12 de fev. de 2020

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Há poucos dias, amigos cubanos me telefonaram para saber da minha saúde. Aproveitei para pedir notícias de lá.
A situação está muito difícil. “Por enquanto ainda temos eletricidade”, disseram.
Donald Trump apertou o embargo comercial e financeiro até o limite: qualquer navio que atraque em Cuba sofre sanções pesadas (o que encarece muito qualquer frete), bancos (americanos ou estrangeiros) não podem aceitar nenhuma transação com o país (o que provoca o colapso do sistema de pagamentos e impede o comércio), visitas são proibidas e por aí afora.
Três navios com alimentos, vindos da Ásia, estão presos no Canal do Panamá.
A população cubana, mais uma vez, vive o aperto de forma organizada, sem nenhum tipo de confusão. Os grupos mais frágeis, como crianças, idosos e doentes, são mais protegidos. Os sistemas de educação e saúde continuam prioritários.
Pode-se ter qualquer opinião sobre Cuba, mas não se pode apoiar um bloqueio que nem a África do Sul racista sofreu. Até mesmo um país grande e autossuficiente em energia e alimentos, como o Brasil, sofreria muito numa situação assim.

Não tem nenhum sentido debater o modelo cubano enquanto essa situação não acabar. Só aí poderemos ver o que é bom e o que é ruim, o que funciona e o que não funciona, qual a capacidade de autoaperfeiçoamento do sistema. Então, toda crítica será válida.

O Brasil acaba de alterar sua posição histórica e votar nas Nações Unidas, pela primeira vez, a favor da continuidade do bloqueio a Cuba. Cento e oitenta a sete países foram contra. Três a favor: EUA, Israel e Brasil.

Vergonha, vergonha.
E um viva ao patriotismo dos cubanos.


Texto de César Benjamin 





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