Com o apoio das Forças Armadas (FFAA),
latifundiários e oligarquias locais e grandes grupos do setor empresarial, a Bolívia sofreu,
neste último domingo, um golpe violento que levou à renúncia do presidente Evo
Morales e do vice-presidente García Linera, democraticamente eleitos em Outubro
(2019). Morales declarou que com seu afastamento pretendeu estancar o derramamento
de sangue do povo – principalmente camponeses e indígenas – que há semanas vem
enfrentando o Exército e a polícia bolivianos os quais, a mando da elite local
e do governo estadunidense, têm reprimido brutalmente os protestos a favor da
permanência de Evo na presidência.
A vitória de Morales não foi reconhecida
pelo setor conservador do país, levando a Bolívia a um estado de instabilidade
política que há semanas vem se agravando. Mesmo convocando novas eleições horas
antes de sua renúncia, a fim de chegar a uma solução pacífica para a questão e
dar fim aos ataques, Evo Morales foi obrigado a renunciar por temer pela
segurança de seu povo e sair do país, resguardando sua vida, de seu vice e de
seus familiares ao aceitar asilo político oferecido pelo governo mexicano.
Diversos correligionários também estão sofrendo perseguição e ameaças de morte.
A truculência da repressão fascista (e notadamente racista, pois os indígenas
são o principal alvo dos atos violentos das FFAA e das forças policiais) torna
ainda mais evidente a onda de ataques atualmente em curso a países latino-americanos
que se recusam a cumprir à risca as políticas neoliberais impostas pelo grande
capital.
Materializado, na América Latina, mormente na agenda de política
externa estadunidense de Trump e nas elites locais ultraconservadoras, vem
interferindo na política interna de diversos países, impondo medidas que retiram
direitos sociais básicos conquistados por seus povos (como observamos
atualmente no Brasil, com o desmonte dos direitos trabalhistas e a entrega de
recursos naturais às “corporations” internacionais). É precisamente contra esse
projeto neoliberal (adotado pela Argentina de Macri e Colômbia de Duque) que tem
se rebelado massivamente o povo latino-americano, gerando um cenário de revolta
popular e crescente instabilidade política na região (vide Chile, Equador e
Haiti).
Essa nova ofensiva do grande capital deixa claro que pretende nos
manter subalternizados, como neocolônias de exploração, fonte inesgotável de
matéria-prima para as grandes corporações mundiais – no caso da Bolívia, tem-se,
por exemplo, a maior reserva de lítio do mundo, considerado o ”ouro branco”
pois permite produzir, dentre diversas mercadorias, celulares e medicamentos
(antidepressivos).
Assim, o Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba se une às
diversas organizações internacionais e condena veementemente o golpe de Estado na
Bolívia – assim como todo e qualquer ataque que possa ferir a autonomia e a
dignidade dos povos historicamente subalternizados não apenas na América Latina,
mas em todo o mundo.
E expressa, nessa nota, seu apoio a Evo Morales que, assim
como alguns governos não alinhados à necropolítica do grande capital (como Cuba
e Venezuela) vinha implementado políticas sociais as quais – mesmo que modestas
– permitiriam à população boliviana desenvolver-se autonomamente e exercer,
enfim, o “singelo direito de simplesmente ser, entre os povos, e de existir
para si mesmos”, como afirmava Darcy Ribeiro.
TODO APOIO À RESISTÊNCIA DO POVO
BOLIVIANO!
ABAIXO O GOLPE FASCISTA NA BOLÍVIA!
PELA AUTONOMIA E DIGNIDADE DOS POVOS
DE TODO O MUNDO!
Comitê Carioca de Solidariedade a
Cuba.
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