27 de set. de 2018

Encontros e Confrontos na ONU - Governantes dignos se manifestam contra EUA e sua política imperialista


Trump na ONU: Gargalhadas e fantasmas 
O discurso de Donald Trump em sua segunda aparição ante a ONU tem transcendido sobretudo pelo modo com que o surpreenderam as gargalhadas da audiência ante sua autoproclamação como o Presidente que em menos de dois anos  conseguiu “mais que quase nenhum outro governo na história de nosso país”, embaraçosa situação que foi resolvida  por seu protagonista com uma nova fake news: “Não se riam de mim,  riam comigo”.

Mas a verdade é que o empresário e diretor de televisão agora dirigente demonstrou sua capacidade para unir aos representantes de todo o planeta… rindo dele.
Indo um pouco para além, surpreende a insistência do mandatário em que o socialismo só produz miséria como fundamento de seu ataque a Venezuela e Cuba: “Todas as nações do mundo devem resistir ao socialismo e a miséria que traz a todos”.




O Presidente cubano, Miguel Díaz Canel, respondeu-lhe ao dia seguinte no mesmo lugar de maneira contundente, recordando as realidades de um cenário internacional onde predomina o capitalismo:


“um mundo em que o 0,7% mais rico da população pode ser dono de 46% de toda a riqueza, enquanto o 70% mais pobre só alcança o 2,7% da mesma; 3bilhões e 460 milhões de seres humanos sobrevivem na pobreza; 821 milhões padecem de fome; 758 milhões são analfabetos e 844 milhões carecem de serviços básicos de água potável. (…)
“não são fruto do socialismo, como o Presidente dos Estados Unidos afirmou ontem nesta sala. São consequência do capitalismo, especialmente do imperialismo e do neoliberalismo; do egoísmo e da exclusão que acompanha este sistema, e de um paradigma econômico, político, social e cultural que privilegia o agregado de riqueza em poucas mãos à custa da exploração e miséria das grandes maiorias. “O capitalismo garantiu o colonialismo. Com ele nasceu o fascismo, o terrorismo e o apartheid, se estenderam as guerras e conflitos, os rompimentos da soberania e a livre determinação dos povos; a repressão dos trabalhadores, as minorias, os refugiados e os migrantes. É oposto à solidariedade e à participação democrática. Os padrões de produção e consumo que o caracterizam promovem o saque, o militarismo, ameaçam à paz; geram violações dos direitos humanos e constituem o maior perigo para o equilíbrio ecológico do planeta e a sobrevivência dos seres humanos.”


E surgem várias perguntas:
Em um planeta onde já não existe o chamado “campo socialista”, seu principal expoente, a União Soviética, desapareceu faz quase três décadas, e os países socialistas de maior peso econômico e demográfico, como Vietnã e China, não se envolvem em disputas ideológicas com Estados Unidos, que sentido tem esse ataque ideologizante?
Não se substitui a causa pelo efeito quando se fala de que o socialismo produz miséria para atacar Cuba e Venezuela, submetidas pelos Estados Unidos a uma guerra econômica que busca precisamente isso, e que contra o primeiro dos dois países leva mais de sessenta anos, lhe causando perdas de  mais de um bilhão de dólares?
Por que se Cuba e Venezuela são ditaduras “socialistas” e Estados Unidos uma “democracia” capitalista de ideologia plural, com dois Partidos bem diferenciados, foi durante o governo do Democrata, Barack Obama, quando se agravou a guerra econômica contra Venezuela ao mesmo tempo em que se iniciou uma nova era de golpes de estado militares ou parlamentares na região e se prepararam os juízes e promotores que atualmente executam a judicialização da política contra líderes de esquerda em América Latina, como Lula da Silva, Cristina Fernández e Rafael Correia?
Por que enquanto o governo de Barack Obama negociava com Cuba o caminho para uma normalização das relações entre Washington e Havana, lhe fazia a guerra ao principal aliado econômico cubano, Venezuela, e incrementava com cifra recorde os fundos para a subversão na Ilha e também contra os governos de Manágua e Caracas? Por que enquanto essas estratégias golpistas não atingiram com Obama seus níveis mais altos, forças afinadas com Cuba e Venezuela ganharam eleição depois de eleição na maioria dos países latino-americanos?Cumpre-se ainda aquilo de que a burguesia respeita suas instituições enquanto triunfa com elas e quando começa a perder dá um golpe de estado?
Enfim, se o socialismo é um fracasso, por que Estados Unidos, o governe quem governe, se empenha tanto em ajudar a esse “fracasso” na América Latina? Por que Washington pode conviver com os socialismos chinês e vietnamita e não com o cubano e venezuelano?Terá isso algo que ver com que Ásia não é considerado o “quintal” de EE.UU. como disse se referindo à América Latina o Secretário de Estado de Obama, John Kerry, e não se aplica ali a velha Doutrina Monroe, relançada abertamente pelo atual governo estadunidense?
Mas não parece ser só o cenário internacional o único para o qual se dirigia Trump na ONU. Um político que se proclama “socialista” como Bernie Sanders esteve a ponto de ganhar a indicação Democrata às eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos, uma jovem que se reconhece socialista e latina venceu as primárias de Nova York  um peso pesado do Partido Democrata para as próximas eleições de meio termo ao Congresso e na Grã-Bretanha  -historicamente o principal aliado estadunidense- o líder trabalhista Jeremy Corbin, que também se reconhece socialista, tem muitas chances de chegar a formar governo. Claro que são “socialismos” muito diferentes do cubano, do venezuelano, do chinês e do vietnamita, mas talvez expliquem o empenho de Trump em demonizar a palavra.


