Há poucos dias, amigos cubanos me
telefonaram para saber da minha saúde. Aproveitei para pedir notícias de lá.
A situação está muito difícil.
“Por enquanto ainda temos eletricidade”, disseram.
Donald Trump apertou o embargo
comercial e financeiro até o limite: qualquer navio que atraque em Cuba sofre
sanções pesadas (o que encarece muito qualquer frete), bancos (americanos ou
estrangeiros) não podem aceitar nenhuma transação com o país (o que provoca o
colapso do sistema de pagamentos e impede o comércio), visitas são proibidas e
por aí afora.
Três navios com alimentos, vindos
da Ásia, estão presos no Canal do Panamá.
A população cubana, mais uma vez,
vive o aperto de forma organizada, sem nenhum tipo de confusão. Os grupos mais
frágeis, como crianças, idosos e doentes, são mais protegidos. Os sistemas de
educação e saúde continuam prioritários.
Pode-se ter qualquer opinião
sobre Cuba, mas não se pode apoiar um bloqueio que nem a África do Sul racista
sofreu. Até mesmo um país grande e autossuficiente em energia e alimentos, como
o Brasil, sofreria muito numa situação assim.
Não tem nenhum sentido debater o
modelo cubano enquanto essa situação não acabar. Só aí poderemos ver o que é
bom e o que é ruim, o que funciona e o que não funciona, qual a capacidade de
autoaperfeiçoamento do sistema. Então, toda crítica será válida.
O Brasil acaba de alterar sua
posição histórica e votar nas Nações Unidas, pela primeira vez, a favor da
continuidade do bloqueio a Cuba. Cento e oitenta a sete países foram contra.
Três a favor: EUA, Israel e Brasil.
Vergonha, vergonha.
E um viva ao patriotismo dos cubanos.
Texto de César Benjamin
Texto de César Benjamin
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