18 de set. de 2024

VENEZUELA, UM PAÍS DE REFERÊNCIA NO ANTIFASCISMO E UM EXEMPLO DO QUE SIGNIFICA ENFRENTAR ESTE FLAGELO

      

Por Carlos Aznárez, Resumo Latino-Americano, 14 de setembro de 2024.

     Nada mais oportuno e necessário o “Congresso contra o Fascismo, o Neofascismo e outras experiências semelhantes”, realizado nestes dias em Caracas, com a participação de 1.200 representantes de todo o mundo. E é assim, pois a floresta não pode mais ser escondida com uma árvore e percebe-se que tanto governos como inúmeras organizações com características fascistas ou neonazistas estão surgindo com total impunidade, gerando, como indica a lógica fundadora desses movimentos , atitudes racistas, xenófobas e expansionistas que culminam em ataques violentos e até mortes contra aqueles que se opõem a essas atitudes criminosas.

   É o que acontece na Venezuela, quando cada vez que o governo revolucionário convoca eleições ou implementa medidas antecipadas para a população afetada pelas diferentes crises econômicas. A burguesia e a sua emergente lumpenagem paramilitar põem-se a trabalhar e geram ataques de todos os tipos, como ocorreu entre a noite de 28 e 31 de julho, que terminou com a morte de 27 chavistas.

    Isto e as consequências que poderiam ocorrer se tais acontecimentos não fossem levados a sério foram discutidos no Congresso Antifascista, mas também sobre o que está acontecendo com nuances semelhantes, em outros países do continente latino-americano e na Europa.

    Daí a importância que têm hoje estes encontros, onde se ouvem vozes como as da vice-presidente bolivariana Delcy Rodríguez, que destacou que o fascismo se aninha no conteúdo do capitalismo, e cuja dinâmica permanente visa destruir qualquer indício de organização ou mobilização popular isso os enfrenta. Foi a mesma Delcy quem alertou sobre a existência de um “imperialismo tecnológico” que, por exemplo, baixou 30 milhões de ataques por minuto contra a estrutura informática eleitoral na tarde e noite do dia 28/07,. buscando produzir uma hecatombe caso não tivesse sido possível divulgar - em muito pouco tempo - os resultados. Esta ofensiva golpista foi acompanhada pela tentativa de ataque às fontes de energia elétrica, tentando conseguir um apagão massivo em todo o país. Ambos os acontecimentos procuraram levar a oposição às ruas e, através da violência, estabelecer um cenário desestabilizador gravíssimo. 

    Além disso, foi importante ouvir neste primeiro Congresso a voz de Diosdado Cabello, alma mater junto com o Comandante Hugo Chávez e agora com Nicolás Maduro, de uma dupla de ferro essencial para manter o ritmo ascendente da Revolução. Diosdado trouxe à tona a ideia de que este processo é forte e continuará a sê-lo graças ao cuidado da memória histórica, que resgata a ideia de construção por baixo do que é hoje o poder popular comunal e a aliança fundamental dos povos -forças armadas com mais milícias populares, prontas para defender de qualquer ataque tudo o que foi conquistado na luta. “Não voltarão”, insistiu Diosdado, não como um mero slogan, mas como a confirmação de que há coragem e consciência revolucionária suficientes para evitar a pior das possibilidades, como uma invasão militar imperialista. Se isso acontecesse, o povo armado seria, sem dúvida, o responsável por impossibilitar a vida dos invasores, como acontece hoje na Palestina, a cujo povo Diosdado enviou uma mensagem de total solidariedade.

    O Congresso também foi povoado por diferentes discussões que tiveram o fascismo, o imperialismo, o colonialismo e o sionismo como elementos de debate, úteis para expressar ideias que tornam possível a autodefesa contra estes flagelos. Nesse sentido, tanto a Palestina como o que está acontecendo hoje com o fascismo-sionismo-ultraliberalismo na Argentina foram comuns nas negociações no Congresso. No primeiro caso, instando os delegados dos 95 países presentes a reforçarem ações de solidariedade em apoio à Resistência Palestina e em repúdio ao sionismo, ampliando o apoio ao boicote ao establishment político, cultural e militar israelense. No caso da Argentina, foram denunciadas as políticas de fome do governo e a crescente repressão, usando como exemplo os ataques extremamente violentos contra os aposentados, e também a destruição de qualquer organização ou instituição que pudesse trazer benefícios ao povo.

