Por Carlos Aznárez, Resumem Latinoamericano, 25 novembro 2019
Voltar à sua paixão para
transformar a política em algo realizável apesar das mil dificuldades que se
apresentem.
Voltar à sua coragem na
hora de enfrentar inimigos mil vezes mais poderosos e não decair na tentativa.
Voltar à sua obstinação em
seguir avançando nas circunstâncias mais difíceis como ocorreu depois do
assalto ao Moncada ou do complicado desembarque do Granma.
Voltar à sua inteligência
para defender as ideias que o inspiraram a se lançar à difícil batalha de
derrotar o tirano Batista e poder se auto defender no julgamento posterior ao
Moncada determinando diante de amigos e estranhos que o verdadeiro responsável
pelo Assalto era o Apóstolo Martí.
Voltar à sua dureza sem
abandonar a ternura, demonstrada em cada combate, em cada instância decisiva onde qualquer dúvida
pôde lhe custar a vida dele e de seus colegas.
Voltar a seus ensinamentos
sobre a necessária combinação entre a luta de massas e a luta armada para
conseguir vitórias definitivas como a conseguida por Cuba nestes 60 anos de
existência. Vitórias que por sua solidez não vêm abaixo com golpes ou intrigas,
como quis o imperialismo.
Voltar à sua sagacidade de
estrategista militar que lhe permitiu superar em Sierra Maestra mas também durante os anos difíceis
de governo, momentos em que a lógica indicava que a derrota estava prestes a
acontecer, e que graças à sua ação e espírito guerreiro pôde gerar condições
para vencer.
Voltar a quem percebeu
junto a seu irmão de combate Che, a importância de começar, assim que se
derrotasse o ditador, a construção de uma ferramenta para lutar contra a
desinformação e a tergiversação de seus ideais e transformações. Ambos, com
outro guerreiro como Jorge Ricardo Masetti foram os artífices da Agência Prensa
Latina que ainda segue disparando informações confiáveis.
Voltar a esse exemplo
constante para que toda Cuba entendesse que são tão importantes as armas
prontas para o combate como o trabalho voluntário a fim de intensificar a
produção e gestar uma economia de autossustentabilidade.
Voltar à sua paciência
infinita para ensinar, formar e estimular conhecimentos a quem sempre tinha se mantido
à margem, excluídos, humilhados. A alfabetização como ponto de partida e
depois, ao longo de toda a Revolução, a preparação, a capacitação, o estudo,
foram sua maior preocupação para conseguir um povo culto e ansioso de seguir
crescendo nesse sentido.
Voltar à sua enorme
humanidade de projetar instrumentos para assegurar saúde gratuita para todos os
homens e mulheres de Cuba, mas tempo depois ampliar a aposta gerando o exército
de batas brancas que hoje inundam com sua solidariedade os lugares mais remotos
deste mundo.
Voltar à sua clareza para
determinar que o imperialismo yanqui era o inimigo a combater e não descansar
nem um dia em denunciá-lo como a antítese de uma sociedade em que a vida sempre
vence a morte.
Voltar à sua clareza para se
dar conta que as mulheres de Cuba valiam e valem tanto quanto os homens, e
desde o mesmo ponto de partida ajudar a formar o pelotão de guerrilheiras “Mariana
Grajales” e já em tempos de construção do governo revolucionário pôr todo o
impulso necessário para criar junto com Vilma Espín a Federação de Mulheres Cubanas,
entidade indispensável na formação e espírito de luta.
Voltar à sua concepção de
socialismo e de comunismo, na qual a sociedade se converte em um mundo de
iguais e não há resquícios para que se crie nenhuma variante de capitalismo e
nem atalhos que utiliza o mesmo para enganar aos povos, desde o reformismo até
a socialdemocracia.
Voltar a seu conceito de
internacionalismo, onde a luta de qualquer povo do planeta que enfrenta o
imperialismo é parte da luta de Cuba, algo que nestes 60 anos tem sido mais que
demonstrado.
Voltar a Fidel, o herói de
mil batalhas, mas também o estadista reflexivo que sempre se adiantou ao futuro
prevendo que esta Humanidade ou a salvamos entre todas ou se extinguirá.
Voltar a Fidel, que ao
invés de outros falsos líderes fez da humildade um estilo de vida, evitando
egolatrias desnecessárias e comportamentos elitistas. Toda sua vida esteve ao
pé do canhão junto a seu povo, sempre disposto a conduzir a vencer nas mais
difíceis batalhas.
Agora, a três anos de sua
ausência física, seu legado revolucionário nos segue iluminando em um momento
muito difícil para o continente e o mundo. Mas estas novas insurgências que vão
acordando entre nossos povos são o sinal que ele não se equivocava quando
vaticinava que para além de sua brutalidade e ambição descontrolada, o
imperialismo se destruirá neste século.
Voltar a Fidel é seguir
imaginando uma Revolução socialista como a que ele soube construir para nos
demonstrar que o caminho está traçado. O que falta, cantaria Daniel Viglietti,
é caminhar.
Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
Nenhum comentário:
Postar um comentário