Quando há dois anos uma pesquisa da Universidade de Harvard aos millennials, os jovens norte-americanos que contam entre 18 e 29 anos, assegurava que 51% deles recusa o capitalismo e só 42% o apoia, Uma análise do diário The Washington Post  referia que “uma  pesquisa posterior indicava que os um pouco mais velhos também são céticos a respeito do capitalismo”.  O Post acrescentava:


“Ainda que os resultados sejam surpreendentes, as perguntas de Harvard concordam com outras investigações recentes sobre como pensam os estadunidenses sobre o capitalismo e o socialismo. Em 2011, por exemplo, o Pew Research Center descobriu que as pessoas entre 18 e 29 anos se viram frustrados com o sistema de livre mercado.
“ Nessa pesquisa,  46 por cento tinha uma visão positiva do capitalismo, e  47 por cento tinha uma opinião negativa – uma pergunta mais ampla que a dos pesquisadores de Harvard, que era se o pesquisado apoiava o sistema. Em relação ao socialismo, pelo contrário,  49 por cento dos jovens na pesquisa  de Pew teve pontos de vista positivos, e só  43 por cento tinha uma opinião negativa.”


Como se dizia em um Manifesto publicado há 150 anos, um fantasma estará percorrendo outra vez o mundo, e há que exorcizá-lo desde a tribuna das Nações Unidas? Em todo caso a culpa não seria dos autores barbudos e cabeludos daquele Manifesto senão da incapacidade do capitalismo para solucionar os problemas que assinalou tão claramente o Presidente Díaz Canel. 


Fonte  Especial e Exclusivo da  AlMayadeen Espanhol
Engenheiro e jornalista cubano. Trabalha no Escritório para a Informatização da Sociedade cubana. Foi Presidente do Instituto Cubano do Livro.





"Trazemos a voz de Cuba que sobretudo vem denunciar a política anormal do bloqueio, uma política que já fracassou e que é o bloqueio mais longo na história da humanidade" 


Cuba pede fim ao bloqueio Díaz-Canel também aproveitou o tempo na tribuna para pedir fim ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos há décadas. "Vamos seguir pedindo, sem descanso, o fim do bloqueio cruel dos EUA a Cuba".












 "Nosso país é um país acossado, agredido. Ontem, neste mesmo lugar, o presidente dos Estados Unidos mais uma vez arremeteu contra o povo venezuelano, brandindo a doutrina que há 200 anos os EUA fundou : a doutrina Monroe"


















O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro rechaçou a política intervencionista dos  EUA e as ameaças que faz à Venezuela e Cuba, também exigindo o respeito à soberania dos dois países.




A menos de dois metros de Trump e cara a cara, Evo Morales disse que aos Estados Unidos não interessa a democracia, que financiou golpes de Estado, apoiou ditadores, invadiu países como Iraque, Líbia, Síria e agora ameaça intervir na Venezuela para se apropriar de seus recursos em nome da “liberdade”.










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