2 de jan. de 2022

MENOS ÓDIO E MAIS COMPROMISSO COM A SAÚDE PÚBLICA – RESPOSTA AO EDITORIAL “MENOS DEMAGOGIA, MAIS SAÚDE”, DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO (port/esp)

Por Alexandre Padilha*


MENOS ÓDIO E MAIS COMPROMISSO COM A SAÚDE PÚBLICA
Em resposta ao Editorial “Menos demagogia, mais saúde”, publicado em 01/01/2022 no Estadão

Fui surpreendido com um artigo de opinião, na Editoria Notas & Informações do jornal O Estado de S.Paulo, onde eles nos acusam de politizar a saúde e sermos iguais a Bolsonaro, dizendo, ao final do artigo, que tem que acabar com o vírus da politização da saúde. Ora, Estadão, 2022 começa e um dos grandes desafios do ano será, além de derrotarmos o vírus da  pandemia, precisamos derrotar o vírus do ódio ideológico e a xenofobia que provoca uma infecção crônica com manifestações recorrentes ao longo dos anos, como o delírio anticomunista, o macarthismo, os ataques do Comando de Caça aos Comunistas, as marchas da tradição que impulsionaram o Golpe de 64 e o veneno destilado neste editorial do Estadão.

Felizmente estamos vencendo novamente esse vírus e, a vacina para ele, o povo brasileiro vai, infelizmente, aprendendo em meio a dor, a fome, o desemprego, o isolacionismo no mundo, a destruição ambiental, a insensibilidade diante das vítimas da Covid e de desastres como as enchentes na Bahia, o desprezo à educação, à ciência e à tecnologia.

Na incapacidade de defender o Programa inoperante feito pelo governo Bolsonaro – presidente eleito com o apoio dos editoriais deste jornal -, que tenta desde 2019 substituir o Programa Mais Médicos, recorre ao habitual ódio ideológico ao Mais Médicos e despreza qualquer análise dos dados técnicos, evidências científicas sobre os impactos do Programa.

O Estadão diz, portanto, querer despolitizar, ser técnico, mas faz uma avaliação do Mais Médicos sem levar em consideração nenhuma das centenas de pesquisas e estudos científicos realizados pelas melhores universidades brasileiras de acompanhamento do programa.

Por exemplo:

1. Estudo da FGV: Mais Médicos: melhora a atenção à saúde e reduz custos para o SUS, já que reduz internações; Mais Médicos reduz mortalidade infantil e mortalidade por doenças crônicas.

2. Mais Médicos garante pela primeira vez médicos em todas as áreas indígenas do país, áreas remotas, regiões mais pobres.

3. Mais Médicos reduz internações por hipertensão por diabetes.

4. Mais Médicos tem alta aprovação popular.

Essas são só algumas evidências científicas ignoradas, o que demonstra que o Estadão é movido pelo ódio ideológico. A seguir todos os links, com notícias da imprensa, que ilustram minhas afirmações anteriores:

Mais Médicos: como programa ‘economizou’ um terço do orçamento ao diminuir internações hospitalares 

Programa do SUS reduz mortalidade infantil em até 34%

Mais Médicos: para 85% da população atendida, qualidade da assistência melhorou

Outro ponto importante a ser levantado do artigo do Estadão, é que ele recorre à expressão de ódio, como “cubanização do Brasil”. Dizer que 13 mil médicos, num universo de 500 mil médicos brasileiros, num país com mais de 210 milhões de habitantes, iriam “cubanizar o Brasil” é a mais pura demonstração do ódio e xenofobia contida no artigo e no jornal que o publica.

O autor deveria explicar porque esses médicos não “cubanizaram” os mais de 70 países, entre eles países da Europa, onde atuam. O mundo inteiro viu, em meio ao colapso do sistema de saúde italiano, quando países da Europa lhe negavam transferências de pacientes, foram os médicos cubanos que se deslocaram para salvar vidas. E, nem por isso, “cubanizaram” a Itália. Esse ódio ideológico alimentado por editoriais como esse, privou o Brasil de receber esta ajuda quando mais precisava.

