Por Carlos Aznárez, Resumo Latino-Americano, 14 de setembro
de 2024.
É o que acontece na Venezuela, quando cada vez que o
governo revolucionário convoca eleições ou implementa medidas antecipadas para
a população afetada pelas diferentes crises econômicas. A burguesia e a sua
emergente lumpenagem paramilitar põem-se a trabalhar e geram ataques de todos
os tipos, como ocorreu entre a noite de 28 e 31 de julho, que terminou com a
morte de 27 chavistas.
Isto e as consequências que poderiam ocorrer se tais
acontecimentos não fossem levados a sério foram discutidos no Congresso
Antifascista, mas também sobre o que está acontecendo com nuances semelhantes,
em outros países do continente latino-americano e na Europa.
Daí a importância que têm hoje estes encontros, onde se
ouvem vozes como as da vice-presidente bolivariana Delcy Rodríguez, que
destacou que o fascismo se aninha no conteúdo do capitalismo, e cuja dinâmica
permanente visa destruir qualquer indício de organização ou mobilização popular
isso os enfrenta. Foi a mesma Delcy quem alertou sobre a existência de um
“imperialismo tecnológico” que, por exemplo, baixou 30 milhões de ataques por
minuto contra a estrutura informática eleitoral na tarde e noite do dia 28/07,.
buscando produzir uma hecatombe caso não tivesse sido possível divulgar - em muito pouco tempo - os resultados. Esta ofensiva golpista foi acompanhada pela
tentativa de ataque às fontes de energia elétrica, tentando conseguir um apagão
massivo em todo o país. Ambos os acontecimentos procuraram levar a oposição às
ruas e, através da violência, estabelecer um cenário desestabilizador
gravíssimo.
Além disso, foi importante ouvir neste primeiro Congresso a
voz de Diosdado Cabello, alma mater junto com o Comandante Hugo Chávez e
agora com Nicolás Maduro, de uma dupla de ferro essencial para manter o ritmo
ascendente da Revolução. Diosdado trouxe à tona a ideia de que este processo é
forte e continuará a sê-lo graças ao cuidado da memória histórica, que resgata
a ideia de construção por baixo do que é hoje o poder popular comunal e a
aliança fundamental dos povos -forças armadas com mais milícias populares,
prontas para defender de qualquer ataque tudo o que foi conquistado na luta. “Não
voltarão”, insistiu Diosdado, não como um mero slogan, mas como a confirmação
de que há coragem e consciência revolucionária suficientes para evitar a pior
das possibilidades, como uma invasão militar imperialista. Se isso acontecesse,
o povo armado seria, sem dúvida, o responsável por impossibilitar a vida dos
invasores, como acontece hoje na Palestina, a cujo povo Diosdado enviou uma
mensagem de total solidariedade.
O Congresso também foi povoado por diferentes discussões
que tiveram o fascismo, o imperialismo, o colonialismo e o sionismo como
elementos de debate, úteis para expressar ideias que tornam possível a
autodefesa contra estes flagelos. Nesse sentido, tanto a Palestina como o que
está acontecendo hoje com o fascismo-sionismo-ultraliberalismo na Argentina
foram comuns nas negociações no Congresso. No primeiro caso, instando os
delegados dos 95 países presentes a reforçarem ações de solidariedade em apoio
à Resistência Palestina e em repúdio ao sionismo, ampliando o apoio ao boicote
ao establishment político, cultural e militar israelense. No caso da Argentina,
foram denunciadas as políticas de fome do governo e a crescente repressão,
usando como exemplo os ataques extremamente violentos contra os aposentados, e
também a destruição de qualquer organização ou instituição que pudesse trazer
benefícios ao povo.
O presidente Nicolás Maduro também falou sobre o fenômeno
de crueldade que se instalou na Argentina no encerramento do Congresso,
destacando que Milei aplica toda a perversidade do fascismo contra a população,
mas que mais cedo ou mais tarde o povo argentino lhe dará o que ele merece.
