A Polícia intervém na manifestação pró-Palestina na Universidade da Califórnia. Foto: AP |
Raul Antonio Capote
A imprensa parece mostrar interesse crescente pelos protestos que eclodiram nas universidades estadunidenses.
Após a cobertura intensa e manipuladora da
“guerra” em Gaza pelos grandes meios de comunicação, a imprensa parece estar
demonstrando interesse crescente nos protestos que eclodiram nas universidades estadunidenses.
Não faltam aqueles que estão dispostos a usar
a narrativa do ódio, para apresentar os estudantes como violentos e
irresponsáveis; algo tão comum e banal nestes tempos, sempre que alguém tenta
levantar a voz contra os “donos” do mundo.
Mas, por mais que os meios de comunicação
social corporativos tentem esconder a realidade, os protestos contra a política
da Casa Branca relativamente ao genocídio sionista espalharam-se por diferentes
campi universitários nos EUA.
As ações começaram no campus da Universidade
Columbia, em Manhattan, Nova York, com
longa tradição de luta social, quando estudantes montaram acampamentos
improvisados e hastearam bandeiras palestinas.
A resposta das autoridades foi imediata. As
aulas foram canceladas na Universidade de Columbia, dezenas de manifestantes
foram presos em Yale, o acesso ao Harvard Yard foi fechado.
O aparato repressivo do Estado entrou em
ação. Estamos falando da coação violenta, do uso indiscriminado da força por
parte da polícia contra jovens que, no uso do direito mais sagrado e elementar,
tentam denunciar o extermínio de todo um povo, crime do qual o seu governo é
cúmplice.
Os Estados Unidos, que frequentemente se
proclamam perante outras nações como um paradigma de respeito pela dissidência
e pela liberdade de expressão, mostraram a verdadeira face do sistema.
O descontentamento contra o regime sionista
nas universidades é algo novo?
Os protestos nas universidades estadunidenses
contra a invasão israelense de Gaza não começaram em abril. Eles ocorrem desde
o início da ofensiva. Lembremo-nos dos acontecimentos que acabaram por custar à
presidente de Harvard, Claudine Gay, o seu cargo.
Os presidentes das universidades de Harvard,
Pensilvânia e MIT compareceram perante o Comitê de Educação do Congresso em
Dezembro de 2023 para responder às acusações de permitirem “manifestações
anti-semitas” nos seus campi.
Por trás deste tipo de nova “caça às bruxas”
estava a pressão exercida por ricos doadores judeus, que ameaçaram retirar
milhões de dólares em fundos das universidades por permitirem aos estudantes
entoar slogans a favor da Palestina.
Quando a Polícia invadiu a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em Abril, as mobilizações atingiram outro nível.
O
ATIVISMO ESTUDANTIL NÃO É NOVO NOS EUA.
As casas de ensino superior do norte do país têm
sido o centro da luta dos jovens pelos direitos civis, contra a guerra, contra
o racismo, durante muitos anos.
Em 1943, os líderes estudantis da Faculdade
de Direito da Universidade Howard praticavam o que chamavam de "técnica de
banco ocupado", na qual os alunos iam a restaurantes em Washington que
negavam serviço a negros e permaneciam sentados, de acordo com um relato
histórico da Comissão da Coordenadoria Estudantil Não-Violenta, relata a CNN.
Estudantes da Universidade de Berkeley
rebelaram-se, em 1964, contra as restrições à liberdade de expressão, no meio
de um movimento social contra a segregação racial e a Guerra do Vietnã.
Durante 1968, o Sindicato dos Estudantes
Negros da Universidade Estadual de São Francisco liderou uma greve que fechou a
universidade e forçou a administração a cancelar as aulas por três meses.
Grandes mobilizações estudantis marcaram os protestos contra a Guerra do Vietnã (1955–1975).
A
REPRESSÃO TAMBÉM NÃO É NOVA
Durante as manifestações de maio de 1970 no
campus da Kent State University, o prefeito solicitou a presença da Guarda
Nacional de Ohio. Os guardas atiraram contra a multidão, matando quatro
estudantes e ferindo outros nove. O crime ficou para a história como o
"Massacre do Estado de Kent".
Em resposta, centenas de universidades
fecharam e uma onda de greves e protestos espalhou-se por mais de 1.300 campi. ntis
liderara
Ao longo da década de 1980, ativistas
estudantis lideraram um movimento nacional para que os seus grupos de reflexão
cortassem os laços financeiros com empresas que apoiavam o regime de apartheid
da África do Sul.
Os estudantes universitários também
desempenharam um papel fundamental no crescimento do movimento Black Lives
Matter. Em 2020, o assassinato policial de George Floyd convocou novamente a
estudantada.
Não podemos esquecer a imagem que se tornou
viral em 2011, que mostra agentes da polícia do campus da Universidade da
Califórnia, em Davis, atirando spray de pimenta, à queima-roupa, contra um
grupo de jovens que participava numa manifestação, protestando contra a
desmantelamento do acampamento Occupy UC Davis.
Os atuais protestos nos campi universitários
refletem a divisão cada vez mais acentuada na sociedade americana, dado o apoio
do Governo ao seu aliado histórico, Israel.
Sem
dúvida, as mais de 34.000 mortes em Gaza, a maioria mulheres e crianças,
contribuíram para a sensibilização dos estudantes universitários, que, fiéis ao
legado histórico do ativismo, enfrentaram a Polícia.
Os jovens estudantes pedem um cessar-fogo,
liberdade para o povo palestino e exigem que os seus centros de estudos se
livrem dos laços econômicos com Israel, que os tornam dependentes de doações de
empresas cúmplices da guerra.
«O que pedimos é que a universidade pare
de investir fundos naqueles que lucram com o genocídio em Gaza. E não vamos
sair até conseguirmos isso", disseram os estudantes da Universidade da
Califórnia, segundo a BBC.
O presidente Joe Biden, principal alvo das críticas, descreveu recentemente as ações pacíficas dos jovens como atos de vandalismo; enquanto, por outro lado, “misteriosos gestores do caos” promovem a violência, com o objetivo de semear desordem, confusão e criminalizar os protestos.
https://www.granma.cu/mundo/2024-05-03/con-que-sino-con-palos-puede-responder-el-complice-de-la-masacre-en-palestina
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