Em suma, o Estadão, em sua incapacidade de defender o presidente que ele ajudou a eleger – quem não lembra do sofrível Editorial do Estadão às vésperas do segundo turno das eleições de 2018 (Uma escolha muito difícil) em que o  dizia que era “Uma escolha muito difícil” escolher entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro – não conseguir defender algo indefensável, como a incapacidade do governo de não cobrir, mesmo durante a pandemia, mais de 4 mil vagas do Mais Médicos, tenta construir um discurso que não se sustenta, de que a gestão da saúde nos governos do PT e no governo Bolsonaro são a mesma coisa. E o não enfrentamento da pandemia, por parte do governo Bolsonaro, demonstra claramente a diferença entre as duas gestões.

O Brasil chegou onde chegou tendo uma gestão vergonhosa diante da maior tragédia humana dos últimos anos, tendo um governo que tem a desfaçatez de criar obstáculos para acesso de vacinas para nossas crianças. É uma vergonha o Brasil não estar liderando a vacinação como em 2009/2010 na pandemia da H1N1, onde fomos o país em que, proporcionalmente, sua população vacinou o dobro que vacinou os Estados Unidos e hoje vê os Estados Unidos já vacinando crianças e o Brasil perseguindo diretor técnico da Anvisa que segue a ciência, repetindo as piores práticas, das piores ditaduras.

A grande dificuldade que tentam criar fantasmas, como esse editorial do Estadão, é que na eleição de 2022 todos já sabem que criar fantasma não enche a barriga de ninguém, não coloca comida na mesa de ninguém, não dá emprego para ninguém, não repõe as vagas não ocupadas do Mais Médicos seja no sertão do nordeste, nas regiões amazônicas, nas periferias das grandes cidades, não leva vacina para o braço de ninguém. Esse discurso da conspiração fantasmagórica, de quem é inoculado pelo vírus do ódio, não terá espaço em 2022. Teremos grandes desafios para 2022, como: reconstruir o SUS, resgatar o sistema público de saúde e esses passos só serão alcançados com resgate da ciência, à luz das evidências científicas, do compromisso com a saúde pública, com paz, tolerância e respeito.


*Alexandre  Padilha é  médico e deputado federal . Foi ministro das Relações Institucionais no Governo Lula e ministro da Saúde no Governo Dilma Rousseff. 

                                    



Original:  http://padilhando.com.br/2022/01/01/menos-odio-e-mais-compromisso-com-a-saude-publica-resposta-ao-editorial-menos-demagogia-mais-saude-do-jornal-o-estado-de-s-paulo/


Em espanhol:


MENOS ODIO Y MÁS COMPROMISO CON LA SALUD PÚBLICA

En respuesta al Editorial "Menos demagogia, más salud", publicado el 01/01/2022 en Estadão

 

Me sorprendió un artículo de opinión, en el Editorial de Notas e Información del periódico O Estado de S.Paulo, donde nos acusan de politizar la salud y ser iguales a Bolsonaro, diciendo, al final del artículo, que hay que acabar con el virus de la politización de la salud. Ahora bien, Estadão, comienza 2022 y uno de los grandes desafíos del año será, además de vencer el virus de la pandemia, vencer el virus del odio ideológico y de la xenofobia que provoca una infección crónica con manifestaciones recurrentes a lo largo de los años, como el delirio anticomunista, el macartismo, los ataques del Comando de Caza contra los  Comunista, las marchas de la tradición que impulsaron el Golpe del 64 y el veneno destilado en este editorial de Estadão.

Afortunadamente estamos derrotando este virus de nuevo y, la vacuna para ello. El pueblo brasileño está aprendiendo, por desgracia, en medio del dolor, el hambre, el desempleo, el aislacionismo en el mundo, la destrucción del medio ambiente, la insensibilidad a las víctimas de Covid y desastres como las inundaciones en Bahía, el desprecio por la educación, la ciencia y la tecnología.

En la incapacidad de defender el inoperante Programa realizado por el gobierno de Bolsonaro -presidente elegido con el apoyo de los editoriales de este periódico- que intenta desde 2019 sustituir el Programa Mais Médicos, recurre al habitual odio ideológico a Mais Médicos y desprecia cualquier análisis de datos técnicos, evidencia científica sobre los impactos del Programa.

Estadão dice, por tanto, que quiere despolitizar, ser técnico, pero hace una valoración de Mais Médicos sin tener en cuenta ninguno de los cientos de investigaciones y estudios científicos realizados por las mejores universidades brasileñas que han seguido el programa.