Foi o próprio Maduro, já falando da Venezuela, convertida “num laboratório” das políticas criminosas do imperialismo e do fascismo, que não hesitou em qualificar como “cúmplices dos nossos inimigos” aqueles que tentam “meter o nariz onde não querem”. pertencem.” dando conselhos que ninguém pediu ou que arruínam diretamente as relações fraternas mantidas durante anos. Sem nomeá-los especificamente, houve ataques contra a atitude lamentável de Lula, Cristina Kirchner e do colombiano Gustavo Petro, embora para isso Maduro tenha reiterado seu repúdio a qualquer tentativa de golpe que o derrubasse.
“Não há nenhum país no mundo que mostre os seus registros
eleitorais, mas que dê a conhecer os resultados da votação. Só se um partido
decidir impugnar uma votação, então a Justiça Eleitoral intervirá”, disse
Maduro, pondo fim a uma acusação suja de tantos inimigos reacionários da
Revolução Bolivariana.
Foram muitos os momentos de emoção num Congresso que foi
invisibilizado pelos meios de comunicação hegemônicos ou distorcido pelos
fantoches do império que se alimentam do desprezo pelos mais pobres. O mais
significativo foi a homenagem às vítimas da violência fascista que custou a
vida a 27 chavistas, e não a membros da oposição como mentiram os porta-vozes
do terrorismo mediático. A certa altura do seu discurso, Maduro trouxe ao palco
a família, incluindo os filhos pequenos, de uma das dirigentes assassinadas
pela oposição. Todos eles foram abraçados pelo presidente num abraço
prolongado, enquanto a multidão cantava, furiosa, “No volverán” ( não
voltarão).
Em suma, a Venezuela não está sozinha nestas circunstâncias
difíceis colocadas pelo ataque permanente dos Estados Unidos, da União Europeia
e dos seus comparsas latino-americanos. E não está sozinha porque em todos os
países há centenas de milhares ou milhões de pessoas que continuam a admirar
esta Revolução, como é o caso de Cuba, e estão prontas a defendê-la. Partem do
fato de que, perante a verificação “in situ” do que são as democracias
liberais, burguesas, repressivas e destruidoras, o exemplo da pátria de Bolívar
e Chávez, desafiando todas as dificuldades, é o de um país que hoje recupera a
sua economia, defende a sua soberania, educa e cuida da saúde do seu povo e,
num esforço monumental, passou de praticamente não ter alimentos devido ao
bloqueio e também a certas ineficiências próprias, para produzir atualmente
mais de 85% dos mesmos. Isto é conseguido com amor a uma causa, a do
socialismo, com vontade política e também com coragem suficiente para enfrentar
os inimigos de todas as formas possíveis.
A Venezuela é, juntamente com Cuba e a Nicarágua, um país
que nos deve orgulhar a nós, latino-americanos e caribenhos, e que nos
compromete a assegurar que este Congresso Antifascista, já concluído, tenha
continuidade assegurada para que, na formação de uma Internacional, anunciada
por Diosdado e Maduro, possamos acrescentar consciência ofensiva nos povos que
já sofrem este flagelo, e consolidar a autodefesa naqueles que hoje se vêem
ameaçados por propostas recolonizadoras ou decididamente neofascistas. Neste
último caso, ser coerentemente anti-imperialista na esquerda envolve múltiplos
factores, e um deles é defender a Venezuela contra todas as
probabilidades. Para que depois
ninguém diga que “isso não pode ser feito”, basta lembrar que a Venezuela
existe e é revolucionária há 25 anos, por decisão da luta popular sob a direção
do governo bolivariano que cumpre o legado do Comandante Hugo Chávez.
Se na rua, no trabalho, nas escolas e na Universidade
alguém insiste que “na Venezuela há uma ditadura” ou que “lá o povo tem fome”,
não há necessidade de hesitar em responder, sabendo que o adversário se não
é um provocador, é uma pessoa alienada pela desinformação, e devemos tentar
convencê-lo com as verdades sobre a Venezuela. A batalha será dura, mas vale a
pena lutar se a enorme causa que é o internacionalismo for verdadeiramente
abraçada.
Trad: @comitecarioca21
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