam por isso”, acrescentou.
–Que sente ao estar em liberdade, participar em um debate regional de jovens estudantes e contribuir, não só com seu exemplo, senão com a exposição de suas ideias?
–Eu trabalho com jovens, e para mim foi uma honra muito grande que me convidassem a integrar esta delegação, e em especial que me convidassem precisamente os jovens. Tem sido uma experiência extraordinária. Sendo estudante não tive a oportunidade de participar em um Congresso da OCLAE, e aprecio ter tido essa oportunidade agora. Tenho regressado a esses anos de juventude, a esse ambiente juvenil que deixei para trás na universidade, quando terminei meus estudos para me dedicar a outras tarefas.
“Tenho revivido tudo aquilo e me sinto bem quando os rapazes me dizem que estão contentes que eu esteja aqui, e quando sei que posso ajudar e contribuir em algo. Que maior prazer que esse? Tenho tido a oportunidade de agradecer a muitos jovens, porque muitos dos que estão vindo  aqui são membros de organizações estudantis ou inclusive de partidos que apoiaram a causa dos Cinco: do Brasil, do Chile, da Argentina… Agradeci a todos  em nome dos cubanos e, em particular, de nós cinco”.
Patriota dos inquietos –perdoem-me a redundância–, Gerardo Hernández Nordelo tem andado também em Caracas por caminhos paralelos ao OCLAE, de modo que esteve, por exemplo, com colaboradores da saúde no Centro de Diagnóstico Integral Amelia Blanco, onde o repórter teve que esperar que baixasse a maré de fotos que a seu lado pediam nossos cooperantes para lhe perguntar coisas como esta:
–Você é um homem que sabe bem mais que muitos homens sobre liberdade e prisão; agora que há esta campanha que diz que os médicos cubanos são vítimas de trabalho escravo, cérebros lavados… que sentimentos lhe inspiram estes de carne e osso que vê, saúda, abraça…?
–Desgraçadamente fala-se de que o socialismo lava o cérebro das pessoas; é paradoxal: eu encontrava cada experiência na prisão! Não há nada que lave mais o cérebro que o capitalismo e, produto dessa lavagem de cérebro, as pessoas que viveram sempre sob um regime capitalista, neoliberal, não podem entender  que alguém, de coração, deixe qualquer comodidade em seu lugar de origem e vá a um lugar remoto  trabalhar e sacrificar sua própria vida pelo único benefício de oferecer saúde, de ajudar ao próximo. Há pessoas que não processam isso, pessoas para as quais o dinheiro é o mais importante na vida.
“Da mesma maneira em que, na prisão, a nós nos diziam que Cuba nos pagava muito bem para fazer o que fazíamos e para resistir, e nós tínhamos que esclarecer : “Compadre, se fizéssemos por dinheiro, Cuba não pode competir monetariamente com ninguém, é impossível que o faça, tem que ter algo mais…!”, mas esse algo mais é muito difícil explicar a pessoas criadas sob um regime que lhes diz que o dinheiro é o mais importante na vida”.



–Simples e querido como é, você também é um herói. Que lhe parece a ideia de que o herói da batalha nacional renda homenagem a médicos com frequência modestos, jovens, de nomes mal conhecidos?     
–Sou honesto: não me sinto como herói; eu me sinto como cubano e me ponho  no lugar de muitos cubanos que queriam  estar hoje aqui, diante de tantos médicos que se estão sacrificando na  Venezuela pelo bem deste povo. Sinceramente me pergunto o que a maioria dos cubanos  gostaria de dizer  a estes compatriotas, e isso é o que lhes digo, mas não me proponho a lhes dizer com
o herói; digo o que diria qualquer um de nós. É o que penso, sem nenhuma demagogia: minhas palavras foram como cubano, não como herói.
–Na contenda da Cuba de hoje, o que são esses médicos para você?
–Antes de vir já sabíamos, mas nestes dias temos caminhado pelas ruas de Caracas e, enquanto nota-se que não é o país que os grandes meios corporativos querem fazer ver –porque há normalidade em suas cidades, é um país que vive, que avança…– sim é um país assediado, agredido, bloqueado… e os efeitos se percebem, de modo que Venezuela está fazendo um sacrifício grande e nossos médicos também, vivendo nestas condições, mas o fazem com o amor que extraem do carinho à sua profissão, da grande vocação que têm e sobretudo do amor que sentem pela Revolução Cubana e pela Revolução Bolivariana. Para mim, estes médicos são heróis e heroínas.

EM CONTEXTO:
Os delegados do 18o. CLAE e o pessoal diplomático da Embaixada de Nicarágua em Caracas, renderam homenagem ao General de homens e mulheres livres, Augusto Nicolás Calderón Sandino. Como parte da jornada pelo aniversário 124 do natalício do herói das Segovias, se depositou uma oferenda floral em seu busto, localizado na Avenida Bolívar dessa  capital. Os jovens latino-americanos ao grito de Sandino vive, a luta segue! reafirmaram que seu gesto libertário pela defesa da soberania e na contramão da intervenção norte-americana segue presente para as novas gerações.

O encontro, que se desenvolve nos espaços do Complexo Cultural Teatro Teresa Carreño, debate temas de interesse regional como a integração e independência latino-americana ante a conjuntura e desafios que enfrenta o movimento estudantil na atualidade e novas manifestações na América Latina como a Guerra Híbrida, Guerra mediática e econômica, a Judicialização  da política, Golpes brandos, Guerra cultural e simbólica, entre outros.
Os delegados dialogam em várias mesas de trabalho; haverá também um foro de solidariedade com os povos, e se celebrará uma noite cultural de América Central  e Caribe.





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