Por ejemplo:

1. Estudio de la FGV: Mais Médicos: mejora la atención sanitaria y reduce los costos para el SUS, ya que disminuye las hospitalizaciones; Mais Médicos reduce la mortalidad infantil y la mortalidad por enfermedades crónicas.

2. Mais Médicos asegura, por primera vez, médicos en todas las zonas indígenas del país, zonas remotas, regiones más pobres.

3. Mais Médicos reduce las hospitalizaciones por hipertensión por diabetes.

4. Mais Médicos tiene una alta aprobación popular.

Estas son sólo algunas pruebas científicas ignoradas, que demuestran que el Estadão se mueve por el odio ideológico. A continuación, todos los enlaces, con noticias de la prensa, que ilustran mis afirmaciones anteriores:

Mais Médicos: como programa ‘economizou’ um terço do orçamento ao diminuir internações hospitalares

Programa do SUS reduz mortalidade infantil em até 34%

Mais Médicos: para 85% da população atendida, qualidade da assistência melhorou

Otro punto importante que se desprende del artículo de Estadão es que recurre a expresiones de odio, como la "cubanización de Brasil". Decir que 13 mil médicos en un universo de  500 mil medicos brasileños en un país con más de 210 millones de habitantes "cubanizarían Brasil" es la más pura demostración de odio y xenofobia que contiene el artículo y el periódico que lo publica. 

El autor debería explicar por qué estos médicos no "cubanizaron" los más de 70 países, incluidos países de Europa, donde trabajaron.  El mundo entero vio, en medio del colapso del sistema sanitario italiano, cuando los países de Europa le negaron el traslado de pacientes, que fueron los médicos cubanos los que acudieron a salvar vidas. Y, no por ello, "cubanizaron" a Italia. Este odio ideológico alimentado por editoriales como éste, privó a Brasil de recibir esta ayuda cuando más la necesitaba.

En definitiva, el Estadão, en su incapacidad de defender al presidente que ayudó a elegir -quién no recuerda el sufrible Editorial del Estadão en vísperas de la segunda vuelta de las elecciones de 2018 (Una elección muy difícil) en el que decía que era "Una elección muy difícil" elegir entre Fernando Haddad y Jair Bolsonaro-, no consigue defender algo indefendible como la incapacidad del gobierno de no cubrir, incluso durante la pandemia, más de 4.000 vacantes de Mais Médicos. Intenta construir un discurso que no se sostiene, que la gestión de la salud en los gobiernos del PT y en el gobierno de Bolsonaro son la misma cosa. Y el fracaso del gobierno de Bolsonaro para enfrentar la pandemia demuestra claramente la diferencia entre las dos administraciones.

Brasil llegó a donde está ahora por tener una gestión vergonzosa frente a la mayor tragedia humana de los últimos años, con un gobierno que tiene el descaro de crear obstáculos para el acceso a las vacunas de nuestros hijos. Es una pena que Brasil no esté liderando la vacunación como en 2009/2010 en la pandemia de H1N1, donde fuimos el país en el que, proporcionalmente, su población se vacunó el doble que los Estados Unidos y hoy ve a los Estados Unidos ya vacunando a los niños y al Brasil persiguiendo al director técnico de Anvisa que sigue la ciencia, repitiendo las peores prácticas de las peores dictaduras.

La gran dificultad de que intenten crear fantasmas, como este editorial de Estadão, es que en las elecciones de 2022 todo el mundo ya sabe que crear fantasmas no llena la barriga de nadie, no pone comida en la mesa de nadie, no da trabajo a nadie, no sustituye las vacantes no ocupadas por el programa Mais Médicos, ya sea en los remansos del Nordeste, en las regiones amazónicas, en la periferia de las grandes ciudades; no pone la  vacuna en el brazo de nadie. Este discurso de la conspiración fantasmagórica, de quien es inoculado por el virus del odio, no tendrá espacio en 2022. Tendremos grandes desafíos para 2022, como: reconstruir el SUS, rescatar el sistema de salud pública y estos pasos sólo se lograrán con el rescate de la ciencia, a la luz de la evidencia científica, el compromiso con la salud pública, con la paz, la tolerancia y el respeto.


Alexandre Padilha


                                




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