15 de julho de 2019
22:07:46
Em 13 setembro de 1987 ocorreu na cidade brasileira de Goiânia, capital
do estado de Goiás, no Brasil, o que foi considerado o pior acidente radiativo
da história fora de uma instalação nuclear.
Dois catadores de lixo, em busca de sucata para vender, entraram em um
hospital abandonado e encontraram o que lhes pareceu uma estranha máquina, a
desmontaram e a levaram para uma carroça Uma vez em casa, utilizando chaves de fenda abriram a
tampa de chumbo que lacrava o aparelho, em realidade um equipamento de radiografia, e extraíram um cilindro do
interior, depois foram a um desmanche com o ânimo do vender.
O dono do desmanche ficou com o artefato, dias mais tarde, entrou ao
local onde tinha guardado o cilindro e viu que um “formoso brilho azul” brotava
da cápsula, pensou que se tratava de algo sobrenatural e a levou para sua casa.
O homem repartiu entre familiares e amigos fragmentos do material que se encontrava no interior do objeto, um material fácil de triturar, que se convertia em pó, um pó brilhante. Tratava-se de cloreto de césio enriquecido com isótopo radiativo, cesio 137.
O homem repartiu entre familiares e amigos fragmentos do material que se encontrava no interior do objeto, um material fácil de triturar, que se convertia em pó, um pó brilhante. Tratava-se de cloreto de césio enriquecido com isótopo radiativo, cesio 137.
Logo, muitas pessoas adoeceram. Ao redor de uma dúzia foram transladados
a um dos hospitais de Goiânia. Ao todo, mais de 110 000 pessoas foram
examinadas, delas 249 tinham níveis significativos de material radiativo em
seus corpos, centenas de pessoas apresentavam contaminações leves e tiveram que
permanecer em abrigos especiais.
CUBA RESPONDE
Cinco anos após o acidente, em uma das atividades paralelas da Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, ECO-92, no Rio de
Janeiro, – mais conhecida como Cimeira da Terra–, Terezinha Nunes Fabiano, presidenta
da Associação das Vítimas, recebeu a proposta de Fidel de atender aos afetados
pela contaminação radiativa.
“Conhecíamos a experiência cubana atendendo aos meninos de Chernobyl,
muita gente duvidava porque tinha sofrido tantas decepções, mas quando no
Brasil Fidel carregou a minha filha Natasha e lhe deu um beijo, me dei conta de
quanta bondade tinha em seu olhar…e
confiei mais que nunca”, disse então Terezinha Nunes.
Foi na histórica Cimeira da Terra onde o Comandante em Chefe da Revolução
Cubana, Fidel Castro Ruz, pronunciou aquelas proféticas palavras:
“Uma importante espécie biológica
está em risco de desaparecer pela rápida e progressiva liquidação de suas condições
naturais de vida: o homem”.
Dezenas de afetados pela radiatividade receberam atenção médica gratuita
em cumprimento do protocolo de colaboração científica com Brasil, assinado por
Fidel durante ECO-92; as vítimas do acidente compartilharam o Acampamento de
Pioneiros José Martí de Tarará com 116 meninos ucranianos que sofriam as
consequências da catástrofe de Chernobyl, com um grupo de crianças equatorianas
e com uns 200 cubanos asmáticos e diabéticos sob tratamento para esses
sofrimentos.
Em outubro de 1992 regressaram ao Brasil os pacientes uma vez concluído
o programa de atenção e tratamento recebido na Ilha, viajaram acompanhados de
uma delegação de especialistas cubanos que informaram às autoridades sanitárias
brasileiras, das conclusões diagnósticas e recomendações, resultado de sete
semanas de exames a que tinham sido submetidos.
O pessoal cubano da saúde demonstrou uma vez mais seu profissionalismo,
que foi altamente apreciado pelos especialistas do gigante sul-americano, mas,
sobretudo, demonstraram o grande valor humano, a entrega e o espírito solidário
que lhes caracteriza, fruto de sua formação revolucionária e do exemplo de
Fidel.
Terezinha Nunes, que viajou a Cuba com suas três filhas, para receber
diagnóstico e tratamento, expressou ao partir: “Vou-me com o coração dividido, porque agora
tenho duas pátrias, Cuba e Brasil”.
EPÍLOGO DE UMA TRAGÉDIA
- Quatro
pessoas faleceram e 249 pessoas receberam altos índices de radiação e hoje
padecem de múltiplas doenças, sobretudo câncer.
- As
pessoas afetadas pela radiação no incidente, até o dia de hoje sofrem de discriminação.
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