    O presidente Nicolás Maduro também falou sobre o fenômeno de crueldade que se instalou na Argentina no encerramento do Congresso, destacando que Milei aplica toda a perversidade do fascismo contra a população, mas que mais cedo ou mais tarde o povo argentino lhe dará o que ele merece.

     Foi o próprio Maduro, já falando da Venezuela, convertida “num laboratório” das políticas criminosas do imperialismo e do fascismo, que não hesitou em qualificar como “cúmplices dos nossos inimigos” aqueles que tentam “meter o nariz onde não querem”. pertencem.” dando conselhos que ninguém pediu ou que arruínam diretamente as relações fraternas mantidas durante anos. Sem nomeá-los especificamente, houve ataques contra a atitude lamentável de Lula, Cristina Kirchner e do colombiano Gustavo Petro, embora para isso Maduro tenha reiterado seu repúdio a qualquer tentativa de golpe que o derrubasse.

  O Presidente Maduro e os familiares de uma das mulheres assassinadas pelos fascistas da oposição.: 


    Não há nenhum país no mundo que mostre os seus registros eleitorais, mas que dê a conhecer os resultados da votação. Só se um partido decidir impugnar uma votação, então a Justiça Eleitoral intervirá”, disse Maduro, pondo fim a uma acusação suja de tantos inimigos reacionários da Revolução Bolivariana.

   Foram muitos os momentos de emoção num Congresso que foi invisibilizado pelos meios de comunicação hegemônicos ou distorcido pelos fantoches do império que se alimentam do desprezo pelos mais pobres. O mais significativo foi a homenagem às vítimas da violência fascista que custou a vida a 27 chavistas, e não a membros da oposição como mentiram os porta-vozes do terrorismo mediático. A certa altura do seu discurso, Maduro trouxe ao palco a família, incluindo os filhos pequenos, de uma das dirigentes assassinadas pela oposição. Todos eles foram abraçados pelo presidente num abraço prolongado, enquanto a multidão cantava, furiosa, “No volverán” ( não voltarão).

   Em suma, a Venezuela não está sozinha nestas circunstâncias difíceis colocadas pelo ataque permanente dos Estados Unidos, da União Europeia e dos seus comparsas latino-americanos. E não está sozinha porque em todos os países há centenas de milhares ou milhões de pessoas que continuam a admirar esta Revolução, como é o caso de Cuba, e estão prontas a defendê-la. Partem do fato de que, perante a verificação “in situ” do que são as democracias liberais, burguesas, repressivas e destruidoras, o exemplo da pátria de Bolívar e Chávez, desafiando todas as dificuldades, é o de um país que hoje recupera a sua economia, defende a sua soberania, educa e cuida da saúde do seu povo e, num esforço monumental, passou de praticamente não ter alimentos devido ao bloqueio e também a certas ineficiências próprias, para produzir atualmente mais de 85% dos mesmos. Isto é conseguido com amor a uma causa, a do socialismo, com vontade política e também com coragem suficiente para enfrentar os inimigos de todas as formas possíveis.

    A Venezuela é, juntamente com Cuba e a Nicarágua, um país que nos deve orgulhar a nós, latino-americanos e caribenhos, e que nos compromete a assegurar que este Congresso Antifascista, já concluído, tenha continuidade assegurada para que, na formação de uma Internacional, anunciada por Diosdado e Maduro, possamos acrescentar consciência ofensiva nos povos que já sofrem este flagelo, e consolidar a autodefesa naqueles que hoje se vêem ameaçados por propostas recolonizadoras ou decididamente neofascistas. Neste último caso, ser coerentemente anti-imperialista na esquerda envolve múltiplos factores, e um deles é defender a Venezuela contra todas as probabilidades.      Para que depois ninguém diga que “isso não pode ser feito”, basta lembrar que a Venezuela existe e é revolucionária há 25 anos, por decisão da luta popular sob a direção do governo bolivariano que cumpre o legado do Comandante Hugo Chávez.

    Se na rua, no trabalho, nas escolas e na Universidade alguém insiste que “na Venezuela há uma ditadura” ou que “lá o povo tem fome”, não há necessidade de hesitar em responder, sabendo que o adversário se não é um provocador, é uma pessoa alienada pela desinformação, e devemos tentar convencê-lo com as verdades sobre a Venezuela. A batalha será dura, mas vale a pena lutar se a enorme causa que é o internacionalismo for verdadeiramente abraçada.


em espanholhttps://www.resumenlatinoamericano.org/2024/09/14/venezuela-pais-referente-del-antifascismo-y-ejemplo-de-lo-que-significa-enfrentar-a-dicho-flagelo/

Trad: @comitecarioca21

                         


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