Eu li no jornal O
Globo artigo sob o título “Estrangeiros defendem uma Ilha de Cuba que não
existe mais”, e, como brasileiro, sinto-me convocado a repor a verdade
ante tão injusta declaração das cineastas vencedoras do Festival de Cinema
do Ceará, com a película “À meia voz”. Conheço suficientemente a linha editorial
golpista do jornal O Globo, porta-voz da ideologia e dos interesses
colonialistas em nosso país, e, tendo absoluta certeza de que não abrem espaços
para o debate plural, recorro ao “Pátria Latina”, jornal nascido após o
Congresso Latino Americano de Jornalistas, em 2001, que contou com a presença
de Fidel Castro nos 4 dias de sessões, participando ativamente dos debates.
Surpreende que cidadãs cubanas,
Patrícia Perez e Heidi Hassan, formadas em um sistema educacional qualificado,
público e gratuito, reconhecido internacionalmente, não mencionassem um único
instante que a Ilha de Cuba está sob ataque cada vez mais rigoroso, impedida de
comprar petróleo para suas demandas energéticas básicas, obstaculizada em
vender seus medicamentos avançados em escala internacional.
Como é isto de afirmar que “a Ilha
de Cuba é um país que não existe mais ?” . Acaso o único país no mundo
que alçou-se em armas para lutar contra o Exército Regime do Apartheid que
invadiu criminosamente Angola, derrotando-o, escrevendo uma página inapagável
no internacionalismo proletário não existe mais? E a declaração de Mandela
reconhecendo que “ devemos a Cuba o fim do Apartheid!”? não existe mais?
É claro que Cuba necessita avançar,
progredir, corrigir-se, mas o que dizer da Espanha, onde vivem as duas
cineastas, que participou da opressão ao Povo do Saara Ocidental e foi parte
ativa das agressões colonialistas da OTAN contra a Líbia e o Iraque? Acaso os intelectuais espanhóis concordam que existiria plena liberdade
na pátria de Picasso e Buenaventura Durruti?
“Não existe mais a Ilha de Cuba”
que enviou Brigadas Médicas para salvar vidas na Itália, na Argentina, e em
vários países, no enfrentamento ao Covid-19 ? Que dizer da censura que os meios
de comunicação capitalistas exercem sobre esta nobre solidariedade de uma Ilha
que, apesar de seus modestos recursos materiais, os comparte com outros povos?
“Não existe mais a Ilha de Cuba”
que acaba de produzir a vacina Soberana, que, por meio de convênio com a OPAS,
será oferecida gratuitamente a vários países latino-americanos ? Não existe
mais a Ilha de Cuba que, junto à Venezuela Bolivariana está organizando um
Banco de Vacinas no âmbito da ALBA para combater a pandemia do coronavírus ?
Certamente que haverá muitas
correções a fazer na Ilha de Cuba, como constato que se debate nos círculos
intelectuais e jornalísticos cubanos, sobretudo em torno da produção e
abastecimento alimentar e, também, sobre a necessidade de uma mais efetiva
utilização da energia da biomassa, conforme recomendava Che Guevara, ao criar o
Instituto Cubano de Investigações sobre os Derivados da Cana. Mas, para
isso, Cuba deve ter acesso a linhas de crédito internacionais, deve deixar de
ser alvo de agressões e sanções permanentes dos Eua, e precisa que seja
levantado, imediatamente, o bloqueio que lhe é imposto criminosamente há
décadas. Esse país agredido, bloqueado, sancionado, continua também existindo,
mas produzindo vacinas, exibindo indicadores educacionais muito superiores aos
de países como o Brasil, um dos países mais ricos e desiguais do mundo, que
sequer conseguiu, até hoje, erradicar o analfabetismo, mas nada disso mereceu
atenção das premiadas cineastas.
Que oportunidade se perdeu para
informar internacionalmente que aquela Ilha de Cuba, que existe sim, é o único
país no mundo a produzir um medicamento que evita a amputação de membros em
razão da enfermidade conhecida como pé diabético. Não desejo que as cineastas
padeçam desta enfermidade, mas, caso o azar lhes alcance, saberão perfeitamente
onde podem buscar ajuda médica. E neste caso, seria justo proclamar, em voz
alta, não à meia voz, é na Ilha de Cuba, que existe sim!
Artigo esclarecedor. Penso q sucessivos ataques à Cuba seja de fato ausência de esclarecimento. Ñ se esqueçam na educação capitalista jamais é ensinado o sucesso da libertação de Cuba.
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