23 de set. de 2016

CONGRESSO CAMPONÊS ARMADO: NASCIMENTO DA REVOLUÇÃO AGRÁRIA


Na manhã de 21 de setembro de 1958 teve início o transcendental evento com a participação de mais de 200 delegados
No Primeiro Congresso Camponês Armado. Raúl Castro fazendo uso da palavra, Vilma Espín sentada atrás dele e outros guerrilheiros e camponeses. Foto: Arquivo
Soledad de Mayarí Arriba, antes de 1959 era um lugar esquecido por aqueles que governavam Cuba. A estrada que existe hoje é obra da Revolução. Se um caminhão, em 1958, se atrevesse a entrar nesses lugares, tinha que pisar muito fundo no acelerador para conseguir chegar. E muitas vezes necessitava de ajuda para sair do atoleiro. Havia apenas um cercado para disputa de galos e um bar com salão de dança. Para receber cuidado médico tinham que carregar os doentes em redes e levá-los a pé até La Prueba, perto de Alto Songo, a uns 40 quilômetros. Em várias ocasiões, eles chegavam sem vida.

Quando a Segunda Frente, liderada pelo então comandante Raúl Castro Ruz, instalou-se na região, se criaram os primeiros Comitês Revolucionários Campesinos (CRC), baseados na experiência rebelde de Sierra Maestra, com um secretário como chefe, um delegado civil e outro militar. Estes comitês, além de manter a ordem em suas respectivas áreas, assumiram a armazenagem de suprimentos e informações para o grupo guerrilheiro. Ao expandir suas atividades, o Comando da Frente criou o Bureau Agrícola como órgão de ligação entre as massas e os comandantes militares rebeldes.

Em 10 de Julho de 1958, em Calabazas de Sagua, delegações de cada município do território da Segunda Frente elegeram o Comitê Agrícola Regional, cuja presidência foi para Pepe Ramirez, um veterano lutador contra os desmandos dos geófagos. Essa instância estruturava e organizava as diversas associações de agricultores e proletários agrícolas na área.

Agazapados, uma minoria integrada por marginais, que respondiam aos interesses dos latifundiários e alguns comerciantes da área, orquestraram uma campanha para desacreditar o CRC, sobre tudo os líderes, que como Pepe Ramirez tinham militância comunista. O movimento camponês propôs ao Comando Geral da Frente a realização de um congresso em que a própria massa resolveria esse conflito e livremente elegeria os líderes de sua preferência.

Na fase preparatória para o congresso, segundo testemunho do próprio Raul, "se haviam constituído 84 comitês agrários que agrupavam os camponeses em suas bases e foram realizadas seis grandes concentrações, algumas delas com mais de 1.000 participantes [...] O perigo dos bombardeios criminosos e outros riscos que a guerra envolve, não foram obstáculos suficientes para subtrair lucidez e solidez dessas poderosas manifestações".

As eleições de delegados foram organizados com absoluta independência pelo movimento camponês. No princípio se pensou realizar as reuniões do evento em Calabazas de Sagua, mas ante os bombardeios da aviação do regime, transferiram a sede para para Soledad de Mayarí Arriba. Na manhã de 21 de setembro de 1958 teve início o transcendental evento com a participação de mais de 200 delegados aberto.

Representando as mulheres haviam cinco mulheres serranas, eleitas por suas associações de base, que expressaram sua decisão de continuar lutando junto com seus maridos, filhos e irmãos. Também se encontrava um grupo de trabalhadores agrícolas, principalmente cañeros.

Na presença de Raúl, Vilma Espín e vários líderes da Segunda Frente, Pepe Ramirez apresentou o relatório ao Congresso, que fez um relato das atividades da CRC desde a sua criação e também se profundou nos problemas fundamentais que o país enfrenta, com especial ênfase para a situação miserável do campesinato. Tanto no debate, provocado pelo relatório, como nas intervenções dos participantes, foram ressaltadas denúncias de exploração a que foram submetidos os homens do campo, as extorsões por especuladores e garroteros, refletiram demandas por uma justa Reforma Agrária e pelo melhoramento da vida nesses campos.

Após a eleição da diretoria do Comitê Regional Agrário (CRA), o comandante Raúl Castro Ruz, presidente da Segunda Frente, que teve a seu cargo as conclusões, qualificou o Congresso de memorável. "Nestes momentos, nesta etapa histórica em que vivemos, sem Reforma Agrária não pode haver Revolução Cubana; e aqui, talvez através da participação na mesma, não percebemos a magnitude deste ato, porque estes momentos, neste dia, está iniciando-se, está se formando, está nascendo a Revolução Agrária que é a de lançar as bases da verdadeira Revolução Cubana".

Mais adiante ele salientou: "O principal objetivo dos agricultores deve ser neste momento forjar e manter a unidade. Eis aqui o principal, se queremos alcançar a vitória e conquistar nossas reivindicações. As forças reacionárias que se movem contra a unidade podem ser derrotadas se nos mantivermos unidos e vigilantes".

                                                                         VENCEMOS !!!

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